Cravo de Abril: FRUTA PODRE

03-08-2010
marcar artigo


Isabel Pires de Lima (IPL) deu entrevista ao DN.Ao que parece, fê-lo em três qualidades:- não-militante mas apoiante indefectível do PS;- ex-ministra da Cultura;- ex-militante do PCP.Na primeira qualidade:- apoiou com entusiasmo o comício do PS, hoje, no Porto, sublinhando a indispensabilidade de o PS dar a conhecer ao País os resultados da sua governação. Ou seja: segundo a penetrante análise de IPL, o País, ignorante e ingrato, desconhece as infinitas e incomensuráveis bondades de governação PS; o País, rico e mal agradecido, não quer ver os benefícios todos que essa governação lhe proporciona todos os dias; o País, casmurro e masoquista, insiste em vir para a rua protestar contra a bem-aventurança e exigir mais sacrifícios e mais miséria. Por isso, segundo IPL, é necessário que Sócrates obrigue o País a reconhecer e aceitar, grato e feliz, as vantagens da sua benemérita governação - como aquele escuteiro que, obrigado a cumprir a sua boa acção do dia, ajudou a velhinha, arrastando-a, a atravessar a rua que ela, de todo, não queria atravessar;- rejeitou a comparação, que considerou «muito artificiosa e muito forçada», entre o comício de hoje e a Marcha da Indignação - furtando-se, assim, a estabelecer a única comparação que, nestas circunstâncias, a seriedade e a inteligência permitem: entre o comício organizado pelo PS e a Marcha Liberdade e Democracia organizada pelo PCP.Na segunda qualidade, IPL disse que nada tinha a dizer - o que só lhe fica bem.Na qualidade de ex-militante do PCP, à pergunta sobre se «sente o dedo do PCP(...) nas chamadas "manifestações espontâneas" dos professores», respondeu que sim, que sente o dedo... - mas sabe que está a mentir, sabe que o PCP não só nada tem a ver com acções junto às sedes ou iniciativas do PS, como as condena por considerar que elas «visam alimentar um clima de crispação na sociedade e de vitimização do Partido Socialista». Portanto, se IPL sente (ela lá sabe onde) o dedo... que se cuide sobre a mão a que o dito pertence...Finalmente, nas três qualidades referidas, posta perante a hipótese da existência de uma nova «bipolarização entre o PS e o Governo, por um lado, e o PCP e os sindicatos, por outro lado», IPL tranquilizou-se com a constatação de que «as manifestações sociais» não alteram o facto de «as sondagens continuarem a mostrar o PSD claramente em segundo lugar». Uf!, que alívio!Ou seja, tranquiliza-a a bipolarização que não o é: a bipolarização a fingir, entre o PS (executor da política de direita quando é governo e fingida oposição a essa política quando não o é) e o PSD (fingida oposição a essa política quando não é governo e executor da mesma política quando o é).Tranquiliza-a - e deixa-a satisfeita e feliz - sentir o dedo das sondagens...Conforta-a que as sondagens «continuem a mostrar» que a monumental operação diária de lavagem de cérebros, de manipulação, de mistificação e de mentira, continua a dar os frutos podres de que é feita a democracia dominante.


Isabel Pires de Lima (IPL) deu entrevista ao DN.Ao que parece, fê-lo em três qualidades:- não-militante mas apoiante indefectível do PS;- ex-ministra da Cultura;- ex-militante do PCP.Na primeira qualidade:- apoiou com entusiasmo o comício do PS, hoje, no Porto, sublinhando a indispensabilidade de o PS dar a conhecer ao País os resultados da sua governação. Ou seja: segundo a penetrante análise de IPL, o País, ignorante e ingrato, desconhece as infinitas e incomensuráveis bondades de governação PS; o País, rico e mal agradecido, não quer ver os benefícios todos que essa governação lhe proporciona todos os dias; o País, casmurro e masoquista, insiste em vir para a rua protestar contra a bem-aventurança e exigir mais sacrifícios e mais miséria. Por isso, segundo IPL, é necessário que Sócrates obrigue o País a reconhecer e aceitar, grato e feliz, as vantagens da sua benemérita governação - como aquele escuteiro que, obrigado a cumprir a sua boa acção do dia, ajudou a velhinha, arrastando-a, a atravessar a rua que ela, de todo, não queria atravessar;- rejeitou a comparação, que considerou «muito artificiosa e muito forçada», entre o comício de hoje e a Marcha da Indignação - furtando-se, assim, a estabelecer a única comparação que, nestas circunstâncias, a seriedade e a inteligência permitem: entre o comício organizado pelo PS e a Marcha Liberdade e Democracia organizada pelo PCP.Na segunda qualidade, IPL disse que nada tinha a dizer - o que só lhe fica bem.Na qualidade de ex-militante do PCP, à pergunta sobre se «sente o dedo do PCP(...) nas chamadas "manifestações espontâneas" dos professores», respondeu que sim, que sente o dedo... - mas sabe que está a mentir, sabe que o PCP não só nada tem a ver com acções junto às sedes ou iniciativas do PS, como as condena por considerar que elas «visam alimentar um clima de crispação na sociedade e de vitimização do Partido Socialista». Portanto, se IPL sente (ela lá sabe onde) o dedo... que se cuide sobre a mão a que o dito pertence...Finalmente, nas três qualidades referidas, posta perante a hipótese da existência de uma nova «bipolarização entre o PS e o Governo, por um lado, e o PCP e os sindicatos, por outro lado», IPL tranquilizou-se com a constatação de que «as manifestações sociais» não alteram o facto de «as sondagens continuarem a mostrar o PSD claramente em segundo lugar». Uf!, que alívio!Ou seja, tranquiliza-a a bipolarização que não o é: a bipolarização a fingir, entre o PS (executor da política de direita quando é governo e fingida oposição a essa política quando não o é) e o PSD (fingida oposição a essa política quando não é governo e executor da mesma política quando o é).Tranquiliza-a - e deixa-a satisfeita e feliz - sentir o dedo das sondagens...Conforta-a que as sondagens «continuem a mostrar» que a monumental operação diária de lavagem de cérebros, de manipulação, de mistificação e de mentira, continua a dar os frutos podres de que é feita a democracia dominante.

marcar artigo