O Cachimbo de Magritte: Rorschach do Nobel

23-12-2009
marcar artigo


Está mais ou menos visto que a esquerda blogosférica portuguesa olha para o Nobel e vê o que quer. No Canhoto, o Rui Pena Pires diz que este Nobel é um prémio contra a desigualdade. E porquê contra a desigualdade? Porque nas dezenas de tópicos que o Krugman aborda, a desigualdade é um deles. Se o Krugman fizer jogging este será também um prémio para a modalidade, dirão alguns membros mais entusiastas da American Running and Fitness Association. Pouco importa que os suecos não tenham feito um borrão num papel em branco, mas antes dito por A+B o porquê do prémio, mas isso não interessa porque o Nobel é o que a esquerda disser que é "independentemente das justificações dos seus patrocinadores"(sic). Mas porque obscura razão iriam os suecos premiar às escondidas a desigualdade? Com que padrão ou até acontecimento pontual é possível sustentar esta interpretação? É que quando os suecos quiseram premiar estudos sobre desigualdades, pobreza ou welfare economics fizeram-no deliberadamente e de forma completamente transparente como o exemplo recente e talvez mais mediático de Amartya Sen confirma, e cujo trabalho deriva em parte de prémios já atribuídos a Kenneth Arrow e Hicks "for their pioneering contributions to general economic equilibrium theory and welfare theory". Um dos problemas deste tipo de interpretações é que traz consigo uma consequência injusta de desqualificação: a de que o trabalho de Krugman no comércio internacional não seria suficientemente bom para justificar o Nobel. Se não é isto, porque é que a esquerda está a acrescentar pontos ao Nobel que ninguém em Estocolmo colocou? Não sei se já perceberam, mas há no outro extremo político quem não tenha gostado deste Nobel e esteja a dizer coisas parecidas.


Está mais ou menos visto que a esquerda blogosférica portuguesa olha para o Nobel e vê o que quer. No Canhoto, o Rui Pena Pires diz que este Nobel é um prémio contra a desigualdade. E porquê contra a desigualdade? Porque nas dezenas de tópicos que o Krugman aborda, a desigualdade é um deles. Se o Krugman fizer jogging este será também um prémio para a modalidade, dirão alguns membros mais entusiastas da American Running and Fitness Association. Pouco importa que os suecos não tenham feito um borrão num papel em branco, mas antes dito por A+B o porquê do prémio, mas isso não interessa porque o Nobel é o que a esquerda disser que é "independentemente das justificações dos seus patrocinadores"(sic). Mas porque obscura razão iriam os suecos premiar às escondidas a desigualdade? Com que padrão ou até acontecimento pontual é possível sustentar esta interpretação? É que quando os suecos quiseram premiar estudos sobre desigualdades, pobreza ou welfare economics fizeram-no deliberadamente e de forma completamente transparente como o exemplo recente e talvez mais mediático de Amartya Sen confirma, e cujo trabalho deriva em parte de prémios já atribuídos a Kenneth Arrow e Hicks "for their pioneering contributions to general economic equilibrium theory and welfare theory". Um dos problemas deste tipo de interpretações é que traz consigo uma consequência injusta de desqualificação: a de que o trabalho de Krugman no comércio internacional não seria suficientemente bom para justificar o Nobel. Se não é isto, porque é que a esquerda está a acrescentar pontos ao Nobel que ninguém em Estocolmo colocou? Não sei se já perceberam, mas há no outro extremo político quem não tenha gostado deste Nobel e esteja a dizer coisas parecidas.

marcar artigo