P U B L I C I S T A: Literatura

28-05-2010
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OH! why should the spirit of mortal be proud?O general William Knox escreveu, no final do séc. XIX, a composição poética intitulada “Oh! why should the spirit of mortal be proud?”. O tom melancólico que perpassa o poema, aliado à reflexão profunda acerca da transitoriedade que envolve a natureza humana, possibilitará ao leitor contemplar-se como fugaz actor na grande peça teatral que é a vida, o que lembra Skakespeare quando afirma: “Out, out, brief candle!/Life's but a walking shadow; a poor player/That struts and frets his hour upon the stage and then is heard no more: it is a tale/ Told by an idiot, full of sound and fury,/Signifying nothing.” (Macbeth, V, v, 19).Neste blog foi já referido que o poema de Knox se destacava pelo interesse que Abraham Lincoln nutria por ele, tanto que o sabia de cor e o recitava inúmeras vezes. Com a tradução que a seguir se propõe percebemos porquê.Oh! Por que tem de ser orgulhosa dos mortais a alma?Como um meteoro fugaz, uma nuvem sem calma,Um relâmpago, o rebentar das ondas do mar,O Homem entrega a vida ao seu descanso tumular.As folhas do carvalho e do salgueiro morrerão,O vento as espalhará e juntas permanecerão;E os jovens e os velhos, os pobres e ricosRetornarão ao pó e não mais se lhes ouvirão os gritos.A criança de quem a mãe cuidou e amou;A mãe de quem a criança tanto gostou;O marido junto da mulher e do filho estava, --E agora estão todos na última morada.A criada, em cujos olhos e expressão,Brilhou doçura, --é longe a sua dedicação;E aqueles que agora a estimam e elogiamJá a memória dos vivos não habitam.A mão no ceptro de onde o rei surgiu;A fronte do padre que a mitra exauriu;O âmago da salva, a coragem dos ousados,Nas profundezas da sepultura estão pousados.O camponês que plantar e colher tinha como fado;O pastor que subia com as cabras o monte bravo;O pedinte que vagueava em busca de pão,Desapareceram como a erva que pisamos no chão.O santo que apreciava do céu a comunhão;O pecador que se atrevia a não querer perdão;Sábios e tolos, gentes culpadas e bem-aventuradas,Tranquilamente entrelaçam agora as ossadas.E assim a multidão caminha como flores ao luarQue murcham para deixarem os outros triunfar;E assim a multidão vem, mesmo os que ouvimos,Repetirem a mesma história que já não sentimos.Porque nós somos o mesmo que os outros foram;Vemos as mesmas coisas que eles viram;Bebemos do mesmo regato e vemos o mesmo solE pautamo-nos como eles pelo mesmo farol.Os pensamentos que temos outros os tiveramA morte tememos como outros fizeram;À vida agarramo-nos como outros em pensamento;Mas ela avança sobre nós como uma ave no vento.Amaram, mas a sua história não se desvenda ao curioso;Festejaram, mas o seu riso é agora silencioso;Escarneceram, mas o espírito dos arrogantes é frio;Sofreram, mas nenhum som vem do seu jazigo.Eles morreram, sim! Morreram; e nós somos coisasQue caminhamos sobre a terra que os cobre;Que fazemos nos seus domicílios a nossa moradaEncontramos o que eles encontraram na sua jornada.Sim! Esperança e desânimo, prazer e dor que dura,Misturam-se sorrisos e lágrimas ao sol e à chuva;Canções alegres e cânticos fúnebres perseguem-seTal como as ondas do mar, que se sucedem.A vida é um piscar de olhos, um suspiro atirado à sorteDesde o esplendor da saúde à palidez da morte,Desde os salões dourados à mortalha, --Oh! Por que tem de ser orgulhosa dos mortais a alma?


OH! why should the spirit of mortal be proud?O general William Knox escreveu, no final do séc. XIX, a composição poética intitulada “Oh! why should the spirit of mortal be proud?”. O tom melancólico que perpassa o poema, aliado à reflexão profunda acerca da transitoriedade que envolve a natureza humana, possibilitará ao leitor contemplar-se como fugaz actor na grande peça teatral que é a vida, o que lembra Skakespeare quando afirma: “Out, out, brief candle!/Life's but a walking shadow; a poor player/That struts and frets his hour upon the stage and then is heard no more: it is a tale/ Told by an idiot, full of sound and fury,/Signifying nothing.” (Macbeth, V, v, 19).Neste blog foi já referido que o poema de Knox se destacava pelo interesse que Abraham Lincoln nutria por ele, tanto que o sabia de cor e o recitava inúmeras vezes. Com a tradução que a seguir se propõe percebemos porquê.Oh! Por que tem de ser orgulhosa dos mortais a alma?Como um meteoro fugaz, uma nuvem sem calma,Um relâmpago, o rebentar das ondas do mar,O Homem entrega a vida ao seu descanso tumular.As folhas do carvalho e do salgueiro morrerão,O vento as espalhará e juntas permanecerão;E os jovens e os velhos, os pobres e ricosRetornarão ao pó e não mais se lhes ouvirão os gritos.A criança de quem a mãe cuidou e amou;A mãe de quem a criança tanto gostou;O marido junto da mulher e do filho estava, --E agora estão todos na última morada.A criada, em cujos olhos e expressão,Brilhou doçura, --é longe a sua dedicação;E aqueles que agora a estimam e elogiamJá a memória dos vivos não habitam.A mão no ceptro de onde o rei surgiu;A fronte do padre que a mitra exauriu;O âmago da salva, a coragem dos ousados,Nas profundezas da sepultura estão pousados.O camponês que plantar e colher tinha como fado;O pastor que subia com as cabras o monte bravo;O pedinte que vagueava em busca de pão,Desapareceram como a erva que pisamos no chão.O santo que apreciava do céu a comunhão;O pecador que se atrevia a não querer perdão;Sábios e tolos, gentes culpadas e bem-aventuradas,Tranquilamente entrelaçam agora as ossadas.E assim a multidão caminha como flores ao luarQue murcham para deixarem os outros triunfar;E assim a multidão vem, mesmo os que ouvimos,Repetirem a mesma história que já não sentimos.Porque nós somos o mesmo que os outros foram;Vemos as mesmas coisas que eles viram;Bebemos do mesmo regato e vemos o mesmo solE pautamo-nos como eles pelo mesmo farol.Os pensamentos que temos outros os tiveramA morte tememos como outros fizeram;À vida agarramo-nos como outros em pensamento;Mas ela avança sobre nós como uma ave no vento.Amaram, mas a sua história não se desvenda ao curioso;Festejaram, mas o seu riso é agora silencioso;Escarneceram, mas o espírito dos arrogantes é frio;Sofreram, mas nenhum som vem do seu jazigo.Eles morreram, sim! Morreram; e nós somos coisasQue caminhamos sobre a terra que os cobre;Que fazemos nos seus domicílios a nossa moradaEncontramos o que eles encontraram na sua jornada.Sim! Esperança e desânimo, prazer e dor que dura,Misturam-se sorrisos e lágrimas ao sol e à chuva;Canções alegres e cânticos fúnebres perseguem-seTal como as ondas do mar, que se sucedem.A vida é um piscar de olhos, um suspiro atirado à sorteDesde o esplendor da saúde à palidez da morte,Desde os salões dourados à mortalha, --Oh! Por que tem de ser orgulhosa dos mortais a alma?

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