ABRUPTO

26-12-2009
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EARLY MORNING BLOGS 668

Late Autumn In Venice

(After Rilke)

The city floats no longer like a bait

To hook the nimble darting summer days.

The glazed and brittle palaces pulsate and radiate

And glitter. Summer�s garden sways,

A heap of marionettes hanging down and dangled,

Leaves tired, torn, turned upside down and strangled:

Until from forest depths, from bony leafless trees

A will wakens: the admiral, lolling long at ease,

Has been commanded, overnight�suddenly�:

In the first dawn, all galleys put to sea!

Waking then in autumn chill, amid the harbor medley,

The fragrance of pitch, pennants aloft, the butt

Of oars, all sails unfurled, the fleet

Awaits the great wind, radiant and deadly.

(Delmore Schwartz)

*

Bom dia! Bom dia!

BOAS / P�SSIMAS COISAS NA COMUNICA��O SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR (alfa)

Actualizado com novas colabora��es e refer�ncias. Em breve, publicarei a vers�o beta, com as sugest�es que me parecem ser de acolher. A discuss�o e as sugest�es continuar�o em aberto. Actualizado com novas colabora��es e refer�ncias. Em breve, publicarei a vers�o beta, com as sugest�es que me parecem ser de acolher. A discuss�o e as sugest�es continuar�o em aberto.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

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No P�blico , mais not�cias envolvendo Ant�nio Vitorino no caso Eurominas, e Pina Moura nas grandes manobras energ�ticas em curso. O que est� em causa, em ambos os casos, � a completa, flagrante, inequ�voca, incompatibilidade substancial entre as suas fun��es privadas, na advocacia de neg�cios e na administra��o de empresas, com o exerc�cio de fun��es p�blicas. Se, quer um quer outro, no que est�o a fazer, n�o s�o abrangidos por nenhuma lei de incompatibilidades, ent�o as leis de incompatibilidades n�o servem para nada. (Lembro, para registo da mem�ria, que fui o �nico deputado que se pronunciou contra este "pacote" legislativo que incluia a legisla��o de incompatibilidades, demitindo-me por essa raz�o do cargo de Presidente do Grupo parlamentar.) Na pr�tica, esta legisla��o ajudou a afastar da Assembleia bons deputados, como Rui Machete, que a tomou a s�rio, mas acaba por permitir situa��es completamente absurdas, que deviam em primeiro lugar ser do foro da m�nima moral pol�tica, antes sequer de serem de legalidade. Infelizmente, os deputados do PS, em primeiro lugar, e depois os do PSD e do CDS, acham normal o que se passa, e a Comiss�o de �tica fecha os olhos, fazendo uma interpreta��o mole da lei e absurda da "�tica" que lhe d� o nome.

O caso que me parece de verdadeiro esc�ndalo � o de Pina Moura, mas este goza da protec��o do PS, pelo que nada acontece. O editorial de Manuel Carvalho hoje no P�blico (que nem na vers�o em linha paga aparece) intitulado "Pina Moura" n�o deixa margem para d�vidas:

"Pouco parece interessar que a Iberdrola seja liderada por um ex-ministro que, para al�m de desenvolver os neg�cios que ele pr�prio iniciou quando estava no poder, continue ainda a ter cara para se exibir como deputado da na��o."

O CAMAURO

( Rafael , Retrato de J�lio II usando o camauro)

Quando Bento XVI apareceu este Natal com o camauro na cabe�a, as fotografias circularam na Internet como sendo montagens digitais. O Papa vestido de Pai Natal? Tinha que ser montagem. Mas n�o era. Os nossos internetianos deviam ver mais quadros renascentistas, e reconheceriam o veludo e o arminho antigo que nenhum Papa usava desde os anos sessenta.

Mas o Papa n�o apareceu nestes dias nos jornais apenas como um surpreendente �cone da moda, mas surge com cada vez mais frequ�ncia em editoriais (o P�blico n�o � excep��o) e, por estranho que pare�a, em artigos e ensaios. Livros originais e antologias tem�ticas incluem textos de e sobre Ratzinger, com uma frequ�ncia rara para qualquer Papa recente, e ainda mais rara para um in�cio do pontificado, quando n�o existe uma obra significativa pr�pria como chefe da Igreja cat�lica. Autores cujos interesses pela teologia, ou sequer pela religi�o, eram escassos manifestam curiosidade intelectual pelo novo Papa.

A solidez te�rica de Ratzinger, solidez n�o apenas teol�gica, mas filos�fica e cultural num sentido mais geral, o seu longo contacto com o meio dos intelectuais europeus, conhecendo as suas pol�micas e quer as suas interroga��es, quer as suas modas, est� a dar frutos. Ratzinger est� a colocar a reflex�o crist�, gerada no cume do poder eclesial, que � por excel�ncia o papado, no centro do debate p�blico, de onde estava h� muitos anos afastada. Ou, numa f�rmula mais moderada, est� a torn�-la aceit�vel como objecto de discuss�o intelectual, o que � uma verdadeira mudan�a nos costumes europeus e americanos recentes. Este processo � interessante para a hist�ria do movimento cultural europeu e, penso, est� apenas no seu in�cio. O nome de Bento XVI, ou mais provavelmente para j� de Ratzinger, vai-se tornar citado e cit�vel, em c�rculos onde nunca o foi o de Jo�o Paulo II e dos seus predecessores desde o s�culo XIX.

Claro que este movimento de influ�ncia n�o teria sucesso se viesse apenas de dentro da Igreja, mas est� conjugado com o caminhar de uma s�rie de intelectuais para novas formas de conservadorismo pol�tico, para um retorno a um sistema de valores pol�ticos e societ�rios tradicionais, ultrapassando a usura que estes tinham sofrido com o impacto da Revolu��o Francesa e a domina��o ideol�gica do marxismo. Esta redescoberta nos dois lados do Atl�ntico associa, num caminho comum, trajectos muito d�spares, desde o neoconservadorismo norte-americano � reflex�o europeia sobre os fundamentos culturais da Europa, feita recentemente a prop�sito do Pre�mbulo � Constitui��o Europeia. Um caso t�pico destes trajectos em Portugal � o de Jo�o Carlos Espada e da revista Nova Cidadania que anima. Como era inevit�vel, encontraram, na reflex�o que estavam fazendo, o pensamento crist�o, uma das mais antigas e consolidadas tradi��es europeias de reflex�o, que, desde Tom�s de Aquino at� Karl Jaspers, mant�m uma rela��o muito forte com a hist�ria cultural da Europa, aparentemente enfraquecida pelos �ltimos duzentos anos de "descren�a" e pelas ideologias assentes na f� na hist�ria do s�culo XIX e XX.

H� factores na pr�pria hist�ria do cristianismo europeu que explicam esta reaproxima��o, mais significativa porque um revivalismo religioso, que h� alguns anos atr�s fazia parte de quase todas as previs�es futurologistas, n�o parece estar � porta. De facto, o que se passa, mais do que um revivalismo religioso, � um sentimento de comunidade, de perten�a a uma mesma tradi��o cultural, tornada urgente pela cintila��o civilizacional gerada pelo conflito com o fundamentalismo isl�mico.

O facto de este movimento se estar a dar mostra como as tradi��es religiosas, como factos culturais e civilizacionais, est�o profundamente embrenhadas na identidade social, mesmo quando esta parece estar amea�ada pela globaliza��o e pela massifica��o dos consumos mundiais. E mostra tamb�m como o cristianismo resiste � competi��o com outras religi�es em sociedades muito abertas como s�o as do "Ocidente". Mesmo religi�es e pr�ticas orientais que estiveram e est�o na moda, desde os anos sessenta, como o budismo zen, apelaram � sedu��o essencialmente na base de uma experi�ncia est�tica que se pretendia m�stica, e popularizaram-se como "modos de vida alternativos", mas tiveram apenas um impacte marginal no centro do nosso pensamento.

Esta situa��o ainda � mais n�tida quando tomamos em conta o dinamismo teol�gico do cristianismo, quer reformado, quer cat�lico, em contraste com as dificuldades do isl�o em ter uma interpreta��o din�mica, capaz de fazer a adapta��o �s mudan�as da hist�ria e da sociedade. O isl�o, na aus�ncia de autoridades interpretativas legitimadas, fixou-se no c�none da sua origem e n�o reflecte a modernidade, nem convive facilmente com a laicidade. Por aqui se percebe que o facto de o cristianismo ser uma religi�o que tem uma Igreja, como materializa��o na terra da presen�a de Deus e, dentro dessa Igreja, na vers�o cat�lica, ter uma hierarquia que termina no Papa, lhe permite falar para tempos diferentes de modo diferente, mesmo quando � a mesma Voz.

O Papa Woytila refor�ou os la�os da Igreja com o catolicismo tradicional na Europa, fazendo pelo caminho uma revolu��o pol�tica a partir da Pol�nia para o Centro e Leste da Europa, e incentivou o catolicismo em terras de miss�o, na sua fun��o de Papa viajante. Morrendo diante de n�s como morreu, falou tamb�m a sociedades cada vez mais de velhos e doentes, como � a nossa. Valorizou na Igreja os factores de continuidade, o catolicismo popular, o culto mariano, o papel das comunidades tradicionais, da fam�lia, do ensino. Gerou assim uma aproxima��o da Igreja ao homem comum que fora iniciada por Jo�o XXIII no conc�lio Vaticano II.

Bento XVI parte deste legado e parece, num primeiro olhar, voltar-se para a Europa, para a terra onde Pedro e Paulo constru�ram a "sua" Igreja, e onde, as sociedades dos dias de hoje s�o sociedades assentes na "fam�lia terrestre" e n�o na "fam�lia celeste" e por isso dependem da felicidade terrestre e n�o da celeste. Aqui o "esp�rito de miss�o" e a evangeliza��o encontram um tipo de dificuldades muito diferentes das de fora da Europa, ou das de outros tempos europeus. Mas a sensa��o da perigosidade do mundo "l� fora" criou um ambiente favor�vel ao retorno a uma identidade cultural, na qual a Igreja tem um papel hist�rico e quer ter um papel actual.

� verdade que o cardeal-patriarca de Lisboa preveniu, numa missa recente, que o "cristianismo n�o � uma doutrina", o que se compreende para os homens de f�. Mas, para os que n�o a t�m, Ratzinger est� a contribuir para que, pelo menos como "doutrina", ele entre nas nossas reflex�es. � o sinal de um "assalto" aos intelectuais, como h� muito tempo a Igreja n�o tinha conseguido fazer.

(No P�blico .)

BOAS COISAS NA COMUNICA��O SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR

(alfa - ACTUALIZADO)

NOTA (vers�o alfa) - S� o embri�o das entradas, sem nenhuma ordem valorativa, esperando complet�-las, acrescent�-las e corrigi-las, com as sugest�es dos leitores. Como s� cito o que "consumi", a r�dio, que pouco ouvi, est� em falta.

*

Document�rios culturais (2:) entre outros sobre Luis Pacheco, Glic�nia Quartim, Jo�o Vieira, Fernanda Botelho, etc.

Micro-causas (declara��o de interesses: o Abrupto foi o iniciador, mas hoje pertencem a todos.) - A quest�o dos �estudos da OTA� que se tornou a segunda quest�o mais determinante do debate p�blico sobre a OTA (a primeira foi e � �faz-se ou n�o se faz�), deveu-se � persist�ncia dos blogues, e n�o da comunica��o social fora da rede, que s� a assumiu quando n�o a podia evitar. Depois, tornou-se parte integrante do �problema OTA�.

Blogues de jornalismo, sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das �coisas boas�) � Os blogues especializados em �comunica��o� em sentido lato s�o o melhor conjunto de blogues com um tema espec�fico na blogosfera portuguesa. Exemplos: Ind�strias Culturais, Ponto Media, Atrium, Jornalismo e Comunica��o, As Imagens e N�s,

Clube dos Jornalistas (2: ) - (pela segunda vez na lista das �coisas boas�).

Os document�rios da SIC - o melhor exemplo foi o de C�ndida Pinto sobre Snu Abecassis, mas ,durante todo o ano, foram sempre as melhores reportagens jornal�sticas de tipo documental, de �grande informa��o� ou em anexo aos notici�rios.

M�rio Crespo e o par Jo�o Adelino de Faria / Ana Louren�o na SIC Noticias. (declara��o de interesses: participo num programa da SICN.)

Repito pela segunda vez: � A informa��o / opini�o econ�mica na SIC Not�cias � de grande qualidade. Perez Metelo na TVI � um divulgador especializado com grandes qualidades comunicativas."

de Pedro Magalh�es, o �nosso� explicador das sondagens e muito mais. Um exemplo de um blogue que acrescenta.

Blogosfera nas elei��es aut�rquicas e presidenciais : pode ter todos os defeitos da "atmosfera", mas tem tamb�m qualidades que s� h� na blogosfera.

Livros sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das �coisas boas�). Repito: �A edi��o de livros e revistas sobre comunica��o est� de vento em popa. Para al�m da Trajectos e Media e Jornalismo, as colec��es "Media e Sociedade" da Editorial Not�cias e "Comunica��o" da Minerva tem dado origem a trabalhos interessantes que revelam como, � dist�ncia, os estudos acad�micos demonstram muito daquilo que os jornalistas n�o querem admitir mais em cima dos acontecimentos: bias, distor��es e manipula��es, milit�ncia pol�tica. O papel de alguns professores, como M�rio Mesquita, � fundamental nesta reflex�o .�

(Em breve referirei os que me pareceram mais importantes.)

*

Na sequ�ncia do convite que lan�ou aos leitores do Abrupto deixo aqui a minha sugest�o ( considerando, naturalmente, uma declara��o de interesses pr�via - perten�o ao mesmo centro de investiga��o que os tr�s citados):

Nas coisas boas - no sub-t�tulo "Livros sobre Jornalismo" - faltar�o as colec��es "Comunica��o e Sociedade" (Campo das Letras/CECS-UMinho, dirigida por Mois�s de Lemos Martins) e "Comunica��o" (Porto Editora, dirigida por Manuel Pinto e Joaquim Fidalgo), ambas com v�rios t�tulos publicados em 2005.

(Luis Ant�nio Santos do Atrium

A ascens�o da S�bado (pela segunda vez e com a mesma declara��o de interesses). A S�bado � o �rg�o de comunica��o social portuguesa mais subestimado, v�tima das �sinergias� que lhe faltam: n�o tem quem puxe pelas suas not�cias nos outros �rg�os de comunica��o social. Mas que tem not�cias, isso tem.

A imprensa de distribui��o gratuita como o

P�SSIMAS COISAS NA COMUNICA��O SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS PELO MESMO

Descida de vendas da imprensa generalista � Entre o 24 Horas , que sobe, os jornais gr�tis, os blogues, e a informa��o em linha, a imprensa generalista cai. Para responder � queda molda-se ao que pensa dar sucesso, o �social�, o �econ�mico�, e temo que as reestrutura��es em curso nos grandes jornais valorizem ainda mais a superficialidade do produto. Se for assim, � s� uma quest�o de tempo para cair ainda mais, porque nesse terreno outros fazem melhor.

O fim da consulta gr�tis em linha, no P�blico. .

Os coment�rios de Ant�nio Vitorino na RTP nunca acrescentam nada e s�o claramente limitados por uma vontade de ortodoxia, que � uma vontade de carreira pol�tica. Leg�timo, mas n�o chega para comentar sob aquela forma e com aquele estatuto, quando n�o se tem mais nada para dar. Pode-se ter � mixed feelings � sobre os coment�rios de Marcelo, mas estes s�o um �facto comunicacional� imposs�vel de passar ao lado. Podem ter (t�m) agenda pol�tica, s�o superficiais e ligeiros, mas ultrapassam os defeitos do seu autor, pelas suas qualidades no meio. Marcelo � um Mensch comunicacional, Vitorino n�o �.

As primeiras p�ginas inventivas do Expresso (pela segunda vez.) � Agora que se sabe de quem � a responsabilidade, � de Jos� Ant�nio Saraiva, que as faz sozinho numa forma de medita��o transcendental como nos disse em entrevista �, espera-se que Henrique Monteiro acabe com elas.

Tsunami � Mais um exemplo de �masturba��o da dor� como sensacionalismo jornal�stico, ao ritmo das grandiosas imagens das vagas do maremoto. Se n�o houvesse imagens t�o poderosas, turistas estrangeiros e destinos de f�rias como Puket atingidos, o tratamento comunicacional seria o que foi dado ao terramoto paquistan�s, ou seja quase nulo. N�o � a dimens�o da trag�dia que conta, mas a sua espectacularidade.

Katrina � O contra-exemplo ao tratamento do tsunami: �inforopini�o� politizada ao extremo, �masturba��o da culpa� em vez de �masturba��o da dor�. N�meros fant�sticos, previs�es apocal�pticas, dedo apontado a Bush em cada segundo, e quase nula compaix�o pelas v�timas. A cidade �destru�da� l� est� a funcionar, ferida, mas viva. As dezenas de milhares de mortos anunciados continuam por descobrir, mas ningu�m entende que deva corrigir alguma coisa.

Arrast�o � A pseudo-hist�ria mais fant�stica da nossa comunica��o social em 2005, que, desde o primeiro minuto, parecia a qualquer pessoa sensata, muito bizarra. Who cares? Passou do sensacionalismo, para a demoniza��o pol�tica anti-emigrantes e racista, para depois, no backlash , se tornar demoniza��o pol�tica anti-racista ao estilo do �SOS Racismo�, ou seja do Bloco de Esquerda. Como era uma hist�ria (falsa) que �favorecia a direita� anti-emigrantes foi desmontada e contrariada. Quantas, ao contr�rio, que �favorecem a esquerda�, e igualmente falsas nunca s�o desmontadas?

O fim da A Capital e de O Com�rcio do Porto.

A obscura pol�tica comunicacional governativa � O ano passado era a �central de comunica��es� de Santana Lopes, este ano � a gest�o mais profissionalizada, com maior colabora��o silenciosa de muitos simpatizantes no meio da comunica��o social, do controlo governativo. As grandes manobras da propriedade, que a montante ou a jusante, incluem sempre o benepl�cito do poder pol�tico num pa�s como o nosso t�o dependente do estado, est�o pouco esclarecidas. Mas quase tudo vai no mesmo sentido. Se houvesse um medidor n�o impressionista do �grau de incomodidade� da comunica��o social face ao poder, ver-se-ia como ele baixou significativamente. Um exemplo: o modo como foi tratada a conflitualidade social, seguindo uma linha governamental, nunca nos dando a ideia da dimens�o do que estava a acontecer e vista sempre numa luz hostil.

O jornalismo econ�mico continua a depender de uma vis�o mais do �econ�mico� do que do �jornal�stico� . Com capacidade para produzir boa informa��o sobre o estado e o governo, revela-se incapaz de tratar as empresas como objecto jornal�stico, mostrando pouca independ�ncia em rela��o aos sectores econ�micos e financeiros que a patrocinam. N�o h� verdadeiras reportagens ou not�cias sobre o que corre mal.

A Antena 2 � demasiado loquaz . Muito se fala naquela r�dio, num tom entre o pedante e o falsamente int�mo, tirando limpidez � m�sica.

*

Madalena Oliveira no

"Nas coisas boas, eu acrescentaria a institui��o dos provedores do ouvinte e do telespectador (embora n�o conhe�amos ainda os nomes que v�o ocupar estes cargos nem o modo como funcionar�o exactamente).

Para as coisas m�s, escolheria tamb�m, por exemplo, a aus�ncia de discuss�o sobre a renova��o das licen�as de televis�o." *

Algumas sugest�es suplementares de Rodrigo Ad�o da Fonseca no

- Tamb�m �s quartas-feiras, as colunas de Paulo Rangel no P�blico , leitura obrigat�ria mesmo para quem tem as agendas mais exigentes;

- As colunas de Vital Moreira no P�blico , descontando os dias em que lhe d� para ser mais Papista que o pr�prio PS;

- O Di�rio Econ�mico , um o�sis na (des)informa��o di�ria, um jornal que soube num contexto de dificuldade para a imprensa escrita ganhar o seu espa�o com personalidade, afirmando um estilo pr�prio, em alguns aspectos inovador, resistindo ao jornalismo populista; um jornal que em 2005 conseguiu crescer e amadurecer-se, tornando uma dificuldade - a mudan�a de director - numa grande oportunidade para se consolidar (na minha humilde opini�o, melhorando at� a olhos vistos sob a al�ada do Martim Avillez Figueiredo); neste momento, o meu primeiro jornal do dia (muitas vezes, quando o tempo � pouco, o �nico)." *

Jo�o Pedro Pereira no

"Numa altura em que a leitura de jornais generalistas est� em queda, n�o podia deixar de concordar mais com Pacheco Pereira quanto aos di�rios gratuitos (...) S�o uma esp�cie de vers�o jornal�stica da literatura light: at� podem n�o ser o melhor (embora isto dependa: o melhor para quem? e para qu�?) e podem ser vistos com desd�m pelos restantes elementos do meio, mas t�m o grande m�rito de p�r gente a ler

*

Sobre as coisas p�ssimas do jornalismo: n�o acredito que tenham ficado esquecidas as in�meras perip�cias jornalisticas sem rigor nem isen��o nem sequer verdadeiro conhecimento do que verdadeiramente se passava e do que estava em causa, que chegavam at� n�s aquando dos acontecimentos urbanos em Fran�a. E a forma como Sarkozy foi cruxificado e Villepin poupado...

(J.) *

Constan�a Cunha e S� na

"� lista de Pacheco Pereira sobre que houve de bom e de p�ssimo na Comunica��o Social em 2005 e lidos os contributos de Rodrigo Ad�o da Fonseca no Blue Lounge tenho apenas a acrescentar duas coisas, uma p�ssima, outra apenas m�:

- A aus�ncia de programas de informa��o nas televis�es generalistas

- O programa de Marcelo Rebello de Sousa com Ana Sousa Dias que serve de contraponto, na RTP, aos coment�rios de Ant�nio Vitorino.

E, j� agora, uma coisa boa, embora eu seja suspeit�ssima, nesta mat�ria - mas at� por isso:

- As cr�nicas de Vasco Pulido Valente no P�blico."

*

No

O melhor na comunica��o social portuguesa em 2005: Di�rio Econ�mico

De entre as v�rias notas positivas que o RAF acresenta � lista de coisas boas e m�s na comunica��o social portuguesa em 2005 elaborada por JPP, n�o quero deixar de destacar o Di�rio Econ�mico, que � de facto um verdadeiro o�sis no panorama nacional. Fa�o votos de que 2006 seja um ano de ainda maior sucesso para o DE e de que o exemplo fa�a escola.

(Andr� Azevedo Alves) (vers�o alfa) - S� o embri�o das entradas, sem nenhuma ordem valorativa, esperando complet�-las, acrescent�-las e corrigi-las, com as sugest�es dos leitores. Como s� cito o que "consumi", a r�dio, que pouco ouvi, est� em falta.entre outros sobre Luis Pacheco, Glic�nia Quartim, Jo�o Vieira, Fernanda Botelho, etc.(declara��o de interesses: o Abrupto foi o iniciador, mas hoje pertencem a todos.) - A quest�o dos �estudos da OTA� que se tornou a segunda quest�o mais determinante do debate p�blico sobre a OTA (a primeira foi e � �faz-se ou n�o se faz�), deveu-se � persist�ncia dos blogues, e n�o da comunica��o social fora da rede, que s� a assumiu quando n�o a podia evitar. Depois, tornou-se parte integrante do �problema OTA�.(pela segunda vez na lista das �coisas boas�) � Os blogues especializados em �comunica��o� em sentido lato s�o o melhor conjunto de blogues com um tema espec�fico na blogosfera portuguesa. Exemplos: Engrenagem Blogouve-se , etc.) - (pela segunda vez na lista das �coisas boas�).- o melhor exemplo foi o de C�ndida Pinto sobre Snu Abecassis, mas ,durante todo o ano, foram sempre as melhores reportagens jornal�sticas de tipo documental, de �grande informa��o� ou em anexo aos notici�rios.(declara��o de interesses: participo num programa da SICN.)Repito pela segunda vez: �� de grande qualidade.� um divulgador especializado com grandes qualidades comunicativas." Margens de Erro de Pedro Magalh�es, o �nosso� explicador das sondagens e muito mais. Um exemplo de um blogue que acrescenta.: pode ter todos os defeitos da "atmosfera", mas tem tamb�m qualidades que s� h� na blogosfera.(pela segunda vez na lista das �coisas boas�). Repito: �A.�(Em breve referirei os que me pareceram mais importantes.)(pela segunda vez e com a mesma declara��o de interesses). A� o �rg�o de comunica��o social portuguesa mais subestimado, v�tima das �sinergias� que lhe faltam: n�o tem quem puxe pelas suas not�cias nos outros �rg�os de comunica��o social. Mas que tem not�cias, isso tem.como o Destak . Para muita gente significa mais not�cias que nunca iriam encontrar, ou melhor, ler, noutro lado. Isto s� pode ser considerado um acrescento na "comunica��o", na cidadania.� Entre o, que sobe, os jornais gr�tis, os blogues, e a informa��o em linha, a imprensa generalista cai. Para responder � queda molda-se ao que pensa dar sucesso, o �social�, o �econ�mico�, e temo que as reestrutura��es em curso nos grandes jornais valorizem ainda mais a superficialidade do produto. Se for assim, � s� uma quest�o de tempo para cair ainda mais, porque nesse terreno outros fazem melhor.nunca acrescentam nada e s�o claramente limitados por uma vontade de ortodoxia, que � uma vontade de carreira pol�tica. Leg�timo, mas n�o chega para comentar sob aquela forma e com aquele estatuto, quando n�o se tem mais nada para dar. Pode-se ter �� sobre os coment�rios de Marcelo, mas estes s�o um �facto comunicacional� imposs�vel de passar ao lado. Podem ter (t�m) agenda pol�tica, s�o superficiais e ligeiros, mas ultrapassam os defeitos do seu autor, pelas suas qualidades no meio. Marcelo � umcomunicacional, Vitorino n�o �.(pela segunda vez.) � Agora que se sabe de quem � a responsabilidade, � de Jos� Ant�nio Saraiva, que as faz sozinho numa forma de medita��o transcendental como nos disse em entrevista �, espera-se que Henrique Monteiro acabe com elas.� Mais um exemplo de �masturba��o da dor� como sensacionalismo jornal�stico, ao ritmo das grandiosas imagens das vagas do maremoto. Se n�o houvesse imagens t�o poderosas, turistas estrangeiros e destinos de f�rias como Puket atingidos, o tratamento comunicacional seria o que foi dado ao terramoto paquistan�s, ou seja quase nulo. N�o � a dimens�o da trag�dia que conta, mas a sua espectacularidade.� O contra-exemplo ao tratamento do tsunami: �inforopini�o� politizada ao extremo, �masturba��o da culpa� em vez de �masturba��o da dor�. N�meros fant�sticos, previs�es apocal�pticas, dedo apontado a Bush em cada segundo, e quase nula compaix�o pelas v�timas. A cidade �destru�da� l� est� a funcionar, ferida, mas viva. As dezenas de milhares de mortos anunciados continuam por descobrir, mas ningu�m entende que deva corrigir alguma coisa.� A pseudo-hist�ria mais fant�stica da nossa comunica��o social em 2005, que, desde o primeiro minuto, parecia a qualquer pessoa sensata, muito bizarra.Passou do sensacionalismo, para a demoniza��o pol�tica anti-emigrantes e racista, para depois, no, se tornar demoniza��o pol�tica anti-racista ao estilo do �SOS Racismo�, ou seja do Bloco de Esquerda. Como era uma hist�ria (falsa) que �favorecia a direita� anti-emigrantes foi desmontada e contrariada. Quantas, ao contr�rio, que �favorecem a esquerda�, e igualmente falsas nunca s�o desmontadas?� O ano passado era a �central de comunica��es� de Santana Lopes, este ano � a gest�o mais profissionalizada, com maior colabora��o silenciosa de muitos simpatizantes no meio da comunica��o social, do controlo governativo. As grandes manobras da propriedade, que a montante ou a jusante, incluem sempre o benepl�cito do poder pol�tico num pa�s como o nosso t�o dependente do estado, est�o pouco esclarecidas. Mas quase tudo vai no mesmo sentido. Se houvesse um medidor n�o impressionista do �grau de incomodidade� da comunica��o social face ao poder, ver-se-ia como ele baixou significativamente. Um exemplo: o modo como foi tratada a conflitualidade social, seguindo uma linha governamental, nunca nos dando a ideia da dimens�o do que estava a acontecer e vista sempre numa luz hostil.. Com capacidade para produzir boa informa��o sobre o estado e o governo, revela-se incapaz de tratar as empresas como objecto jornal�stico, mostrando pouca independ�ncia em rela��o aos sectores econ�micos e financeiros que a patrocinam. N�o h� verdadeiras reportagens ou not�cias sobre o que corre mal.. Muito se fala naquela r�dio, num tom entre o pedante e o falsamente int�mo, tirando limpidez � m�sica.Madalena Oliveira no Jornalismo e Comunica��o Algumas sugest�es suplementares de Rodrigo Ad�o da Fonseca no Blue Lounge Jo�o Pedro Pereira no Engrenagem Constan�a Cunha e S� na Minha Rica Casinha No Insurgente

EDP GRRRR....!!!!

Experimentem preparar tudo para um dia de trabalho, arrancado a ferros no meio das Festas, e de repente, come�arem mini-rupturas de energia, tudo em baixo, logo a seguir tudo volta e, de novo, vai abaixo. E, depois de meia manh� nisto, o big bang, cinco horas sem luz, sem computador, sem internet, no in�cio do s�culo XXI, na Europa ocidental, a poucas dezenas de quilometros da capital de um pa�s da gloriosa UE. Seis horas para resolver um problema, excelente! Ganhos de produtividade, excelente! Se n�o tivesse medo de parecer propor um golpe de estado constitucional, n�o seria poss�vel colocar um Secret�rio de Estado a acompanhar o fornecimento de energia e o cumprimento dos contratos da EDP?

Vou colocar isto em linha depressa, antes que v� tudo abaixo outra vez!

P.S. e n�o � que faltou mesmo... e voltou outra vez... Experimentem preparar tudo para um dia de trabalho, arrancado a ferros no meio das Festas, e de repente, come�arem mini-rupturas de energia, tudo em baixo, logo a seguir tudo volta e, de novo, vai abaixo. E, depois de meia manh� nisto, o big bang, cinco horas sem luz, sem computador, sem internet, no in�cio do s�culo XXI, na Europa ocidental, a poucas dezenas de quilometros da capital de um pa�s da gloriosa UE. Seis horas para resolver um problema, excelente! Ganhos de produtividade, excelente! Se n�o tivesse medo de parecer propor um golpe de estado constitucional, n�o seria poss�vel colocar um Secret�rio de Estado a acompanhar o fornecimento de energia e o cumprimento dos contratos da EDP?Vou colocar isto em linha depressa, antes que v� tudo abaixo outra vez!P.S. e n�o � que faltou mesmo... e voltou outra vez...

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(29 de Dezembro)

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O blogue de Assouline marketing , mas percebe-se que o que ele n�o suporta � que o Booker tenha mais prest�gio cultural do que o Goncourt. No dia de hoje, a queixa � com um estudo sobre os t�tulos feitos � medida (outro dia eram as capas):

" Conclusion : 1. ceux qui marchent le mieux sont plus m�taphoriques que litt�raux 2. Le premier mot est le plus souvent un pronom, un verbe ou un adjectif 3. La forme grammaticale est le plus souvent possessive avec un adjectif et un substantif ou les mots "The... of... "

O coment�rio seguinte � puro Assouline: " Mais comment leur faire comprendre que l'inconnu, l'insondable et l'improbable absolus au coeur de la cr�ation litt�raire sont irr�ductibles � des statistiques ? ". Parece um poema de Mallarm�: " l'inconnu, l'insondable et l'improbable absolus ". Assouline aproveita para dizer que, rebelde a estas normas, o t�tulo do seu pr�ximo livro � Rosebud , o que , convenhamos, brilha de originalidade.

*

A muito esclarecedora estat�stica, que deve ser lida com um gr�o de sal, no

"Jornalistas apoiantes de candidatos

Pode n�o ser especialmente relevante, mas a distribui��o de apoiantes identificados como jornalistas nas diversas candidaturas � Presid�ncia da Rep�blica apresenta resultados bastante diversos. Assim:

* Cavaco Silva - 0

* Francisco Lou�� - 0

* Jer�nimo Sousa - 7

* M�rio Soares - 26

* Manuel Alegre - 35." *

Interessante a prolifera��o de pequenos truques nos blogues para aumentar as contagens dos medidores de audi�ncias: coloca��o dos contadores logo � cabe�a, at� antes dos reclames (deve ser por raz�es puramente experimentais), aumento exponencial das autorefer�ncias com liga��es internas, por a� adiante. Espelho meu, espelho meu... O blogue de Assouline La r�publique des livres pode ser lido como uma longa lamenta��o sobre a excel�ncia da edi��o francesa e as maldades superficiais da anglo-sax�nica, um t�pico exerc�cio do chauvinismo franco-gaul�s. Assouline salta l� das suas letras todas as vezes que comenta os pr�mios liter�rios ingleses e americanos, obviamente o resultado de tenebrosas manobras de, mas percebe-se que o que ele n�o suporta � que o Booker tenha mais prest�gio cultural do que o Goncourt. No dia de hoje, a queixa � com um estudo sobre os t�tulos feitos � medida (outro dia eram as capas):O coment�rio seguinte � puro Assouline: "". Parece um poema de Mallarm�: "". Assouline aproveita para dizer que, rebelde a estas normas, o t�tulo do seu pr�ximo livro �, o que , convenhamos, brilha de originalidade.A muito esclarecedora estat�stica, que deve ser lida com um gr�o de sal, no Jornalismo e Comunica��o: Interessante a prolifera��o de pequenos truques nos blogues para aumentar as contagens dos medidores de audi�ncias: coloca��o dos contadores logo � cabe�a, at� antes dos reclames (deve ser por raz�es puramente experimentais), aumento exponencial das autorefer�ncias com liga��es internas, por a� adiante. Espelho meu, espelho meu...

AR PURO

Peter Brown, Rolling Plains, Bernhard Ranch, west of Pawhuska, Oklahoma, 1992 Peter Brown,

EARLY MORNING BLOGS 667

SPEAK ROUGHLY TO YOUR LITTLE BOY

And with that she began nursing her child again, singing a sort of lullaby to it as she did so, and giving it a violent shake at the end of every line:

Speak roughly to your little boy,

And beat him when he sneezes;

He only does it to annoy,

Because he knows it teases."

CHORUS

(in which the cook and the baby joined): -- --

"Wow! wow! wow!"

While the Duchess sang the second verse of

the song, she kept tossing the baby violently up

and down, and the poor little thing howled so,

that Alice could hardly hear the words: -- --

"I speak severely to my boy,

I beat him when he sneezes;

For he can thoroughly enjoy

The pepper when he pleases!"

CHORUS

"Wow! wow! wow!"

(Lewis Carroll)

*

Bom dia! (Lewis Carroll)Bom dia!

EARLY MORNING BLOGS 666

A list of some observation. In a corner, it's warm.

A glance leaves an imprint on anything it's dwelt on.

Water is glass's most public form.

Man is more frightening than its skeleton.

A nowhere winter evening with wine. A black

porch resists an osier's stiff assaults.

Fixed on an elbow, the body bulks

like a glacier's debris, a moraine of sorts.

A millennium hence, they'll no doubt expose

a fossil bivalve propped behind this gauze

cloth, with the print of lips under the print of fringe,

mumbling "Good night" to a window hinge.

(Joseph Brodsky)

*

Bom dia! (Joseph Brodsky)Bom dia!

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(26 de Dezembro)

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Ontem, como hoje, as capas dos livros s�o muito importantes. Hoje,

" As we walk into any bookshop for an impulse purchase, we base our choice on the same superficial attractions as a Casanova walking into a singles bar. And all the new places where books are now sold � the internet, the bookshop�s three-for-two tables, the supermarket � are making us even more likely to judge a book by its cover." *

Bibliofilia, livros, livros velhos.

Amor e Seguran�a. Processos F�ceis para Evitar a Procrea��o , s�lido na sua 10� edi��o, um manual popular de anti-concep��o. Na capa, o mundo das rosas do planeamento familiar, e o dos espinhos, da filharada insegura. O livro � um tratado sobre " as novas aspira��es do povo e do progresso, contra as tradi��es e interesse de uma sociedade velha e rotinaria, na luta do capital contra o pauperismo ", na qual se insere esta " solu��o inesperada [que ] foi encontrada para o problema social. " Obviamente, " o capital teve medo e perseguiu-a ". J� havia causas " fracturantes ".

*

Montras, montras de alfarrabista. A melhor que vi nestes dias foi a da livraria Chamin� da Mota, na Rua das Flores no Porto, aqui mal reproduzida numas fotos de telefone.

No meio, est� um jornal com um artigo de Alves Redol com recomenda��es para quem passa o Natal solit�rio. � volta revistas, gravuras e livros sobre o Natal. O Diabrete com uns Reis Magos ao estilo dos anos trinta, uma p�gina de Ra�l Proen�a, com ilustra��es de Bernardo Marques. O que faz a for�a desta livraria, - a aten��o a materiais n�o-livro, efemera, revistas, folhetos, publica��es que eram tidas como de interesse apenas para o coleccionista -, permitiu esta montra diferente e onde n�o se v� apenas, mas se descobre.

Em complemento, veja-se a lista de Os Melhores Alfarrabistas Portugueses de 2005 no Ontem, como hoje, as capas dos livros s�o muito importantes. Hoje, parece que s�o decisivas Bibliofilia, livros, livros velhos.Um livro de propaganda pr�-URSS da Editorial Calvino. No fim da II Guerra, os livros da Calvino, uma editora do PC do Brasil, eram muito populares em Portugal nos meios da oposi��o. E um fabuloso livro do Dr. Brenner,, s�lido na sua 10� edi��o, um manual popular de anti-concep��o. Na capa, o mundo das rosas do planeamento familiar, e o dos espinhos, da filharada insegura. O livro � um tratado sobre "", na qual se insere esta "" Obviamente, "". J� havia causas "".Montras, montras de alfarrabista. A melhor que vi nestes dias foi a da livraria Chamin� da Mota, na Rua das Flores no Porto, aqui mal reproduzida numas fotos de telefone.No meio, est� um jornal com um artigo de Alves Redol com recomenda��es para quem passa o Natal solit�rio. � volta revistas, gravuras e livros sobre o Natal. Ocom uns Reis Magos ao estilo dos anos trinta, uma p�gina de Ra�l Proen�a, com ilustra��es de Bernardo Marques. O que faz a for�a desta livraria, - a aten��o a materiais n�o-livro, efemera, revistas, folhetos, publica��es que eram tidas como de interesse apenas para o coleccionista -, permitiu esta montra diferente e onde n�o se v� apenas, mas se descobre.Em complemento, veja-se a lista deno Almocreve das Petas

EARLY MORNING BLOGS 665

Vem, vento, varre

A Jos� Rodrigues Migu�is

Vem vento, varre

sonhos e mortos.

Vem vento, varre

medos e culpas.

Quer seja dia,

quer fa�a treva,

varre sem pena,

leva adiante

paz e sossego,

leva contigo

noturnas preces,

press�gios f�nebres,

p�vidos rostos

s� cobardia.

Que fique apenas

erecto e duro

o tronco estreme

de raiz funda.

Leva a do�ura,

se for preciso:

ao canto fundo

basta o que basta.

Vem vento, varre!

(Adolfo Casais Monteiro)

*

Bom dia! A Jos� Rodrigues Migu�is(Adolfo Casais Monteiro)Bom dia!

FIDELIDADE

Todos os anos volto aqui. Diante deste rio t�o opaco de ser l�mpido. L�mpido nas suas inten��es. Rio de absolutas fidelidades. Sem escapes, nem desculpas, nem ilus�es. Rio met�lico, que nos diz simplesmente: chega-te a mim, abusa-me, mente-me, engana-me e eu mato-te. Eu n�o tenho uma foz segura, eu n�o dou porto seguro. Aqui est�-se por sua conta e risco. � por isso que � minha volta as gaivotas est�o sempre em terra. T�o simples como isso.

SE FOREM FESTAS QUE SEJAM BOAS

(Jo�o, desenho) (Jo�o, desenho)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(23 de Dezembro)

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Toda

Alice no Pa�s das Maravilhas para View-Master.

para View-Master.

*

The Probabilistic Age no

Q: Why are people so uncomfortable with Wikipedia? And Google? And, well, that whole blog thing?

A: Because these systems operate on the alien logic of probabilistic statistics, which sacrifices perfection at the microscale for optimization at the macroscale.

Q: Huh?

A: Exactly. Our brains aren't wired to think in terms of statistics and probability. We want to know whether an encyclopedia entry is right or wrong. We want to know that there's a wise hand (ideally human) guiding Google's results. We want to trust what we read. *

Mais um ca�tico

*

Ideias de Fernandez Armesto em portugu�s, reproduzindo na contracapa uma recomenda��o do Abrupto. S� tenho que confirm�-la: um dos melhores livros de divulga��o cultural publicados nos �ltimos tempos.

*

Balan�os no Toda uma hist�ria de um "media morto" que afinal est� mais vivo do que se pensa: o View-Master.no The Long Tail . Come�a assim:Mais um ca�tico Rocketboom com um Pai Natal saltitante e tudo.Sairam asde Fernandez Armesto em portugu�s, reproduzindo na contracapa uma recomenda��o do Abrupto. S� tenho que confirm�-la: um dos melhores livros de divulga��o cultural publicados nos �ltimos tempos.no Da Literatura

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS AN�IS E MAIS DEDOS EM URANO

OS DIREITOS DO ESTADO E OS NOSSOS

Do mesmo modo que se verificaram abusos com as escutas telef�nicas, est�-se a verificar o mesmo tipo de abusos com o fisco e est� toda a gente caladinha. H� medo nessa caladinha atitude, culpa e medo. A mim n�o me interessa a culpa, mas sim o medo.

Comecemos pelas escutas, porque s�o uma hist�ria exemplar. A sua facilita��o data do ministro Ant�nio Costa num anterior governo Guterres e foi aplaudida com um consenso generalizado. Quem � que n�o queria que pol�cias e magistrados tivessem as armas necess�rias para combater a criminalidade organizada, o grande crime econ�mico, a lavagem de dinheiros, a droga, a corrup��o, as m�fias e o terrorismo? Ningu�m.

Depois aconteceu o que se podia prever, conhecendo melhor o pa�s e as suas gentes. O que devia ser um m�todo de excep��o tornou-se a regra e depois um abuso da regra. N�o se sabe ao certo quantos telefones est�o a ser escutados, mas sabe-se que s�o muitos. O n�mero indicado pelo procurador-geral da Rep�blica de oito mil � preocupante. Depois, o que devia ter objectivos concretos de combate a determinados tipos de criminalidade, que precisa das escutas para a investiga��o e n�o se deixa apanhar por outros meios, tornou-se a primeira e mais f�cil arma de investiga��o, abusada para vigiar mais do que os suspeitos do crime, os "suspeitos" de n�o gostarem do procurador-geral e dos magistrados.

A acusa��o grave que Miguel Sousa Tavares fez e que eu subscrevo � a da utiliza��o das escutas como instrumento de defesa e ataque corporativo por parte de alguns ju�zes e magistrados. � uma acusa��o que n�o precisa de demonstra��o. As escutas divulgadas, puramente do �mbito pol�tico, mostram que algu�m (e esse algu�m s� podem ter sido pol�cias, magistrados ou ju�zes) abusou de um instrumento especialmente delicado, desviando-o da sua finalidade exclusiva, sem cuidar da regra que imp�e o seu uso apenas em casos de necessidade justificados. E esse "algu�m" f�-lo n�o tanto atrav�s da viola��o do segredo de justi�a (de que n�o sabemos quem tem responsabilidade), mas pela realiza��o, transcri��o e anexa��o de escutas indevidamente realizadas a processos em que era s� uma quest�o de tempo at� virem a p�blico (e aqui sabemos quem tem responsabilidade). A intencionalidade das escutas - apanhando conversas de pol�ticos sobre a magistratura e o procurador-geral da Rep�blica - mostra a sua gravidade, porque n�o � crime nenhum ter dessas conversas, s� � ilegal escut�-las e divulg�-las.

Mesmo que n�o houvesse uma inten��o perversa, h� certamente grave neglig�ncia. D� trabalho e exige profissionalismo fazer investiga��o usando os recursos tradicionais, logo usam-se as escutas indiscriminadamente porque � mais f�cil. A neglig�ncia que j� existia na investiga��o tradicional emigra para as escutas. Estas, mesmo em processos em que seria leg�timo serem usadas, s�o muitas vezes feitas de tal maneira descuidada que acabam por ser anuladas como meio de prova. Tudo vive do puro facilitismo - d�-se-lhes a bomba de neutr�es e eles, em vez de usarem uma vulgar granada ofensiva, matam tudo � volta, usando a bomba e n�o a granada. � como matar os peixes a dinamite, para apanhar um, morre o rio ou o lago inteiro.

H� quem diga, talvez com alguma raz�o, que at� agora n�o houve problemas porque n�o se tratava de escutas a figuras p�blicas e a pol�ticos. � verdade, mas pode tornar-se mentira quando se trata n�o apenas de escutas, mas da combina��o de escutas indevidas com viola��o de segredo de justi�a. Ora isso n�o acontece com as pessoas comuns, porque a� ningu�m est� interessado em divulgar as escutas e aqui est�. A combina��o entre escutas de conversas, sem conte�do criminal ou utilidade processual, e a sua divulga��o para atingir os seus autores como figuras p�blicas lan�a uma luz tenebrosa sobre as duas coisas: as escutas e a viola��o do segredo de justi�a.

Pode haver sempre a tese conspirativa de que as fugas se destinam a "queimar" as escutas e a abrir caminho contra a sua utiliza��o leg�tima. Pode, de facto, ser verdade, porque a ingenuidade nunca fez bem a ningu�m nestes casos. Mas se n�o fosse a real incompet�ncia e abuso j� verificados teria sido assim t�o f�cil "queim�-las"? Se magistrados, pol�cias e ju�zes n�o tivessem sido t�o facilitistas e abusadores com o poderoso instrumento que tinham nas suas m�os, teria sido poss�vel este backlash contra as escutas, que se arrisca a permitir que criminosos fiquem por punir, apenas porque se abusou de um meio de investiga��o e prova?

Mesmo que siga a explica��o mais simples, a de que em Portugal tudo isto acontece por uma combina��o de neglig�ncia, facilitismo, arrog�ncia (e a arrog�ncia corporativa � maior no seio da justi�a do que em outras �reas profissionais), os sinais s�o perigosos quando vemos o mesmo tipo de mecanismo emergir na administra��o fiscal. No fisco est� a caminhar-se no mesmo caminho que levou Ant�nio Costa a abrir a porta a todas as escutas. Como no caso da legisla��o de Costa, a atitude expedita do fisco � saudada pela opini�o p�blica, que aceita sem segundos pensamentos tudo o que pare�a puni��o populista. A fraude e a evas�o fiscal s�o muito importantes em Portugal, mas duvido que este tipo de m�todos e processos apanhem mais do que os mais fracos e os que t�m menos responsabilidade e meios, para deixarem impunes os mais poderosos e assessorados.

Para al�m do mais, e volto ao paralelo com as escutas, muito do que est� a ser feito no fisco revela a real incapacidade dos servi�os para investigar como deve ser, preferindo m�todos universais e expeditos de suspei��o, baseando-se numa desconfian�a gen�rica do fisco para com os contribuintes, que trata como sendo sempre culpados salvo prova em contr�rio. A ideia ventilada entre outros pelo Presidente da Rep�blica, e saudada pelo fisco que j� a aplica, conduz � generaliza��o da invers�o do �nus da prova, ou seja, somos culpados e temos de provar que somos inocentes Este tipo de m�todos protege a inefic�cia da administra��o fiscal e diminui significativamente os direitos dos contribuintes honestos e cumpridores, amalgamados cada vez mais com os que o n�o s�o.

J� experimentaram tentar saber se devem alguma coisa ao fisco e nunca receber uma resposta clara, ou, recebendo-a, uma semana depois descobrir que afinal deviam alguma coisa, que afinal verdadeiramente n�o deviam? J� experimentaram, numa selva cada vez mais complicada de impressos, f�rmulas e procedimentos, ter a sensa��o kafkiana de subirem uma espiral de culpa, de juros e san��es sem qualquer defesa? A escalada neste processo est� em pleno curso, acompanhando um fisco que se torna cada vez mais complicado e burocr�tico, onde os erros s�o inevit�veis, crescentes e muito dif�ceis de corrigir. N�o basta remeter para a Internet para desanuviar as reparti��es, � preciso ter em conta que a complexidade das declara��es � enorme e os mecanismos hostis a quem queira ser honesto e f�ceis de ludibriar por quem tenha dinheiro para pagar consultadorias fiscais.

O fisco anuncia agora, com aplauso generalizado, ir publicar uma lista dos devedores como san��o e opr�brio p�blico. Pode-se admitir que ao fisco seja dada possibilidade de publicita��o de "listas negras", s� que tal n�o deve ser feito sem uma concomitante responsabiliza��o. O fisco pode publicar as listas que entender, mas tem de garantir a sua fidedignidade e pagar pelos seus enganos. Publicam a lista, mas seria bem estarem obrigados por lei ou norma a rectificar com publicidade maior os seus enganos, pedindo desculpas aos contribuintes publicamente e indemnizando-os. Se for assim, acredito que qualquer lista vai ser feita com o m�ximo cuidado, se n�o for assim, vai l� parar tudo de modo atabalhoado e basta 5 por cento de erros para atingir milhares de pessoas.

Ningu�m se pergunta por que raz�o a primeira lista a ser publicada n�o devia ser a dos autores de fraudes ao fisco ou dos grandes devedores. Se � verdade que essa lista tem 800 mil contribuintes em falta, algo de mal existe tanto no fisco como nos putativos devedores, que v�o ser amalgamados numa lista em que coexistem situa��es muito distintas. O seu n�mero anunciado revela muitos outros fen�menos sociais antes de revelar comportamentos censur�veis. E revela tamb�m a gigantesca incapacidade administrativa do fisco em lidar com as d�vidas que deixou acumular.

Estes m�todos expeditos de actua��o, mexendo com a dignidade p�blica de cada um, que � a "san��o" da lista, podem agradar ao populismo f�cil e encher os cofres do Estado momentaneamente, mas nunca impedir�o a fraude fiscal, ao mesmo tempo que v�o erodindo os nossos direitos e garantias. Porque, do mesmo modo que os cidad�os o s�o porque pagam impostos para a sua comunidade, n�o podem ver os seus direitos, a come�ar pela sua imagem p�blica, postos em causa por erros da administra��o, que deve saber que tamb�m tem de pagar por esses erros e com juros. No dia em que o Estado e os seus agentes pagarem pelos seus erros, como os cidad�os pagam, talvez se tornem mais eficazes e respons�veis e tenham mais respeito pelos direitos comuns, os direitos dos homens comuns.

(No P�blico de hoje.) Do mesmo modo que se verificaram abusos com as escutas telef�nicas, est�-se a verificar o mesmo tipo de abusos com o fisco e est� toda a gente caladinha. H� medo nessa caladinha atitude, culpa e medo. A mim n�o me interessa a culpa, mas sim o medo.Comecemos pelas escutas, porque s�o uma hist�ria exemplar. A sua facilita��o data do ministro Ant�nio Costa num anterior governo Guterres e foi aplaudida com um consenso generalizado. Quem � que n�o queria que pol�cias e magistrados tivessem as armas necess�rias para combater a criminalidade organizada, o grande crime econ�mico, a lavagem de dinheiros, a droga, a corrup��o, as m�fias e o terrorismo? Ningu�m.Depois aconteceu o que se podia prever, conhecendo melhor o pa�s e as suas gentes. O que devia ser um m�todo de excep��o tornou-se a regra e depois um abuso da regra. N�o se sabe ao certo quantos telefones est�o a ser escutados, mas sabe-se que s�o muitos. O n�mero indicado pelo procurador-geral da Rep�blica de oito mil � preocupante. Depois, o que devia ter objectivos concretos de combate a determinados tipos de criminalidade, que precisa das escutas para a investiga��o e n�o se deixa apanhar por outros meios, tornou-se a primeira e mais f�cil arma de investiga��o, abusada para vigiar mais do que os suspeitos do crime, os "suspeitos" de n�o gostarem do procurador-geral e dos magistrados.A acusa��o grave que Miguel Sousa Tavares fez e que eu subscrevo � a da utiliza��o das escutas como instrumento de defesa e ataque corporativo por parte de alguns ju�zes e magistrados. � uma acusa��o que n�o precisa de demonstra��o. As escutas divulgadas, puramente do �mbito pol�tico, mostram que algu�m (e esse algu�m s� podem ter sido pol�cias, magistrados ou ju�zes) abusou de um instrumento especialmente delicado, desviando-o da sua finalidade exclusiva, sem cuidar da regra que imp�e o seu uso apenas em casos de necessidade justificados. E esse "algu�m" f�-lo n�o tanto atrav�s da viola��o do segredo de justi�a (de que n�o sabemos quem tem responsabilidade), mas pela realiza��o, transcri��o e anexa��o de escutas indevidamente realizadas a processos em que era s� uma quest�o de tempo at� virem a p�blico (e aqui sabemos quem tem responsabilidade). A intencionalidade das escutas - apanhando conversas de pol�ticos sobre a magistratura e o procurador-geral da Rep�blica - mostra a sua gravidade, porque n�o � crime nenhum ter dessas conversas, s� � ilegal escut�-las e divulg�-las.Mesmo que n�o houvesse uma inten��o perversa, h� certamente grave neglig�ncia. D� trabalho e exige profissionalismo fazer investiga��o usando os recursos tradicionais, logo usam-se as escutas indiscriminadamente porque � mais f�cil. A neglig�ncia que j� existia na investiga��o tradicional emigra para as escutas. Estas, mesmo em processos em que seria leg�timo serem usadas, s�o muitas vezes feitas de tal maneira descuidada que acabam por ser anuladas como meio de prova. Tudo vive do puro facilitismo - d�-se-lhes a bomba de neutr�es e eles, em vez de usarem uma vulgar granada ofensiva, matam tudo � volta, usando a bomba e n�o a granada. � como matar os peixes a dinamite, para apanhar um, morre o rio ou o lago inteiro.H� quem diga, talvez com alguma raz�o, que at� agora n�o houve problemas porque n�o se tratava de escutas a figuras p�blicas e a pol�ticos. � verdade, mas pode tornar-se mentira quando se trata n�o apenas de escutas, mas da combina��o de escutas indevidas com viola��o de segredo de justi�a. Ora isso n�o acontece com as pessoas comuns, porque a� ningu�m est� interessado em divulgar as escutas e aqui est�. A combina��o entre escutas de conversas, sem conte�do criminal ou utilidade processual, e a sua divulga��o para atingir os seus autores como figuras p�blicas lan�a uma luz tenebrosa sobre as duas coisas: as escutas e a viola��o do segredo de justi�a.Pode haver sempre a tese conspirativa de que as fugas se destinam a "queimar" as escutas e a abrir caminho contra a sua utiliza��o leg�tima. Pode, de facto, ser verdade, porque a ingenuidade nunca fez bem a ningu�m nestes casos. Mas se n�o fosse a real incompet�ncia e abuso j� verificados teria sido assim t�o f�cil "queim�-las"? Se magistrados, pol�cias e ju�zes n�o tivessem sido t�o facilitistas e abusadores com o poderoso instrumento que tinham nas suas m�os, teria sido poss�vel estecontra as escutas, que se arrisca a permitir que criminosos fiquem por punir, apenas porque se abusou de um meio de investiga��o e prova?Mesmo que siga a explica��o mais simples, a de que em Portugal tudo isto acontece por uma combina��o de neglig�ncia, facilitismo, arrog�ncia (e a arrog�ncia corporativa � maior no seio da justi�a do que em outras �reas profissionais), os sinais s�o perigosos quando vemos o mesmo tipo de mecanismo emergir na administra��o fiscal. No fisco est� a caminhar-se no mesmo caminho que levou Ant�nio Costa a abrir a porta a todas as escutas. Como no caso da legisla��o de Costa, a atitude expedita do fisco � saudada pela opini�o p�blica, que aceita sem segundos pensamentos tudo o que pare�a puni��o populista. A fraude e a evas�o fiscal s�o muito importantes em Portugal, mas duvido que este tipo de m�todos e processos apanhem mais do que os mais fracos e os que t�m menos responsabilidade e meios, para deixarem impunes os mais poderosos e assessorados.Para al�m do mais, e volto ao paralelo com as escutas, muito do que est� a ser feito no fisco revela a real incapacidade dos servi�os para investigar como deve ser, preferindo m�todos universais e expeditos de suspei��o, baseando-se numa desconfian�a gen�rica do fisco para com os contribuintes, que trata como sendo sempre culpados salvo prova em contr�rio. A ideia ventilada entre outros pelo Presidente da Rep�blica, e saudada pelo fisco que j� a aplica, conduz � generaliza��o da invers�o do �nus da prova, ou seja, somos culpados e temos de provar que somos inocentes Este tipo de m�todos protege a inefic�cia da administra��o fiscal e diminui significativamente os direitos dos contribuintes honestos e cumpridores, amalgamados cada vez mais com os que o n�o s�o.J� experimentaram tentar saber se devem alguma coisa ao fisco e nunca receber uma resposta clara, ou, recebendo-a, uma semana depois descobrir que afinal deviam alguma coisa, que afinal verdadeiramente n�o deviam? J� experimentaram, numa selva cada vez mais complicada de impressos, f�rmulas e procedimentos, ter a sensa��o kafkiana de subirem uma espiral de culpa, de juros e san��es sem qualquer defesa? A escalada neste processo est� em pleno curso, acompanhando um fisco que se torna cada vez mais complicado e burocr�tico, onde os erros s�o inevit�veis, crescentes e muito dif�ceis de corrigir. N�o basta remeter para a Internet para desanuviar as reparti��es, � preciso ter em conta que a complexidade das declara��es � enorme e os mecanismos hostis a quem queira ser honesto e f�ceis de ludibriar por quem tenha dinheiro para pagar consultadorias fiscais.O fisco anuncia agora, com aplauso generalizado, ir publicar uma lista dos devedores como san��o e opr�brio p�blico. Pode-se admitir que ao fisco seja dada possibilidade de publicita��o de "listas negras", s� que tal n�o deve ser feito sem uma concomitante responsabiliza��o. O fisco pode publicar as listas que entender, mas tem de garantir a sua fidedignidade e pagar pelos seus enganos. Publicam a lista, mas seria bem estarem obrigados por lei ou norma a rectificar com publicidade maior os seus enganos, pedindo desculpas aos contribuintes publicamente e indemnizando-os. Se for assim, acredito que qualquer lista vai ser feita com o m�ximo cuidado, se n�o for assim, vai l� parar tudo de modo atabalhoado e basta 5 por cento de erros para atingir milhares de pessoas.Ningu�m se pergunta por que raz�o a primeira lista a ser publicada n�o devia ser a dos autores de fraudes ao fisco ou dos grandes devedores. Se � verdade que essa lista tem 800 mil contribuintes em falta, algo de mal existe tanto no fisco como nos putativos devedores, que v�o ser amalgamados numa lista em que coexistem situa��es muito distintas. O seu n�mero anunciado revela muitos outros fen�menos sociais antes de revelar comportamentos censur�veis. E revela tamb�m a gigantesca incapacidade administrativa do fisco em lidar com as d�vidas que deixou acumular.Estes m�todos expeditos de actua��o, mexendo com a dignidade p�blica de cada um, que � a "san��o" da lista, podem agradar ao populismo f�cil e encher os cofres do Estado momentaneamente, mas nunca impedir�o a fraude fiscal, ao mesmo tempo que v�o erodindo os nossos direitos e garantias. Porque, do mesmo modo que os cidad�os o s�o porque pagam impostos para a sua comunidade, n�o podem ver os seus direitos, a come�ar pela sua imagem p�blica, postos em causa por erros da administra��o, que deve saber que tamb�m tem de pagar por esses erros e com juros. No dia em que o Estado e os seus agentes pagarem pelos seus erros, como os cidad�os pagam, talvez se tornem mais eficazes e respons�veis e tenham mais respeito pelos direitos comuns, os direitos dos homens comuns.(Node hoje.)

EM PREPARA��O: A VERS�O 1.0 DE

"BOAS COISAS / P�SSIMAS COISAS NO JORNALISMO PORTUGU�S EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR"

A exemplo do que fiz no in�cio de 2004, estou a preparar uma lista de boas e m�s coisas no jornalismo portugu�s no ano passado, do meu ponto de vista enquanto consumidor compulsivo. Aceitam-se sugest�es.

A vers�o anterior, com os coment�rios, est� no A exemplo do que fiz no in�cio de 2004, estou a preparar uma lista de boas e m�s coisas no jornalismo portugu�s no ano passado, do meu ponto de vista enquanto consumidor compulsivo. Aceitam-se sugest�es.A vers�o anterior, com os coment�rios, est� no arquivo do Abrupto de Janeiro de 2005.

OUVINDO "DEVIL GOT MY WOMAN" DE "SKIP" JAMES

I'd rather be the devil, to be that woman man

I'd rather be the devil, to be that woman man

Aw, nothin' but the devil, changed my baby's mind

Was nothin' but the devil, changed my baby's mind

I laid down last night, laid down last night

I laid down last night, tried to take my rest

My mind got to ramblin', like a wild geese

From the west, from the west

The woman I love, woman that I loved

Woman I loved, took her from my best friend

But he got lucky, stoled her back again

And he got lucky, stoled her back again

QUADROS DE UMA EXPOSI��O:

9. NOITE DE LUAR NO DNEPER (KUINJI)

(Notas em breve.) (Notas em breve.)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(22 de Dezembro)

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Morreu a "cultura de massas"? Uma

"The real story isn't so much the death of the old mass culture or the rise of a new, fragmented technoculture, but the empowerment of the American consumer � which isn't quite the same as the American citizen.

Beyond racing out to get the must-hear Mariah Carey single and see Hollywood's 10-ton gorillas, We, the People are poring over iTunes playlists of friends, celebrities and strangers to find music that matches our personal preferences. And tapping services like Pandora to stream customized "radio stations" into our PCs. And browsing the endless virtual shopping aisles of opinion and analysis in the blogosphere.

En masse, people not named Rupert Murdoch or Ted Turner are using increasingly accessible technology to wrest control of cultural production � creating, curating and critiquing their own output and nudging along its consumption. An enterprising anarchist-death metal band, say, can make a video, post it on MySpace, sell its home-pressed CD off the Web and develop a base of fans who chat, post reviews and forward the video link to friends." *

Boa frase de blogue: " Aquele homem sofria de um caso de dupla personalidade. E quando come�ou a chocar com os m�veis e as paredes, percebeu que estava a ser dominado pelo seu alter-cego. "(No

*

Nos artigos de Augusto M. Seabra, no "desligado" P�blico , t�m vindo a ser publicados dados preciosos sobre a promiscuidade no sector da arte e da cultura, entre curadores de museus, comiss�rios de exposi��es e respons�veis por fundos de investimento privado em arte, que raras vezes s�o sujeitos a escrut�nio p�blico. H� a� muito a fazer, rompendo um sil�ncio de grupos de amigos e de interesses, que afecta a imprensa especializada, que n�o se comporta com crit�rios jornal�sticos, mas como extens�o desses grupos. Ali�s seria interessante tamb�m saber mais sobre as principais produtoras de programas "culturais" e recreativos para a televis�o, e a natureza quase monopolista das suas rela��es, por exemplo, com a televis�o p�blica. H� a� todo um mundo de interesses que vive na obscuridade, e que merecia uma parte da ainda bruxuleante luz que j� existe para o mundo da pol�tica e dos neg�cios, e que se esbo�a muito timidamente no mundo das sociedades de advogados, e no jornalismo econ�mico.

Exemplos retirados do artigo de hoje de Augusto M. Seabra, inserido numa pol�mica com a Ministra da Cultura:

"Sabem os leitores do P�BLICO; e saber� a ministra da Cultura, que Pedro Lapa, director desse museu, declarou desempenhar "parcialmente fun��es de curador na Ellipse Foundation"; assim sendo, � tamb�m "parcialmente" que desempenha as fun��es no museu. Quem autorizou esta acumula��o? Como se adequa ela, e ao abrigo de que excep��o, com o regime de exclusividade de dirigentes da administra��o p�blica, ora consignado no artigo 14, n�2, da Lei n�51/2005? Que rela��o julga a tutela existir entre o desempenho "parcial" das fun��es p�blicas e a prossecu��o ou abandono de facto das actividades estatut�rias do museu? Tem havido ou n�o, em consequ�ncia, uma quebra da frequ�ncia? Foram feitos "periodicamente estudos de p�blico e de avalia��o", de acordo com o artigo 57 da Lei n�47/2004, Lei-Quadro dos Museus? Que plano anual de actividades apresentou o director do museu � tutela nos termos do artigo 44 da mesma lei?

Como tamb�m � p�blico, e verific�vel em www.ellipsefoundation.com, s�o curadores desse fundo de investimento em arte do Banco Privado Portugu�s Pedro Lapa e Alexandre Melo, assessor cultural do primeiro-ministro. Como � p�blico, houve promiscuidade de interesses na exposi��o dedicada a James Coleman, e, acrescento eu, na de William Kentridge, ainda patente - pois que mesmo que as c�pias em exibi��o provenham da galeria Marian Goodman, e podendo ser das destinadas a circular, outras c�pias, e para todos os efeitos a mesma obra, foram adquiridas pela Ellipse. Um museu nacional foi transformado num usufruto privado, Chez Lapa ao Chiado." *

A discuss�o sobre a A CAPA DA EDI��O DE SEXTA-FEIRA DO P�BLICO (a do King Kong) resumida e comentada no

*

Para melhorar a cobertura de debates e usar todas as potencialidades da rede, Morreu a "cultura de massas"? Uma resposta no Los Angeles Times Boa frase de blogue: ""(No voo cego a nada ).Nos artigos de Augusto M. Seabra, no "desligado", t�m vindo a ser publicados dados preciosos sobre a promiscuidade no sector da arte e da cultura, entre curadores de museus, comiss�rios de exposi��es e respons�veis por fundos de investimento privado em arte, que raras vezes s�o sujeitos a escrut�nio p�blico. H� a� muito a fazer, rompendo um sil�ncio de grupos de amigos e de interesses, que afecta a imprensa especializada, que n�o se comporta com crit�rios jornal�sticos, mas como extens�o desses grupos. Ali�s seria interessante tamb�m saber mais sobre as principais produtoras de programas "culturais" e recreativos para a televis�o, e a natureza quase monopolista das suas rela��es, por exemplo, com a televis�o p�blica. H� a� todo um mundo de interesses que vive na obscuridade, e que merecia uma parte da ainda bruxuleante luz que j� existe para o mundo da pol�tica e dos neg�cios, e que se esbo�a muito timidamente no mundo das sociedades de advogados, e no jornalismo econ�mico.Exemplos retirados do artigo de hoje de Augusto M. Seabra, inserido numa pol�mica com a Ministra da Cultura:A discuss�o sobre a(a do King Kong) resumida e comentada no IND�STRIAS CULTURAIS . J� agora, voto em Rog�rio Santos para Pai Natal da blogosfera...Para melhorar a cobertura de debates e usar todas as potencialidades da rede, esta sugest�o do Poynter Online com origem canadiana.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(21 de Dezembro)

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H� v�rios quadros de John Frederick Peto (como estes) que competem pelo lugar do Malhoa que est� aqui em cima, quando finalmente escolher um novo nome para este " stream ". O Malhoa � mais solar, e mais activo, mas as " letter racks " de Peto mostram melhor a diversidade do que cabe no LENDO / VENDO /OUVINDO . Em breve, colocarei aqui as muitas sugest�es, entretanto recebidas, de nomes enviadas pelos leitores.

*

Nesta campanha presidencial h� uma estreia: � a primeira vez que aparecem genu�nos blogues ligados a candidaturas, que participam de parte inteira na cultura e no estilo pr�prio da blogosfera e que n�o s�o transplantes artificiais feitos a martelo. � o caso do

*

Na SIC Not�cias, Bocage � descrito como "cliente da noite". N�o est� mal. H� v�rios quadros de John Frederick Peto (como estes) que competem pelo lugar do Malhoa que est� aqui em cima, quando finalmente escolher um novo nome para este "". O Malhoa � mais solar, e mais activo, mas as "" de Peto mostram melhor a diversidade do que cabe no. Em breve, colocarei aqui as muitas sugest�es, entretanto recebidas, de nomes enviadas pelos leitores.Nesta campanha presidencial h� uma estreia: � a primeira vez que aparecem genu�nos blogues ligados a candidaturas, que participam de parte inteira na cultura e no estilo pr�prio da blogosfera e que n�o s�o transplantes artificiais feitos a martelo. � o caso do Pulo do Lobo e do Super M�rio Na SIC Not�cias, Bocage � descrito como "cliente da noite". N�o est� mal.

QUADROS DE UMA EXPOSI��O:

8. RETRATO DE LEV TOLSTOY (REPIN )

(Notas em breve.) (Notas em breve.)

COISAS COMPLICADAS

John Frederick Peto John Frederick Peto

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(20 de Dezembro)

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A mais cega e por isso mais divertida nota de qualquer blogue nesta campanha eleitoral: no

"Ter�a-feira, Dezembro 20, 2005 RTP1, 20.45 Imaginem o Cavaco quando este Homem lhe aparecer pela frente. Filipe 11:16 AM"

*

Stephen Metcalf, Slate :

"Lolita turns 50 this year, and having stayed so perverse, it remains fresh as ever. To fully appreciate its perversity, though, one must first appreciate that it is not obscene. Your run-of-the-mill obscene masterwork�Tropic of Cancer, say�demands that you, enlightened reader, work your way past the sex and excrement to recognize how beautiful it is. But with Lolita, you must work past its beauty to recognize how shocking it is. And for all its beauty, for all its immense ingenuity and humor, one easily forgets how shocking Lolita is. " *

No Independent , Now for some good news:

"Democracy returns to Afghanistan after 30 years... Chocolate helps reduce the risk of heart disease... House prices are on the rise again... Belfast hosts gay wedding... More trains are running on time... Dramatic fall in the fear of crime... The corncrake returns to Britain's shores... 60 per cent of tsunami victims find new jobs..." *

O "nosso" Macau: Le Monde .

*

Como se faz um modismo jornal�stico: de h� dias para c�, tornou-se habitual a designa��o "trabalhadores do sexo", que nunca era usada antes na comunica��o social. Bastou uma confer�ncia de imprensa muito anunciada, a prop�sito da constitui��o de um sindicato dos ditos "trabalhadores". J� houve outros modismos deste tipo que entretanto quase desapareceram, como o "Timor Lorosae". A mais cega e por isso mais divertida nota de qualquer blogue nesta campanha eleitoral: no Super M�rio Fim de cita��o. Imagino, imagino...Cavaco e os portugueses no dia 22 de Janeiro.Stephen Metcalf, "Lolita at 50. Is Nabokov's masterpiece still shocking?" noNoO "nosso" Macau: "Macao "l'enfer du jeu" flambe toujours !" noComo se faz um modismo jornal�stico: de h� dias para c�, tornou-se habitual a designa��o "trabalhadores do sexo", que nunca era usada antes na comunica��o social. Bastou uma confer�ncia de imprensa muito anunciada, a prop�sito da constitui��o de um sindicato dos ditos "trabalhadores". J� houve outros modismos deste tipo que entretanto quase desapareceram, como o "Timor Lorosae".

EARLY MORNING BLOGS 664

Algumas Proposi��es com P�ssaros e �rvores que o Poeta Remata com uma Refer�ncia ao Cora��o

Os p�ssaros nascem na ponta das �rvores

As �rvores que eu vejo em vez de fruto d�o p�ssaros

Os p�ssaros s�o o fruto mais vivo das �rvores

Os p�ssaros come�am onde as �rvores acabam

Os p�ssaros fazem cantar as �rvores

Ao chegar aos p�ssaros as �rvores engrossam movimentam-se

deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal

Como p�ssaros poisam as folhas na terra

quando o outono desce veladamente sobre os campos

Gostaria de dizer que os p�ssaros emanam das �rvores

mas deixo essa forma de dizer ao romancista

� complicada e n�o se d� bem na poesia

n�o foi ainda isolada da filosofia

Eu amo as �rvores principalmente as que d�o p�ssaros

Quem � que l� os pendura nos ramos?

De quem � a m�o a in�mera m�o?

Eu passo e muda-se-me o cora��o

(Ruy Belo)

*

Bom dia! (Ruy Belo)Bom dia!

QUADROS DE UMA EXPOSI��O:

7. APOTEOSE DA GUERRA (VERESHCHAGIN )

Vasily Vereshchagin foi, quase toda a sua vida, pintor e militar. Conhecia bem os campos de batalha russos, os campos de batalha das fronteiras do leste e do sul, entre o C�ucaso e as velhas cidades que tinham sido de Tamerl�o e Gengis C�o. Pintou como ningu�m esses extremos de viol�ncia e exotismo, essas terras bravas onde governavam emires cru�is e onde ningu�m entrava. Muita da hist�ria russa fez-se nesse confronto com fronteiras de outras religi�es, outras ra�as e outras civiliza��es. Vereshchagin pintava a desola��o e a crueldade da guerra, de tal maneira que foi considerado anti-patriota, ele que sempre se destacou pela coragem na frente de combate. Alguns dos seus quadros t�m para os russos um valor ic�nico, e s�o conhecidos por todos. Vasily Vereshchagin foi, quase toda a sua vida, pintor e militar. Conhecia bem os campos de batalha russos, os campos de batalha das fronteiras do leste e do sul, entre o C�ucaso e as velhas cidades que tinham sido de Tamerl�o e Gengis C�o.Pintou como ningu�m esses extremos de viol�ncia e exotismo, essas terras bravas onde governavam emires cru�is e onde ningu�m entrava. Muita da hist�ria russa fez-se nesse confronto com fronteiras de outras religi�es, outras ra�as e outras civiliza��es. Vereshchagin pintava a desola��o e a crueldade da guerra, de tal maneira que foi considerado anti-patriota, ele que sempre se destacou pela coragem na frente de combate. Alguns dos seus quadros t�m para os russos um valor ic�nico, e s�o conhecidos por todos.

LENDO / VENDO /OUVINDO

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(18 de Dezembro)

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Ouvindo Tom Z� "Senhor Cidad�o", no

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Pergunta a "Laurindinha" no

"Laurindinha n�o � uma doutora da Igreja nem almeja s�-lo. Prefere conhecer pedras e riachos a dogmas. Por isso, surgem-lhe, �s vezes, algumas d�vidas sobre a doutrina cat�lica.

Por exemplo, nunca percebeu muito bem at� quando se tem direito ao limbo. Ser� at� ao primeiro choro interesseiro?

E agora? Se a hierarquia cat�lica decreta o fim do limbo, para onde vai Alberto Caeiro?"

*

No P�blico "desligado", um artigo de Jo�o B�nard da Costa sobre o Padre Manuel Antunes:

"A primeira vez que o vi foi no fundo da "sala capitular" do claustro do velho Convento de Jesus, corria o ano de 1957. Eu tinha feito 21 anos, ele ia fazer 39. Eu estava a acabar o 3.� ano do curso de Ci�ncias Hist�rico-Filos�ficas na Faculdade de Letras, � �poca moradora nesse convento e dirigida por Vitorino Nem�sio. Ele acabava de ser convidado pelo mesmo Nem�sio - no gesto mais feliz de fun��es que exerceu com manifesto desconforto - para ensinar Hist�ria da Cultura Cl�ssica e Hist�ria da Civiliza��o Romana.

Ao padre Manuel Antunes - embora eu nada conhe�a da sua vida pessoal nem conhe�a quem conhe�a - poder� talvez aplicar-se o que ele pr�prio disse um dia de Kierkegaard: "Um ser que nunca foi crian�a, nunca foi adolescente, nunca foi jovem, mas adulto, sempre adulto." Aos 39 anos, parecia ter 50. Como recordar�o os que o conheceram, o f�sico n�o o ajudava. De me� estatura, magr�ssimo, l�vido, com um fio de voz, parecia, nos h�bitos talares que, nesses tempos, nenhum sacerdote dispensava e muito menos um servo de Jesus, a pr�pria encarna��o do beato asceta, que o secular anticlericalismo portugu�s investiu no padre, quando o n�o investia com a mal�cia e os prazeres da mesa, na imagem caricatural dos abades do Minho." Ouvindo Tom Z� "Senhor Cidad�o", no Almocreve das Petas Pergunta a "Laurindinha" no Abrigo da Pastora No"desligado", um artigo de Jo�o B�nard da Costa sobre o Padre Manuel Antunes:

EARLY MORNING BLOGS 663

Owed to New York

Vulgar of manner, overfed,

Overdressed and underbred,

Heartless, Godless, hell's delight,

Rude by day and lewd by night;

Bedwarfed the man, o'ergrown the brute,

Ruled by boss and prostitute:

Purple-robed and pauper-clad,

Raving, rotting, money-mad;

A squirming herd in Mammon's mesh,

A wilderness of human flesh;

Crazed by avarice, lust and rum,

New York, thy name's "Delirium."

(Byron Rufus Newton)

*

Bom dia!, � hora do brunch ... (Byron Rufus Newton)Bom dia!, � hora do...

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(17 de Dezembro)

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" The music group of greater kalamazoo " no

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Nulla dies sine linea , num Moleskine perto de mim.

O prov�rbio referido, nulla dies sine linea (�nem um dia sem uma linha�) tem origem em Pl�nio. Mas n�o se refere � escrita. Refere-se ao desenho.

Refere-se ao pintor ateniense Apeles, que nos ensinou que a Verdade se pinta nua. Como mais tarde nos veio recordar Sandro Filipepi (alcunhado de Botticelli) ao tentar reproduzir o di�logo de Luciano de Samosata De Calumnia. Veja-se a passagem de Pl�nio na Hist�ria Natural (35, 24): Apelli fuit alioqui perpetua consuetudo numquam tam occupatum diem agendi, ut non lineam ducendo exerceret artem, quod ab eo in proverbium venit.

(F.) *

O DVD Shostakovich Against Stalin - The War Symphonies , mostra a m�quina trituradora do "Pai dos Povos", contra o mais genial dos "seus" m�sicos. Mesmo assim, a m�sica defendeu Shostakovich. A m�sica e n�o os m�sicos.

*

Mais um artigo que � pena que n�o se possa ler em linha, mas que vale o jornal em papel: Helena Matos, "Um pequeno ponto no nariz", no P�blico . Uma amostra:

"N�o sei se M�rio Soares se pergunta porqu� mas os coment�rios, as d�vidas e as acusa��es daqueles que por ele falam remetem para um perplexo: "Porqu�? Porque � que desta vez n�o acontece o tal ponto de viragem?" A resposta encontra-se n�o tanto nos manuais de propaganda pol�tica, mas sim num livro sobre o discurso amoroso: "Ao mesmo tempo que se interroga obcecadamente por que motivo n�o � amado, o sujeito apaixonado vive com a convic��o de que, na verdade, o objecto amado o ama mas n�o diz. (...) A verdade � que - exorbitante paradoxo - n�o deixo de acreditar que sou amado. Alucino o que desejo. Toda a dor resulta menos de uma d�vida do que de uma trai��o." O livro de Roland Barthes Fragmentos de Um Discurso Amoroso torna-se num dos mais fascinantes guias de leitura do que est� a acontecer na campanha de M�rio Soares." " no Rocketboom O DVD, mostra a m�quina trituradora do "Pai dos Povos", contra o mais genial dos "seus" m�sicos. Mesmo assim, a m�sica defendeu Shostakovich. A m�sica e n�o os m�sicos.Mais um artigo que � pena que n�o se possa ler em linha, mas que vale o jornal em papel: Helena Matos, "Um pequeno ponto no nariz", no. Uma amostra:

EARLY MORNING BLOGS 662

a.k.a BREAK OF DAY

' T IS true, 'tis day ; what though it be?

O, wilt thou therefore rise from me?

Why should we rise because 'tis light?

Did we lie down because 'twas night?

Love, which in spite of darkness brought us hither,

Should in despite of light keep us together.

Light hath no tongue, but is all eye ;

If it could speak as well as spy,

This were the worst that it could say,

That being well I fain would stay,

And that I loved my heart and honour so

That I would not from him, that had them, go.

Must business thee from hence remove?

O ! that's the worst disease of love,

The poor, the foul, the false, love can

Admit, but not the busied man.

He which hath business, and makes love, doth do

Such wrong, as when a married man doth woo.

(John Donne)

*

Bom dia! (John Donne)Bom dia!

SABEM O QUE � OPORTUNISMO?

A m� f� no debate com Jer�nimo de Sousa por parte de Lou�� foi exemplar. Depois de passar todo o debate a falar do que era comum na "esquerda" com o PCP, aproveitou o minuto final, em que n�o h� resposta, para elogiar Jo�o Amaral e Lino de Carvalho, dois cr�ticos da direc��o do PCP. Se o tivesse feito no in�cio, o debate teria sido bem diferente, mas aqui h� pura m� f� e oportunismo pol�tico. A m� f� no debate com Jer�nimo de Sousa por parte de Lou�� foi exemplar. Depois de passar todo o debate a falar do que era comum na "esquerda" com o PCP, aproveitou o minuto final, em que n�o h� resposta, para elogiar Jo�o Amaral e Lino de Carvalho, dois cr�ticos da direc��o do PCP. Se o tivesse feito no in�cio, o debate teria sido bem diferente, mas aqui h� pura m� f� e oportunismo pol�tico.

TEMAS PRESIDENCIAIS: LOU�� E OS DEBATES

1.Embora os debates ainda n�o tenham terminado e faltem dois importantes (decisivos? n�o sei) � data em que escrevo, penso que a candidatura que mais favorecida tem sido � a de Francisco Lou��. Todos os debates lhe correram bem, em particular o que teve com Cavaco.

2. Saliente-se, logo � cabe�a, que n�o penso que esta candidatura tenha alguma coisa a ver com as elei��es presidenciais. Lou�� aproveita o tempo de antena presidencial para promover a sua organiza��o pol�tica e a si pr�prio, o que � ali�s leg�timo em candidaturas de car�cter tribun�cio, como tamb�m � a de Jer�nimo de Sousa. E nessa fun��o, ap�s um arranque d�bil, a participa��o nos debates presidenciais tem-no favorecido. O modelo dos debates come�a por colocar todos os candidatos que os jornalistas escolhem (e n�o todos os candidatos) no mesmo n�vel de import�ncia. Logo � partida essa posi��o de relevo igualizadora �-lhe favor�vel, coloca-o como Grande entre os Grandes, o primeiro objectivo de um Pequeno. Lou�� n�o tem desmerecido dessa condi��o.

3. Ainda mais favor�vel � o facto de Lou�� poder usar de toda a liberdade discursiva, e tratar, como ali�s justificou, de tudo. Um candidato presidencial pode tratar de tudo, s� que nem a todos se lhe admite a liberdade de tratar de tudo sem ter que teorizar sobre os poderes presidenciais, ou sem que se lhe suspeitem inten��es de subvers�o da Constitui��o e do regime. Esta liberdade �-lhe concedida pelos jornalistas e pelos seus advers�rios, que ainda n�o o confrontaram com os limites dos poderes presidenciais, porque pura e simplesmente n�o o tomam como candidato presidencial, mas como o l�der do BE.

4. O que Lou�� tem conseguido � seu m�rito e dem�rito alheio. Ele � um dos pol�ticos portugueses mais experientes e mais velhos na fun��o. Fazendo pol�tica profissional desde a adolesc�ncia, antes do 25 de Abril, tem mais experi�ncia do que Jer�nimo de Sousa e Cavaco Silva, ombreando com Soares e Alegre, que, no entanto, t�m a desvantagem de parecer muito mais "velhos" do que ele. Mais: Lou�� fez toda a sua vida pol�tica em grupos radicais nos quais o debate e a discuss�o, oral e por escrito, � sistem�tica e permanente. Como quadro trotsquista, actuando nos grupos trotsquistas portugueses e na Quarta Internacional, Lou�� participou de parte inteira em grupos que n�o s� s�o internacionalistas e cosmopolitas, como incluem gente muito brilhante e capaz, de que ele faz parte de pleno direito. Mais do que qualquer outro dos seus companheiros de corrida presidencial, Lou�� tem milhares e milhares de horas de discuss�o por detr�s, discuss�es muitas vezes duras, escol�sticas, doutrinais, sobre nuances pol�ticas exploradas at� � exaust�o. Se a isso somarmos a sua experi�ncia acad�mica, os seus h�bitos de estudo e leitura, e a sua intelig�ncia, temos a chave das suas capacidades.

5. O problema com Lou�� n�o s�o as suas capacidades, � o facto de elas ofuscarem, na nossa mediania comunicacional, o escrut�nio do seu radicalismo, das inverdades da sua propaganda, e da ess�ncia demag�gica e populista do seu discurso arrogante e moralista. Lou�� � o �nico que fala como escreve, inclui os sublinhados, as aspas, as v�rgulas e os pontos finais. � um discurso fechado e cerrado a qualquer interpreta��o, ou porque ele pr�prio fornece o quadro da sua interpreta��o, como se uma m�o invis�vel fosse sublinhando a marcador amarelo e vermelho as frases que temos que ver, ou porque nos acena de imediato com o pecado moral em que estamos a cair se com ele n�o concordamos. Quando fala da guerra do Iraque, o ouvinte que com ele n�o concorda j� est� de imediato na posi��o de r�u moral de qualquer crime. Nisso ele e Paulo Portas s�o quase iguais.

6. A sua vantagem nos debates n�o vem s� das suas capacidades ret�ricas e argumentativas (menos ali�s do que do seu saber, porque Lou�� deturpa os dados de uma forma pouco acad�mica para servirem para a propaganda), mas tamb�m do facto de ele ter um dos discursos pol�ticos com menos baias que se fazem em Portugal. Ele tem baias, enormes e r�gidas baias, s� que � preciso perceb�-lo pol�tica e ideologicamente muito bem, para as revelar. � preciso conhecer muito bem as novas formas de "l�ngua de pau" do radicalismo, que mudou de madeira quando a anterior se esboroou.

7. Na pr�tica, Lou�� fala do que quer, como quer, dizendo o que quer, porque n�o tem que prestar contas, n�o tem responsabilidades por nada, nem tem mem�ria, nem actua em fun��o dos cargos a que concorre, nem das leis, nem da democracia, nem da economia de mercado. Lou�� � um socialista colectivista, uma forma peculiar de comunista, se o termo n�o estivesse t�o abastardado, um revolucion�rio de raiz leninista, aceitando o princ�pio do direito � viol�ncia para derrubar o "capitalismo", defensor de um regime pol�tico-social autorit�rio, sempre presente como pano de fundo na l�gica da sua argumenta��o. Ele nunca o dir�, porque somente faz a cr�tica ao existente. � na cr�tica que ele brilha, mas n�o tem que pagar o pre�o de falar das alternativas, a n�o ser atrav�s de uma ret�rica de oculta��o, porque as alternativas com que ele concorda lhe estragariam a imagem e a propaganda.

8. Que pa�s se aproxima, no seu regime pol�tico-econ�mico, do que Lou�� pretende para Portugal? Aqui est� uma pergunta a que ele n�o responde facilmente, em particular se quem lha colocar souber evitar as fugas que a sua habilidade far� aparecer. O alban�s, o da Nicar�gua sandinista, o de Cuba, o sueco, o argelino, o do Brasil de Lula, o holand�s, a Venezuela de Ch�vez? Ele tender� a sugerir, sem o dizer, que � o sueco na seguran�a social e o holand�s nos costumes, mas sugestio falsi, diria um jesu�ta ilustrado. Em que partidos e movimentos, fora e dentro da Europa, Lou�� se rev�? Nos zapatistas de Chiapa, nos trotsquistas franceses (quais?), nos peronistas, no PT de Lula, ou na ala esquerda do PT? Prudente sil�ncio nas grandes interven��es, e s� levantando a ponta do v�u nos c�rculos partid�rios. Que pol�tica externa devemos ter face � Europa, � OTAN e aos EUA? Aqui Lou�� � mais transparente, mas convinha perceber que, na pr�tica, a pol�tica que ele nos sugere � muito parecida com a da Venezuela, ou a da L�bia, exclu�dos os respectivos particularismos regionais.

9. O mundo de Lou��, que � transparente para quem conhe�a as suas posi��es, � obscuro para quem apenas o ou�a a fazer grandes debates e para a maioria das audi�ncias que o conhece apenas da televis�o e da propaganda. O que � que ele realmente pensa da economia de mercado? Como � que ele entende as empresas no seu pa�s ideal, como v� a propriedade privada, at� onde � que ele pensa que devem ir os impostos para financiar o pa�s providencial que sugere ser o alfa e �mega do seu programa pol�tico.

N�o basta s� falar do desemprego e da seguran�a social, dos impostos, e enunciar um programa meio sindicalista, assistencial e de fiscalidade punitiva dos "ricos", completamente irrealista. Esse programa levaria a uma forte conflituosidade social, ao encerramento de muitas empresas, � fuga de capitais, ao fim do investimento e seria ineficaz sem repress�o. O programa de Lou�� nunca aparece nos debates, mas � a uma esp�cie de PREC que conduz. Ouvi-lo pode ser mavioso, moderno e desempoeirado, mas tom�-lo � letra � sinistro.

(No P�blico de hoje.) 1.Embora os debates ainda n�o tenham terminado e faltem dois importantes (decisivos? n�o sei) � data em que escrevo, penso que a candidatura que mais favorecida tem sido � a de Francisco Lou��. Todos os debates lhe correram bem, em particular o que teve com Cavaco.2. Saliente-se, logo � cabe�a, que n�o penso que esta candidatura tenha alguma coisa a ver com as elei��es presidenciais. Lou�� aproveita o tempo de antena presidencial para promover a sua organiza��o pol�tica e a si pr�prio, o que � ali�s leg�timo em candidaturas de car�cter tribun�cio, como tamb�m � a de Jer�nimo de Sousa. E nessa fun��o, ap�s um arranque d�bil, a participa��o nos debates presidenciais tem-no favorecido. O modelo dos debates come�a por colocar todos os candidatos que os jornalistas escolhem (e n�o todos os candidatos) no mesmo n�vel de import�ncia. Logo � partida essa posi��o de relevo igualizadora �-lhe favor�vel, coloca-o como Grande entre os Grandes, o primeiro objectivo de um Pequeno. Lou�� n�o tem desmerecido dessa condi��o.3. Ainda mais favor�vel � o facto de Lou�� poder usar de toda a liberdade discursiva, e tratar, como ali�s justificou, de tudo. Um candidato presidencial pode tratar de tudo, s� que nem a todos se lhe admite a liberdade de tratar de tudo sem ter que teorizar sobre os poderes presidenciais, ou sem que se lhe suspeitem inten��es de subvers�o da Constitui��o e do regime. Esta liberdade �-lhe concedida pelos jornalistas e pelos seus advers�rios, que ainda n�o o confrontaram com os limites dos poderes presidenciais, porque pura e simplesmente n�o o tomam como candidato presidencial, mas como o l�der do BE.4. O que Lou�� tem conseguido � seu m�rito e dem�rito alheio. Ele � um dos pol�ticos portugueses mais experientes e mais velhos na fun��o. Fazendo pol�tica profissional desde a adolesc�ncia, antes do 25 de Abril, tem mais experi�ncia do que Jer�nimo de Sousa e Cavaco Silva, ombreando com Soares e Alegre, que, no entanto, t�m a desvantagem de parecer muito mais "velhos" do que ele. Mais: Lou�� fez toda a sua vida pol�tica em grupos radicais nos quais o debate e a discuss�o, oral e por escrito, � sistem�tica e permanente. Como quadro trotsquista, actuando nos grupos trotsquistas portugueses e na Quarta Internacional, Lou�� participou de parte inteira em grupos que n�o s� s�o internacionalistas e cosmopolitas, como incluem gente muito brilhante e capaz, de que ele faz parte de pleno direito. Mais do que qualquer outro dos seus companheiros de corrida presidencial, Lou�� tem milhares e milhares de horas de discuss�o por detr�s, discuss�es muitas vezes duras, escol�sticas, doutrinais, sobre nuances pol�ticas exploradas at� � exaust�o. Se a isso somarmos a sua experi�ncia acad�mica, os seus h�bitos de estudo e leitura, e a sua intelig�ncia, temos a chave das suas capacidades.5. O problema com Lou�� n�o s�o as suas capacidades, � o facto de elas ofuscarem, na nossa mediania comunicacional, o escrut�nio do seu radicalismo, das inverdades da sua propaganda, e da ess�ncia demag�gica e populista do seu discurso arrogante e moralista. Lou�� � o �nico que fala como escreve, inclui os sublinhados, as aspas, as v�rgulas e os pontos finais. � um discurso fechado e cerrado a qualquer interpreta��o, ou porque ele pr�prio fornece o quadro da sua interpreta��o, como se uma m�o invis�vel fosse sublinhando a marcador amarelo e vermelho as frases que temos que ver, ou porque nos acena de imediato com o pecado moral em que estamos a cair se com ele n�o concordamos. Quando fala da guerra do Iraque, o ouvinte que com ele n�o concorda j� est� de imediato na posi��o de r�u moral de qualquer crime. Nisso ele e Paulo Portas s�o quase iguais.6. A sua vantagem nos debates n�o vem s� das suas capacidades ret�ricas e argumentativas (menos ali�s do que do seu saber, porque Lou�� deturpa os dados de uma forma pouco acad�mica para servirem para a propaganda), mas tamb�m do facto de ele ter um dos discursos pol�ticos com menos baias que se fazem em Portugal. Ele tem baias, enormes e r�gidas baias, s� que � preciso perceb�-lo pol�tica e ideologicamente muito bem, para as revelar. � preciso conhecer muito bem as novas formas de "l�ngua de pau" do radicalismo, que mudou de madeira quando a anterior se esboroou.7. Na pr�tica, Lou�� fala do que quer, como quer, dizendo o que quer, porque n�o tem que prestar contas, n�o tem responsabilidades por nada, nem tem mem�ria, nem actua em fun��o dos cargos a que concorre, nem das leis, nem da democracia, nem da economia de mercado. Lou�� � um socialista colectivista, uma forma peculiar de comunista, se o termo n�o estivesse t�o abastardado, um revolucion�rio de raiz leninista, aceitando o princ�pio do direito � viol�ncia para derrubar o "capitalismo", defensor de um regime pol�tico-social autorit�rio, sempre presente como pano de fundo na l�gica da sua argumenta��o. Ele nunca o dir�, porque somente faz a cr�tica ao existente. � na cr�tica que ele brilha, mas n�o tem que pagar o pre�o de falar das alternativas, a n�o ser atrav�s de uma ret�rica de oculta��o, porque as alternativas com que ele concorda lhe estragariam a imagem e a propaganda.8. Que pa�s se aproxima, no seu regime pol�tico-econ�mico, do que Lou�� pretende para Portugal? Aqui est� uma pergunta a que ele n�o responde facilmente, em particular se quem lha colocar souber evitar as fugas que a sua habilidade far� aparecer. O alban�s, o da Nicar�gua sandinista, o de Cuba, o sueco, o argelino, o do Brasil de Lula, o holand�s, a Venezuela de Ch�vez? Ele tender� a sugerir, sem o dizer, que � o sueco na seguran�a social e o holand�s nos costumes, mas sugestio falsi, diria um jesu�ta ilustrado. Em que partidos e movimentos, fora e dentro da Europa, Lou�� se rev�? Nos zapatistas de Chiapa, nos trotsquistas franceses (quais?), nos peronistas, no PT de Lula, ou na ala esquerda do PT? Prudente sil�ncio nas grandes interven��es, e s� levantando a ponta do v�u nos c�rculos partid�rios. Que pol�tica externa devemos ter face � Europa, � OTAN e aos EUA? Aqui Lou�� � mais transparente, mas convinha perceber que, na pr�tica, a pol�tica que ele nos sugere � muito parecida com a da Venezuela, ou a da L�bia, exclu�dos os respectivos particularismos regionais.9. O mundo de Lou��, que � transparente para quem conhe�a as suas posi��es, � obscuro para quem apenas o ou�a a fazer grandes debates e para a maioria das audi�ncias que o conhece apenas da televis�o e da propaganda. O que � que ele realmente pensa da economia de mercado? Como � que ele entende as empresas no seu pa�s ideal, como v� a propriedade privada, at� onde � que ele pensa que devem ir os impostos para financiar o pa�s providencial que sugere ser o alfa e �mega do seu programa pol�tico.N�o basta s� falar do desemprego e da seguran�a social, dos impostos, e enunciar um programa meio sindicalista, assistencial e de fiscalidade punitiva dos "ricos", completamente irrealista. Esse programa levaria a uma forte conflituosidade social, ao encerramento de muitas empresas, � fuga de capitais, ao fim do investimento e seria ineficaz sem repress�o. O programa de Lou�� nunca aparece nos debates, mas � a uma esp�cie de PREC que conduz. Ouvi-lo pode ser mavioso, moderno e desempoeirado, mas tom�-lo � letra � sinistro.(Node hoje.)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(15 de Dezembro)

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"Confian�a", a palavra-chave desta campanha presidencial

. O que diz quase tudo.

*

. A que Ansel Adams fotografou um dia no Glacier Point:

*

Enquanto escrevo, ou�o.

*

O R2-D2 e C-3P0 , como se esperaria, mas Der Maschinian-Mensch do Metropolis de Lang est� em boa posi��o.

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Na Nature Britannica , como se quiser):

" Nature's investigation suggests that Britannica's advantage may not be great, at least when it comes to science entries. In the study, entries were chosen from the websites of Wikipedia and Encyclopaedia Britannica on a broad range of scientific disciplines and sent to a relevant expert for peer review. Each reviewer examined the entry on a single subject from the two encyclopaedias; they were not told which article came from which encyclopaedia. A total of 42 usable reviews were returned out of 50 sent out, and were then examined by Nature's news team.

Only eight serious errors, such as misinterpretations of important concepts, were detected in the pairs of articles reviewed, four from each encyclopaedia. But reviewers also found many factual errors, omissions or misleading statements: 162 and 123 in Wikipedia and Britannica, respectively."

Resposta da Britannica :

" Editors at Britannica would not discuss the findings, but say their own studies of Wikipedia have uncovered numerous flaws. "We have nothing against Wikipedia," says Tom Panelas, director of corporate communications at the company's headquarters in Chicago. "But it is not the case that errors creep in on an occasional basis or that a couple of articles are poorly written. There are lots of articles in that condition. They need a good editor. "

*

� verdade que este debate sobre a hist�ria, que mais uma vez atravessa a Fran�a intelectual, � a melhor ilustra��o da tese do eterno retorno. Os franceses lidam mal com uma hist�ria que, ou os culpa, ou os culpa de os absolver da culpa. Alem�es e austr�acos lidam mal com o Holocausto, entre a vergonha transformada em agressividade penal, ou o esquecimento incomodado. Por todo o lado, os velhos comunistas n�o conseguem ultrapassar a sucess�o de testemunhos her�icos e de falsidades propagand�sticas, pelos factos e pelos documentos (por c� tamb�m n�o). Por isso fica aqui o manifesto (ele tamb�m t�o franc�s...) de Jean-Pierre Az�ma, Elisabeth Badinter, Jean-Jacques Becker, Fran�oise Chandernagor, Alain Decaux, Marc Ferro, Jacques Julliard, Jean Leclant, Pierre Milza, Pierre Nora, Mona Ozouf, Jean-Claude Perrot, Antoine Prost, Ren� R�mond, Maurice Va�sse, Jean-Pierre Vernant, Paul Veyne, Pierre Vidal-Naquet e Michel Winock:

"Emus par les interventions politiques de plus en plus fr�quentes dans l'appr�ciation des �v�nements du pass� et par les proc�dures judiciaires touchant des historiens et des penseurs, nous tenons � rappeler les principes suivants :

L'histoire n'est pas une religion. L'historien n'accepte aucun dogme, ne respecte aucun interdit, ne conna�t pas de tabous. Il peut �tre d�rangeant.

L'histoire n'est pas la morale. L'historien n'a pas pour r�le d'exalter ou de condamner, il explique.

L'histoire n'est pas l'esclave de l'actualit�. L'historien ne plaque pas sur le pass� des sch�mas id�ologiques contemporains et n'introduit pas dans les �v�nements d'autrefois la sensibilit� d'aujourd'hui.

L'histoire n'est pas la m�moire. L'historien, dans une d�marche scientifique, recueille les souvenirs des hommes, les compare entre eux, les confronte aux documents, aux objets, aux traces, et �tablit les faits. L'histoire tient compte de la m�moire, elle ne s'y r�duit pas.

L'histoire n'est pas un objet juridique. Dans un Etat libre, il n'appartient ni au Parlement ni � l'autorit� judiciaire de d�finir la v�rit� historique. La politique de l'Etat, m�me anim�e des meilleures intentions, n'est pas la politique de l'histoire.

C'est en violation de ces principes que des articles de lois successives � notamment lois du 13 juillet 1990, du 29 janvier 2001, du 21 mai 2001, du 23 f�vrier 2005 � ont restreint la libert� de l'historien, lui ont dit, sous peine de sanctions, ce qu'il doit chercher et ce qu'il doit trouver, lui ont prescrit des m�thodes et pos� des limites.

Nous demandons l'abrogation de ces dispositions l�gislatives indignes d'un r�gime d�mocratique. "

*

Uma pergunta certeira, citada do

�A pergunta sem resposta�, por S�rgio Figueiredo. Destaco apenas um par�grafo e que n�o dispensa a leitura do artigo: �A pergunta do Governo deveria ser colocada ao contr�rio: ser� que um investimento de quase 8 mil milh�es n�o eterniza a crise or�amental do Estado? e, por conseguinte, n�o implicar� um agravamento sucessivo da carga fiscal que, essa sim, compromete a competitividade da economia?�, ( Jornal de Neg�cios , 14.12.2005: 3). "Confian�a", a palavra-chave desta campanha presidencial. O que diz quase tudo. Olhar para mesma Lua . A que Ansel Adams fotografou um dia no Glacier Point:Enquanto escrevo, ou�o. VivaLaVoce Top 10 das m�quinas-humanas , dos robots. Ganha o par, como se esperaria, masdode Lang est� em boa posi��o.Na uma compara��o que favorece a Wikipedia (ou desfavorece a, como se quiser):Resposta da� verdade que este debate sobre a hist�ria, que mais uma vez atravessa a Fran�a intelectual, � a melhor ilustra��o da tese do eterno retorno. Os franceses lidam mal com uma hist�ria que, ou os culpa, ou os culpa de os absolver da culpa. Alem�es e austr�acos lidam mal com o Holocausto, entre a vergonha transformada em agressividade penal, ou o esquecimento incomodado. Por todo o lado, os velhos comunistas n�o conseguem ultrapassar a sucess�o de testemunhos her�icos e de falsidades propagand�sticas, pelos factos e pelos documentos (por c� tamb�m n�o). Por isso fica aqui o manifesto (ele tamb�m t�o franc�s...) de Jean-Pierre Az�ma, Elisabeth Badinter, Jean-Jacques Becker, Fran�oise Chandernagor, Alain Decaux, Marc Ferro, Jacques Julliard, Jean Leclant, Pierre Milza, Pierre Nora, Mona Ozouf, Jean-Claude Perrot, Antoine Prost, Ren� R�mond, Maurice Va�sse, Jean-Pierre Vernant, Paul Veyne, Pierre Vidal-Naquet e Michel Winock:Uma pergunta certeira, citada do Bloguitica

EARLY MORNING BLOGS 661

� ridicolo credere

� ridicolo credere

che gli uomini di domani

possano essere uomin

EARLY MORNING BLOGS 668

Late Autumn In Venice

(After Rilke)

The city floats no longer like a bait

To hook the nimble darting summer days.

The glazed and brittle palaces pulsate and radiate

And glitter. Summer�s garden sways,

A heap of marionettes hanging down and dangled,

Leaves tired, torn, turned upside down and strangled:

Until from forest depths, from bony leafless trees

A will wakens: the admiral, lolling long at ease,

Has been commanded, overnight�suddenly�:

In the first dawn, all galleys put to sea!

Waking then in autumn chill, amid the harbor medley,

The fragrance of pitch, pennants aloft, the butt

Of oars, all sails unfurled, the fleet

Awaits the great wind, radiant and deadly.

(Delmore Schwartz)

*

Bom dia! Bom dia!

BOAS / P�SSIMAS COISAS NA COMUNICA��O SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR (alfa)

Actualizado com novas colabora��es e refer�ncias. Em breve, publicarei a vers�o beta, com as sugest�es que me parecem ser de acolher. A discuss�o e as sugest�es continuar�o em aberto. Actualizado com novas colabora��es e refer�ncias. Em breve, publicarei a vers�o beta, com as sugest�es que me parecem ser de acolher. A discuss�o e as sugest�es continuar�o em aberto.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

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No P�blico , mais not�cias envolvendo Ant�nio Vitorino no caso Eurominas, e Pina Moura nas grandes manobras energ�ticas em curso. O que est� em causa, em ambos os casos, � a completa, flagrante, inequ�voca, incompatibilidade substancial entre as suas fun��es privadas, na advocacia de neg�cios e na administra��o de empresas, com o exerc�cio de fun��es p�blicas. Se, quer um quer outro, no que est�o a fazer, n�o s�o abrangidos por nenhuma lei de incompatibilidades, ent�o as leis de incompatibilidades n�o servem para nada. (Lembro, para registo da mem�ria, que fui o �nico deputado que se pronunciou contra este "pacote" legislativo que incluia a legisla��o de incompatibilidades, demitindo-me por essa raz�o do cargo de Presidente do Grupo parlamentar.) Na pr�tica, esta legisla��o ajudou a afastar da Assembleia bons deputados, como Rui Machete, que a tomou a s�rio, mas acaba por permitir situa��es completamente absurdas, que deviam em primeiro lugar ser do foro da m�nima moral pol�tica, antes sequer de serem de legalidade. Infelizmente, os deputados do PS, em primeiro lugar, e depois os do PSD e do CDS, acham normal o que se passa, e a Comiss�o de �tica fecha os olhos, fazendo uma interpreta��o mole da lei e absurda da "�tica" que lhe d� o nome.

O caso que me parece de verdadeiro esc�ndalo � o de Pina Moura, mas este goza da protec��o do PS, pelo que nada acontece. O editorial de Manuel Carvalho hoje no P�blico (que nem na vers�o em linha paga aparece) intitulado "Pina Moura" n�o deixa margem para d�vidas:

"Pouco parece interessar que a Iberdrola seja liderada por um ex-ministro que, para al�m de desenvolver os neg�cios que ele pr�prio iniciou quando estava no poder, continue ainda a ter cara para se exibir como deputado da na��o."

O CAMAURO

( Rafael , Retrato de J�lio II usando o camauro)

Quando Bento XVI apareceu este Natal com o camauro na cabe�a, as fotografias circularam na Internet como sendo montagens digitais. O Papa vestido de Pai Natal? Tinha que ser montagem. Mas n�o era. Os nossos internetianos deviam ver mais quadros renascentistas, e reconheceriam o veludo e o arminho antigo que nenhum Papa usava desde os anos sessenta.

Mas o Papa n�o apareceu nestes dias nos jornais apenas como um surpreendente �cone da moda, mas surge com cada vez mais frequ�ncia em editoriais (o P�blico n�o � excep��o) e, por estranho que pare�a, em artigos e ensaios. Livros originais e antologias tem�ticas incluem textos de e sobre Ratzinger, com uma frequ�ncia rara para qualquer Papa recente, e ainda mais rara para um in�cio do pontificado, quando n�o existe uma obra significativa pr�pria como chefe da Igreja cat�lica. Autores cujos interesses pela teologia, ou sequer pela religi�o, eram escassos manifestam curiosidade intelectual pelo novo Papa.

A solidez te�rica de Ratzinger, solidez n�o apenas teol�gica, mas filos�fica e cultural num sentido mais geral, o seu longo contacto com o meio dos intelectuais europeus, conhecendo as suas pol�micas e quer as suas interroga��es, quer as suas modas, est� a dar frutos. Ratzinger est� a colocar a reflex�o crist�, gerada no cume do poder eclesial, que � por excel�ncia o papado, no centro do debate p�blico, de onde estava h� muitos anos afastada. Ou, numa f�rmula mais moderada, est� a torn�-la aceit�vel como objecto de discuss�o intelectual, o que � uma verdadeira mudan�a nos costumes europeus e americanos recentes. Este processo � interessante para a hist�ria do movimento cultural europeu e, penso, est� apenas no seu in�cio. O nome de Bento XVI, ou mais provavelmente para j� de Ratzinger, vai-se tornar citado e cit�vel, em c�rculos onde nunca o foi o de Jo�o Paulo II e dos seus predecessores desde o s�culo XIX.

Claro que este movimento de influ�ncia n�o teria sucesso se viesse apenas de dentro da Igreja, mas est� conjugado com o caminhar de uma s�rie de intelectuais para novas formas de conservadorismo pol�tico, para um retorno a um sistema de valores pol�ticos e societ�rios tradicionais, ultrapassando a usura que estes tinham sofrido com o impacto da Revolu��o Francesa e a domina��o ideol�gica do marxismo. Esta redescoberta nos dois lados do Atl�ntico associa, num caminho comum, trajectos muito d�spares, desde o neoconservadorismo norte-americano � reflex�o europeia sobre os fundamentos culturais da Europa, feita recentemente a prop�sito do Pre�mbulo � Constitui��o Europeia. Um caso t�pico destes trajectos em Portugal � o de Jo�o Carlos Espada e da revista Nova Cidadania que anima. Como era inevit�vel, encontraram, na reflex�o que estavam fazendo, o pensamento crist�o, uma das mais antigas e consolidadas tradi��es europeias de reflex�o, que, desde Tom�s de Aquino at� Karl Jaspers, mant�m uma rela��o muito forte com a hist�ria cultural da Europa, aparentemente enfraquecida pelos �ltimos duzentos anos de "descren�a" e pelas ideologias assentes na f� na hist�ria do s�culo XIX e XX.

H� factores na pr�pria hist�ria do cristianismo europeu que explicam esta reaproxima��o, mais significativa porque um revivalismo religioso, que h� alguns anos atr�s fazia parte de quase todas as previs�es futurologistas, n�o parece estar � porta. De facto, o que se passa, mais do que um revivalismo religioso, � um sentimento de comunidade, de perten�a a uma mesma tradi��o cultural, tornada urgente pela cintila��o civilizacional gerada pelo conflito com o fundamentalismo isl�mico.

O facto de este movimento se estar a dar mostra como as tradi��es religiosas, como factos culturais e civilizacionais, est�o profundamente embrenhadas na identidade social, mesmo quando esta parece estar amea�ada pela globaliza��o e pela massifica��o dos consumos mundiais. E mostra tamb�m como o cristianismo resiste � competi��o com outras religi�es em sociedades muito abertas como s�o as do "Ocidente". Mesmo religi�es e pr�ticas orientais que estiveram e est�o na moda, desde os anos sessenta, como o budismo zen, apelaram � sedu��o essencialmente na base de uma experi�ncia est�tica que se pretendia m�stica, e popularizaram-se como "modos de vida alternativos", mas tiveram apenas um impacte marginal no centro do nosso pensamento.

Esta situa��o ainda � mais n�tida quando tomamos em conta o dinamismo teol�gico do cristianismo, quer reformado, quer cat�lico, em contraste com as dificuldades do isl�o em ter uma interpreta��o din�mica, capaz de fazer a adapta��o �s mudan�as da hist�ria e da sociedade. O isl�o, na aus�ncia de autoridades interpretativas legitimadas, fixou-se no c�none da sua origem e n�o reflecte a modernidade, nem convive facilmente com a laicidade. Por aqui se percebe que o facto de o cristianismo ser uma religi�o que tem uma Igreja, como materializa��o na terra da presen�a de Deus e, dentro dessa Igreja, na vers�o cat�lica, ter uma hierarquia que termina no Papa, lhe permite falar para tempos diferentes de modo diferente, mesmo quando � a mesma Voz.

O Papa Woytila refor�ou os la�os da Igreja com o catolicismo tradicional na Europa, fazendo pelo caminho uma revolu��o pol�tica a partir da Pol�nia para o Centro e Leste da Europa, e incentivou o catolicismo em terras de miss�o, na sua fun��o de Papa viajante. Morrendo diante de n�s como morreu, falou tamb�m a sociedades cada vez mais de velhos e doentes, como � a nossa. Valorizou na Igreja os factores de continuidade, o catolicismo popular, o culto mariano, o papel das comunidades tradicionais, da fam�lia, do ensino. Gerou assim uma aproxima��o da Igreja ao homem comum que fora iniciada por Jo�o XXIII no conc�lio Vaticano II.

Bento XVI parte deste legado e parece, num primeiro olhar, voltar-se para a Europa, para a terra onde Pedro e Paulo constru�ram a "sua" Igreja, e onde, as sociedades dos dias de hoje s�o sociedades assentes na "fam�lia terrestre" e n�o na "fam�lia celeste" e por isso dependem da felicidade terrestre e n�o da celeste. Aqui o "esp�rito de miss�o" e a evangeliza��o encontram um tipo de dificuldades muito diferentes das de fora da Europa, ou das de outros tempos europeus. Mas a sensa��o da perigosidade do mundo "l� fora" criou um ambiente favor�vel ao retorno a uma identidade cultural, na qual a Igreja tem um papel hist�rico e quer ter um papel actual.

� verdade que o cardeal-patriarca de Lisboa preveniu, numa missa recente, que o "cristianismo n�o � uma doutrina", o que se compreende para os homens de f�. Mas, para os que n�o a t�m, Ratzinger est� a contribuir para que, pelo menos como "doutrina", ele entre nas nossas reflex�es. � o sinal de um "assalto" aos intelectuais, como h� muito tempo a Igreja n�o tinha conseguido fazer.

(No P�blico .)

BOAS COISAS NA COMUNICA��O SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR

(alfa - ACTUALIZADO)

NOTA (vers�o alfa) - S� o embri�o das entradas, sem nenhuma ordem valorativa, esperando complet�-las, acrescent�-las e corrigi-las, com as sugest�es dos leitores. Como s� cito o que "consumi", a r�dio, que pouco ouvi, est� em falta.

*

Document�rios culturais (2:) entre outros sobre Luis Pacheco, Glic�nia Quartim, Jo�o Vieira, Fernanda Botelho, etc.

Micro-causas (declara��o de interesses: o Abrupto foi o iniciador, mas hoje pertencem a todos.) - A quest�o dos �estudos da OTA� que se tornou a segunda quest�o mais determinante do debate p�blico sobre a OTA (a primeira foi e � �faz-se ou n�o se faz�), deveu-se � persist�ncia dos blogues, e n�o da comunica��o social fora da rede, que s� a assumiu quando n�o a podia evitar. Depois, tornou-se parte integrante do �problema OTA�.

Blogues de jornalismo, sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das �coisas boas�) � Os blogues especializados em �comunica��o� em sentido lato s�o o melhor conjunto de blogues com um tema espec�fico na blogosfera portuguesa. Exemplos: Ind�strias Culturais, Ponto Media, Atrium, Jornalismo e Comunica��o, As Imagens e N�s,

Clube dos Jornalistas (2: ) - (pela segunda vez na lista das �coisas boas�).

Os document�rios da SIC - o melhor exemplo foi o de C�ndida Pinto sobre Snu Abecassis, mas ,durante todo o ano, foram sempre as melhores reportagens jornal�sticas de tipo documental, de �grande informa��o� ou em anexo aos notici�rios.

M�rio Crespo e o par Jo�o Adelino de Faria / Ana Louren�o na SIC Noticias. (declara��o de interesses: participo num programa da SICN.)

Repito pela segunda vez: � A informa��o / opini�o econ�mica na SIC Not�cias � de grande qualidade. Perez Metelo na TVI � um divulgador especializado com grandes qualidades comunicativas."

de Pedro Magalh�es, o �nosso� explicador das sondagens e muito mais. Um exemplo de um blogue que acrescenta.

Blogosfera nas elei��es aut�rquicas e presidenciais : pode ter todos os defeitos da "atmosfera", mas tem tamb�m qualidades que s� h� na blogosfera.

Livros sobre jornalismo (pela segunda vez na lista das �coisas boas�). Repito: �A edi��o de livros e revistas sobre comunica��o est� de vento em popa. Para al�m da Trajectos e Media e Jornalismo, as colec��es "Media e Sociedade" da Editorial Not�cias e "Comunica��o" da Minerva tem dado origem a trabalhos interessantes que revelam como, � dist�ncia, os estudos acad�micos demonstram muito daquilo que os jornalistas n�o querem admitir mais em cima dos acontecimentos: bias, distor��es e manipula��es, milit�ncia pol�tica. O papel de alguns professores, como M�rio Mesquita, � fundamental nesta reflex�o .�

(Em breve referirei os que me pareceram mais importantes.)

*

Na sequ�ncia do convite que lan�ou aos leitores do Abrupto deixo aqui a minha sugest�o ( considerando, naturalmente, uma declara��o de interesses pr�via - perten�o ao mesmo centro de investiga��o que os tr�s citados):

Nas coisas boas - no sub-t�tulo "Livros sobre Jornalismo" - faltar�o as colec��es "Comunica��o e Sociedade" (Campo das Letras/CECS-UMinho, dirigida por Mois�s de Lemos Martins) e "Comunica��o" (Porto Editora, dirigida por Manuel Pinto e Joaquim Fidalgo), ambas com v�rios t�tulos publicados em 2005.

(Luis Ant�nio Santos do Atrium

A ascens�o da S�bado (pela segunda vez e com a mesma declara��o de interesses). A S�bado � o �rg�o de comunica��o social portuguesa mais subestimado, v�tima das �sinergias� que lhe faltam: n�o tem quem puxe pelas suas not�cias nos outros �rg�os de comunica��o social. Mas que tem not�cias, isso tem.

A imprensa de distribui��o gratuita como o

P�SSIMAS COISAS NA COMUNICA��O SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS PELO MESMO

Descida de vendas da imprensa generalista � Entre o 24 Horas , que sobe, os jornais gr�tis, os blogues, e a informa��o em linha, a imprensa generalista cai. Para responder � queda molda-se ao que pensa dar sucesso, o �social�, o �econ�mico�, e temo que as reestrutura��es em curso nos grandes jornais valorizem ainda mais a superficialidade do produto. Se for assim, � s� uma quest�o de tempo para cair ainda mais, porque nesse terreno outros fazem melhor.

O fim da consulta gr�tis em linha, no P�blico. .

Os coment�rios de Ant�nio Vitorino na RTP nunca acrescentam nada e s�o claramente limitados por uma vontade de ortodoxia, que � uma vontade de carreira pol�tica. Leg�timo, mas n�o chega para comentar sob aquela forma e com aquele estatuto, quando n�o se tem mais nada para dar. Pode-se ter � mixed feelings � sobre os coment�rios de Marcelo, mas estes s�o um �facto comunicacional� imposs�vel de passar ao lado. Podem ter (t�m) agenda pol�tica, s�o superficiais e ligeiros, mas ultrapassam os defeitos do seu autor, pelas suas qualidades no meio. Marcelo � um Mensch comunicacional, Vitorino n�o �.

As primeiras p�ginas inventivas do Expresso (pela segunda vez.) � Agora que se sabe de quem � a responsabilidade, � de Jos� Ant�nio Saraiva, que as faz sozinho numa forma de medita��o transcendental como nos disse em entrevista �, espera-se que Henrique Monteiro acabe com elas.

Tsunami � Mais um exemplo de �masturba��o da dor� como sensacionalismo jornal�stico, ao ritmo das grandiosas imagens das vagas do maremoto. Se n�o houvesse imagens t�o poderosas, turistas estrangeiros e destinos de f�rias como Puket atingidos, o tratamento comunicacional seria o que foi dado ao terramoto paquistan�s, ou seja quase nulo. N�o � a dimens�o da trag�dia que conta, mas a sua espectacularidade.

Katrina � O contra-exemplo ao tratamento do tsunami: �inforopini�o� politizada ao extremo, �masturba��o da culpa� em vez de �masturba��o da dor�. N�meros fant�sticos, previs�es apocal�pticas, dedo apontado a Bush em cada segundo, e quase nula compaix�o pelas v�timas. A cidade �destru�da� l� est� a funcionar, ferida, mas viva. As dezenas de milhares de mortos anunciados continuam por descobrir, mas ningu�m entende que deva corrigir alguma coisa.

Arrast�o � A pseudo-hist�ria mais fant�stica da nossa comunica��o social em 2005, que, desde o primeiro minuto, parecia a qualquer pessoa sensata, muito bizarra. Who cares? Passou do sensacionalismo, para a demoniza��o pol�tica anti-emigrantes e racista, para depois, no backlash , se tornar demoniza��o pol�tica anti-racista ao estilo do �SOS Racismo�, ou seja do Bloco de Esquerda. Como era uma hist�ria (falsa) que �favorecia a direita� anti-emigrantes foi desmontada e contrariada. Quantas, ao contr�rio, que �favorecem a esquerda�, e igualmente falsas nunca s�o desmontadas?

O fim da A Capital e de O Com�rcio do Porto.

A obscura pol�tica comunicacional governativa � O ano passado era a �central de comunica��es� de Santana Lopes, este ano � a gest�o mais profissionalizada, com maior colabora��o silenciosa de muitos simpatizantes no meio da comunica��o social, do controlo governativo. As grandes manobras da propriedade, que a montante ou a jusante, incluem sempre o benepl�cito do poder pol�tico num pa�s como o nosso t�o dependente do estado, est�o pouco esclarecidas. Mas quase tudo vai no mesmo sentido. Se houvesse um medidor n�o impressionista do �grau de incomodidade� da comunica��o social face ao poder, ver-se-ia como ele baixou significativamente. Um exemplo: o modo como foi tratada a conflitualidade social, seguindo uma linha governamental, nunca nos dando a ideia da dimens�o do que estava a acontecer e vista sempre numa luz hostil.

O jornalismo econ�mico continua a depender de uma vis�o mais do �econ�mico� do que do �jornal�stico� . Com capacidade para produzir boa informa��o sobre o estado e o governo, revela-se incapaz de tratar as empresas como objecto jornal�stico, mostrando pouca independ�ncia em rela��o aos sectores econ�micos e financeiros que a patrocinam. N�o h� verdadeiras reportagens ou not�cias sobre o que corre mal.

A Antena 2 � demasiado loquaz . Muito se fala naquela r�dio, num tom entre o pedante e o falsamente int�mo, tirando limpidez � m�sica.

*

Madalena Oliveira no

"Nas coisas boas, eu acrescentaria a institui��o dos provedores do ouvinte e do telespectador (embora n�o conhe�amos ainda os nomes que v�o ocupar estes cargos nem o modo como funcionar�o exactamente).

Para as coisas m�s, escolheria tamb�m, por exemplo, a aus�ncia de discuss�o sobre a renova��o das licen�as de televis�o." *

Algumas sugest�es suplementares de Rodrigo Ad�o da Fonseca no

- Tamb�m �s quartas-feiras, as colunas de Paulo Rangel no P�blico , leitura obrigat�ria mesmo para quem tem as agendas mais exigentes;

- As colunas de Vital Moreira no P�blico , descontando os dias em que lhe d� para ser mais Papista que o pr�prio PS;

- O Di�rio Econ�mico , um o�sis na (des)informa��o di�ria, um jornal que soube num contexto de dificuldade para a imprensa escrita ganhar o seu espa�o com personalidade, afirmando um estilo pr�prio, em alguns aspectos inovador, resistindo ao jornalismo populista; um jornal que em 2005 conseguiu crescer e amadurecer-se, tornando uma dificuldade - a mudan�a de director - numa grande oportunidade para se consolidar (na minha humilde opini�o, melhorando at� a olhos vistos sob a al�ada do Martim Avillez Figueiredo); neste momento, o meu primeiro jornal do dia (muitas vezes, quando o tempo � pouco, o �nico)." *

Jo�o Pedro Pereira no

"Numa altura em que a leitura de jornais generalistas est� em queda, n�o podia deixar de concordar mais com Pacheco Pereira quanto aos di�rios gratuitos (...) S�o uma esp�cie de vers�o jornal�stica da literatura light: at� podem n�o ser o melhor (embora isto dependa: o melhor para quem? e para qu�?) e podem ser vistos com desd�m pelos restantes elementos do meio, mas t�m o grande m�rito de p�r gente a ler

*

Sobre as coisas p�ssimas do jornalismo: n�o acredito que tenham ficado esquecidas as in�meras perip�cias jornalisticas sem rigor nem isen��o nem sequer verdadeiro conhecimento do que verdadeiramente se passava e do que estava em causa, que chegavam at� n�s aquando dos acontecimentos urbanos em Fran�a. E a forma como Sarkozy foi cruxificado e Villepin poupado...

(J.) *

Constan�a Cunha e S� na

"� lista de Pacheco Pereira sobre que houve de bom e de p�ssimo na Comunica��o Social em 2005 e lidos os contributos de Rodrigo Ad�o da Fonseca no Blue Lounge tenho apenas a acrescentar duas coisas, uma p�ssima, outra apenas m�:

- A aus�ncia de programas de informa��o nas televis�es generalistas

- O programa de Marcelo Rebello de Sousa com Ana Sousa Dias que serve de contraponto, na RTP, aos coment�rios de Ant�nio Vitorino.

E, j� agora, uma coisa boa, embora eu seja suspeit�ssima, nesta mat�ria - mas at� por isso:

- As cr�nicas de Vasco Pulido Valente no P�blico."

*

No

O melhor na comunica��o social portuguesa em 2005: Di�rio Econ�mico

De entre as v�rias notas positivas que o RAF acresenta � lista de coisas boas e m�s na comunica��o social portuguesa em 2005 elaborada por JPP, n�o quero deixar de destacar o Di�rio Econ�mico, que � de facto um verdadeiro o�sis no panorama nacional. Fa�o votos de que 2006 seja um ano de ainda maior sucesso para o DE e de que o exemplo fa�a escola.

(Andr� Azevedo Alves) (vers�o alfa) - S� o embri�o das entradas, sem nenhuma ordem valorativa, esperando complet�-las, acrescent�-las e corrigi-las, com as sugest�es dos leitores. Como s� cito o que "consumi", a r�dio, que pouco ouvi, est� em falta.entre outros sobre Luis Pacheco, Glic�nia Quartim, Jo�o Vieira, Fernanda Botelho, etc.(declara��o de interesses: o Abrupto foi o iniciador, mas hoje pertencem a todos.) - A quest�o dos �estudos da OTA� que se tornou a segunda quest�o mais determinante do debate p�blico sobre a OTA (a primeira foi e � �faz-se ou n�o se faz�), deveu-se � persist�ncia dos blogues, e n�o da comunica��o social fora da rede, que s� a assumiu quando n�o a podia evitar. Depois, tornou-se parte integrante do �problema OTA�.(pela segunda vez na lista das �coisas boas�) � Os blogues especializados em �comunica��o� em sentido lato s�o o melhor conjunto de blogues com um tema espec�fico na blogosfera portuguesa. Exemplos: Engrenagem Blogouve-se , etc.) - (pela segunda vez na lista das �coisas boas�).- o melhor exemplo foi o de C�ndida Pinto sobre Snu Abecassis, mas ,durante todo o ano, foram sempre as melhores reportagens jornal�sticas de tipo documental, de �grande informa��o� ou em anexo aos notici�rios.(declara��o de interesses: participo num programa da SICN.)Repito pela segunda vez: �� de grande qualidade.� um divulgador especializado com grandes qualidades comunicativas." Margens de Erro de Pedro Magalh�es, o �nosso� explicador das sondagens e muito mais. Um exemplo de um blogue que acrescenta.: pode ter todos os defeitos da "atmosfera", mas tem tamb�m qualidades que s� h� na blogosfera.(pela segunda vez na lista das �coisas boas�). Repito: �A.�(Em breve referirei os que me pareceram mais importantes.)(pela segunda vez e com a mesma declara��o de interesses). A� o �rg�o de comunica��o social portuguesa mais subestimado, v�tima das �sinergias� que lhe faltam: n�o tem quem puxe pelas suas not�cias nos outros �rg�os de comunica��o social. Mas que tem not�cias, isso tem.como o Destak . Para muita gente significa mais not�cias que nunca iriam encontrar, ou melhor, ler, noutro lado. Isto s� pode ser considerado um acrescento na "comunica��o", na cidadania.� Entre o, que sobe, os jornais gr�tis, os blogues, e a informa��o em linha, a imprensa generalista cai. Para responder � queda molda-se ao que pensa dar sucesso, o �social�, o �econ�mico�, e temo que as reestrutura��es em curso nos grandes jornais valorizem ainda mais a superficialidade do produto. Se for assim, � s� uma quest�o de tempo para cair ainda mais, porque nesse terreno outros fazem melhor.nunca acrescentam nada e s�o claramente limitados por uma vontade de ortodoxia, que � uma vontade de carreira pol�tica. Leg�timo, mas n�o chega para comentar sob aquela forma e com aquele estatuto, quando n�o se tem mais nada para dar. Pode-se ter �� sobre os coment�rios de Marcelo, mas estes s�o um �facto comunicacional� imposs�vel de passar ao lado. Podem ter (t�m) agenda pol�tica, s�o superficiais e ligeiros, mas ultrapassam os defeitos do seu autor, pelas suas qualidades no meio. Marcelo � umcomunicacional, Vitorino n�o �.(pela segunda vez.) � Agora que se sabe de quem � a responsabilidade, � de Jos� Ant�nio Saraiva, que as faz sozinho numa forma de medita��o transcendental como nos disse em entrevista �, espera-se que Henrique Monteiro acabe com elas.� Mais um exemplo de �masturba��o da dor� como sensacionalismo jornal�stico, ao ritmo das grandiosas imagens das vagas do maremoto. Se n�o houvesse imagens t�o poderosas, turistas estrangeiros e destinos de f�rias como Puket atingidos, o tratamento comunicacional seria o que foi dado ao terramoto paquistan�s, ou seja quase nulo. N�o � a dimens�o da trag�dia que conta, mas a sua espectacularidade.� O contra-exemplo ao tratamento do tsunami: �inforopini�o� politizada ao extremo, �masturba��o da culpa� em vez de �masturba��o da dor�. N�meros fant�sticos, previs�es apocal�pticas, dedo apontado a Bush em cada segundo, e quase nula compaix�o pelas v�timas. A cidade �destru�da� l� est� a funcionar, ferida, mas viva. As dezenas de milhares de mortos anunciados continuam por descobrir, mas ningu�m entende que deva corrigir alguma coisa.� A pseudo-hist�ria mais fant�stica da nossa comunica��o social em 2005, que, desde o primeiro minuto, parecia a qualquer pessoa sensata, muito bizarra.Passou do sensacionalismo, para a demoniza��o pol�tica anti-emigrantes e racista, para depois, no, se tornar demoniza��o pol�tica anti-racista ao estilo do �SOS Racismo�, ou seja do Bloco de Esquerda. Como era uma hist�ria (falsa) que �favorecia a direita� anti-emigrantes foi desmontada e contrariada. Quantas, ao contr�rio, que �favorecem a esquerda�, e igualmente falsas nunca s�o desmontadas?� O ano passado era a �central de comunica��es� de Santana Lopes, este ano � a gest�o mais profissionalizada, com maior colabora��o silenciosa de muitos simpatizantes no meio da comunica��o social, do controlo governativo. As grandes manobras da propriedade, que a montante ou a jusante, incluem sempre o benepl�cito do poder pol�tico num pa�s como o nosso t�o dependente do estado, est�o pouco esclarecidas. Mas quase tudo vai no mesmo sentido. Se houvesse um medidor n�o impressionista do �grau de incomodidade� da comunica��o social face ao poder, ver-se-ia como ele baixou significativamente. Um exemplo: o modo como foi tratada a conflitualidade social, seguindo uma linha governamental, nunca nos dando a ideia da dimens�o do que estava a acontecer e vista sempre numa luz hostil.. Com capacidade para produzir boa informa��o sobre o estado e o governo, revela-se incapaz de tratar as empresas como objecto jornal�stico, mostrando pouca independ�ncia em rela��o aos sectores econ�micos e financeiros que a patrocinam. N�o h� verdadeiras reportagens ou not�cias sobre o que corre mal.. Muito se fala naquela r�dio, num tom entre o pedante e o falsamente int�mo, tirando limpidez � m�sica.Madalena Oliveira no Jornalismo e Comunica��o Algumas sugest�es suplementares de Rodrigo Ad�o da Fonseca no Blue Lounge Jo�o Pedro Pereira no Engrenagem Constan�a Cunha e S� na Minha Rica Casinha No Insurgente

EDP GRRRR....!!!!

Experimentem preparar tudo para um dia de trabalho, arrancado a ferros no meio das Festas, e de repente, come�arem mini-rupturas de energia, tudo em baixo, logo a seguir tudo volta e, de novo, vai abaixo. E, depois de meia manh� nisto, o big bang, cinco horas sem luz, sem computador, sem internet, no in�cio do s�culo XXI, na Europa ocidental, a poucas dezenas de quilometros da capital de um pa�s da gloriosa UE. Seis horas para resolver um problema, excelente! Ganhos de produtividade, excelente! Se n�o tivesse medo de parecer propor um golpe de estado constitucional, n�o seria poss�vel colocar um Secret�rio de Estado a acompanhar o fornecimento de energia e o cumprimento dos contratos da EDP?

Vou colocar isto em linha depressa, antes que v� tudo abaixo outra vez!

P.S. e n�o � que faltou mesmo... e voltou outra vez... Experimentem preparar tudo para um dia de trabalho, arrancado a ferros no meio das Festas, e de repente, come�arem mini-rupturas de energia, tudo em baixo, logo a seguir tudo volta e, de novo, vai abaixo. E, depois de meia manh� nisto, o big bang, cinco horas sem luz, sem computador, sem internet, no in�cio do s�culo XXI, na Europa ocidental, a poucas dezenas de quilometros da capital de um pa�s da gloriosa UE. Seis horas para resolver um problema, excelente! Ganhos de produtividade, excelente! Se n�o tivesse medo de parecer propor um golpe de estado constitucional, n�o seria poss�vel colocar um Secret�rio de Estado a acompanhar o fornecimento de energia e o cumprimento dos contratos da EDP?Vou colocar isto em linha depressa, antes que v� tudo abaixo outra vez!P.S. e n�o � que faltou mesmo... e voltou outra vez...

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(29 de Dezembro)

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O blogue de Assouline marketing , mas percebe-se que o que ele n�o suporta � que o Booker tenha mais prest�gio cultural do que o Goncourt. No dia de hoje, a queixa � com um estudo sobre os t�tulos feitos � medida (outro dia eram as capas):

" Conclusion : 1. ceux qui marchent le mieux sont plus m�taphoriques que litt�raux 2. Le premier mot est le plus souvent un pronom, un verbe ou un adjectif 3. La forme grammaticale est le plus souvent possessive avec un adjectif et un substantif ou les mots "The... of... "

O coment�rio seguinte � puro Assouline: " Mais comment leur faire comprendre que l'inconnu, l'insondable et l'improbable absolus au coeur de la cr�ation litt�raire sont irr�ductibles � des statistiques ? ". Parece um poema de Mallarm�: " l'inconnu, l'insondable et l'improbable absolus ". Assouline aproveita para dizer que, rebelde a estas normas, o t�tulo do seu pr�ximo livro � Rosebud , o que , convenhamos, brilha de originalidade.

*

A muito esclarecedora estat�stica, que deve ser lida com um gr�o de sal, no

"Jornalistas apoiantes de candidatos

Pode n�o ser especialmente relevante, mas a distribui��o de apoiantes identificados como jornalistas nas diversas candidaturas � Presid�ncia da Rep�blica apresenta resultados bastante diversos. Assim:

* Cavaco Silva - 0

* Francisco Lou�� - 0

* Jer�nimo Sousa - 7

* M�rio Soares - 26

* Manuel Alegre - 35." *

Interessante a prolifera��o de pequenos truques nos blogues para aumentar as contagens dos medidores de audi�ncias: coloca��o dos contadores logo � cabe�a, at� antes dos reclames (deve ser por raz�es puramente experimentais), aumento exponencial das autorefer�ncias com liga��es internas, por a� adiante. Espelho meu, espelho meu... O blogue de Assouline La r�publique des livres pode ser lido como uma longa lamenta��o sobre a excel�ncia da edi��o francesa e as maldades superficiais da anglo-sax�nica, um t�pico exerc�cio do chauvinismo franco-gaul�s. Assouline salta l� das suas letras todas as vezes que comenta os pr�mios liter�rios ingleses e americanos, obviamente o resultado de tenebrosas manobras de, mas percebe-se que o que ele n�o suporta � que o Booker tenha mais prest�gio cultural do que o Goncourt. No dia de hoje, a queixa � com um estudo sobre os t�tulos feitos � medida (outro dia eram as capas):O coment�rio seguinte � puro Assouline: "". Parece um poema de Mallarm�: "". Assouline aproveita para dizer que, rebelde a estas normas, o t�tulo do seu pr�ximo livro �, o que , convenhamos, brilha de originalidade.A muito esclarecedora estat�stica, que deve ser lida com um gr�o de sal, no Jornalismo e Comunica��o: Interessante a prolifera��o de pequenos truques nos blogues para aumentar as contagens dos medidores de audi�ncias: coloca��o dos contadores logo � cabe�a, at� antes dos reclames (deve ser por raz�es puramente experimentais), aumento exponencial das autorefer�ncias com liga��es internas, por a� adiante. Espelho meu, espelho meu...

AR PURO

Peter Brown, Rolling Plains, Bernhard Ranch, west of Pawhuska, Oklahoma, 1992 Peter Brown,

EARLY MORNING BLOGS 667

SPEAK ROUGHLY TO YOUR LITTLE BOY

And with that she began nursing her child again, singing a sort of lullaby to it as she did so, and giving it a violent shake at the end of every line:

Speak roughly to your little boy,

And beat him when he sneezes;

He only does it to annoy,

Because he knows it teases."

CHORUS

(in which the cook and the baby joined): -- --

"Wow! wow! wow!"

While the Duchess sang the second verse of

the song, she kept tossing the baby violently up

and down, and the poor little thing howled so,

that Alice could hardly hear the words: -- --

"I speak severely to my boy,

I beat him when he sneezes;

For he can thoroughly enjoy

The pepper when he pleases!"

CHORUS

"Wow! wow! wow!"

(Lewis Carroll)

*

Bom dia! (Lewis Carroll)Bom dia!

EARLY MORNING BLOGS 666

A list of some observation. In a corner, it's warm.

A glance leaves an imprint on anything it's dwelt on.

Water is glass's most public form.

Man is more frightening than its skeleton.

A nowhere winter evening with wine. A black

porch resists an osier's stiff assaults.

Fixed on an elbow, the body bulks

like a glacier's debris, a moraine of sorts.

A millennium hence, they'll no doubt expose

a fossil bivalve propped behind this gauze

cloth, with the print of lips under the print of fringe,

mumbling "Good night" to a window hinge.

(Joseph Brodsky)

*

Bom dia! (Joseph Brodsky)Bom dia!

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(26 de Dezembro)

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Ontem, como hoje, as capas dos livros s�o muito importantes. Hoje,

" As we walk into any bookshop for an impulse purchase, we base our choice on the same superficial attractions as a Casanova walking into a singles bar. And all the new places where books are now sold � the internet, the bookshop�s three-for-two tables, the supermarket � are making us even more likely to judge a book by its cover." *

Bibliofilia, livros, livros velhos.

Amor e Seguran�a. Processos F�ceis para Evitar a Procrea��o , s�lido na sua 10� edi��o, um manual popular de anti-concep��o. Na capa, o mundo das rosas do planeamento familiar, e o dos espinhos, da filharada insegura. O livro � um tratado sobre " as novas aspira��es do povo e do progresso, contra as tradi��es e interesse de uma sociedade velha e rotinaria, na luta do capital contra o pauperismo ", na qual se insere esta " solu��o inesperada [que ] foi encontrada para o problema social. " Obviamente, " o capital teve medo e perseguiu-a ". J� havia causas " fracturantes ".

*

Montras, montras de alfarrabista. A melhor que vi nestes dias foi a da livraria Chamin� da Mota, na Rua das Flores no Porto, aqui mal reproduzida numas fotos de telefone.

No meio, est� um jornal com um artigo de Alves Redol com recomenda��es para quem passa o Natal solit�rio. � volta revistas, gravuras e livros sobre o Natal. O Diabrete com uns Reis Magos ao estilo dos anos trinta, uma p�gina de Ra�l Proen�a, com ilustra��es de Bernardo Marques. O que faz a for�a desta livraria, - a aten��o a materiais n�o-livro, efemera, revistas, folhetos, publica��es que eram tidas como de interesse apenas para o coleccionista -, permitiu esta montra diferente e onde n�o se v� apenas, mas se descobre.

Em complemento, veja-se a lista de Os Melhores Alfarrabistas Portugueses de 2005 no Ontem, como hoje, as capas dos livros s�o muito importantes. Hoje, parece que s�o decisivas Bibliofilia, livros, livros velhos.Um livro de propaganda pr�-URSS da Editorial Calvino. No fim da II Guerra, os livros da Calvino, uma editora do PC do Brasil, eram muito populares em Portugal nos meios da oposi��o. E um fabuloso livro do Dr. Brenner,, s�lido na sua 10� edi��o, um manual popular de anti-concep��o. Na capa, o mundo das rosas do planeamento familiar, e o dos espinhos, da filharada insegura. O livro � um tratado sobre "", na qual se insere esta "" Obviamente, "". J� havia causas "".Montras, montras de alfarrabista. A melhor que vi nestes dias foi a da livraria Chamin� da Mota, na Rua das Flores no Porto, aqui mal reproduzida numas fotos de telefone.No meio, est� um jornal com um artigo de Alves Redol com recomenda��es para quem passa o Natal solit�rio. � volta revistas, gravuras e livros sobre o Natal. Ocom uns Reis Magos ao estilo dos anos trinta, uma p�gina de Ra�l Proen�a, com ilustra��es de Bernardo Marques. O que faz a for�a desta livraria, - a aten��o a materiais n�o-livro, efemera, revistas, folhetos, publica��es que eram tidas como de interesse apenas para o coleccionista -, permitiu esta montra diferente e onde n�o se v� apenas, mas se descobre.Em complemento, veja-se a lista deno Almocreve das Petas

EARLY MORNING BLOGS 665

Vem, vento, varre

A Jos� Rodrigues Migu�is

Vem vento, varre

sonhos e mortos.

Vem vento, varre

medos e culpas.

Quer seja dia,

quer fa�a treva,

varre sem pena,

leva adiante

paz e sossego,

leva contigo

noturnas preces,

press�gios f�nebres,

p�vidos rostos

s� cobardia.

Que fique apenas

erecto e duro

o tronco estreme

de raiz funda.

Leva a do�ura,

se for preciso:

ao canto fundo

basta o que basta.

Vem vento, varre!

(Adolfo Casais Monteiro)

*

Bom dia! A Jos� Rodrigues Migu�is(Adolfo Casais Monteiro)Bom dia!

FIDELIDADE

Todos os anos volto aqui. Diante deste rio t�o opaco de ser l�mpido. L�mpido nas suas inten��es. Rio de absolutas fidelidades. Sem escapes, nem desculpas, nem ilus�es. Rio met�lico, que nos diz simplesmente: chega-te a mim, abusa-me, mente-me, engana-me e eu mato-te. Eu n�o tenho uma foz segura, eu n�o dou porto seguro. Aqui est�-se por sua conta e risco. � por isso que � minha volta as gaivotas est�o sempre em terra. T�o simples como isso.

SE FOREM FESTAS QUE SEJAM BOAS

(Jo�o, desenho) (Jo�o, desenho)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(23 de Dezembro)

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Toda

Alice no Pa�s das Maravilhas para View-Master.

para View-Master.

*

The Probabilistic Age no

Q: Why are people so uncomfortable with Wikipedia? And Google? And, well, that whole blog thing?

A: Because these systems operate on the alien logic of probabilistic statistics, which sacrifices perfection at the microscale for optimization at the macroscale.

Q: Huh?

A: Exactly. Our brains aren't wired to think in terms of statistics and probability. We want to know whether an encyclopedia entry is right or wrong. We want to know that there's a wise hand (ideally human) guiding Google's results. We want to trust what we read. *

Mais um ca�tico

*

Ideias de Fernandez Armesto em portugu�s, reproduzindo na contracapa uma recomenda��o do Abrupto. S� tenho que confirm�-la: um dos melhores livros de divulga��o cultural publicados nos �ltimos tempos.

*

Balan�os no Toda uma hist�ria de um "media morto" que afinal est� mais vivo do que se pensa: o View-Master.no The Long Tail . Come�a assim:Mais um ca�tico Rocketboom com um Pai Natal saltitante e tudo.Sairam asde Fernandez Armesto em portugu�s, reproduzindo na contracapa uma recomenda��o do Abrupto. S� tenho que confirm�-la: um dos melhores livros de divulga��o cultural publicados nos �ltimos tempos.no Da Literatura

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: MAIS AN�IS E MAIS DEDOS EM URANO

OS DIREITOS DO ESTADO E OS NOSSOS

Do mesmo modo que se verificaram abusos com as escutas telef�nicas, est�-se a verificar o mesmo tipo de abusos com o fisco e est� toda a gente caladinha. H� medo nessa caladinha atitude, culpa e medo. A mim n�o me interessa a culpa, mas sim o medo.

Comecemos pelas escutas, porque s�o uma hist�ria exemplar. A sua facilita��o data do ministro Ant�nio Costa num anterior governo Guterres e foi aplaudida com um consenso generalizado. Quem � que n�o queria que pol�cias e magistrados tivessem as armas necess�rias para combater a criminalidade organizada, o grande crime econ�mico, a lavagem de dinheiros, a droga, a corrup��o, as m�fias e o terrorismo? Ningu�m.

Depois aconteceu o que se podia prever, conhecendo melhor o pa�s e as suas gentes. O que devia ser um m�todo de excep��o tornou-se a regra e depois um abuso da regra. N�o se sabe ao certo quantos telefones est�o a ser escutados, mas sabe-se que s�o muitos. O n�mero indicado pelo procurador-geral da Rep�blica de oito mil � preocupante. Depois, o que devia ter objectivos concretos de combate a determinados tipos de criminalidade, que precisa das escutas para a investiga��o e n�o se deixa apanhar por outros meios, tornou-se a primeira e mais f�cil arma de investiga��o, abusada para vigiar mais do que os suspeitos do crime, os "suspeitos" de n�o gostarem do procurador-geral e dos magistrados.

A acusa��o grave que Miguel Sousa Tavares fez e que eu subscrevo � a da utiliza��o das escutas como instrumento de defesa e ataque corporativo por parte de alguns ju�zes e magistrados. � uma acusa��o que n�o precisa de demonstra��o. As escutas divulgadas, puramente do �mbito pol�tico, mostram que algu�m (e esse algu�m s� podem ter sido pol�cias, magistrados ou ju�zes) abusou de um instrumento especialmente delicado, desviando-o da sua finalidade exclusiva, sem cuidar da regra que imp�e o seu uso apenas em casos de necessidade justificados. E esse "algu�m" f�-lo n�o tanto atrav�s da viola��o do segredo de justi�a (de que n�o sabemos quem tem responsabilidade), mas pela realiza��o, transcri��o e anexa��o de escutas indevidamente realizadas a processos em que era s� uma quest�o de tempo at� virem a p�blico (e aqui sabemos quem tem responsabilidade). A intencionalidade das escutas - apanhando conversas de pol�ticos sobre a magistratura e o procurador-geral da Rep�blica - mostra a sua gravidade, porque n�o � crime nenhum ter dessas conversas, s� � ilegal escut�-las e divulg�-las.

Mesmo que n�o houvesse uma inten��o perversa, h� certamente grave neglig�ncia. D� trabalho e exige profissionalismo fazer investiga��o usando os recursos tradicionais, logo usam-se as escutas indiscriminadamente porque � mais f�cil. A neglig�ncia que j� existia na investiga��o tradicional emigra para as escutas. Estas, mesmo em processos em que seria leg�timo serem usadas, s�o muitas vezes feitas de tal maneira descuidada que acabam por ser anuladas como meio de prova. Tudo vive do puro facilitismo - d�-se-lhes a bomba de neutr�es e eles, em vez de usarem uma vulgar granada ofensiva, matam tudo � volta, usando a bomba e n�o a granada. � como matar os peixes a dinamite, para apanhar um, morre o rio ou o lago inteiro.

H� quem diga, talvez com alguma raz�o, que at� agora n�o houve problemas porque n�o se tratava de escutas a figuras p�blicas e a pol�ticos. � verdade, mas pode tornar-se mentira quando se trata n�o apenas de escutas, mas da combina��o de escutas indevidas com viola��o de segredo de justi�a. Ora isso n�o acontece com as pessoas comuns, porque a� ningu�m est� interessado em divulgar as escutas e aqui est�. A combina��o entre escutas de conversas, sem conte�do criminal ou utilidade processual, e a sua divulga��o para atingir os seus autores como figuras p�blicas lan�a uma luz tenebrosa sobre as duas coisas: as escutas e a viola��o do segredo de justi�a.

Pode haver sempre a tese conspirativa de que as fugas se destinam a "queimar" as escutas e a abrir caminho contra a sua utiliza��o leg�tima. Pode, de facto, ser verdade, porque a ingenuidade nunca fez bem a ningu�m nestes casos. Mas se n�o fosse a real incompet�ncia e abuso j� verificados teria sido assim t�o f�cil "queim�-las"? Se magistrados, pol�cias e ju�zes n�o tivessem sido t�o facilitistas e abusadores com o poderoso instrumento que tinham nas suas m�os, teria sido poss�vel este backlash contra as escutas, que se arrisca a permitir que criminosos fiquem por punir, apenas porque se abusou de um meio de investiga��o e prova?

Mesmo que siga a explica��o mais simples, a de que em Portugal tudo isto acontece por uma combina��o de neglig�ncia, facilitismo, arrog�ncia (e a arrog�ncia corporativa � maior no seio da justi�a do que em outras �reas profissionais), os sinais s�o perigosos quando vemos o mesmo tipo de mecanismo emergir na administra��o fiscal. No fisco est� a caminhar-se no mesmo caminho que levou Ant�nio Costa a abrir a porta a todas as escutas. Como no caso da legisla��o de Costa, a atitude expedita do fisco � saudada pela opini�o p�blica, que aceita sem segundos pensamentos tudo o que pare�a puni��o populista. A fraude e a evas�o fiscal s�o muito importantes em Portugal, mas duvido que este tipo de m�todos e processos apanhem mais do que os mais fracos e os que t�m menos responsabilidade e meios, para deixarem impunes os mais poderosos e assessorados.

Para al�m do mais, e volto ao paralelo com as escutas, muito do que est� a ser feito no fisco revela a real incapacidade dos servi�os para investigar como deve ser, preferindo m�todos universais e expeditos de suspei��o, baseando-se numa desconfian�a gen�rica do fisco para com os contribuintes, que trata como sendo sempre culpados salvo prova em contr�rio. A ideia ventilada entre outros pelo Presidente da Rep�blica, e saudada pelo fisco que j� a aplica, conduz � generaliza��o da invers�o do �nus da prova, ou seja, somos culpados e temos de provar que somos inocentes Este tipo de m�todos protege a inefic�cia da administra��o fiscal e diminui significativamente os direitos dos contribuintes honestos e cumpridores, amalgamados cada vez mais com os que o n�o s�o.

J� experimentaram tentar saber se devem alguma coisa ao fisco e nunca receber uma resposta clara, ou, recebendo-a, uma semana depois descobrir que afinal deviam alguma coisa, que afinal verdadeiramente n�o deviam? J� experimentaram, numa selva cada vez mais complicada de impressos, f�rmulas e procedimentos, ter a sensa��o kafkiana de subirem uma espiral de culpa, de juros e san��es sem qualquer defesa? A escalada neste processo est� em pleno curso, acompanhando um fisco que se torna cada vez mais complicado e burocr�tico, onde os erros s�o inevit�veis, crescentes e muito dif�ceis de corrigir. N�o basta remeter para a Internet para desanuviar as reparti��es, � preciso ter em conta que a complexidade das declara��es � enorme e os mecanismos hostis a quem queira ser honesto e f�ceis de ludibriar por quem tenha dinheiro para pagar consultadorias fiscais.

O fisco anuncia agora, com aplauso generalizado, ir publicar uma lista dos devedores como san��o e opr�brio p�blico. Pode-se admitir que ao fisco seja dada possibilidade de publicita��o de "listas negras", s� que tal n�o deve ser feito sem uma concomitante responsabiliza��o. O fisco pode publicar as listas que entender, mas tem de garantir a sua fidedignidade e pagar pelos seus enganos. Publicam a lista, mas seria bem estarem obrigados por lei ou norma a rectificar com publicidade maior os seus enganos, pedindo desculpas aos contribuintes publicamente e indemnizando-os. Se for assim, acredito que qualquer lista vai ser feita com o m�ximo cuidado, se n�o for assim, vai l� parar tudo de modo atabalhoado e basta 5 por cento de erros para atingir milhares de pessoas.

Ningu�m se pergunta por que raz�o a primeira lista a ser publicada n�o devia ser a dos autores de fraudes ao fisco ou dos grandes devedores. Se � verdade que essa lista tem 800 mil contribuintes em falta, algo de mal existe tanto no fisco como nos putativos devedores, que v�o ser amalgamados numa lista em que coexistem situa��es muito distintas. O seu n�mero anunciado revela muitos outros fen�menos sociais antes de revelar comportamentos censur�veis. E revela tamb�m a gigantesca incapacidade administrativa do fisco em lidar com as d�vidas que deixou acumular.

Estes m�todos expeditos de actua��o, mexendo com a dignidade p�blica de cada um, que � a "san��o" da lista, podem agradar ao populismo f�cil e encher os cofres do Estado momentaneamente, mas nunca impedir�o a fraude fiscal, ao mesmo tempo que v�o erodindo os nossos direitos e garantias. Porque, do mesmo modo que os cidad�os o s�o porque pagam impostos para a sua comunidade, n�o podem ver os seus direitos, a come�ar pela sua imagem p�blica, postos em causa por erros da administra��o, que deve saber que tamb�m tem de pagar por esses erros e com juros. No dia em que o Estado e os seus agentes pagarem pelos seus erros, como os cidad�os pagam, talvez se tornem mais eficazes e respons�veis e tenham mais respeito pelos direitos comuns, os direitos dos homens comuns.

(No P�blico de hoje.) Do mesmo modo que se verificaram abusos com as escutas telef�nicas, est�-se a verificar o mesmo tipo de abusos com o fisco e est� toda a gente caladinha. H� medo nessa caladinha atitude, culpa e medo. A mim n�o me interessa a culpa, mas sim o medo.Comecemos pelas escutas, porque s�o uma hist�ria exemplar. A sua facilita��o data do ministro Ant�nio Costa num anterior governo Guterres e foi aplaudida com um consenso generalizado. Quem � que n�o queria que pol�cias e magistrados tivessem as armas necess�rias para combater a criminalidade organizada, o grande crime econ�mico, a lavagem de dinheiros, a droga, a corrup��o, as m�fias e o terrorismo? Ningu�m.Depois aconteceu o que se podia prever, conhecendo melhor o pa�s e as suas gentes. O que devia ser um m�todo de excep��o tornou-se a regra e depois um abuso da regra. N�o se sabe ao certo quantos telefones est�o a ser escutados, mas sabe-se que s�o muitos. O n�mero indicado pelo procurador-geral da Rep�blica de oito mil � preocupante. Depois, o que devia ter objectivos concretos de combate a determinados tipos de criminalidade, que precisa das escutas para a investiga��o e n�o se deixa apanhar por outros meios, tornou-se a primeira e mais f�cil arma de investiga��o, abusada para vigiar mais do que os suspeitos do crime, os "suspeitos" de n�o gostarem do procurador-geral e dos magistrados.A acusa��o grave que Miguel Sousa Tavares fez e que eu subscrevo � a da utiliza��o das escutas como instrumento de defesa e ataque corporativo por parte de alguns ju�zes e magistrados. � uma acusa��o que n�o precisa de demonstra��o. As escutas divulgadas, puramente do �mbito pol�tico, mostram que algu�m (e esse algu�m s� podem ter sido pol�cias, magistrados ou ju�zes) abusou de um instrumento especialmente delicado, desviando-o da sua finalidade exclusiva, sem cuidar da regra que imp�e o seu uso apenas em casos de necessidade justificados. E esse "algu�m" f�-lo n�o tanto atrav�s da viola��o do segredo de justi�a (de que n�o sabemos quem tem responsabilidade), mas pela realiza��o, transcri��o e anexa��o de escutas indevidamente realizadas a processos em que era s� uma quest�o de tempo at� virem a p�blico (e aqui sabemos quem tem responsabilidade). A intencionalidade das escutas - apanhando conversas de pol�ticos sobre a magistratura e o procurador-geral da Rep�blica - mostra a sua gravidade, porque n�o � crime nenhum ter dessas conversas, s� � ilegal escut�-las e divulg�-las.Mesmo que n�o houvesse uma inten��o perversa, h� certamente grave neglig�ncia. D� trabalho e exige profissionalismo fazer investiga��o usando os recursos tradicionais, logo usam-se as escutas indiscriminadamente porque � mais f�cil. A neglig�ncia que j� existia na investiga��o tradicional emigra para as escutas. Estas, mesmo em processos em que seria leg�timo serem usadas, s�o muitas vezes feitas de tal maneira descuidada que acabam por ser anuladas como meio de prova. Tudo vive do puro facilitismo - d�-se-lhes a bomba de neutr�es e eles, em vez de usarem uma vulgar granada ofensiva, matam tudo � volta, usando a bomba e n�o a granada. � como matar os peixes a dinamite, para apanhar um, morre o rio ou o lago inteiro.H� quem diga, talvez com alguma raz�o, que at� agora n�o houve problemas porque n�o se tratava de escutas a figuras p�blicas e a pol�ticos. � verdade, mas pode tornar-se mentira quando se trata n�o apenas de escutas, mas da combina��o de escutas indevidas com viola��o de segredo de justi�a. Ora isso n�o acontece com as pessoas comuns, porque a� ningu�m est� interessado em divulgar as escutas e aqui est�. A combina��o entre escutas de conversas, sem conte�do criminal ou utilidade processual, e a sua divulga��o para atingir os seus autores como figuras p�blicas lan�a uma luz tenebrosa sobre as duas coisas: as escutas e a viola��o do segredo de justi�a.Pode haver sempre a tese conspirativa de que as fugas se destinam a "queimar" as escutas e a abrir caminho contra a sua utiliza��o leg�tima. Pode, de facto, ser verdade, porque a ingenuidade nunca fez bem a ningu�m nestes casos. Mas se n�o fosse a real incompet�ncia e abuso j� verificados teria sido assim t�o f�cil "queim�-las"? Se magistrados, pol�cias e ju�zes n�o tivessem sido t�o facilitistas e abusadores com o poderoso instrumento que tinham nas suas m�os, teria sido poss�vel estecontra as escutas, que se arrisca a permitir que criminosos fiquem por punir, apenas porque se abusou de um meio de investiga��o e prova?Mesmo que siga a explica��o mais simples, a de que em Portugal tudo isto acontece por uma combina��o de neglig�ncia, facilitismo, arrog�ncia (e a arrog�ncia corporativa � maior no seio da justi�a do que em outras �reas profissionais), os sinais s�o perigosos quando vemos o mesmo tipo de mecanismo emergir na administra��o fiscal. No fisco est� a caminhar-se no mesmo caminho que levou Ant�nio Costa a abrir a porta a todas as escutas. Como no caso da legisla��o de Costa, a atitude expedita do fisco � saudada pela opini�o p�blica, que aceita sem segundos pensamentos tudo o que pare�a puni��o populista. A fraude e a evas�o fiscal s�o muito importantes em Portugal, mas duvido que este tipo de m�todos e processos apanhem mais do que os mais fracos e os que t�m menos responsabilidade e meios, para deixarem impunes os mais poderosos e assessorados.Para al�m do mais, e volto ao paralelo com as escutas, muito do que est� a ser feito no fisco revela a real incapacidade dos servi�os para investigar como deve ser, preferindo m�todos universais e expeditos de suspei��o, baseando-se numa desconfian�a gen�rica do fisco para com os contribuintes, que trata como sendo sempre culpados salvo prova em contr�rio. A ideia ventilada entre outros pelo Presidente da Rep�blica, e saudada pelo fisco que j� a aplica, conduz � generaliza��o da invers�o do �nus da prova, ou seja, somos culpados e temos de provar que somos inocentes Este tipo de m�todos protege a inefic�cia da administra��o fiscal e diminui significativamente os direitos dos contribuintes honestos e cumpridores, amalgamados cada vez mais com os que o n�o s�o.J� experimentaram tentar saber se devem alguma coisa ao fisco e nunca receber uma resposta clara, ou, recebendo-a, uma semana depois descobrir que afinal deviam alguma coisa, que afinal verdadeiramente n�o deviam? J� experimentaram, numa selva cada vez mais complicada de impressos, f�rmulas e procedimentos, ter a sensa��o kafkiana de subirem uma espiral de culpa, de juros e san��es sem qualquer defesa? A escalada neste processo est� em pleno curso, acompanhando um fisco que se torna cada vez mais complicado e burocr�tico, onde os erros s�o inevit�veis, crescentes e muito dif�ceis de corrigir. N�o basta remeter para a Internet para desanuviar as reparti��es, � preciso ter em conta que a complexidade das declara��es � enorme e os mecanismos hostis a quem queira ser honesto e f�ceis de ludibriar por quem tenha dinheiro para pagar consultadorias fiscais.O fisco anuncia agora, com aplauso generalizado, ir publicar uma lista dos devedores como san��o e opr�brio p�blico. Pode-se admitir que ao fisco seja dada possibilidade de publicita��o de "listas negras", s� que tal n�o deve ser feito sem uma concomitante responsabiliza��o. O fisco pode publicar as listas que entender, mas tem de garantir a sua fidedignidade e pagar pelos seus enganos. Publicam a lista, mas seria bem estarem obrigados por lei ou norma a rectificar com publicidade maior os seus enganos, pedindo desculpas aos contribuintes publicamente e indemnizando-os. Se for assim, acredito que qualquer lista vai ser feita com o m�ximo cuidado, se n�o for assim, vai l� parar tudo de modo atabalhoado e basta 5 por cento de erros para atingir milhares de pessoas.Ningu�m se pergunta por que raz�o a primeira lista a ser publicada n�o devia ser a dos autores de fraudes ao fisco ou dos grandes devedores. Se � verdade que essa lista tem 800 mil contribuintes em falta, algo de mal existe tanto no fisco como nos putativos devedores, que v�o ser amalgamados numa lista em que coexistem situa��es muito distintas. O seu n�mero anunciado revela muitos outros fen�menos sociais antes de revelar comportamentos censur�veis. E revela tamb�m a gigantesca incapacidade administrativa do fisco em lidar com as d�vidas que deixou acumular.Estes m�todos expeditos de actua��o, mexendo com a dignidade p�blica de cada um, que � a "san��o" da lista, podem agradar ao populismo f�cil e encher os cofres do Estado momentaneamente, mas nunca impedir�o a fraude fiscal, ao mesmo tempo que v�o erodindo os nossos direitos e garantias. Porque, do mesmo modo que os cidad�os o s�o porque pagam impostos para a sua comunidade, n�o podem ver os seus direitos, a come�ar pela sua imagem p�blica, postos em causa por erros da administra��o, que deve saber que tamb�m tem de pagar por esses erros e com juros. No dia em que o Estado e os seus agentes pagarem pelos seus erros, como os cidad�os pagam, talvez se tornem mais eficazes e respons�veis e tenham mais respeito pelos direitos comuns, os direitos dos homens comuns.(Node hoje.)

EM PREPARA��O: A VERS�O 1.0 DE

"BOAS COISAS / P�SSIMAS COISAS NO JORNALISMO PORTUGU�S EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR"

A exemplo do que fiz no in�cio de 2004, estou a preparar uma lista de boas e m�s coisas no jornalismo portugu�s no ano passado, do meu ponto de vista enquanto consumidor compulsivo. Aceitam-se sugest�es.

A vers�o anterior, com os coment�rios, est� no A exemplo do que fiz no in�cio de 2004, estou a preparar uma lista de boas e m�s coisas no jornalismo portugu�s no ano passado, do meu ponto de vista enquanto consumidor compulsivo. Aceitam-se sugest�es.A vers�o anterior, com os coment�rios, est� no arquivo do Abrupto de Janeiro de 2005.

OUVINDO "DEVIL GOT MY WOMAN" DE "SKIP" JAMES

I'd rather be the devil, to be that woman man

I'd rather be the devil, to be that woman man

Aw, nothin' but the devil, changed my baby's mind

Was nothin' but the devil, changed my baby's mind

I laid down last night, laid down last night

I laid down last night, tried to take my rest

My mind got to ramblin', like a wild geese

From the west, from the west

The woman I love, woman that I loved

Woman I loved, took her from my best friend

But he got lucky, stoled her back again

And he got lucky, stoled her back again

QUADROS DE UMA EXPOSI��O:

9. NOITE DE LUAR NO DNEPER (KUINJI)

(Notas em breve.) (Notas em breve.)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(22 de Dezembro)

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Morreu a "cultura de massas"? Uma

"The real story isn't so much the death of the old mass culture or the rise of a new, fragmented technoculture, but the empowerment of the American consumer � which isn't quite the same as the American citizen.

Beyond racing out to get the must-hear Mariah Carey single and see Hollywood's 10-ton gorillas, We, the People are poring over iTunes playlists of friends, celebrities and strangers to find music that matches our personal preferences. And tapping services like Pandora to stream customized "radio stations" into our PCs. And browsing the endless virtual shopping aisles of opinion and analysis in the blogosphere.

En masse, people not named Rupert Murdoch or Ted Turner are using increasingly accessible technology to wrest control of cultural production � creating, curating and critiquing their own output and nudging along its consumption. An enterprising anarchist-death metal band, say, can make a video, post it on MySpace, sell its home-pressed CD off the Web and develop a base of fans who chat, post reviews and forward the video link to friends." *

Boa frase de blogue: " Aquele homem sofria de um caso de dupla personalidade. E quando come�ou a chocar com os m�veis e as paredes, percebeu que estava a ser dominado pelo seu alter-cego. "(No

*

Nos artigos de Augusto M. Seabra, no "desligado" P�blico , t�m vindo a ser publicados dados preciosos sobre a promiscuidade no sector da arte e da cultura, entre curadores de museus, comiss�rios de exposi��es e respons�veis por fundos de investimento privado em arte, que raras vezes s�o sujeitos a escrut�nio p�blico. H� a� muito a fazer, rompendo um sil�ncio de grupos de amigos e de interesses, que afecta a imprensa especializada, que n�o se comporta com crit�rios jornal�sticos, mas como extens�o desses grupos. Ali�s seria interessante tamb�m saber mais sobre as principais produtoras de programas "culturais" e recreativos para a televis�o, e a natureza quase monopolista das suas rela��es, por exemplo, com a televis�o p�blica. H� a� todo um mundo de interesses que vive na obscuridade, e que merecia uma parte da ainda bruxuleante luz que j� existe para o mundo da pol�tica e dos neg�cios, e que se esbo�a muito timidamente no mundo das sociedades de advogados, e no jornalismo econ�mico.

Exemplos retirados do artigo de hoje de Augusto M. Seabra, inserido numa pol�mica com a Ministra da Cultura:

"Sabem os leitores do P�BLICO; e saber� a ministra da Cultura, que Pedro Lapa, director desse museu, declarou desempenhar "parcialmente fun��es de curador na Ellipse Foundation"; assim sendo, � tamb�m "parcialmente" que desempenha as fun��es no museu. Quem autorizou esta acumula��o? Como se adequa ela, e ao abrigo de que excep��o, com o regime de exclusividade de dirigentes da administra��o p�blica, ora consignado no artigo 14, n�2, da Lei n�51/2005? Que rela��o julga a tutela existir entre o desempenho "parcial" das fun��es p�blicas e a prossecu��o ou abandono de facto das actividades estatut�rias do museu? Tem havido ou n�o, em consequ�ncia, uma quebra da frequ�ncia? Foram feitos "periodicamente estudos de p�blico e de avalia��o", de acordo com o artigo 57 da Lei n�47/2004, Lei-Quadro dos Museus? Que plano anual de actividades apresentou o director do museu � tutela nos termos do artigo 44 da mesma lei?

Como tamb�m � p�blico, e verific�vel em www.ellipsefoundation.com, s�o curadores desse fundo de investimento em arte do Banco Privado Portugu�s Pedro Lapa e Alexandre Melo, assessor cultural do primeiro-ministro. Como � p�blico, houve promiscuidade de interesses na exposi��o dedicada a James Coleman, e, acrescento eu, na de William Kentridge, ainda patente - pois que mesmo que as c�pias em exibi��o provenham da galeria Marian Goodman, e podendo ser das destinadas a circular, outras c�pias, e para todos os efeitos a mesma obra, foram adquiridas pela Ellipse. Um museu nacional foi transformado num usufruto privado, Chez Lapa ao Chiado." *

A discuss�o sobre a A CAPA DA EDI��O DE SEXTA-FEIRA DO P�BLICO (a do King Kong) resumida e comentada no

*

Para melhorar a cobertura de debates e usar todas as potencialidades da rede, Morreu a "cultura de massas"? Uma resposta no Los Angeles Times Boa frase de blogue: ""(No voo cego a nada ).Nos artigos de Augusto M. Seabra, no "desligado", t�m vindo a ser publicados dados preciosos sobre a promiscuidade no sector da arte e da cultura, entre curadores de museus, comiss�rios de exposi��es e respons�veis por fundos de investimento privado em arte, que raras vezes s�o sujeitos a escrut�nio p�blico. H� a� muito a fazer, rompendo um sil�ncio de grupos de amigos e de interesses, que afecta a imprensa especializada, que n�o se comporta com crit�rios jornal�sticos, mas como extens�o desses grupos. Ali�s seria interessante tamb�m saber mais sobre as principais produtoras de programas "culturais" e recreativos para a televis�o, e a natureza quase monopolista das suas rela��es, por exemplo, com a televis�o p�blica. H� a� todo um mundo de interesses que vive na obscuridade, e que merecia uma parte da ainda bruxuleante luz que j� existe para o mundo da pol�tica e dos neg�cios, e que se esbo�a muito timidamente no mundo das sociedades de advogados, e no jornalismo econ�mico.Exemplos retirados do artigo de hoje de Augusto M. Seabra, inserido numa pol�mica com a Ministra da Cultura:A discuss�o sobre a(a do King Kong) resumida e comentada no IND�STRIAS CULTURAIS . J� agora, voto em Rog�rio Santos para Pai Natal da blogosfera...Para melhorar a cobertura de debates e usar todas as potencialidades da rede, esta sugest�o do Poynter Online com origem canadiana.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(21 de Dezembro)

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H� v�rios quadros de John Frederick Peto (como estes) que competem pelo lugar do Malhoa que est� aqui em cima, quando finalmente escolher um novo nome para este " stream ". O Malhoa � mais solar, e mais activo, mas as " letter racks " de Peto mostram melhor a diversidade do que cabe no LENDO / VENDO /OUVINDO . Em breve, colocarei aqui as muitas sugest�es, entretanto recebidas, de nomes enviadas pelos leitores.

*

Nesta campanha presidencial h� uma estreia: � a primeira vez que aparecem genu�nos blogues ligados a candidaturas, que participam de parte inteira na cultura e no estilo pr�prio da blogosfera e que n�o s�o transplantes artificiais feitos a martelo. � o caso do

*

Na SIC Not�cias, Bocage � descrito como "cliente da noite". N�o est� mal. H� v�rios quadros de John Frederick Peto (como estes) que competem pelo lugar do Malhoa que est� aqui em cima, quando finalmente escolher um novo nome para este "". O Malhoa � mais solar, e mais activo, mas as "" de Peto mostram melhor a diversidade do que cabe no. Em breve, colocarei aqui as muitas sugest�es, entretanto recebidas, de nomes enviadas pelos leitores.Nesta campanha presidencial h� uma estreia: � a primeira vez que aparecem genu�nos blogues ligados a candidaturas, que participam de parte inteira na cultura e no estilo pr�prio da blogosfera e que n�o s�o transplantes artificiais feitos a martelo. � o caso do Pulo do Lobo e do Super M�rio Na SIC Not�cias, Bocage � descrito como "cliente da noite". N�o est� mal.

QUADROS DE UMA EXPOSI��O:

8. RETRATO DE LEV TOLSTOY (REPIN )

(Notas em breve.) (Notas em breve.)

COISAS COMPLICADAS

John Frederick Peto John Frederick Peto

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(20 de Dezembro)

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A mais cega e por isso mais divertida nota de qualquer blogue nesta campanha eleitoral: no

"Ter�a-feira, Dezembro 20, 2005 RTP1, 20.45 Imaginem o Cavaco quando este Homem lhe aparecer pela frente. Filipe 11:16 AM"

*

Stephen Metcalf, Slate :

"Lolita turns 50 this year, and having stayed so perverse, it remains fresh as ever. To fully appreciate its perversity, though, one must first appreciate that it is not obscene. Your run-of-the-mill obscene masterwork�Tropic of Cancer, say�demands that you, enlightened reader, work your way past the sex and excrement to recognize how beautiful it is. But with Lolita, you must work past its beauty to recognize how shocking it is. And for all its beauty, for all its immense ingenuity and humor, one easily forgets how shocking Lolita is. " *

No Independent , Now for some good news:

"Democracy returns to Afghanistan after 30 years... Chocolate helps reduce the risk of heart disease... House prices are on the rise again... Belfast hosts gay wedding... More trains are running on time... Dramatic fall in the fear of crime... The corncrake returns to Britain's shores... 60 per cent of tsunami victims find new jobs..." *

O "nosso" Macau: Le Monde .

*

Como se faz um modismo jornal�stico: de h� dias para c�, tornou-se habitual a designa��o "trabalhadores do sexo", que nunca era usada antes na comunica��o social. Bastou uma confer�ncia de imprensa muito anunciada, a prop�sito da constitui��o de um sindicato dos ditos "trabalhadores". J� houve outros modismos deste tipo que entretanto quase desapareceram, como o "Timor Lorosae". A mais cega e por isso mais divertida nota de qualquer blogue nesta campanha eleitoral: no Super M�rio Fim de cita��o. Imagino, imagino...Cavaco e os portugueses no dia 22 de Janeiro.Stephen Metcalf, "Lolita at 50. Is Nabokov's masterpiece still shocking?" noNoO "nosso" Macau: "Macao "l'enfer du jeu" flambe toujours !" noComo se faz um modismo jornal�stico: de h� dias para c�, tornou-se habitual a designa��o "trabalhadores do sexo", que nunca era usada antes na comunica��o social. Bastou uma confer�ncia de imprensa muito anunciada, a prop�sito da constitui��o de um sindicato dos ditos "trabalhadores". J� houve outros modismos deste tipo que entretanto quase desapareceram, como o "Timor Lorosae".

EARLY MORNING BLOGS 664

Algumas Proposi��es com P�ssaros e �rvores que o Poeta Remata com uma Refer�ncia ao Cora��o

Os p�ssaros nascem na ponta das �rvores

As �rvores que eu vejo em vez de fruto d�o p�ssaros

Os p�ssaros s�o o fruto mais vivo das �rvores

Os p�ssaros come�am onde as �rvores acabam

Os p�ssaros fazem cantar as �rvores

Ao chegar aos p�ssaros as �rvores engrossam movimentam-se

deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal

Como p�ssaros poisam as folhas na terra

quando o outono desce veladamente sobre os campos

Gostaria de dizer que os p�ssaros emanam das �rvores

mas deixo essa forma de dizer ao romancista

� complicada e n�o se d� bem na poesia

n�o foi ainda isolada da filosofia

Eu amo as �rvores principalmente as que d�o p�ssaros

Quem � que l� os pendura nos ramos?

De quem � a m�o a in�mera m�o?

Eu passo e muda-se-me o cora��o

(Ruy Belo)

*

Bom dia! (Ruy Belo)Bom dia!

QUADROS DE UMA EXPOSI��O:

7. APOTEOSE DA GUERRA (VERESHCHAGIN )

Vasily Vereshchagin foi, quase toda a sua vida, pintor e militar. Conhecia bem os campos de batalha russos, os campos de batalha das fronteiras do leste e do sul, entre o C�ucaso e as velhas cidades que tinham sido de Tamerl�o e Gengis C�o. Pintou como ningu�m esses extremos de viol�ncia e exotismo, essas terras bravas onde governavam emires cru�is e onde ningu�m entrava. Muita da hist�ria russa fez-se nesse confronto com fronteiras de outras religi�es, outras ra�as e outras civiliza��es. Vereshchagin pintava a desola��o e a crueldade da guerra, de tal maneira que foi considerado anti-patriota, ele que sempre se destacou pela coragem na frente de combate. Alguns dos seus quadros t�m para os russos um valor ic�nico, e s�o conhecidos por todos. Vasily Vereshchagin foi, quase toda a sua vida, pintor e militar. Conhecia bem os campos de batalha russos, os campos de batalha das fronteiras do leste e do sul, entre o C�ucaso e as velhas cidades que tinham sido de Tamerl�o e Gengis C�o.Pintou como ningu�m esses extremos de viol�ncia e exotismo, essas terras bravas onde governavam emires cru�is e onde ningu�m entrava. Muita da hist�ria russa fez-se nesse confronto com fronteiras de outras religi�es, outras ra�as e outras civiliza��es. Vereshchagin pintava a desola��o e a crueldade da guerra, de tal maneira que foi considerado anti-patriota, ele que sempre se destacou pela coragem na frente de combate. Alguns dos seus quadros t�m para os russos um valor ic�nico, e s�o conhecidos por todos.

LENDO / VENDO /OUVINDO

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(18 de Dezembro)

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Ouvindo Tom Z� "Senhor Cidad�o", no

*

Pergunta a "Laurindinha" no

"Laurindinha n�o � uma doutora da Igreja nem almeja s�-lo. Prefere conhecer pedras e riachos a dogmas. Por isso, surgem-lhe, �s vezes, algumas d�vidas sobre a doutrina cat�lica.

Por exemplo, nunca percebeu muito bem at� quando se tem direito ao limbo. Ser� at� ao primeiro choro interesseiro?

E agora? Se a hierarquia cat�lica decreta o fim do limbo, para onde vai Alberto Caeiro?"

*

No P�blico "desligado", um artigo de Jo�o B�nard da Costa sobre o Padre Manuel Antunes:

"A primeira vez que o vi foi no fundo da "sala capitular" do claustro do velho Convento de Jesus, corria o ano de 1957. Eu tinha feito 21 anos, ele ia fazer 39. Eu estava a acabar o 3.� ano do curso de Ci�ncias Hist�rico-Filos�ficas na Faculdade de Letras, � �poca moradora nesse convento e dirigida por Vitorino Nem�sio. Ele acabava de ser convidado pelo mesmo Nem�sio - no gesto mais feliz de fun��es que exerceu com manifesto desconforto - para ensinar Hist�ria da Cultura Cl�ssica e Hist�ria da Civiliza��o Romana.

Ao padre Manuel Antunes - embora eu nada conhe�a da sua vida pessoal nem conhe�a quem conhe�a - poder� talvez aplicar-se o que ele pr�prio disse um dia de Kierkegaard: "Um ser que nunca foi crian�a, nunca foi adolescente, nunca foi jovem, mas adulto, sempre adulto." Aos 39 anos, parecia ter 50. Como recordar�o os que o conheceram, o f�sico n�o o ajudava. De me� estatura, magr�ssimo, l�vido, com um fio de voz, parecia, nos h�bitos talares que, nesses tempos, nenhum sacerdote dispensava e muito menos um servo de Jesus, a pr�pria encarna��o do beato asceta, que o secular anticlericalismo portugu�s investiu no padre, quando o n�o investia com a mal�cia e os prazeres da mesa, na imagem caricatural dos abades do Minho." Ouvindo Tom Z� "Senhor Cidad�o", no Almocreve das Petas Pergunta a "Laurindinha" no Abrigo da Pastora No"desligado", um artigo de Jo�o B�nard da Costa sobre o Padre Manuel Antunes:

EARLY MORNING BLOGS 663

Owed to New York

Vulgar of manner, overfed,

Overdressed and underbred,

Heartless, Godless, hell's delight,

Rude by day and lewd by night;

Bedwarfed the man, o'ergrown the brute,

Ruled by boss and prostitute:

Purple-robed and pauper-clad,

Raving, rotting, money-mad;

A squirming herd in Mammon's mesh,

A wilderness of human flesh;

Crazed by avarice, lust and rum,

New York, thy name's "Delirium."

(Byron Rufus Newton)

*

Bom dia!, � hora do brunch ... (Byron Rufus Newton)Bom dia!, � hora do...

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(17 de Dezembro)

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" The music group of greater kalamazoo " no

*

Nulla dies sine linea , num Moleskine perto de mim.

O prov�rbio referido, nulla dies sine linea (�nem um dia sem uma linha�) tem origem em Pl�nio. Mas n�o se refere � escrita. Refere-se ao desenho.

Refere-se ao pintor ateniense Apeles, que nos ensinou que a Verdade se pinta nua. Como mais tarde nos veio recordar Sandro Filipepi (alcunhado de Botticelli) ao tentar reproduzir o di�logo de Luciano de Samosata De Calumnia. Veja-se a passagem de Pl�nio na Hist�ria Natural (35, 24): Apelli fuit alioqui perpetua consuetudo numquam tam occupatum diem agendi, ut non lineam ducendo exerceret artem, quod ab eo in proverbium venit.

(F.) *

O DVD Shostakovich Against Stalin - The War Symphonies , mostra a m�quina trituradora do "Pai dos Povos", contra o mais genial dos "seus" m�sicos. Mesmo assim, a m�sica defendeu Shostakovich. A m�sica e n�o os m�sicos.

*

Mais um artigo que � pena que n�o se possa ler em linha, mas que vale o jornal em papel: Helena Matos, "Um pequeno ponto no nariz", no P�blico . Uma amostra:

"N�o sei se M�rio Soares se pergunta porqu� mas os coment�rios, as d�vidas e as acusa��es daqueles que por ele falam remetem para um perplexo: "Porqu�? Porque � que desta vez n�o acontece o tal ponto de viragem?" A resposta encontra-se n�o tanto nos manuais de propaganda pol�tica, mas sim num livro sobre o discurso amoroso: "Ao mesmo tempo que se interroga obcecadamente por que motivo n�o � amado, o sujeito apaixonado vive com a convic��o de que, na verdade, o objecto amado o ama mas n�o diz. (...) A verdade � que - exorbitante paradoxo - n�o deixo de acreditar que sou amado. Alucino o que desejo. Toda a dor resulta menos de uma d�vida do que de uma trai��o." O livro de Roland Barthes Fragmentos de Um Discurso Amoroso torna-se num dos mais fascinantes guias de leitura do que est� a acontecer na campanha de M�rio Soares." " no Rocketboom O DVD, mostra a m�quina trituradora do "Pai dos Povos", contra o mais genial dos "seus" m�sicos. Mesmo assim, a m�sica defendeu Shostakovich. A m�sica e n�o os m�sicos.Mais um artigo que � pena que n�o se possa ler em linha, mas que vale o jornal em papel: Helena Matos, "Um pequeno ponto no nariz", no. Uma amostra:

EARLY MORNING BLOGS 662

a.k.a BREAK OF DAY

' T IS true, 'tis day ; what though it be?

O, wilt thou therefore rise from me?

Why should we rise because 'tis light?

Did we lie down because 'twas night?

Love, which in spite of darkness brought us hither,

Should in despite of light keep us together.

Light hath no tongue, but is all eye ;

If it could speak as well as spy,

This were the worst that it could say,

That being well I fain would stay,

And that I loved my heart and honour so

That I would not from him, that had them, go.

Must business thee from hence remove?

O ! that's the worst disease of love,

The poor, the foul, the false, love can

Admit, but not the busied man.

He which hath business, and makes love, doth do

Such wrong, as when a married man doth woo.

(John Donne)

*

Bom dia! (John Donne)Bom dia!

SABEM O QUE � OPORTUNISMO?

A m� f� no debate com Jer�nimo de Sousa por parte de Lou�� foi exemplar. Depois de passar todo o debate a falar do que era comum na "esquerda" com o PCP, aproveitou o minuto final, em que n�o h� resposta, para elogiar Jo�o Amaral e Lino de Carvalho, dois cr�ticos da direc��o do PCP. Se o tivesse feito no in�cio, o debate teria sido bem diferente, mas aqui h� pura m� f� e oportunismo pol�tico. A m� f� no debate com Jer�nimo de Sousa por parte de Lou�� foi exemplar. Depois de passar todo o debate a falar do que era comum na "esquerda" com o PCP, aproveitou o minuto final, em que n�o h� resposta, para elogiar Jo�o Amaral e Lino de Carvalho, dois cr�ticos da direc��o do PCP. Se o tivesse feito no in�cio, o debate teria sido bem diferente, mas aqui h� pura m� f� e oportunismo pol�tico.

TEMAS PRESIDENCIAIS: LOU�� E OS DEBATES

1.Embora os debates ainda n�o tenham terminado e faltem dois importantes (decisivos? n�o sei) � data em que escrevo, penso que a candidatura que mais favorecida tem sido � a de Francisco Lou��. Todos os debates lhe correram bem, em particular o que teve com Cavaco.

2. Saliente-se, logo � cabe�a, que n�o penso que esta candidatura tenha alguma coisa a ver com as elei��es presidenciais. Lou�� aproveita o tempo de antena presidencial para promover a sua organiza��o pol�tica e a si pr�prio, o que � ali�s leg�timo em candidaturas de car�cter tribun�cio, como tamb�m � a de Jer�nimo de Sousa. E nessa fun��o, ap�s um arranque d�bil, a participa��o nos debates presidenciais tem-no favorecido. O modelo dos debates come�a por colocar todos os candidatos que os jornalistas escolhem (e n�o todos os candidatos) no mesmo n�vel de import�ncia. Logo � partida essa posi��o de relevo igualizadora �-lhe favor�vel, coloca-o como Grande entre os Grandes, o primeiro objectivo de um Pequeno. Lou�� n�o tem desmerecido dessa condi��o.

3. Ainda mais favor�vel � o facto de Lou�� poder usar de toda a liberdade discursiva, e tratar, como ali�s justificou, de tudo. Um candidato presidencial pode tratar de tudo, s� que nem a todos se lhe admite a liberdade de tratar de tudo sem ter que teorizar sobre os poderes presidenciais, ou sem que se lhe suspeitem inten��es de subvers�o da Constitui��o e do regime. Esta liberdade �-lhe concedida pelos jornalistas e pelos seus advers�rios, que ainda n�o o confrontaram com os limites dos poderes presidenciais, porque pura e simplesmente n�o o tomam como candidato presidencial, mas como o l�der do BE.

4. O que Lou�� tem conseguido � seu m�rito e dem�rito alheio. Ele � um dos pol�ticos portugueses mais experientes e mais velhos na fun��o. Fazendo pol�tica profissional desde a adolesc�ncia, antes do 25 de Abril, tem mais experi�ncia do que Jer�nimo de Sousa e Cavaco Silva, ombreando com Soares e Alegre, que, no entanto, t�m a desvantagem de parecer muito mais "velhos" do que ele. Mais: Lou�� fez toda a sua vida pol�tica em grupos radicais nos quais o debate e a discuss�o, oral e por escrito, � sistem�tica e permanente. Como quadro trotsquista, actuando nos grupos trotsquistas portugueses e na Quarta Internacional, Lou�� participou de parte inteira em grupos que n�o s� s�o internacionalistas e cosmopolitas, como incluem gente muito brilhante e capaz, de que ele faz parte de pleno direito. Mais do que qualquer outro dos seus companheiros de corrida presidencial, Lou�� tem milhares e milhares de horas de discuss�o por detr�s, discuss�es muitas vezes duras, escol�sticas, doutrinais, sobre nuances pol�ticas exploradas at� � exaust�o. Se a isso somarmos a sua experi�ncia acad�mica, os seus h�bitos de estudo e leitura, e a sua intelig�ncia, temos a chave das suas capacidades.

5. O problema com Lou�� n�o s�o as suas capacidades, � o facto de elas ofuscarem, na nossa mediania comunicacional, o escrut�nio do seu radicalismo, das inverdades da sua propaganda, e da ess�ncia demag�gica e populista do seu discurso arrogante e moralista. Lou�� � o �nico que fala como escreve, inclui os sublinhados, as aspas, as v�rgulas e os pontos finais. � um discurso fechado e cerrado a qualquer interpreta��o, ou porque ele pr�prio fornece o quadro da sua interpreta��o, como se uma m�o invis�vel fosse sublinhando a marcador amarelo e vermelho as frases que temos que ver, ou porque nos acena de imediato com o pecado moral em que estamos a cair se com ele n�o concordamos. Quando fala da guerra do Iraque, o ouvinte que com ele n�o concorda j� est� de imediato na posi��o de r�u moral de qualquer crime. Nisso ele e Paulo Portas s�o quase iguais.

6. A sua vantagem nos debates n�o vem s� das suas capacidades ret�ricas e argumentativas (menos ali�s do que do seu saber, porque Lou�� deturpa os dados de uma forma pouco acad�mica para servirem para a propaganda), mas tamb�m do facto de ele ter um dos discursos pol�ticos com menos baias que se fazem em Portugal. Ele tem baias, enormes e r�gidas baias, s� que � preciso perceb�-lo pol�tica e ideologicamente muito bem, para as revelar. � preciso conhecer muito bem as novas formas de "l�ngua de pau" do radicalismo, que mudou de madeira quando a anterior se esboroou.

7. Na pr�tica, Lou�� fala do que quer, como quer, dizendo o que quer, porque n�o tem que prestar contas, n�o tem responsabilidades por nada, nem tem mem�ria, nem actua em fun��o dos cargos a que concorre, nem das leis, nem da democracia, nem da economia de mercado. Lou�� � um socialista colectivista, uma forma peculiar de comunista, se o termo n�o estivesse t�o abastardado, um revolucion�rio de raiz leninista, aceitando o princ�pio do direito � viol�ncia para derrubar o "capitalismo", defensor de um regime pol�tico-social autorit�rio, sempre presente como pano de fundo na l�gica da sua argumenta��o. Ele nunca o dir�, porque somente faz a cr�tica ao existente. � na cr�tica que ele brilha, mas n�o tem que pagar o pre�o de falar das alternativas, a n�o ser atrav�s de uma ret�rica de oculta��o, porque as alternativas com que ele concorda lhe estragariam a imagem e a propaganda.

8. Que pa�s se aproxima, no seu regime pol�tico-econ�mico, do que Lou�� pretende para Portugal? Aqui est� uma pergunta a que ele n�o responde facilmente, em particular se quem lha colocar souber evitar as fugas que a sua habilidade far� aparecer. O alban�s, o da Nicar�gua sandinista, o de Cuba, o sueco, o argelino, o do Brasil de Lula, o holand�s, a Venezuela de Ch�vez? Ele tender� a sugerir, sem o dizer, que � o sueco na seguran�a social e o holand�s nos costumes, mas sugestio falsi, diria um jesu�ta ilustrado. Em que partidos e movimentos, fora e dentro da Europa, Lou�� se rev�? Nos zapatistas de Chiapa, nos trotsquistas franceses (quais?), nos peronistas, no PT de Lula, ou na ala esquerda do PT? Prudente sil�ncio nas grandes interven��es, e s� levantando a ponta do v�u nos c�rculos partid�rios. Que pol�tica externa devemos ter face � Europa, � OTAN e aos EUA? Aqui Lou�� � mais transparente, mas convinha perceber que, na pr�tica, a pol�tica que ele nos sugere � muito parecida com a da Venezuela, ou a da L�bia, exclu�dos os respectivos particularismos regionais.

9. O mundo de Lou��, que � transparente para quem conhe�a as suas posi��es, � obscuro para quem apenas o ou�a a fazer grandes debates e para a maioria das audi�ncias que o conhece apenas da televis�o e da propaganda. O que � que ele realmente pensa da economia de mercado? Como � que ele entende as empresas no seu pa�s ideal, como v� a propriedade privada, at� onde � que ele pensa que devem ir os impostos para financiar o pa�s providencial que sugere ser o alfa e �mega do seu programa pol�tico.

N�o basta s� falar do desemprego e da seguran�a social, dos impostos, e enunciar um programa meio sindicalista, assistencial e de fiscalidade punitiva dos "ricos", completamente irrealista. Esse programa levaria a uma forte conflituosidade social, ao encerramento de muitas empresas, � fuga de capitais, ao fim do investimento e seria ineficaz sem repress�o. O programa de Lou�� nunca aparece nos debates, mas � a uma esp�cie de PREC que conduz. Ouvi-lo pode ser mavioso, moderno e desempoeirado, mas tom�-lo � letra � sinistro.

(No P�blico de hoje.) 1.Embora os debates ainda n�o tenham terminado e faltem dois importantes (decisivos? n�o sei) � data em que escrevo, penso que a candidatura que mais favorecida tem sido � a de Francisco Lou��. Todos os debates lhe correram bem, em particular o que teve com Cavaco.2. Saliente-se, logo � cabe�a, que n�o penso que esta candidatura tenha alguma coisa a ver com as elei��es presidenciais. Lou�� aproveita o tempo de antena presidencial para promover a sua organiza��o pol�tica e a si pr�prio, o que � ali�s leg�timo em candidaturas de car�cter tribun�cio, como tamb�m � a de Jer�nimo de Sousa. E nessa fun��o, ap�s um arranque d�bil, a participa��o nos debates presidenciais tem-no favorecido. O modelo dos debates come�a por colocar todos os candidatos que os jornalistas escolhem (e n�o todos os candidatos) no mesmo n�vel de import�ncia. Logo � partida essa posi��o de relevo igualizadora �-lhe favor�vel, coloca-o como Grande entre os Grandes, o primeiro objectivo de um Pequeno. Lou�� n�o tem desmerecido dessa condi��o.3. Ainda mais favor�vel � o facto de Lou�� poder usar de toda a liberdade discursiva, e tratar, como ali�s justificou, de tudo. Um candidato presidencial pode tratar de tudo, s� que nem a todos se lhe admite a liberdade de tratar de tudo sem ter que teorizar sobre os poderes presidenciais, ou sem que se lhe suspeitem inten��es de subvers�o da Constitui��o e do regime. Esta liberdade �-lhe concedida pelos jornalistas e pelos seus advers�rios, que ainda n�o o confrontaram com os limites dos poderes presidenciais, porque pura e simplesmente n�o o tomam como candidato presidencial, mas como o l�der do BE.4. O que Lou�� tem conseguido � seu m�rito e dem�rito alheio. Ele � um dos pol�ticos portugueses mais experientes e mais velhos na fun��o. Fazendo pol�tica profissional desde a adolesc�ncia, antes do 25 de Abril, tem mais experi�ncia do que Jer�nimo de Sousa e Cavaco Silva, ombreando com Soares e Alegre, que, no entanto, t�m a desvantagem de parecer muito mais "velhos" do que ele. Mais: Lou�� fez toda a sua vida pol�tica em grupos radicais nos quais o debate e a discuss�o, oral e por escrito, � sistem�tica e permanente. Como quadro trotsquista, actuando nos grupos trotsquistas portugueses e na Quarta Internacional, Lou�� participou de parte inteira em grupos que n�o s� s�o internacionalistas e cosmopolitas, como incluem gente muito brilhante e capaz, de que ele faz parte de pleno direito. Mais do que qualquer outro dos seus companheiros de corrida presidencial, Lou�� tem milhares e milhares de horas de discuss�o por detr�s, discuss�es muitas vezes duras, escol�sticas, doutrinais, sobre nuances pol�ticas exploradas at� � exaust�o. Se a isso somarmos a sua experi�ncia acad�mica, os seus h�bitos de estudo e leitura, e a sua intelig�ncia, temos a chave das suas capacidades.5. O problema com Lou�� n�o s�o as suas capacidades, � o facto de elas ofuscarem, na nossa mediania comunicacional, o escrut�nio do seu radicalismo, das inverdades da sua propaganda, e da ess�ncia demag�gica e populista do seu discurso arrogante e moralista. Lou�� � o �nico que fala como escreve, inclui os sublinhados, as aspas, as v�rgulas e os pontos finais. � um discurso fechado e cerrado a qualquer interpreta��o, ou porque ele pr�prio fornece o quadro da sua interpreta��o, como se uma m�o invis�vel fosse sublinhando a marcador amarelo e vermelho as frases que temos que ver, ou porque nos acena de imediato com o pecado moral em que estamos a cair se com ele n�o concordamos. Quando fala da guerra do Iraque, o ouvinte que com ele n�o concorda j� est� de imediato na posi��o de r�u moral de qualquer crime. Nisso ele e Paulo Portas s�o quase iguais.6. A sua vantagem nos debates n�o vem s� das suas capacidades ret�ricas e argumentativas (menos ali�s do que do seu saber, porque Lou�� deturpa os dados de uma forma pouco acad�mica para servirem para a propaganda), mas tamb�m do facto de ele ter um dos discursos pol�ticos com menos baias que se fazem em Portugal. Ele tem baias, enormes e r�gidas baias, s� que � preciso perceb�-lo pol�tica e ideologicamente muito bem, para as revelar. � preciso conhecer muito bem as novas formas de "l�ngua de pau" do radicalismo, que mudou de madeira quando a anterior se esboroou.7. Na pr�tica, Lou�� fala do que quer, como quer, dizendo o que quer, porque n�o tem que prestar contas, n�o tem responsabilidades por nada, nem tem mem�ria, nem actua em fun��o dos cargos a que concorre, nem das leis, nem da democracia, nem da economia de mercado. Lou�� � um socialista colectivista, uma forma peculiar de comunista, se o termo n�o estivesse t�o abastardado, um revolucion�rio de raiz leninista, aceitando o princ�pio do direito � viol�ncia para derrubar o "capitalismo", defensor de um regime pol�tico-social autorit�rio, sempre presente como pano de fundo na l�gica da sua argumenta��o. Ele nunca o dir�, porque somente faz a cr�tica ao existente. � na cr�tica que ele brilha, mas n�o tem que pagar o pre�o de falar das alternativas, a n�o ser atrav�s de uma ret�rica de oculta��o, porque as alternativas com que ele concorda lhe estragariam a imagem e a propaganda.8. Que pa�s se aproxima, no seu regime pol�tico-econ�mico, do que Lou�� pretende para Portugal? Aqui est� uma pergunta a que ele n�o responde facilmente, em particular se quem lha colocar souber evitar as fugas que a sua habilidade far� aparecer. O alban�s, o da Nicar�gua sandinista, o de Cuba, o sueco, o argelino, o do Brasil de Lula, o holand�s, a Venezuela de Ch�vez? Ele tender� a sugerir, sem o dizer, que � o sueco na seguran�a social e o holand�s nos costumes, mas sugestio falsi, diria um jesu�ta ilustrado. Em que partidos e movimentos, fora e dentro da Europa, Lou�� se rev�? Nos zapatistas de Chiapa, nos trotsquistas franceses (quais?), nos peronistas, no PT de Lula, ou na ala esquerda do PT? Prudente sil�ncio nas grandes interven��es, e s� levantando a ponta do v�u nos c�rculos partid�rios. Que pol�tica externa devemos ter face � Europa, � OTAN e aos EUA? Aqui Lou�� � mais transparente, mas convinha perceber que, na pr�tica, a pol�tica que ele nos sugere � muito parecida com a da Venezuela, ou a da L�bia, exclu�dos os respectivos particularismos regionais.9. O mundo de Lou��, que � transparente para quem conhe�a as suas posi��es, � obscuro para quem apenas o ou�a a fazer grandes debates e para a maioria das audi�ncias que o conhece apenas da televis�o e da propaganda. O que � que ele realmente pensa da economia de mercado? Como � que ele entende as empresas no seu pa�s ideal, como v� a propriedade privada, at� onde � que ele pensa que devem ir os impostos para financiar o pa�s providencial que sugere ser o alfa e �mega do seu programa pol�tico.N�o basta s� falar do desemprego e da seguran�a social, dos impostos, e enunciar um programa meio sindicalista, assistencial e de fiscalidade punitiva dos "ricos", completamente irrealista. Esse programa levaria a uma forte conflituosidade social, ao encerramento de muitas empresas, � fuga de capitais, ao fim do investimento e seria ineficaz sem repress�o. O programa de Lou�� nunca aparece nos debates, mas � a uma esp�cie de PREC que conduz. Ouvi-lo pode ser mavioso, moderno e desempoeirado, mas tom�-lo � letra � sinistro.(Node hoje.)

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(15 de Dezembro)

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"Confian�a", a palavra-chave desta campanha presidencial

. O que diz quase tudo.

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. A que Ansel Adams fotografou um dia no Glacier Point:

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Enquanto escrevo, ou�o.

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O R2-D2 e C-3P0 , como se esperaria, mas Der Maschinian-Mensch do Metropolis de Lang est� em boa posi��o.

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Na Nature Britannica , como se quiser):

" Nature's investigation suggests that Britannica's advantage may not be great, at least when it comes to science entries. In the study, entries were chosen from the websites of Wikipedia and Encyclopaedia Britannica on a broad range of scientific disciplines and sent to a relevant expert for peer review. Each reviewer examined the entry on a single subject from the two encyclopaedias; they were not told which article came from which encyclopaedia. A total of 42 usable reviews were returned out of 50 sent out, and were then examined by Nature's news team.

Only eight serious errors, such as misinterpretations of important concepts, were detected in the pairs of articles reviewed, four from each encyclopaedia. But reviewers also found many factual errors, omissions or misleading statements: 162 and 123 in Wikipedia and Britannica, respectively."

Resposta da Britannica :

" Editors at Britannica would not discuss the findings, but say their own studies of Wikipedia have uncovered numerous flaws. "We have nothing against Wikipedia," says Tom Panelas, director of corporate communications at the company's headquarters in Chicago. "But it is not the case that errors creep in on an occasional basis or that a couple of articles are poorly written. There are lots of articles in that condition. They need a good editor. "

*

� verdade que este debate sobre a hist�ria, que mais uma vez atravessa a Fran�a intelectual, � a melhor ilustra��o da tese do eterno retorno. Os franceses lidam mal com uma hist�ria que, ou os culpa, ou os culpa de os absolver da culpa. Alem�es e austr�acos lidam mal com o Holocausto, entre a vergonha transformada em agressividade penal, ou o esquecimento incomodado. Por todo o lado, os velhos comunistas n�o conseguem ultrapassar a sucess�o de testemunhos her�icos e de falsidades propagand�sticas, pelos factos e pelos documentos (por c� tamb�m n�o). Por isso fica aqui o manifesto (ele tamb�m t�o franc�s...) de Jean-Pierre Az�ma, Elisabeth Badinter, Jean-Jacques Becker, Fran�oise Chandernagor, Alain Decaux, Marc Ferro, Jacques Julliard, Jean Leclant, Pierre Milza, Pierre Nora, Mona Ozouf, Jean-Claude Perrot, Antoine Prost, Ren� R�mond, Maurice Va�sse, Jean-Pierre Vernant, Paul Veyne, Pierre Vidal-Naquet e Michel Winock:

"Emus par les interventions politiques de plus en plus fr�quentes dans l'appr�ciation des �v�nements du pass� et par les proc�dures judiciaires touchant des historiens et des penseurs, nous tenons � rappeler les principes suivants :

L'histoire n'est pas une religion. L'historien n'accepte aucun dogme, ne respecte aucun interdit, ne conna�t pas de tabous. Il peut �tre d�rangeant.

L'histoire n'est pas la morale. L'historien n'a pas pour r�le d'exalter ou de condamner, il explique.

L'histoire n'est pas l'esclave de l'actualit�. L'historien ne plaque pas sur le pass� des sch�mas id�ologiques contemporains et n'introduit pas dans les �v�nements d'autrefois la sensibilit� d'aujourd'hui.

L'histoire n'est pas la m�moire. L'historien, dans une d�marche scientifique, recueille les souvenirs des hommes, les compare entre eux, les confronte aux documents, aux objets, aux traces, et �tablit les faits. L'histoire tient compte de la m�moire, elle ne s'y r�duit pas.

L'histoire n'est pas un objet juridique. Dans un Etat libre, il n'appartient ni au Parlement ni � l'autorit� judiciaire de d�finir la v�rit� historique. La politique de l'Etat, m�me anim�e des meilleures intentions, n'est pas la politique de l'histoire.

C'est en violation de ces principes que des articles de lois successives � notamment lois du 13 juillet 1990, du 29 janvier 2001, du 21 mai 2001, du 23 f�vrier 2005 � ont restreint la libert� de l'historien, lui ont dit, sous peine de sanctions, ce qu'il doit chercher et ce qu'il doit trouver, lui ont prescrit des m�thodes et pos� des limites.

Nous demandons l'abrogation de ces dispositions l�gislatives indignes d'un r�gime d�mocratique. "

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Uma pergunta certeira, citada do

�A pergunta sem resposta�, por S�rgio Figueiredo. Destaco apenas um par�grafo e que n�o dispensa a leitura do artigo: �A pergunta do Governo deveria ser colocada ao contr�rio: ser� que um investimento de quase 8 mil milh�es n�o eterniza a crise or�amental do Estado? e, por conseguinte, n�o implicar� um agravamento sucessivo da carga fiscal que, essa sim, compromete a competitividade da economia?�, ( Jornal de Neg�cios , 14.12.2005: 3). "Confian�a", a palavra-chave desta campanha presidencial. O que diz quase tudo. Olhar para mesma Lua . A que Ansel Adams fotografou um dia no Glacier Point:Enquanto escrevo, ou�o. VivaLaVoce Top 10 das m�quinas-humanas , dos robots. Ganha o par, como se esperaria, masdode Lang est� em boa posi��o.Na uma compara��o que favorece a Wikipedia (ou desfavorece a, como se quiser):Resposta da� verdade que este debate sobre a hist�ria, que mais uma vez atravessa a Fran�a intelectual, � a melhor ilustra��o da tese do eterno retorno. Os franceses lidam mal com uma hist�ria que, ou os culpa, ou os culpa de os absolver da culpa. Alem�es e austr�acos lidam mal com o Holocausto, entre a vergonha transformada em agressividade penal, ou o esquecimento incomodado. Por todo o lado, os velhos comunistas n�o conseguem ultrapassar a sucess�o de testemunhos her�icos e de falsidades propagand�sticas, pelos factos e pelos documentos (por c� tamb�m n�o). Por isso fica aqui o manifesto (ele tamb�m t�o franc�s...) de Jean-Pierre Az�ma, Elisabeth Badinter, Jean-Jacques Becker, Fran�oise Chandernagor, Alain Decaux, Marc Ferro, Jacques Julliard, Jean Leclant, Pierre Milza, Pierre Nora, Mona Ozouf, Jean-Claude Perrot, Antoine Prost, Ren� R�mond, Maurice Va�sse, Jean-Pierre Vernant, Paul Veyne, Pierre Vidal-Naquet e Michel Winock:Uma pergunta certeira, citada do Bloguitica

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� ridicolo credere

� ridicolo credere

che gli uomini di domani

possano essere uomin

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