in tenui labor: à tout propos (147)

03-08-2010
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Apesar de manter enormes dúvidas quanto à instauração de «dias internacionais» de qualquer coisa - e apesar também de reconhecer que essa foi infelizmente a melhor forma encontrada para dar visibilidade a algumas questões específicas - hoje comemora-se o Dia Internacional da Mulher.Para mim, torna-se claro que a utilidade deste dia é pouco maior que a de uma panela de pressão para fazer chá. Bom, na verdade, devo dizer que gozei de um período da tarde calmo e produtivo porque o Big deu dispensa às fêmeas e assim imperou o silêncio. Cada uma terá gozado a sua tarde como bem entendeu, tornando clara a afirmação de um dia especial, para pessoas especiais.Entretanto, numa conferência em Lisboa, ninguém dispensou Maria João Avillez que se pôs aos pulos a questionar a audiência se alguma mulher neste país tomaria a decisão do Ex-primeiro-Ministro Durão Barroso, e se assumiria um cargo com tanto desgaste familiar, aquando da sua ida para a Comissão Europeia.Ora, para além da enorme descortesia para todos aqueles (homens e mulheres) que se viram na vida criando a solo os seus filhos, esta é a visão do feminismo inconsequente e popularucho que todas as mulheres emancipadas devem rejeitar.Como em tudo, as referências sociais assim como a identidade colectiva de um povo são históricas, portanto, assumindo que a igualdade só existe de jure, é descabido tal questionamento com referência a cargos que são assumidos por gente emancipada. Qual é a diferença para a Manuela Ferreira Leite, ser Ministra das Finanças ou Comissária Europeia? É melhor, lá não é contestada de forma tão boçal. E a Ilda Figueiredo, não é Deputada Europeia? E a Edite Estrela? Jamila Madeira? Ana Gomes?Sobre se as mulheres estão equitativamente representadas nas instituições políticas é uma outra questão. Maria João Avillez, normalmente sóbria, abandeirou copiosamente em arco e comprovou justamente como as referências culturais são históricas, logo contextualizadas. E felizmente, temos dado sólidos passos no sentido de uma igualdade de facto que acompanhe a de direito.Infelizmente, findo o belo dia, se calhar muitas das minhas colegas tiveram que fazer o mesmo (e mais) que eu vou fazer agora: preparar a refeição, estender a roupa, «fazer» outra máquina, lavar a loiça, regar as plantas e só não trato das crianças porque não há. Mas ainda terei que arranjar tempo para outras labutas extra-laborais, antes de beber um copo para descontrair.Finalmente, fica o seguinte link para apreciar: mais de 80% das mulheres portuguesas não tentam dividir tarefas domésticas. Para uma pesquisa mais aturada, toda a informação no site do ICS.


Apesar de manter enormes dúvidas quanto à instauração de «dias internacionais» de qualquer coisa - e apesar também de reconhecer que essa foi infelizmente a melhor forma encontrada para dar visibilidade a algumas questões específicas - hoje comemora-se o Dia Internacional da Mulher.Para mim, torna-se claro que a utilidade deste dia é pouco maior que a de uma panela de pressão para fazer chá. Bom, na verdade, devo dizer que gozei de um período da tarde calmo e produtivo porque o Big deu dispensa às fêmeas e assim imperou o silêncio. Cada uma terá gozado a sua tarde como bem entendeu, tornando clara a afirmação de um dia especial, para pessoas especiais.Entretanto, numa conferência em Lisboa, ninguém dispensou Maria João Avillez que se pôs aos pulos a questionar a audiência se alguma mulher neste país tomaria a decisão do Ex-primeiro-Ministro Durão Barroso, e se assumiria um cargo com tanto desgaste familiar, aquando da sua ida para a Comissão Europeia.Ora, para além da enorme descortesia para todos aqueles (homens e mulheres) que se viram na vida criando a solo os seus filhos, esta é a visão do feminismo inconsequente e popularucho que todas as mulheres emancipadas devem rejeitar.Como em tudo, as referências sociais assim como a identidade colectiva de um povo são históricas, portanto, assumindo que a igualdade só existe de jure, é descabido tal questionamento com referência a cargos que são assumidos por gente emancipada. Qual é a diferença para a Manuela Ferreira Leite, ser Ministra das Finanças ou Comissária Europeia? É melhor, lá não é contestada de forma tão boçal. E a Ilda Figueiredo, não é Deputada Europeia? E a Edite Estrela? Jamila Madeira? Ana Gomes?Sobre se as mulheres estão equitativamente representadas nas instituições políticas é uma outra questão. Maria João Avillez, normalmente sóbria, abandeirou copiosamente em arco e comprovou justamente como as referências culturais são históricas, logo contextualizadas. E felizmente, temos dado sólidos passos no sentido de uma igualdade de facto que acompanhe a de direito.Infelizmente, findo o belo dia, se calhar muitas das minhas colegas tiveram que fazer o mesmo (e mais) que eu vou fazer agora: preparar a refeição, estender a roupa, «fazer» outra máquina, lavar a loiça, regar as plantas e só não trato das crianças porque não há. Mas ainda terei que arranjar tempo para outras labutas extra-laborais, antes de beber um copo para descontrair.Finalmente, fica o seguinte link para apreciar: mais de 80% das mulheres portuguesas não tentam dividir tarefas domésticas. Para uma pesquisa mais aturada, toda a informação no site do ICS.

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