Cravo de Abril: POEMA

28-05-2010
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NOME DE VASCOA tua voz excessiva tornava-os mais pequenos.Eles exigiam-te palavras untuosas,as secas flores da jactância,seu sono e alimento.A verdade saía da tua boca iluminadae eles tinham os ouvidos postos na mentirano bocejo intrigante, na fala camuflada.A tua voz recuada na origem não se perdianos afazeres verbais da litigâncianão sabia a ganância.Era o vento dos pobres sobre os metais do luxo.Não te punhas a embalar o povocomo à criança que tarda a adormecer.Atiravas-lhe à cara as palavras abruptasum rosto incorruptível por marés de ferrugeme gestos de morrer.A tua fronte vasta tornava-os mais pequenos.Nela despertava o susto das mães familiares,o trigo parco dos homens nas tabernasque te olhavam ingénuos vendo a seara crescer.Ao colo dos pais os meninos sorriame os velhos viam coisas saltar dos teus cabelos.Mas eras tu que soltavas a vidaamarrada a um poste como um burro de cargaa vida desavinda que os enraiveciae que lhes dava um coice na pança saciada.Aqui perde-se o tempo a trabalhar as lendas.Mas o teu rosto não pode adormecersobre a toalha tépida que tece a tua ausênciaonde derramo o choro e os outros vão beber.Porque o teu pulso não suportava a febree erguia-se no ar como um pássaro agudoque respirasse os ventos antes de partir.Sobre o ladrar dos cães a tua voz alteiacomo a papoula que o tempo não desfolhaa coluna de fogo que cai sobre a alcateia.És o lagar imenso onde as uvas fermentamsob os pés descalços e vivos da memória.És a boca que a História utilizou por bocao corredor onde o orvalho cresce entre a juventudee os homens se passeiam com trigo na cintura.Neste lugar de inverno lembramo-nos de ticomo quem desperta.Ninguém aqui precisa de recuar no temponem das sereias que engolem o nevoeiro.Ninguém aqui suporta que tu voltescomo um Desejadocom o seu cortejo de rotas feiticeirasque gritem pelo teu nome junto aos becos do marcom as suas luas gordas de saudade e preguiça.Teu nome está de pé como um mastrode cal rubra.Estás aqui, entre nós, no meio do teu País.Connosco vais contigo porque o povo assim o quis.Armando Silva Carvalho


NOME DE VASCOA tua voz excessiva tornava-os mais pequenos.Eles exigiam-te palavras untuosas,as secas flores da jactância,seu sono e alimento.A verdade saía da tua boca iluminadae eles tinham os ouvidos postos na mentirano bocejo intrigante, na fala camuflada.A tua voz recuada na origem não se perdianos afazeres verbais da litigâncianão sabia a ganância.Era o vento dos pobres sobre os metais do luxo.Não te punhas a embalar o povocomo à criança que tarda a adormecer.Atiravas-lhe à cara as palavras abruptasum rosto incorruptível por marés de ferrugeme gestos de morrer.A tua fronte vasta tornava-os mais pequenos.Nela despertava o susto das mães familiares,o trigo parco dos homens nas tabernasque te olhavam ingénuos vendo a seara crescer.Ao colo dos pais os meninos sorriame os velhos viam coisas saltar dos teus cabelos.Mas eras tu que soltavas a vidaamarrada a um poste como um burro de cargaa vida desavinda que os enraiveciae que lhes dava um coice na pança saciada.Aqui perde-se o tempo a trabalhar as lendas.Mas o teu rosto não pode adormecersobre a toalha tépida que tece a tua ausênciaonde derramo o choro e os outros vão beber.Porque o teu pulso não suportava a febree erguia-se no ar como um pássaro agudoque respirasse os ventos antes de partir.Sobre o ladrar dos cães a tua voz alteiacomo a papoula que o tempo não desfolhaa coluna de fogo que cai sobre a alcateia.És o lagar imenso onde as uvas fermentamsob os pés descalços e vivos da memória.És a boca que a História utilizou por bocao corredor onde o orvalho cresce entre a juventudee os homens se passeiam com trigo na cintura.Neste lugar de inverno lembramo-nos de ticomo quem desperta.Ninguém aqui precisa de recuar no temponem das sereias que engolem o nevoeiro.Ninguém aqui suporta que tu voltescomo um Desejadocom o seu cortejo de rotas feiticeirasque gritem pelo teu nome junto aos becos do marcom as suas luas gordas de saudade e preguiça.Teu nome está de pé como um mastrode cal rubra.Estás aqui, entre nós, no meio do teu País.Connosco vais contigo porque o povo assim o quis.Armando Silva Carvalho

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