Mais um a bater com a porta!
Mais um militante a perceber a natureza do PCP – o presidente da C. M. de Sines. Ao menos este, ao contrário de Carlos Sousa e outros, não se deixou intimidar pela habitual prática de terrorismo psicológico que caracteriza a resposta do partido em casos semelhantes. Descobriu finalmente – mais vale tarde que nunca... – a natureza dogmática do PC e o seu absoluto desprezo pela liberdade de pensamento dos seus militantes. Isto mostra, uma vez mais, o que muitos vêm dizendo desde há muito mas a que a retórica vazia do PC permanece imune. Os militantes comunistas regem-se pela inércia. É o hábito rotineiro de estarem naquele santuário de fé há demasiados anos, onde tudo é previsível, onde o mundo é observado de uma janela em que só se distingue o preto e o branco. É um mar de aconchegante quietude onde a música de fundo repete essa divisão simples entre os salvadores messiânicos e os condenados aos infernos. Só o fechamento nesse mar, composto de eternas e repetidas ladainhas, oferece garantias de salvação. Não é preciso fazer nada, nem argumentar nem sequer pensar muito. Basta estar sempre atento às sucessivas liturgias de São Jerónimo (de Sousa) e cumprir fielmente e religiosamente cada ritual. É a força da fé. Esta, só é abalada em momentos de choque (como este caso ilustra) em que a pessoa se vê absolutamente amesquinhada na sua honra e despeitada na sua dignidade, depois de tantos anos de dedicação à causa. Aí faz-se um flash que tudo ilumina e liberta: as ideias reprimidas e os impulsos recalcados vêm ao de cima... Alguns deixam-se cegar, no seu deslumbramento repentino pelas virtudes do capitalismo. É então a vez do novo-riquismo e do consumismo mais ostensivo. Saltam directamente do PC para o liberalismo mais descontrolado. Às vezes parece que dentro de cada comunista ortodoxo vive um feroz liberal mortinho para saltar cá para fora! É como se o mais beato dos católicos se convertesse de repente ao islamismo. Abundam por aí muitos exemplos de ex-PCs (e convictos personagens socialistas também) para quem, ao lado da retórica e do blá blá, o que verdadeiramente importa é apenas o dinheiro e o poder. Estar junto dos mais ricos e ir sacando algum é o que os move, nada mais. E o que é mais obsceno é que essa atitude é por vezes exibida sem a mais pequena ponta de vergonha e de pudor! Sei que alguns incondicionais do PC me acusam de anti-comunista “primário (!)” (como gostam de acrescentar). Mas também sei que o que os PCs mais odeiam não são os activistas de direita. São sim aqueles que, assumindo abertamente as suas ideias de esquerda, assumem também a sua crítica frontal à ortodoxia estalinista e soviética. Seja como for, acredito que a utopia comunista é uma ideia generosa e emancipatória que precisamos de manter viva. Não duvido que o pensamento de Marx continua actual (em muitos aspectos, não todos) e é importante para nos ajudar a entender – ainda hoje – as perversões do capitalismo mercantilista. Para tanto é preciso voltar a lê-lo (sobretudo aqueles textos fora da cartilha, que nunca foram lidos). E a ler outros pensadores de esquerda mais actuais, que ajudem a ver o mundo com outras lentes e a descobrir caminhos alternativos – e de esquerda – à actual política liberal.
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Mais um a bater com a porta!
Mais um militante a perceber a natureza do PCP – o presidente da C. M. de Sines. Ao menos este, ao contrário de Carlos Sousa e outros, não se deixou intimidar pela habitual prática de terrorismo psicológico que caracteriza a resposta do partido em casos semelhantes. Descobriu finalmente – mais vale tarde que nunca... – a natureza dogmática do PC e o seu absoluto desprezo pela liberdade de pensamento dos seus militantes. Isto mostra, uma vez mais, o que muitos vêm dizendo desde há muito mas a que a retórica vazia do PC permanece imune. Os militantes comunistas regem-se pela inércia. É o hábito rotineiro de estarem naquele santuário de fé há demasiados anos, onde tudo é previsível, onde o mundo é observado de uma janela em que só se distingue o preto e o branco. É um mar de aconchegante quietude onde a música de fundo repete essa divisão simples entre os salvadores messiânicos e os condenados aos infernos. Só o fechamento nesse mar, composto de eternas e repetidas ladainhas, oferece garantias de salvação. Não é preciso fazer nada, nem argumentar nem sequer pensar muito. Basta estar sempre atento às sucessivas liturgias de São Jerónimo (de Sousa) e cumprir fielmente e religiosamente cada ritual. É a força da fé. Esta, só é abalada em momentos de choque (como este caso ilustra) em que a pessoa se vê absolutamente amesquinhada na sua honra e despeitada na sua dignidade, depois de tantos anos de dedicação à causa. Aí faz-se um flash que tudo ilumina e liberta: as ideias reprimidas e os impulsos recalcados vêm ao de cima... Alguns deixam-se cegar, no seu deslumbramento repentino pelas virtudes do capitalismo. É então a vez do novo-riquismo e do consumismo mais ostensivo. Saltam directamente do PC para o liberalismo mais descontrolado. Às vezes parece que dentro de cada comunista ortodoxo vive um feroz liberal mortinho para saltar cá para fora! É como se o mais beato dos católicos se convertesse de repente ao islamismo. Abundam por aí muitos exemplos de ex-PCs (e convictos personagens socialistas também) para quem, ao lado da retórica e do blá blá, o que verdadeiramente importa é apenas o dinheiro e o poder. Estar junto dos mais ricos e ir sacando algum é o que os move, nada mais. E o que é mais obsceno é que essa atitude é por vezes exibida sem a mais pequena ponta de vergonha e de pudor! Sei que alguns incondicionais do PC me acusam de anti-comunista “primário (!)” (como gostam de acrescentar). Mas também sei que o que os PCs mais odeiam não são os activistas de direita. São sim aqueles que, assumindo abertamente as suas ideias de esquerda, assumem também a sua crítica frontal à ortodoxia estalinista e soviética. Seja como for, acredito que a utopia comunista é uma ideia generosa e emancipatória que precisamos de manter viva. Não duvido que o pensamento de Marx continua actual (em muitos aspectos, não todos) e é importante para nos ajudar a entender – ainda hoje – as perversões do capitalismo mercantilista. Para tanto é preciso voltar a lê-lo (sobretudo aqueles textos fora da cartilha, que nunca foram lidos). E a ler outros pensadores de esquerda mais actuais, que ajudem a ver o mundo com outras lentes e a descobrir caminhos alternativos – e de esquerda – à actual política liberal.