Alegre de nome, tristes as ideiasAinda que de curtas férias e com «o tempo das cerejas» em serviços mínimos mais ou menos estivais, lá terei de anotar alguma coisa a respeito de uma recente afirmação de Manuel Alegre em artigo no Expresso. Com efeito, o insigne poeta e político socialista acaba de sentenciar nesse texto que (sublinhados meus)« as nossas esquerdas parecem ter como desígnio principal excluirem-se umas às outras (...)Pelo menos a direita sabe o que quer : quer poder. E não tem os pruridos da esquerda, une-se para o conquistar».A frase é de efeito garantidamente fácil e só queria ter notas de cem euros quantos os leitores de esquerda que , ao lê-la, terão feito «sim» com a cabeça. Mas precisamente por ser de efeito tão fácil é que não prestigia o pensamento político de Manuel Alegre.Porque a frase não passa de uma choradeira fruto de uma pose tão olímpica quanto estudada e superficial, mete tudo nno mesmo saco e afunda-se tanto no lamento quanto foge do apuramento das verdadeiras causas e responsabilidades pela tal falta de união à esquerda.Dir-se-ia que, ao escrever este choroso parágrafo, Manuel Alegre se esqueceu que nesse mesmo artigo havia reclamado do PS não apenas uma mudança de estilo mas de «políticas». Ora bem, nem mais, examinar a questão da falta de união das «esquerdas» fora das «políticas» necessárias ou desejáveis é um puro artíficio retórico.Dá aliás vontade de perguntar: se, sobre certas matérias, Alegre não se entende com o seu próprio partido, qual é a admiração que os partidos à esquerda do PS tenham com este e os seus governos divergências políticas bem maiores e profundas?Finalmente, merece ficar para a qpequena história deste ano da graça de 2009 que no final do parágrafo acima citado, M. Alegre insinue que colocar a discussão das políticas à frente de tudo mais são «pruridos» (que a direita não tem).Para não ir nem mais longe nem mais fundo no que de grave e inquietante esta frase revela, o melhor é mesmo aconselhar Manuel Alegre a ir depressa para a Foz do Arelho não para pregar aos peixes mas para pescá-los.
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Alegre de nome, tristes as ideiasAinda que de curtas férias e com «o tempo das cerejas» em serviços mínimos mais ou menos estivais, lá terei de anotar alguma coisa a respeito de uma recente afirmação de Manuel Alegre em artigo no Expresso. Com efeito, o insigne poeta e político socialista acaba de sentenciar nesse texto que (sublinhados meus)« as nossas esquerdas parecem ter como desígnio principal excluirem-se umas às outras (...)Pelo menos a direita sabe o que quer : quer poder. E não tem os pruridos da esquerda, une-se para o conquistar».A frase é de efeito garantidamente fácil e só queria ter notas de cem euros quantos os leitores de esquerda que , ao lê-la, terão feito «sim» com a cabeça. Mas precisamente por ser de efeito tão fácil é que não prestigia o pensamento político de Manuel Alegre.Porque a frase não passa de uma choradeira fruto de uma pose tão olímpica quanto estudada e superficial, mete tudo nno mesmo saco e afunda-se tanto no lamento quanto foge do apuramento das verdadeiras causas e responsabilidades pela tal falta de união à esquerda.Dir-se-ia que, ao escrever este choroso parágrafo, Manuel Alegre se esqueceu que nesse mesmo artigo havia reclamado do PS não apenas uma mudança de estilo mas de «políticas». Ora bem, nem mais, examinar a questão da falta de união das «esquerdas» fora das «políticas» necessárias ou desejáveis é um puro artíficio retórico.Dá aliás vontade de perguntar: se, sobre certas matérias, Alegre não se entende com o seu próprio partido, qual é a admiração que os partidos à esquerda do PS tenham com este e os seus governos divergências políticas bem maiores e profundas?Finalmente, merece ficar para a qpequena história deste ano da graça de 2009 que no final do parágrafo acima citado, M. Alegre insinue que colocar a discussão das políticas à frente de tudo mais são «pruridos» (que a direita não tem).Para não ir nem mais longe nem mais fundo no que de grave e inquietante esta frase revela, o melhor é mesmo aconselhar Manuel Alegre a ir depressa para a Foz do Arelho não para pregar aos peixes mas para pescá-los.