O Cachimbo de Magritte: Museus: estado da arte

30-05-2010
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O inquérito aos museus que o Público editou ontem (com o título, tão exacto quão doloroso, "Retrato da crise nos museus") devia levar-nos a pensar nos tratos de polé que o país tem dado ao seu património cultural. O desastre não é novo e foi já apontado por muitos, até aqui no Cachimbo. Cito só um dos primeiros parágrafos do artigo: "O problema mais premente é o da falta de guardas e vigilantes. Sete museus viram-se obrigados a reduzir o horário de abertura ao público ou a fechar salas, três não o fizeram mas dizem que há possibilidades de se verem obrigados a isso. E os que conseguiram evitar essas medidas dizem, em vários casos, que isso se deve a um esforço adicional das equipas que têm." É fácil atribuir culpas a Isabel Pires de Lima, a anterior Ministra da Cultura, pela sua aposta suicidária no que já chamei "política cultural de fachada" - o investimento em actividades de grande brilho mediático, como a exposição do Hermitage, enquanto a rede de museus morre discretamente de asfixia. É fácil e é justíssimo. Mas, para além da conduta lamentável do Ministro A ou B, a sociedade portuguesa deve perguntar a si mesma o que quer do seu património museológico. E qual o lugar do património nas políticas de cultura, por exemplo em comparação com os famigerados subsídios à criação artística. Para se ter uma ideia do que estou a dizer, note-se que o artigo zurze o imbróglio do Hermitage, e faz bem, mas não diz uma palavra sobre o imbróglio muito maior do Museu Berardo. (Imbróglio esse em que Isabel Pires de Lima esteve quase a fazer o que devia: só foi pena aquele problema na coluna que a impediu de se demitir). É que na arte contemporânea não se toca, como deviam saber os trogloditas que questionaram a encomenda de uma ópera milionária a Emanuel Nunes pelo São Carlos.Eu sei que esta visão da cultura é conservadora, elitista e de direita. Ainda bem. Porque foi a visão da esquerda, pseudodemocrática e práfrentex, que nos deixou onde estamos.


O inquérito aos museus que o Público editou ontem (com o título, tão exacto quão doloroso, "Retrato da crise nos museus") devia levar-nos a pensar nos tratos de polé que o país tem dado ao seu património cultural. O desastre não é novo e foi já apontado por muitos, até aqui no Cachimbo. Cito só um dos primeiros parágrafos do artigo: "O problema mais premente é o da falta de guardas e vigilantes. Sete museus viram-se obrigados a reduzir o horário de abertura ao público ou a fechar salas, três não o fizeram mas dizem que há possibilidades de se verem obrigados a isso. E os que conseguiram evitar essas medidas dizem, em vários casos, que isso se deve a um esforço adicional das equipas que têm." É fácil atribuir culpas a Isabel Pires de Lima, a anterior Ministra da Cultura, pela sua aposta suicidária no que já chamei "política cultural de fachada" - o investimento em actividades de grande brilho mediático, como a exposição do Hermitage, enquanto a rede de museus morre discretamente de asfixia. É fácil e é justíssimo. Mas, para além da conduta lamentável do Ministro A ou B, a sociedade portuguesa deve perguntar a si mesma o que quer do seu património museológico. E qual o lugar do património nas políticas de cultura, por exemplo em comparação com os famigerados subsídios à criação artística. Para se ter uma ideia do que estou a dizer, note-se que o artigo zurze o imbróglio do Hermitage, e faz bem, mas não diz uma palavra sobre o imbróglio muito maior do Museu Berardo. (Imbróglio esse em que Isabel Pires de Lima esteve quase a fazer o que devia: só foi pena aquele problema na coluna que a impediu de se demitir). É que na arte contemporânea não se toca, como deviam saber os trogloditas que questionaram a encomenda de uma ópera milionária a Emanuel Nunes pelo São Carlos.Eu sei que esta visão da cultura é conservadora, elitista e de direita. Ainda bem. Porque foi a visão da esquerda, pseudodemocrática e práfrentex, que nos deixou onde estamos.

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