Cravo de Abril: A CRISE QUE VEIO DE FORA

22-01-2011
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Já aqui falei da obsessão doentia de Mário Soares no que respeita às origens da crise económica e social em que Portugal está mergulhado.Quase não se passa um dia sem que ele nos venha ensinar que «a crise veio de fora, não foi gerada cá dentro», ou que: «é muito fácil apontar o dedo ao primeiro-ministro e culpá-lo, mas a crise veio de fora» etc, etc.Percebe-se: Soares sabe que - enquanto chefe da contra-revolução e iniciador da política de direita que restituiu o poder ao grande capital e vendeu a independência e a soberania nacional ao capitalismo dominante - tem graves responsabilidades na crise actual; e, perante isso, faz o quetoda a vida fez: sacode a água do capote.Mas o que mais o preocupa - muito, muito mais do que a «crise» em si - é o facto de a crise poder vir a provocar protestos e revoltas susceptíveis de porem em causa o capitalismo - a cuja defesa ele tem dedicado toda a sua longa vida, registe-se.E essa preocupação é de tal monta que resvalou já para o histerismo - como pode constatar quem quiser castigar-se lendo o seu último artigo semanal no Diário de Notícias. Garanto-vos: o homem está positivamente amedrontado, acagaçado, empanicado.Não pensa nem fala de outra coisa: «a crise que veio de fora gera necessariamente desemprego, o desemprego gera mal-estar social e, a prazo, revolta»- ora, é necessário que se impeça a «revolta»...Tanto mais que «a revolta pode gerar o caos e o caos leva à violência cega» - ora, é necessário que se impeça o «caos» e, muito mais, «a violência cega»...E vai por aí fora, repetindo e repetindo os seus temores e cagaços - e deixando atrás de si o fedor da coragem a correr-lhe pelo fundo das calças...Finalmente - talvez com receio de não ter sido entendido, e impulsionado pela ânsia de se fazer ouvir a todo o custo - enuncia a sequência completa: «crise (que veio de fora), desemprego, mal-estar social, violência, caos, aumento da crise (que veio de fora), democracia posta em causa...» - ora, é necessário que se impeça que «a democracia (seja) posta em causa»...Enfim, são muitas as preocupações que pesam sobre o homem e certamente lhe tiram o sono, pobre dele.Resta-lhe, contudo, uma certeza: a de, quando chegar a sua hora, concretizar plenamente o desejo, que há dias formulou, de morrer com a mesma dignidade com que viveu.


Já aqui falei da obsessão doentia de Mário Soares no que respeita às origens da crise económica e social em que Portugal está mergulhado.Quase não se passa um dia sem que ele nos venha ensinar que «a crise veio de fora, não foi gerada cá dentro», ou que: «é muito fácil apontar o dedo ao primeiro-ministro e culpá-lo, mas a crise veio de fora» etc, etc.Percebe-se: Soares sabe que - enquanto chefe da contra-revolução e iniciador da política de direita que restituiu o poder ao grande capital e vendeu a independência e a soberania nacional ao capitalismo dominante - tem graves responsabilidades na crise actual; e, perante isso, faz o quetoda a vida fez: sacode a água do capote.Mas o que mais o preocupa - muito, muito mais do que a «crise» em si - é o facto de a crise poder vir a provocar protestos e revoltas susceptíveis de porem em causa o capitalismo - a cuja defesa ele tem dedicado toda a sua longa vida, registe-se.E essa preocupação é de tal monta que resvalou já para o histerismo - como pode constatar quem quiser castigar-se lendo o seu último artigo semanal no Diário de Notícias. Garanto-vos: o homem está positivamente amedrontado, acagaçado, empanicado.Não pensa nem fala de outra coisa: «a crise que veio de fora gera necessariamente desemprego, o desemprego gera mal-estar social e, a prazo, revolta»- ora, é necessário que se impeça a «revolta»...Tanto mais que «a revolta pode gerar o caos e o caos leva à violência cega» - ora, é necessário que se impeça o «caos» e, muito mais, «a violência cega»...E vai por aí fora, repetindo e repetindo os seus temores e cagaços - e deixando atrás de si o fedor da coragem a correr-lhe pelo fundo das calças...Finalmente - talvez com receio de não ter sido entendido, e impulsionado pela ânsia de se fazer ouvir a todo o custo - enuncia a sequência completa: «crise (que veio de fora), desemprego, mal-estar social, violência, caos, aumento da crise (que veio de fora), democracia posta em causa...» - ora, é necessário que se impeça que «a democracia (seja) posta em causa»...Enfim, são muitas as preocupações que pesam sobre o homem e certamente lhe tiram o sono, pobre dele.Resta-lhe, contudo, uma certeza: a de, quando chegar a sua hora, concretizar plenamente o desejo, que há dias formulou, de morrer com a mesma dignidade com que viveu.

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