Cravo de Abril: OPTIMISMO E LUTA DE MASSAS

23-05-2011
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Lembro-me de uma história, ocorrida há uns anos atrás - antes, portanto, da actual crise global do capitalismo: numa pequena cidade dos EUA tinha encerrado a empresa onde trabalhava a imensa maioria dos habitantes da cidade, atirando famílias inteiras (praticamente toda a população) para o desemprego e espalhando a angústia em muitos milhares de pessoas.A solução encontrada por quem de direito (como é uso dizer-se...) foi a de pôr em prática uma campanha de superação colectiva dessa angústia.A campanha visava instalar o «optimismo» nas famílias desempregadas e sem perspectivas de futuro, e constava da realização de espectáculos gratuitos com a presença de conhecidos cantores e actores que, nos intervalos das suas actuações, gritavam e punham toda a gente a gritar: «Pensa positivo!»As televisões iam acompanhando e dando notícia sobre os resultados da campanha: no decorrer desses espectáculos e em reportagens de rua, entrevistavam os desempregados e colhiam as suas opiniões que, regra geral, eram... «optimistas», ou seja, apesar de desempregadas e sem perspectivas de emprego à vista, as pessoas já estavam a seguir os conselhos de... quem de direito, ou seja: já estavam a «pensar positivo»...Com uma excepção: na entrevista a um jovem casal, a rapariga, com ar e voz tristes e com visível sentimento de culpa, confessava: Ele (era o companheiro) já pensa positivo, mas eu ainda não sou capaz, não consigo esquecer que estamos os dois desempregados, que não sabemos quando arranjaremos emprego nem como iremos viver...Vem esta história a propósito de um texto hoje publicado na revista «notícias magazine», do Diário de Notícias, intitulado «Optimismo... Espírito anticrise». O apelo à leitura do referido texto, destacado na capa da revista, diz assim:«OPTIMISMOA depressão generalizada não vai deitar-nos abaixo! A crise não vai levar a melhor! Mexemo-nos, respiramos, amamos e temos muitas razões para sorrir. E não é difícil encontrá-las. A ciência ajuda e dá-nos uma boa notícia: o optimismo cultiva-se! Saiba o que pode fazer para conseguir erguer o espírito anticrise»Estamos, assim, perante uma versão actualizada da campanha «pensa positivo!».Neste caso, a grande novidade é a invocação da «ciência»...Num caso e noutro - quer com a ajuda dos espectáculos gratuitos, quer com a ajuda da ciência - o objectivo dos propagandistas do capitalismo é impedir a todo o custo que as vítimas do capitalismo descubram que só através da luta conseguirão «levar a melhor» sobre a crise...E que, na situação concreta existente em Portugal, é com uma adesão massiva à luta de massas - designadamente à jornada nacional de luta convocada pela CGTP para o próximo dia 13 de Março - que o verdadeiro optimismo pode triunfar. Porque é a luta de massas que constrói o futuro- e quanto mais forte ela for, mais cedo ele chegará.


Lembro-me de uma história, ocorrida há uns anos atrás - antes, portanto, da actual crise global do capitalismo: numa pequena cidade dos EUA tinha encerrado a empresa onde trabalhava a imensa maioria dos habitantes da cidade, atirando famílias inteiras (praticamente toda a população) para o desemprego e espalhando a angústia em muitos milhares de pessoas.A solução encontrada por quem de direito (como é uso dizer-se...) foi a de pôr em prática uma campanha de superação colectiva dessa angústia.A campanha visava instalar o «optimismo» nas famílias desempregadas e sem perspectivas de futuro, e constava da realização de espectáculos gratuitos com a presença de conhecidos cantores e actores que, nos intervalos das suas actuações, gritavam e punham toda a gente a gritar: «Pensa positivo!»As televisões iam acompanhando e dando notícia sobre os resultados da campanha: no decorrer desses espectáculos e em reportagens de rua, entrevistavam os desempregados e colhiam as suas opiniões que, regra geral, eram... «optimistas», ou seja, apesar de desempregadas e sem perspectivas de emprego à vista, as pessoas já estavam a seguir os conselhos de... quem de direito, ou seja: já estavam a «pensar positivo»...Com uma excepção: na entrevista a um jovem casal, a rapariga, com ar e voz tristes e com visível sentimento de culpa, confessava: Ele (era o companheiro) já pensa positivo, mas eu ainda não sou capaz, não consigo esquecer que estamos os dois desempregados, que não sabemos quando arranjaremos emprego nem como iremos viver...Vem esta história a propósito de um texto hoje publicado na revista «notícias magazine», do Diário de Notícias, intitulado «Optimismo... Espírito anticrise». O apelo à leitura do referido texto, destacado na capa da revista, diz assim:«OPTIMISMOA depressão generalizada não vai deitar-nos abaixo! A crise não vai levar a melhor! Mexemo-nos, respiramos, amamos e temos muitas razões para sorrir. E não é difícil encontrá-las. A ciência ajuda e dá-nos uma boa notícia: o optimismo cultiva-se! Saiba o que pode fazer para conseguir erguer o espírito anticrise»Estamos, assim, perante uma versão actualizada da campanha «pensa positivo!».Neste caso, a grande novidade é a invocação da «ciência»...Num caso e noutro - quer com a ajuda dos espectáculos gratuitos, quer com a ajuda da ciência - o objectivo dos propagandistas do capitalismo é impedir a todo o custo que as vítimas do capitalismo descubram que só através da luta conseguirão «levar a melhor» sobre a crise...E que, na situação concreta existente em Portugal, é com uma adesão massiva à luta de massas - designadamente à jornada nacional de luta convocada pela CGTP para o próximo dia 13 de Março - que o verdadeiro optimismo pode triunfar. Porque é a luta de massas que constrói o futuro- e quanto mais forte ela for, mais cedo ele chegará.

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