O Cachimbo de Magritte: Escrever o reescrito

29-05-2010
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A respeito disto.Passam-se vinte e quatro horas e o Rui Castro, para emendar a mão, alterou o seu post.Para que as coisas fiquem claras, a versão original era esta:'Fica aqui o link para o registo áudio de um debate sobre o casamento gay que tive com um homossexual, membro da ilga, no passado dia 12/10, no rádio clube português.'Diz ele agora que se tratou dum 'mero lapso' [sic]. Será um lapso, mas não é mero. Reparem agora neste post-resposta do Rui Castro. É elucidativo. Na verdade, não é diferente do outro. O do lapso. O mecanismo parte do mesmo "pressuposto". Diz ele que eu, 'ainda ressentido por outras razões, aproveitei a deixa' do post que a Fernanda Câncio lhe dirigiu [destaques meus]. É triste, mas parece que o Rui Castro não consegue ver, pensar os outros de outra maneira. É o ressentimento, o azedume ainda não aplacado, o estar à espreita de uma oportunidade para, a reboque de outro, lhe saltar logo às canelas. Parece que não lhe passa pela cabeça que eu possa ter tido um choque genuíno pelo seu post. Ele tinha de instrumentalizar aquele facto passado que referi (um bom exemplo daquele vício de apreciação dos interlocutores: uns porque são professores, outros porque são homossexuais), para me retirar a simples possibilidade da legitimidade do que digo. E nem vale a pena eu dizer que não tinha ainda lido o post da Fernanda Câncio ou que não me ocorreu logo que este fosse o mesmo Rui do 31 da Armada, etc, porque, aí, ele responderá que minto. É impossível que eu esteja a ser sincero, porque o Rui Castro sabe de ciência certa que tudo o que eu disse só o disse porque estava ressentido, etc. Por outras palavras, não importa o que digo. O que importa é a motivação. Estando identificada, ou melhor, estando denunciada a motivação, todos os argumentos caem no vazio. Porque eles eram (pretensamente) sustentados por ela.O que acontece neste modo de olhar o adversário, nesta maneira de discutir, não é retirar-lhe a legitimidade para argumentar. É pior. O que se faz aqui é retirar-lhe a própria possibilidade de ele ter uma qualquer legitimidade para argumentar. Não se trata de este ou aquele argumento não fazer sentido ou ser ilegítimo. Trata-se de, dali, não poder vir nenhum argumento legítimo. Isto é, o meu oponente já está errado antes de abrir a boca.E o lapso? Não sei se se lhe pode chamar lapso. Na melhor das hipóteses, foi qualquer coisa como um desleixo, não um lapso. (Apetece chamar-lhe uma Fehlleistung! – mas isso seria desadequadamente benigno). Tudo indica que o Rui Castro não se importou de ter deixado o post como o deixou. Se isso fosse importante para ele, se fizesse sentido para ele pôr o nome do outro com que debateu, ele teria facilmente encontrado o nome. E se o não encontrasse, não escrevia aquilo. O problema é que, para o Rui Castro, bastava, era suficiente, que o outro ficasse designado como “um homossexual”. Tudo indica que só isso conta para ele. Que diria o Rui Castro se Fulano tivesse escrito que tinha debatido o casamento gay com um homófobo? Seria um lapso? Seja como for, deduzo deste seu post que o Rui Castro não se sente envergonhado nem arrependido, não é?Outra coisa: a Mafalda Barbosa, no post que me dirige, está a fazer-se desentendida, não está?...


A respeito disto.Passam-se vinte e quatro horas e o Rui Castro, para emendar a mão, alterou o seu post.Para que as coisas fiquem claras, a versão original era esta:'Fica aqui o link para o registo áudio de um debate sobre o casamento gay que tive com um homossexual, membro da ilga, no passado dia 12/10, no rádio clube português.'Diz ele agora que se tratou dum 'mero lapso' [sic]. Será um lapso, mas não é mero. Reparem agora neste post-resposta do Rui Castro. É elucidativo. Na verdade, não é diferente do outro. O do lapso. O mecanismo parte do mesmo "pressuposto". Diz ele que eu, 'ainda ressentido por outras razões, aproveitei a deixa' do post que a Fernanda Câncio lhe dirigiu [destaques meus]. É triste, mas parece que o Rui Castro não consegue ver, pensar os outros de outra maneira. É o ressentimento, o azedume ainda não aplacado, o estar à espreita de uma oportunidade para, a reboque de outro, lhe saltar logo às canelas. Parece que não lhe passa pela cabeça que eu possa ter tido um choque genuíno pelo seu post. Ele tinha de instrumentalizar aquele facto passado que referi (um bom exemplo daquele vício de apreciação dos interlocutores: uns porque são professores, outros porque são homossexuais), para me retirar a simples possibilidade da legitimidade do que digo. E nem vale a pena eu dizer que não tinha ainda lido o post da Fernanda Câncio ou que não me ocorreu logo que este fosse o mesmo Rui do 31 da Armada, etc, porque, aí, ele responderá que minto. É impossível que eu esteja a ser sincero, porque o Rui Castro sabe de ciência certa que tudo o que eu disse só o disse porque estava ressentido, etc. Por outras palavras, não importa o que digo. O que importa é a motivação. Estando identificada, ou melhor, estando denunciada a motivação, todos os argumentos caem no vazio. Porque eles eram (pretensamente) sustentados por ela.O que acontece neste modo de olhar o adversário, nesta maneira de discutir, não é retirar-lhe a legitimidade para argumentar. É pior. O que se faz aqui é retirar-lhe a própria possibilidade de ele ter uma qualquer legitimidade para argumentar. Não se trata de este ou aquele argumento não fazer sentido ou ser ilegítimo. Trata-se de, dali, não poder vir nenhum argumento legítimo. Isto é, o meu oponente já está errado antes de abrir a boca.E o lapso? Não sei se se lhe pode chamar lapso. Na melhor das hipóteses, foi qualquer coisa como um desleixo, não um lapso. (Apetece chamar-lhe uma Fehlleistung! – mas isso seria desadequadamente benigno). Tudo indica que o Rui Castro não se importou de ter deixado o post como o deixou. Se isso fosse importante para ele, se fizesse sentido para ele pôr o nome do outro com que debateu, ele teria facilmente encontrado o nome. E se o não encontrasse, não escrevia aquilo. O problema é que, para o Rui Castro, bastava, era suficiente, que o outro ficasse designado como “um homossexual”. Tudo indica que só isso conta para ele. Que diria o Rui Castro se Fulano tivesse escrito que tinha debatido o casamento gay com um homófobo? Seria um lapso? Seja como for, deduzo deste seu post que o Rui Castro não se sente envergonhado nem arrependido, não é?Outra coisa: a Mafalda Barbosa, no post que me dirige, está a fazer-se desentendida, não está?...

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