Cravo de Abril: «O ANO DE TODOS OS PERIGOS»

30-05-2010
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Miguel Sousa Tavares (MST) enche todas as semanas uma página do Expresso. Ali faz a defesa assanhada da política de direita que conduziu o País à lastimável situação em que se encontra. De vez em quando, para mostrar a sua independência, mascara-se de oposição e critica, por vezes até iradamente, como lhe convém, um ou outro aspecto secundário, dessa política - sabendo ser essa a melhor forma de, de facto, a defender.No sábado passado MST debruçou-se sobre «2009: o ano de todos os perigos».Escreveu, escreveu, escreveu (uma página do Expresso exige uns largos milhares de caracteres...); verteu monotonamente o paleio da moda em relação à crise; arrotou umas tantas postas de fingido saber; bolsou todas as alarvices habituais nestas circunstâncias; e defecou a fedorenta tese da necessidade de, todos, cerrarmos fileiras para enfrentar a dita crise...Todos! Ou seja: os que a provocaram e nada sofrerão com ela, e os que lhe sofrem as consequências mais brutais.Nesse sentido, a grande preocupação de MST vai para os trabalhadores, isto é, para o papel que os trabalhadores têm a desempenhar na resolução da crise...Ora, conclui MST, nessa matéria as coisas estão más. E estão más porquê?Porque, explica MST,«Vieira da Silva, talvez o melhor ministro deste Governo, falhou na ténue revisão da legislação laboral, que os sindicatos e o PCP combateram por todas as formas».E agora, para agravar ainda mais a situação - grita MST, irritado - ainda veio «o Tribunal Constitucional declarar a inconstitucionalidade da norma que previa o alargamento do período experimental de 90 para 180 dias, antes da passagem do trabalhador a efectivo».E em que é que o Tribunal Constitucional se baseou para tomar tão grave decisão?MST infla a narina direita, passa a mão pela melena do mesmo lado, e explica, impaciente: «nos princípios do "direito ao trabalho" e da «segurança laboral», tão caros à nossa patética Constituição».Para MST, essa coisa dos direitos dos trabalhadores é coisa ultrapassada e que deve ser, de imediato e definitivamente, posta de parte - tal como a «nossa patética Constituição» que, à revelia e em oposição á opinião de MST, ainda contempla velharias como o «direito ao trabalho»...Direito ao trabalho, sim; mais do que isso: direito ao trabalho altamente remunerado - mas um direito selectivo, de elite, ou seja: para MST e para os seus colegas propagandistas da política de direita.Finalmente, para superar a «crise», MST proclama a necessidade de uma «política de reformas» no estilo das que ele muito aprecia, tais como: as que o ex-ministro de Saúde começou a executar e as que a actual ministra da Educação está a executar.Mas, como ele diz no título do seu artigo, há «perigos»: é que «a política de reformas e a própria necessidade de cerrar fileiras para enfrentar os tempos difíceis que aí vêm, encontram pela frente uma grandiosa e organizada resistência» - uma «resistência» diversificada, por vezes até proveniente de sectores antagónicos, mas da qual emerge, como perigo maior «a cartilha leninista do PCP, seguida à letra pelos sindicatos que lhe prestam obediência».Salazar não diria melhor.Esperemos que 2009 seja, de facto, «o ano de todos os perigos»: para a política de direita e, por arrasto, para todos os seus propagandistas encartados.Esperemos e façamos tudo para que assim seja: lutando, lutando muito.


Miguel Sousa Tavares (MST) enche todas as semanas uma página do Expresso. Ali faz a defesa assanhada da política de direita que conduziu o País à lastimável situação em que se encontra. De vez em quando, para mostrar a sua independência, mascara-se de oposição e critica, por vezes até iradamente, como lhe convém, um ou outro aspecto secundário, dessa política - sabendo ser essa a melhor forma de, de facto, a defender.No sábado passado MST debruçou-se sobre «2009: o ano de todos os perigos».Escreveu, escreveu, escreveu (uma página do Expresso exige uns largos milhares de caracteres...); verteu monotonamente o paleio da moda em relação à crise; arrotou umas tantas postas de fingido saber; bolsou todas as alarvices habituais nestas circunstâncias; e defecou a fedorenta tese da necessidade de, todos, cerrarmos fileiras para enfrentar a dita crise...Todos! Ou seja: os que a provocaram e nada sofrerão com ela, e os que lhe sofrem as consequências mais brutais.Nesse sentido, a grande preocupação de MST vai para os trabalhadores, isto é, para o papel que os trabalhadores têm a desempenhar na resolução da crise...Ora, conclui MST, nessa matéria as coisas estão más. E estão más porquê?Porque, explica MST,«Vieira da Silva, talvez o melhor ministro deste Governo, falhou na ténue revisão da legislação laboral, que os sindicatos e o PCP combateram por todas as formas».E agora, para agravar ainda mais a situação - grita MST, irritado - ainda veio «o Tribunal Constitucional declarar a inconstitucionalidade da norma que previa o alargamento do período experimental de 90 para 180 dias, antes da passagem do trabalhador a efectivo».E em que é que o Tribunal Constitucional se baseou para tomar tão grave decisão?MST infla a narina direita, passa a mão pela melena do mesmo lado, e explica, impaciente: «nos princípios do "direito ao trabalho" e da «segurança laboral», tão caros à nossa patética Constituição».Para MST, essa coisa dos direitos dos trabalhadores é coisa ultrapassada e que deve ser, de imediato e definitivamente, posta de parte - tal como a «nossa patética Constituição» que, à revelia e em oposição á opinião de MST, ainda contempla velharias como o «direito ao trabalho»...Direito ao trabalho, sim; mais do que isso: direito ao trabalho altamente remunerado - mas um direito selectivo, de elite, ou seja: para MST e para os seus colegas propagandistas da política de direita.Finalmente, para superar a «crise», MST proclama a necessidade de uma «política de reformas» no estilo das que ele muito aprecia, tais como: as que o ex-ministro de Saúde começou a executar e as que a actual ministra da Educação está a executar.Mas, como ele diz no título do seu artigo, há «perigos»: é que «a política de reformas e a própria necessidade de cerrar fileiras para enfrentar os tempos difíceis que aí vêm, encontram pela frente uma grandiosa e organizada resistência» - uma «resistência» diversificada, por vezes até proveniente de sectores antagónicos, mas da qual emerge, como perigo maior «a cartilha leninista do PCP, seguida à letra pelos sindicatos que lhe prestam obediência».Salazar não diria melhor.Esperemos que 2009 seja, de facto, «o ano de todos os perigos»: para a política de direita e, por arrasto, para todos os seus propagandistas encartados.Esperemos e façamos tudo para que assim seja: lutando, lutando muito.

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