GEOSAPIENS: O labirinto...

03-08-2010
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Zeus não poderia desatar as redesde pedra que me cercam.Já esqueci todos os homens que antes fui;segui o caminho de insípidas paredesque é o meu destino.Rectas galerias que se curvam em círculos secretosao fim de muitos anos.Para peitos gretados pela erosão dos dias.Entre a poeira tenho decifradorastos que temo.O ar tem-me trazidonas mais côncavas tardes um bramidoou o eco de um bramido desolado.Sei que na sombra há Outro, cuja sorteé fatigar as tãos longas saudadesque tecem e destecem este Hades,ansiar meu sangue e devorar-me a morte.Ambos nos procuramos.Quem me derafosse este o dia último da espera.José Luis Borgesin Elogio da Sombra, 1969

Zeus não poderia desatar as redesde pedra que me cercam.Já esqueci todos os homens que antes fui;segui o caminho de insípidas paredesque é o meu destino.Rectas galerias que se curvam em círculos secretosao fim de muitos anos.Para peitos gretados pela erosão dos dias.Entre a poeira tenho decifradorastos que temo.O ar tem-me trazidonas mais côncavas tardes um bramidoou o eco de um bramido desolado.Sei que na sombra há Outro, cuja sorteé fatigar as tãos longas saudadesque tecem e destecem este Hades,ansiar meu sangue e devorar-me a morte.Ambos nos procuramos.Quem me derafosse este o dia último da espera.José Luis Borgesin Elogio da Sombra, 1969

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