Cravo de Abril: «GENTE RESPEITÁVEL»

23-05-2011
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Sucedem-se a um ritmo vertiginoso as notícias sobre o «caso BPN» - e sobre as ramificações que casos destes sempre desvendam.Ontem, o Público contava que em 2001 e 2002, a SLN (holding que controlava o BPN a 100 por cento) adquiriu duas «empresas tecnológicas» em Porto Rico.A compra foi feita por Oliveira e Costa (actualmente detido, como se sabe) e Dias Loureiro (actualmente membro do Conselho de Estado, como se sabe).O mais curioso nesta compra é que ela foi feita contra o parecer de uma equipa técnica da SLN (que a considerava uma «operação de alto risco») e aceitando como bom o «relatório favorável elaborado pelas próprias empresas de Porto Rico»...Acresce que a transacção foi feita às ocultas das autoridades portugueses - mas esse, estou em crer, será um pormenor irrelevante...As duas «empresas tecnológicas» tinham como investidor o libanês Abdul Rahman El-Assir, referenciado como «traficante de armas» e que - lá vem a possível ramificação... - foi quem «abriu as portas de Marrocos a Dias Loureiro».Este El-Assir esteve «associado so escândalo que envolveu nos anos 80 o Banco de Crédito e Comércio Internacional, com sede no Panamá, instituição que foi acusada de ligação ao narcotráfico mundial».A peça ontem saída no Público sobre estas questões, tem com fonte essencial um livro dos jornalistas espanhóis Carlos Ribagorda e Nacho Cardero - «Los PPijos» - que «analisa uma nova geração de políticos/homens de negócios (...) agrupada em torno de Alexandro Agag, genro de José Maria Aznar».Registe-se que este Agag-genro-de-Aznar foi, em dada altura, «colaborador do BPN»: por proposta de Dias Loureiro ele desempenhou as funções de «assessor pessoal» de Oliveira e Costa.Agag tem «linha directa» com tudo quanto é gente importante no mundo: telefona quando quer e lhe apetece para, por exemplo, Berlusconi, Chirac, Durão Barroso... - para além de ser amigo íntimo de El-Assir, naturalmente.Sobre El-Assir, disse Dias Loureiro:«Não tenho quaisquer razões para pensar mal dele. O seu círculo de amigos é gente respeitável. Ele sempre me tratou bem, com amizade e respeito.» - e afirmou que conhece El-Assir desde 2001, altura em que ele «me ajudou a resolver um negócio em Marrocos».Dias Loureiro e El-Assir, negam, no entanto, ser sócios. Mas confirmam a existência de grande amizade entre ambos - em todo o caso, uma «amizade» que não deve incluir grandes confidências já que Dias Loureiro confessa «nada saber sobre o passado de El-Assir»...As amizades de El-Assir são vastas e sonantes. Tudo «gente respeitável»: entre muitos outros, o rei de Espanha; o neto de Franco; Aznar; o genro de Aznar; Bill Clinton; Terry McAuliffe (presidente e responsável pelas finanças do Partido Democrata) - e, naturalmente, o «grande e bom amigo» Dias Loureiro.El-Assir convidou várias vezes Dias Loureiro para caçar com o rei de Espanha e para jantar com Clinton nas casas do libanês em Madrid, Barcelona e Londres.Ele esteve presente nos casamentos das duas filhas de Dias Loureiro - «no Convento do Beato em Lisboa, junto à nata da política portuguesa (Durão Barroso, Cavaco Silva, Mário Soares...)».El-Assir esteve também no casamento da filha de Aznar com Alexandro Agag - cerimónia com mais de mil pessoas, entre as quais «o ex-primeiro-ministro António Guterres e o (então) primeiro-ministro Durão Barroso».Ao círculo de amigos de El-Assir há que acrescentar, entre muitos outros, o saudita «Adnan Kashogui, comerciante de armamento internacional», com cujo nome o de El-Assir aparece ligado, «na imprensa internacional associados a vários escândalos, como o das exportações de armas espanholas no tempo do PSOE».Assim, armas e narcotráfico poderão ser, eventualmente, dois ramos essenciais do negócio deste libanês amigo dos seus amigos - tudo «gente respeitável», na palavra conhecedora de Dias Loureiro.E, relembro, tudo isto veio a propósito das notícias que, a um ritmo vertiginoso, se sucedem em torno do «caso BPN»...


Sucedem-se a um ritmo vertiginoso as notícias sobre o «caso BPN» - e sobre as ramificações que casos destes sempre desvendam.Ontem, o Público contava que em 2001 e 2002, a SLN (holding que controlava o BPN a 100 por cento) adquiriu duas «empresas tecnológicas» em Porto Rico.A compra foi feita por Oliveira e Costa (actualmente detido, como se sabe) e Dias Loureiro (actualmente membro do Conselho de Estado, como se sabe).O mais curioso nesta compra é que ela foi feita contra o parecer de uma equipa técnica da SLN (que a considerava uma «operação de alto risco») e aceitando como bom o «relatório favorável elaborado pelas próprias empresas de Porto Rico»...Acresce que a transacção foi feita às ocultas das autoridades portugueses - mas esse, estou em crer, será um pormenor irrelevante...As duas «empresas tecnológicas» tinham como investidor o libanês Abdul Rahman El-Assir, referenciado como «traficante de armas» e que - lá vem a possível ramificação... - foi quem «abriu as portas de Marrocos a Dias Loureiro».Este El-Assir esteve «associado so escândalo que envolveu nos anos 80 o Banco de Crédito e Comércio Internacional, com sede no Panamá, instituição que foi acusada de ligação ao narcotráfico mundial».A peça ontem saída no Público sobre estas questões, tem com fonte essencial um livro dos jornalistas espanhóis Carlos Ribagorda e Nacho Cardero - «Los PPijos» - que «analisa uma nova geração de políticos/homens de negócios (...) agrupada em torno de Alexandro Agag, genro de José Maria Aznar».Registe-se que este Agag-genro-de-Aznar foi, em dada altura, «colaborador do BPN»: por proposta de Dias Loureiro ele desempenhou as funções de «assessor pessoal» de Oliveira e Costa.Agag tem «linha directa» com tudo quanto é gente importante no mundo: telefona quando quer e lhe apetece para, por exemplo, Berlusconi, Chirac, Durão Barroso... - para além de ser amigo íntimo de El-Assir, naturalmente.Sobre El-Assir, disse Dias Loureiro:«Não tenho quaisquer razões para pensar mal dele. O seu círculo de amigos é gente respeitável. Ele sempre me tratou bem, com amizade e respeito.» - e afirmou que conhece El-Assir desde 2001, altura em que ele «me ajudou a resolver um negócio em Marrocos».Dias Loureiro e El-Assir, negam, no entanto, ser sócios. Mas confirmam a existência de grande amizade entre ambos - em todo o caso, uma «amizade» que não deve incluir grandes confidências já que Dias Loureiro confessa «nada saber sobre o passado de El-Assir»...As amizades de El-Assir são vastas e sonantes. Tudo «gente respeitável»: entre muitos outros, o rei de Espanha; o neto de Franco; Aznar; o genro de Aznar; Bill Clinton; Terry McAuliffe (presidente e responsável pelas finanças do Partido Democrata) - e, naturalmente, o «grande e bom amigo» Dias Loureiro.El-Assir convidou várias vezes Dias Loureiro para caçar com o rei de Espanha e para jantar com Clinton nas casas do libanês em Madrid, Barcelona e Londres.Ele esteve presente nos casamentos das duas filhas de Dias Loureiro - «no Convento do Beato em Lisboa, junto à nata da política portuguesa (Durão Barroso, Cavaco Silva, Mário Soares...)».El-Assir esteve também no casamento da filha de Aznar com Alexandro Agag - cerimónia com mais de mil pessoas, entre as quais «o ex-primeiro-ministro António Guterres e o (então) primeiro-ministro Durão Barroso».Ao círculo de amigos de El-Assir há que acrescentar, entre muitos outros, o saudita «Adnan Kashogui, comerciante de armamento internacional», com cujo nome o de El-Assir aparece ligado, «na imprensa internacional associados a vários escândalos, como o das exportações de armas espanholas no tempo do PSOE».Assim, armas e narcotráfico poderão ser, eventualmente, dois ramos essenciais do negócio deste libanês amigo dos seus amigos - tudo «gente respeitável», na palavra conhecedora de Dias Loureiro.E, relembro, tudo isto veio a propósito das notícias que, a um ritmo vertiginoso, se sucedem em torno do «caso BPN»...

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