Entrevista exclusiva a um dos candidatos à presidência do Brasil

06-10-2010
marcar artigo

Leia mais:

O candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) à presidência do Brasil recebeu o nosso telefonema com agrado e não se importou de interromper a campanha para largos minutos de conversa. Afinal de contas, garante, não é todos os dias que tem «direito» a entrevistas.

INFOGRAFIA: perceba melhor como funcionam as eleições gerais no Brasil

«Aqui o processo eleitoral é anti-democrático. Há uma distribuição desigual do tempo dos candidatos. Enquanto a Dilma tem 10 minutos para falar e o Serra tem sete, eu tenho 50 segundos. E aos debates só vão os três candidatos que defendem o modelo neoliberal. Nunca fui sequer convidado», afirmou Zé Maria ao tvi24.pt.

Por isso, conta, o «esforço político e financeiro» para atingir o máximo possível de população de um país tão grande como o Brasil tem sido «muito desgastante». «Tentamos compensar com campanhas locais, com os trabalhadores, nas comunidades, nas escolas... Somos a alternativa», defendeu.

Uma alternativa difícil de medir, porque as sondagens não incluem o candidato do PSTU: «As pesquisas são um instrumento de campanha. Os media só mostram três candidaturas. Nem temos noção de quantos eleitores vão votar em nós.»

Em relação à candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, que provavelmente se tornará a próxima presidente do Brasil, Zé Maria antevê um período «complicado». «A Dilma vai promover a continuidade do modelo económico do Lula, mas será mais complicado por duas razões: porque a crise continua e vai ser necessário um ajuste fiscal, que trará uma reacção dos trabalhadores, e porque a Dilma não tem a autoridade junto dos trabalhadores que o Lula tem», explicou.

Questionado sobre se Lula da Silva pode, portanto, governar através de outra pessoa, o candidato do PSTU respondeu: «Isso é o que ele quer, mas é muito difícil. Lula vai é voltar em 2014. Ele foi buscar uma candidata sem pretensões políticas precisamente para depois ser mais fácil convencê-la a não se recandidatar.»

Sobre o passado bem recente da candidata do PT, Zé Maria não tem dúvidas que Dilma Rousseff esteve envolvida em casos de corrupção. «Isso é uma rotina no governo Lula e eu até acho que o povo acredita no seu envolvimento, mas há um sentimento de que o político é assim mesmo, que é só roubalheira, portanto se a vida está a melhorar um bocadinho vota-se na mesma nela», disse.

O candidato de esquerda também não está contente com o papel dos principais opositores, José Serra (do PSDB) e Marina Silva (do PV). «Eles não atacam o PT nem fazem um balanço do governo Lula porque não querem confrontar o prestígio do presidente, nem têm como o atacar, porque defendem a mesma política económica», criticou.

Balanço esse em que o PSTU admite encontrar «pequenas melhorias» na vida das famílias mais pobres. Mas dá um exemplo: «Lula aumentou o salário mínimo em 57 por cento, mas, durante o seu governo, os lucros dos bancos aumentaram 500 por cento e os lucros das grandes empresas 400 por cento.»

Zé Maria admite esperar poucos votos no domingo - vai votar em Belo Horizonte mas depois vai para São Paulo ver os resultados -, mas diz-se satisfeito por ser pelo menos a voz dos trabalhadores. Quer desenvolver uma «mudança socialista» no país «para que a riqueza do Brasil possa ficar com os trabalhadores», quer melhorar os salários, a escola e a saúde públicas, quer reduzir o número de horas de trabalho e quer, sobretudo, estar pronto para «organizar» os brasileiros no «processo de mobilização» que adivinha estar a chegar com a propagação da crise.

Leia mais:

O candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) à presidência do Brasil recebeu o nosso telefonema com agrado e não se importou de interromper a campanha para largos minutos de conversa. Afinal de contas, garante, não é todos os dias que tem «direito» a entrevistas.

INFOGRAFIA: perceba melhor como funcionam as eleições gerais no Brasil

«Aqui o processo eleitoral é anti-democrático. Há uma distribuição desigual do tempo dos candidatos. Enquanto a Dilma tem 10 minutos para falar e o Serra tem sete, eu tenho 50 segundos. E aos debates só vão os três candidatos que defendem o modelo neoliberal. Nunca fui sequer convidado», afirmou Zé Maria ao tvi24.pt.

Por isso, conta, o «esforço político e financeiro» para atingir o máximo possível de população de um país tão grande como o Brasil tem sido «muito desgastante». «Tentamos compensar com campanhas locais, com os trabalhadores, nas comunidades, nas escolas... Somos a alternativa», defendeu.

Uma alternativa difícil de medir, porque as sondagens não incluem o candidato do PSTU: «As pesquisas são um instrumento de campanha. Os media só mostram três candidaturas. Nem temos noção de quantos eleitores vão votar em nós.»

Em relação à candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, que provavelmente se tornará a próxima presidente do Brasil, Zé Maria antevê um período «complicado». «A Dilma vai promover a continuidade do modelo económico do Lula, mas será mais complicado por duas razões: porque a crise continua e vai ser necessário um ajuste fiscal, que trará uma reacção dos trabalhadores, e porque a Dilma não tem a autoridade junto dos trabalhadores que o Lula tem», explicou.

Questionado sobre se Lula da Silva pode, portanto, governar através de outra pessoa, o candidato do PSTU respondeu: «Isso é o que ele quer, mas é muito difícil. Lula vai é voltar em 2014. Ele foi buscar uma candidata sem pretensões políticas precisamente para depois ser mais fácil convencê-la a não se recandidatar.»

Sobre o passado bem recente da candidata do PT, Zé Maria não tem dúvidas que Dilma Rousseff esteve envolvida em casos de corrupção. «Isso é uma rotina no governo Lula e eu até acho que o povo acredita no seu envolvimento, mas há um sentimento de que o político é assim mesmo, que é só roubalheira, portanto se a vida está a melhorar um bocadinho vota-se na mesma nela», disse.

O candidato de esquerda também não está contente com o papel dos principais opositores, José Serra (do PSDB) e Marina Silva (do PV). «Eles não atacam o PT nem fazem um balanço do governo Lula porque não querem confrontar o prestígio do presidente, nem têm como o atacar, porque defendem a mesma política económica», criticou.

Balanço esse em que o PSTU admite encontrar «pequenas melhorias» na vida das famílias mais pobres. Mas dá um exemplo: «Lula aumentou o salário mínimo em 57 por cento, mas, durante o seu governo, os lucros dos bancos aumentaram 500 por cento e os lucros das grandes empresas 400 por cento.»

Zé Maria admite esperar poucos votos no domingo - vai votar em Belo Horizonte mas depois vai para São Paulo ver os resultados -, mas diz-se satisfeito por ser pelo menos a voz dos trabalhadores. Quer desenvolver uma «mudança socialista» no país «para que a riqueza do Brasil possa ficar com os trabalhadores», quer melhorar os salários, a escola e a saúde públicas, quer reduzir o número de horas de trabalho e quer, sobretudo, estar pronto para «organizar» os brasileiros no «processo de mobilização» que adivinha estar a chegar com a propagação da crise.

marcar artigo