O Cachimbo de Magritte: O preço da modernidade

28-12-2009
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Sem ter a inclemente opinião do João Gonçalves sobre o Ministro da Cultura, que até já disse não gostar muito do figurino OPART, a entrevista do Público de ontem a Giovanni Andreoli, o ex-maestro do coro do São Carlos, mostra que há realmente algo de muito podre no reino da ópera nacional. Já nem falo da barraca exposta pelo João, a saber, que a programação da temporada se faz sem dar cavaco ao responsável pelo coro. A mim, chamou-me a atenção outra coisa. Lembram-se de Das Märchen, a ópera encomendada a Emanuel Nunes e cuja estreia mundial foi o ponto alto da temporada do São Carlos no ano passado, com direito a transmissão via satélite para não sei quantos teatros do país? Pois bem: conta Andreoli, entre outras revelações curiosas, que não teve tempo suficiente para ensaiar tão histórico momento, exactamente devido à má distribuição do trabalho do coro ao longo da temporada. E eu a pensar que a música de Emanuel Nunes era mesmo assim... Piadas à parte, e a ser verdade, estamos perante uma mistificação artística paga a peso de ouro com os nossos impostos - para estrangeiro ver. Um milhão de euros, segundo consta, por uma ópera difícil e mal ensaiada? É muito à frente. A modernidade tem custos, já sabíamos, mas não podia ser um bocadinho mais barata?


Sem ter a inclemente opinião do João Gonçalves sobre o Ministro da Cultura, que até já disse não gostar muito do figurino OPART, a entrevista do Público de ontem a Giovanni Andreoli, o ex-maestro do coro do São Carlos, mostra que há realmente algo de muito podre no reino da ópera nacional. Já nem falo da barraca exposta pelo João, a saber, que a programação da temporada se faz sem dar cavaco ao responsável pelo coro. A mim, chamou-me a atenção outra coisa. Lembram-se de Das Märchen, a ópera encomendada a Emanuel Nunes e cuja estreia mundial foi o ponto alto da temporada do São Carlos no ano passado, com direito a transmissão via satélite para não sei quantos teatros do país? Pois bem: conta Andreoli, entre outras revelações curiosas, que não teve tempo suficiente para ensaiar tão histórico momento, exactamente devido à má distribuição do trabalho do coro ao longo da temporada. E eu a pensar que a música de Emanuel Nunes era mesmo assim... Piadas à parte, e a ser verdade, estamos perante uma mistificação artística paga a peso de ouro com os nossos impostos - para estrangeiro ver. Um milhão de euros, segundo consta, por uma ópera difícil e mal ensaiada? É muito à frente. A modernidade tem custos, já sabíamos, mas não podia ser um bocadinho mais barata?

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