Fórum Palestina: Entre o absurdo e a razão

19-12-2009
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Comentário ao Editorial do Público, de 31 de Julho de 2008, intitulado "O absurdo boicote pedido a Cohen contra Israel" , assinado por Nuno Pacheco.Estou certo de que é um homem que preza a liberdade, a justiça e a dignidade da pessoa humana… mas aqui, nesta sua apreciação, talvez lhe faltado a informação e o conhecimento da situação.Em minha opinião o absurdo não é um grupo de activistas pro-palestinos, em Portugal, terem-se juntado ao coro dos que pedem a Leonard Cohen que anule um concerto que tem marcado para Telavive, no contexto de uma campanha mais global de “Boicote, Desinvestimento & Sanções” que tem por objectivo fazer sentir ao povo israelita que as políticas que sucessivos governos de Israel tem prosseguido mantendo a ocupação, desenvolvendo a colonização e agravando a opressão e a repressão política, social e cultural contra o povo palestino e contra os cidadãos israelitas que não estejam de acordo com elas – sejam árabes ou judeus – só merecem reprovação repúdio e desprezo.(É bom recordar que foi com uma campanha similar que se apressou o fim do regime de apartheid na África do Sul.)O absurdo é o de um povo, o Palestino, mais de oito milhões de seres humanos, terem de sobreviver como refugiados em terras estrangeiras (mais de quatro milhões e meio) ou na diáspora, ou em regime de ocupação (Cisjordânia – mais de dois milhões e meio), ou desde há pouco tempo - antes a ocupação e a colonização eram efectivas - como encarcerados na sua própria terra, a Faixa de Gaza (milhão e meio), isto desde 1948 – sessenta e um anos.O absurdo é, a potência ocupante, Israel, não só manter a ocupação, contra todos os apelos, exortações, recomendações e exigências das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança, como continuadamente desenvolver uma política de colonização dos territórios palestinos ocupados contrária ao direito internacional e em violação clara do preceituado na IV Convenção de Genebra.E para isso destrói e “confisca” terras e olivais, casas e propriedades… dos palestinos.E para isso reprime, detém, encarcera, fere… e mata… palestinos… e… por vezes israelitas, judeus ou não, que se levantam contra a repressão.O absurdo é o de um milhão e meio de seres humanos, palestinos, estarem sitiados há mais de dois anos numa estreita nesga de terra chamada Faixa de Gaza e que depois de massacrados – 1.455 mortos dos quais 231 crianças, mais de 5.380 feridos, dos quais mais de 1.872 crianças - durante 3 semanas, sem sítio para onde fugir, lá sub-vivem à mingua de tudo.Leonard Cohen é de origem judaica, e afirma-se judeu (apesar de ter sido ordenado monge budista, tendo recebido o nome de Jikan (Silêncio), - e depois?Quantas centenas de milhares de judeus em Israel e fora de Israel denunciam a ocupação, a colonização e repressão e exigem o seu fim? Ser judeu não significa ser conivente com a injustiça, com a opressão, com a repressão, ainda para mais sendo Cohen um poeta que apesar de quase sempre se ter distanciado de tomar posição sobre a guerra tem demonstrado preocupações sociais e éticas.Leomard Cohen actuou para as tropas israelitas em 1973 durante a guerra do Yom Kippur e depois?Quantos combatentes, digo combatentes, judeus de ontem se batem pela paz hoje em Israel?Um dos primeiros movimentos pela paz e que deu origem ao movimento israelita “Paz agora” formou-se em 1978 e teve por base uma petição subscrita por 348 oficiais israelitas.Uma das mais respeitadas vozes do campo da paz é Uri Avnery, um “pioneiro” - chegou à Palestina em 1933 - um homem de acção - combateu antes da independência (1938) no Irgun, uma “organização terrorista” judaica, e foi ferido com gravidade em 1948, em campo de batalha.Ainda bem que “…o Homem é composto de mudança..”Para finalizar não se trata de “usar” os músicos e sim de conquistar as consciências e os corações não só de músicos de renome e notoriedade mas de todos, até de si, para uma causa justa, porque até o bater das asas de uma borboleta faz a diferença.Só para que não fique no vago a questão da “causa justa”. Trata-se da auto-determinação do Povo Palestino, através de um Estado independente, soberano e viável, tendo Jerusalém Oriental como capital, nos limites territoriais definidos pela “linha verde”, com os ajustamentos que ambas as partes acordarem, nomeadamente no caso dos refugiados palestinos.A solução deve garantir a segurança de Israel e por maioria de razão, de forma acrescida, se Israel decidir reduzir ou desmantelar o seu arsenal de vectores nucleares estimados em cerca de 220.


Comentário ao Editorial do Público, de 31 de Julho de 2008, intitulado "O absurdo boicote pedido a Cohen contra Israel" , assinado por Nuno Pacheco.Estou certo de que é um homem que preza a liberdade, a justiça e a dignidade da pessoa humana… mas aqui, nesta sua apreciação, talvez lhe faltado a informação e o conhecimento da situação.Em minha opinião o absurdo não é um grupo de activistas pro-palestinos, em Portugal, terem-se juntado ao coro dos que pedem a Leonard Cohen que anule um concerto que tem marcado para Telavive, no contexto de uma campanha mais global de “Boicote, Desinvestimento & Sanções” que tem por objectivo fazer sentir ao povo israelita que as políticas que sucessivos governos de Israel tem prosseguido mantendo a ocupação, desenvolvendo a colonização e agravando a opressão e a repressão política, social e cultural contra o povo palestino e contra os cidadãos israelitas que não estejam de acordo com elas – sejam árabes ou judeus – só merecem reprovação repúdio e desprezo.(É bom recordar que foi com uma campanha similar que se apressou o fim do regime de apartheid na África do Sul.)O absurdo é o de um povo, o Palestino, mais de oito milhões de seres humanos, terem de sobreviver como refugiados em terras estrangeiras (mais de quatro milhões e meio) ou na diáspora, ou em regime de ocupação (Cisjordânia – mais de dois milhões e meio), ou desde há pouco tempo - antes a ocupação e a colonização eram efectivas - como encarcerados na sua própria terra, a Faixa de Gaza (milhão e meio), isto desde 1948 – sessenta e um anos.O absurdo é, a potência ocupante, Israel, não só manter a ocupação, contra todos os apelos, exortações, recomendações e exigências das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança, como continuadamente desenvolver uma política de colonização dos territórios palestinos ocupados contrária ao direito internacional e em violação clara do preceituado na IV Convenção de Genebra.E para isso destrói e “confisca” terras e olivais, casas e propriedades… dos palestinos.E para isso reprime, detém, encarcera, fere… e mata… palestinos… e… por vezes israelitas, judeus ou não, que se levantam contra a repressão.O absurdo é o de um milhão e meio de seres humanos, palestinos, estarem sitiados há mais de dois anos numa estreita nesga de terra chamada Faixa de Gaza e que depois de massacrados – 1.455 mortos dos quais 231 crianças, mais de 5.380 feridos, dos quais mais de 1.872 crianças - durante 3 semanas, sem sítio para onde fugir, lá sub-vivem à mingua de tudo.Leonard Cohen é de origem judaica, e afirma-se judeu (apesar de ter sido ordenado monge budista, tendo recebido o nome de Jikan (Silêncio), - e depois?Quantas centenas de milhares de judeus em Israel e fora de Israel denunciam a ocupação, a colonização e repressão e exigem o seu fim? Ser judeu não significa ser conivente com a injustiça, com a opressão, com a repressão, ainda para mais sendo Cohen um poeta que apesar de quase sempre se ter distanciado de tomar posição sobre a guerra tem demonstrado preocupações sociais e éticas.Leomard Cohen actuou para as tropas israelitas em 1973 durante a guerra do Yom Kippur e depois?Quantos combatentes, digo combatentes, judeus de ontem se batem pela paz hoje em Israel?Um dos primeiros movimentos pela paz e que deu origem ao movimento israelita “Paz agora” formou-se em 1978 e teve por base uma petição subscrita por 348 oficiais israelitas.Uma das mais respeitadas vozes do campo da paz é Uri Avnery, um “pioneiro” - chegou à Palestina em 1933 - um homem de acção - combateu antes da independência (1938) no Irgun, uma “organização terrorista” judaica, e foi ferido com gravidade em 1948, em campo de batalha.Ainda bem que “…o Homem é composto de mudança..”Para finalizar não se trata de “usar” os músicos e sim de conquistar as consciências e os corações não só de músicos de renome e notoriedade mas de todos, até de si, para uma causa justa, porque até o bater das asas de uma borboleta faz a diferença.Só para que não fique no vago a questão da “causa justa”. Trata-se da auto-determinação do Povo Palestino, através de um Estado independente, soberano e viável, tendo Jerusalém Oriental como capital, nos limites territoriais definidos pela “linha verde”, com os ajustamentos que ambas as partes acordarem, nomeadamente no caso dos refugiados palestinos.A solução deve garantir a segurança de Israel e por maioria de razão, de forma acrescida, se Israel decidir reduzir ou desmantelar o seu arsenal de vectores nucleares estimados em cerca de 220.

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