Sobretudo: Eleições – Notas Soltas

15-10-2009
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Findo um longo período eleitoral, que teve o seu início nas Europeias, com vitória do PSD, chegaram duas eleições muito curiosas. Não pelos resultados, de certa forma já previsíveis, mas mais por tudo o que se ouviu dizer, ou não, durante as campanhas eleitorais.1. Legislativas no país: conclusões na noite de 27 de SetembroCDU – segundo lugar no pódio dos perdedoresFizeram uma campanha clean e decente, falaram sobre o que acreditam. Jerónimo de Sousa soube mostrar-se um Senhor. Mas a CDU menosprezou as sondagens com o argumento de que as sondagens sempre os menosprezaram. Depois, menosprezaram as primeiras projecções das televisões, às 20h00 do dia 27 de Setembro, porque as primeiras projecções sempre os menosprezaram. No final, os eleitores também os menosprezaram. Festejaram.PSD – primeiro lugar no pódio dos perdedoresNão fizeram uma campanha clean nem decente, insistiram nas teses do medo e da asfixia democrática. Falaram basicamente no que não acreditam e marcaram a diferença com o PS numa ideia vaga sobre se se avançava ou não para o TGV. Os eleitores perceberam a mensagem. No final ninguém festejou. Também ninguém se demitiu.Bloco de EsquerdaFizeram uma campanha verdadeiramente populista. Sabem chegar perigosamente ao coração de muitos portugueses. Uma mistura explosiva entre ânsia de poder, ideias de protesto e demagogia trotsquista. No final festejaram, e muito. Esqueceram-se é que não tinha sido o Bloco a vencer as eleições. Aliás, não tinha vencido, sequer, a medalha de bronze.CDS/PP – segundo lugar no pódio dos vencedoresFizeram uma campanha clean, decente e trabalhadora, falaram sobre o que acreditam, elegendo pontos de interesse e objectivos bem concretos a atingir se chegassem ao poder. Paulo Portas é um político bem preparado e com elevado potencial, perdendo pouco tempo na baixa política. No final festejaram, e bem: ficaram com a medalha de bronze, cresceram muito e trabalharam para isso.PS – o primeiro lugar no pódio dos vencedoresQuanto a mim, ganhou o espírito reformista e de acção do Primeiro-Ministro e a sua capacidade de resistência à adversidade. Ganhou a campanha positiva do “que foi feito e do que está para fazer”, em contra-ponto com a campanha negativa do PSD. O PS acabou por vencer num clima de crise internacional e de baixa política. No final festejaram o óbvio: o PS tinha ganho as eleições. De certa forma, também a campanha da Dra. Manuela Ferreira Leite ganhou naquela noite.2. Legislativas no Barreiro: conclusões na noite de 27 de SetembroO PS vencera no Barreiro. Mais coisa menos coisa, à imagem da média nacional. Só que distorcida à esquerda, como faz parte da nossa cultura barreirense. Tudo o que pensei para o país, pensei também para o Barreiro. Mas com duas pequenas diferenças: por um lado, quem ficou em segundo lugar não foi o PSD mas sim a CDU; por outro, ganhou também a terceira travessia sobre o Tejo. E, neste particular, os cidadãos barreirenses demonstraram uma elevada cultura democrática, de grande maturidade e muito própria de gente bem esclarecida e que vota com propósitos firmes e bem definidos. É assim nas sociedades ideologicamente mais desenvolvidas.3. Pelo meio: o caso do Presidente que não queria interferir na vida politico-partidária nem alimentar casosA mensagem ao país do senhor Presidente da República no dia 29 de Setembro foi uma coisa sem explicação. Porque o sibilino é ininterpretável, como tal inexplicável. Um veto à inteligibilidade, uma ode ao enigmático. Mas esta mensagem apresentou uma clara vantagem às hostes partidárias, fossem elas quais fossem: todos a poderiam citar e retirar dela o que muito bem entendessem. Há que realçar esse aspecto. Foi retirada a dúvida sobre as escutas e a teoria geral da estupidez que a alimentou, mas acrescentou outras dúvidas que, bem entendido, não esclarecem nada. Aliás, acrescentar dúvidas parece-me um conceito pouco digestivo para quem era suposto esclarecê-las. Dúvidas sobre a vulnerabilidade do sistema informático de Belém, por exemplo e entre muitas mais (aparentemente os piratas informáticos que conseguiram entrar nos sistemas da Casa Branca e do FBI também já estão quase a entrar no sistema super protegido de Belém, vejam bem o caos a que isto chegou).4. As Autárquicas no País: conclusões na noite de 11 de OutubroEm termos nacionais retiro poucas ideias, porque as eleições autárquicas são o que são: eleições regionais. Mas realço alguns resultados interessantes: a vitória de António Costa em Lisboa (uma ampliação dos resultados nacionais das legislativas), a vitória de Rui Rio e Luís Filipe Menezes na área metropolitana do Porto (idem, o rosto do PSD sem o passado). De resto, em número de votos, o país repetiu os resultados das eleições de há duas semanas, mais coisa menos coisa.5. As Autárquicas no Barreiro: conclusões na noite de 11 de OutubroUma vez mais, o Barreiro é uma imagem do país. Mas ao contrário. Uma vez que a charneira do poder pende à esquerda, pode dizer-se que na nossa terra o bloco central é todo à esquerda. Ora, a CDU do Barreiro é uma espécie de PS no país e o PS do Barreiro é uma espécie de PSD no país. E, como em qualquer imagem ampliada ou distorcida, a coisa no Barreiro é mais acentuada: a CDU tem maioria absoluta (o que relega o mandato do PSD do Barreiro para segundo plano) e o PS perde em toda a linha. O que sempre concluí para o PSD do país e da sua líder pode perfeitamente aplicar-se ao PS do Barreiro: enquanto a CDU do Barreiro apresentar obra e enquanto o principal partido da oposição do Barreiro se perder em guerrilhas internas e com campanhas negativas, só perde o cidadão barreirense. Porque a alternância no poder é boa para a democracia e para a sua transparência, há que subir o patamar da exigência. A bem dos barreirenses.


Findo um longo período eleitoral, que teve o seu início nas Europeias, com vitória do PSD, chegaram duas eleições muito curiosas. Não pelos resultados, de certa forma já previsíveis, mas mais por tudo o que se ouviu dizer, ou não, durante as campanhas eleitorais.1. Legislativas no país: conclusões na noite de 27 de SetembroCDU – segundo lugar no pódio dos perdedoresFizeram uma campanha clean e decente, falaram sobre o que acreditam. Jerónimo de Sousa soube mostrar-se um Senhor. Mas a CDU menosprezou as sondagens com o argumento de que as sondagens sempre os menosprezaram. Depois, menosprezaram as primeiras projecções das televisões, às 20h00 do dia 27 de Setembro, porque as primeiras projecções sempre os menosprezaram. No final, os eleitores também os menosprezaram. Festejaram.PSD – primeiro lugar no pódio dos perdedoresNão fizeram uma campanha clean nem decente, insistiram nas teses do medo e da asfixia democrática. Falaram basicamente no que não acreditam e marcaram a diferença com o PS numa ideia vaga sobre se se avançava ou não para o TGV. Os eleitores perceberam a mensagem. No final ninguém festejou. Também ninguém se demitiu.Bloco de EsquerdaFizeram uma campanha verdadeiramente populista. Sabem chegar perigosamente ao coração de muitos portugueses. Uma mistura explosiva entre ânsia de poder, ideias de protesto e demagogia trotsquista. No final festejaram, e muito. Esqueceram-se é que não tinha sido o Bloco a vencer as eleições. Aliás, não tinha vencido, sequer, a medalha de bronze.CDS/PP – segundo lugar no pódio dos vencedoresFizeram uma campanha clean, decente e trabalhadora, falaram sobre o que acreditam, elegendo pontos de interesse e objectivos bem concretos a atingir se chegassem ao poder. Paulo Portas é um político bem preparado e com elevado potencial, perdendo pouco tempo na baixa política. No final festejaram, e bem: ficaram com a medalha de bronze, cresceram muito e trabalharam para isso.PS – o primeiro lugar no pódio dos vencedoresQuanto a mim, ganhou o espírito reformista e de acção do Primeiro-Ministro e a sua capacidade de resistência à adversidade. Ganhou a campanha positiva do “que foi feito e do que está para fazer”, em contra-ponto com a campanha negativa do PSD. O PS acabou por vencer num clima de crise internacional e de baixa política. No final festejaram o óbvio: o PS tinha ganho as eleições. De certa forma, também a campanha da Dra. Manuela Ferreira Leite ganhou naquela noite.2. Legislativas no Barreiro: conclusões na noite de 27 de SetembroO PS vencera no Barreiro. Mais coisa menos coisa, à imagem da média nacional. Só que distorcida à esquerda, como faz parte da nossa cultura barreirense. Tudo o que pensei para o país, pensei também para o Barreiro. Mas com duas pequenas diferenças: por um lado, quem ficou em segundo lugar não foi o PSD mas sim a CDU; por outro, ganhou também a terceira travessia sobre o Tejo. E, neste particular, os cidadãos barreirenses demonstraram uma elevada cultura democrática, de grande maturidade e muito própria de gente bem esclarecida e que vota com propósitos firmes e bem definidos. É assim nas sociedades ideologicamente mais desenvolvidas.3. Pelo meio: o caso do Presidente que não queria interferir na vida politico-partidária nem alimentar casosA mensagem ao país do senhor Presidente da República no dia 29 de Setembro foi uma coisa sem explicação. Porque o sibilino é ininterpretável, como tal inexplicável. Um veto à inteligibilidade, uma ode ao enigmático. Mas esta mensagem apresentou uma clara vantagem às hostes partidárias, fossem elas quais fossem: todos a poderiam citar e retirar dela o que muito bem entendessem. Há que realçar esse aspecto. Foi retirada a dúvida sobre as escutas e a teoria geral da estupidez que a alimentou, mas acrescentou outras dúvidas que, bem entendido, não esclarecem nada. Aliás, acrescentar dúvidas parece-me um conceito pouco digestivo para quem era suposto esclarecê-las. Dúvidas sobre a vulnerabilidade do sistema informático de Belém, por exemplo e entre muitas mais (aparentemente os piratas informáticos que conseguiram entrar nos sistemas da Casa Branca e do FBI também já estão quase a entrar no sistema super protegido de Belém, vejam bem o caos a que isto chegou).4. As Autárquicas no País: conclusões na noite de 11 de OutubroEm termos nacionais retiro poucas ideias, porque as eleições autárquicas são o que são: eleições regionais. Mas realço alguns resultados interessantes: a vitória de António Costa em Lisboa (uma ampliação dos resultados nacionais das legislativas), a vitória de Rui Rio e Luís Filipe Menezes na área metropolitana do Porto (idem, o rosto do PSD sem o passado). De resto, em número de votos, o país repetiu os resultados das eleições de há duas semanas, mais coisa menos coisa.5. As Autárquicas no Barreiro: conclusões na noite de 11 de OutubroUma vez mais, o Barreiro é uma imagem do país. Mas ao contrário. Uma vez que a charneira do poder pende à esquerda, pode dizer-se que na nossa terra o bloco central é todo à esquerda. Ora, a CDU do Barreiro é uma espécie de PS no país e o PS do Barreiro é uma espécie de PSD no país. E, como em qualquer imagem ampliada ou distorcida, a coisa no Barreiro é mais acentuada: a CDU tem maioria absoluta (o que relega o mandato do PSD do Barreiro para segundo plano) e o PS perde em toda a linha. O que sempre concluí para o PSD do país e da sua líder pode perfeitamente aplicar-se ao PS do Barreiro: enquanto a CDU do Barreiro apresentar obra e enquanto o principal partido da oposição do Barreiro se perder em guerrilhas internas e com campanhas negativas, só perde o cidadão barreirense. Porque a alternância no poder é boa para a democracia e para a sua transparência, há que subir o patamar da exigência. A bem dos barreirenses.

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