Guitarra de Coimbra (Parte I): BALADA DOS MEUS AMORES

03-08-2010
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Música: Luiz Fernando de Sousa Pires Goes (1933…)Letra: Edmundo Alberto Bettencourt (1899-1973)Incipit: Na rua da solidãoOrigem: CascaisData: 1982-1983Na rua da solidãosem alegrias nem dores,habita o meu coraçãoà espera dos meus amores.Meus amores onde estão? (bis)Uns partiram sem querer,andam perdidos alguns,outros são meus sem os tercomo se fossem nenhuns.Quando e como os posso ver? (bis)Há castelos, há inimigos,que não os deixam passar,mas sei que não temem perigose sei que me ouvem chamar.Quero meus os seus castigos! (bis)Da rua da solidão,onde o sol mal chega às flores,parte, vai, meu coraçãoem busca dos teus amores.Meus amores vencerão!Canta-se a letra de cada quadra seguida, apenas se bisando a frase intercalada entre cada uma das coplas, a qual funciona como uma espécie de estribilho atípico. Após a 4ª quadra, o verso final não é repetido.Esquema do Acompanhamento:1º Dístico: Fá M, 2ªFá, Fá M /// Ré m, 2ª Ré, Lá# M;2º Dístico: 2ªFá, Fá M /// 2ªFá, Fá M;Estribilho atípico: 2ªFá, Fá M /// 2ªRé, Lá# M;Verso final: 2ªFá, Fá M;Informação complementar:Balada estrófica em compasso quaternário (4/4) e tom de Fá Maior, para barítono possante, gravada por Luiz Goes, acompanhado à guitarra por João Bagão e Aires Máximo de Aguilar e, à viola, por João Figueiredo Gomes e António Toscano no LP "Canções Para Quase Todos", EMI-VC 1775031, editado em 1983.Esta “master piece” da CC alimenta-se de uma vocalização de grande envergadura, de nível operático, esteticamente situável nas derradeiras vanguardas do século XX. Constitui uma homenagem ao navegador solitário Edmundo Bettencourt (1899-1973). Luiz Goes vocaliza o tema com enorme comedimento operático, ilustrando um texto de rara beleza poética e inquietação espiritual, texto esse já de si marcadamente musical. Em reportagem de 1965, José Carlos de Vasconcelos salientara este mesmo texto como eventual candidato a uma abordagem com assinatura de José Afonso (“Itinerário do Fado de Coimbra 5. De Bettencourt a Armando Goes”, in Diário de Lisboa, de 03/05/1965). João Carlos Bagão Moisés (Fig. da Foz, 14/06/1921-Lisboa, 09/12/1992), padecendo de crescentes limitações do braço esquerdo, patenteia um trabalho de acompanhamento digno, criando um prolongado efeito sonoro de desiludida amargura. Bettencourt afirma-se um questionador solitário. A “rua da solidão” é a vida que passa, espessamente controlada pelos aparelhos repressivos do Estado Novo. Mais esperançoso e vulnerável na 1ª parte, o poeta recusa o isolamento definitivo e indaga-se quanto às hipóteses de romper o confinamento em que vive. Na 2ª parte do texto, o autor enuncia os obstáculos que lhe tolhem a liberdade e propõe-se vencê-los. As palavras de ordem do estribilho atípico tornam-se mais incisivas, tanto no texto, como na prestação solística de Luiz Goes.Com esta incursão, presentificada no LP de 1983, Luiz Goes presta sublime homenagem a um dos seus principais paradigmas inspiradores, lançando mão de um artista que lhe permitiu operar solidamente a ponte entre o Primeiro e o Segundo Modernismos da CC.Obra de arte maior da CC, das mais notáveis da década de 1980, configura-se como excelente confluência de sensibilidades estéticas em termos de dicção, solo vocal, qualidade do texto, valor da melodia e trabalho de acompanhamento.Reedições nos LPs "O Melhor de Luiz Goes", EMI-VC 2403611, editado em 1985; álbum duplo "O Melhor de Luiz Goes", EMI-VC 7919321, editado em 1989 (editados também em cassete).Registo disponível também em compact disc:-CD “Luiz Goes – canções para quase todos”, EMI 7243 5 34097 2 2, editado em 2001.-"Luiz Goes. Canções para quem vier. Integral (1952-2002)", Lisboa, EMI-Valentim de Carvalho, 724358029727, ano de 2002, CD 4, faixa nº 4.Transcrição musical: Virgílio CaseiroPesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António M. NunesAgradecimentos: Alexandre Bateiras e João Figueiredo Gomes

Música: Luiz Fernando de Sousa Pires Goes (1933…)Letra: Edmundo Alberto Bettencourt (1899-1973)Incipit: Na rua da solidãoOrigem: CascaisData: 1982-1983Na rua da solidãosem alegrias nem dores,habita o meu coraçãoà espera dos meus amores.Meus amores onde estão? (bis)Uns partiram sem querer,andam perdidos alguns,outros são meus sem os tercomo se fossem nenhuns.Quando e como os posso ver? (bis)Há castelos, há inimigos,que não os deixam passar,mas sei que não temem perigose sei que me ouvem chamar.Quero meus os seus castigos! (bis)Da rua da solidão,onde o sol mal chega às flores,parte, vai, meu coraçãoem busca dos teus amores.Meus amores vencerão!Canta-se a letra de cada quadra seguida, apenas se bisando a frase intercalada entre cada uma das coplas, a qual funciona como uma espécie de estribilho atípico. Após a 4ª quadra, o verso final não é repetido.Esquema do Acompanhamento:1º Dístico: Fá M, 2ªFá, Fá M /// Ré m, 2ª Ré, Lá# M;2º Dístico: 2ªFá, Fá M /// 2ªFá, Fá M;Estribilho atípico: 2ªFá, Fá M /// 2ªRé, Lá# M;Verso final: 2ªFá, Fá M;Informação complementar:Balada estrófica em compasso quaternário (4/4) e tom de Fá Maior, para barítono possante, gravada por Luiz Goes, acompanhado à guitarra por João Bagão e Aires Máximo de Aguilar e, à viola, por João Figueiredo Gomes e António Toscano no LP "Canções Para Quase Todos", EMI-VC 1775031, editado em 1983.Esta “master piece” da CC alimenta-se de uma vocalização de grande envergadura, de nível operático, esteticamente situável nas derradeiras vanguardas do século XX. Constitui uma homenagem ao navegador solitário Edmundo Bettencourt (1899-1973). Luiz Goes vocaliza o tema com enorme comedimento operático, ilustrando um texto de rara beleza poética e inquietação espiritual, texto esse já de si marcadamente musical. Em reportagem de 1965, José Carlos de Vasconcelos salientara este mesmo texto como eventual candidato a uma abordagem com assinatura de José Afonso (“Itinerário do Fado de Coimbra 5. De Bettencourt a Armando Goes”, in Diário de Lisboa, de 03/05/1965). João Carlos Bagão Moisés (Fig. da Foz, 14/06/1921-Lisboa, 09/12/1992), padecendo de crescentes limitações do braço esquerdo, patenteia um trabalho de acompanhamento digno, criando um prolongado efeito sonoro de desiludida amargura. Bettencourt afirma-se um questionador solitário. A “rua da solidão” é a vida que passa, espessamente controlada pelos aparelhos repressivos do Estado Novo. Mais esperançoso e vulnerável na 1ª parte, o poeta recusa o isolamento definitivo e indaga-se quanto às hipóteses de romper o confinamento em que vive. Na 2ª parte do texto, o autor enuncia os obstáculos que lhe tolhem a liberdade e propõe-se vencê-los. As palavras de ordem do estribilho atípico tornam-se mais incisivas, tanto no texto, como na prestação solística de Luiz Goes.Com esta incursão, presentificada no LP de 1983, Luiz Goes presta sublime homenagem a um dos seus principais paradigmas inspiradores, lançando mão de um artista que lhe permitiu operar solidamente a ponte entre o Primeiro e o Segundo Modernismos da CC.Obra de arte maior da CC, das mais notáveis da década de 1980, configura-se como excelente confluência de sensibilidades estéticas em termos de dicção, solo vocal, qualidade do texto, valor da melodia e trabalho de acompanhamento.Reedições nos LPs "O Melhor de Luiz Goes", EMI-VC 2403611, editado em 1985; álbum duplo "O Melhor de Luiz Goes", EMI-VC 7919321, editado em 1989 (editados também em cassete).Registo disponível também em compact disc:-CD “Luiz Goes – canções para quase todos”, EMI 7243 5 34097 2 2, editado em 2001.-"Luiz Goes. Canções para quem vier. Integral (1952-2002)", Lisboa, EMI-Valentim de Carvalho, 724358029727, ano de 2002, CD 4, faixa nº 4.Transcrição musical: Virgílio CaseiroPesquisa e texto: José Anjos de Carvalho e António M. NunesAgradecimentos: Alexandre Bateiras e João Figueiredo Gomes

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