O MacGuffin: PELO CONTRÁRIO

05-08-2010
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Hoje, no seu artigo de opinião, perdão, no "editorial" do Público, Eduardo Dâmaso escreve: ”O PS entronizou este fim de semana a liderança de José Sócrates tendo como pano de fundo uma paupérrima discussão política em torno de uma política de alianças que visou meramente uma diabolização da ala esquerda do partido” e ”Depois de ter ouvido os discursos de José Sócrates, Jaime Gama e Sérgio Sousa Pinto percebe-se que o congresso não serviu para nada mais do que empurrar o grupo de Alegre para o estatuto de uma minoria intelectual e arcaica” Concluindo: ”Não é com discursatas arrogantes de diabolização de tudo quanto está à sua esquerda, nem com figuras gastas e comprometidas com interesses empresariais que Sócrates lá vai”. Pelo contrário, amigo Eduardo: só assim é que o PS “lá vai”. Sócrates pode ser muita coisa – o «Santana Lopes da Esquerda», o «tosco das citações», o «vaidoso do Rato», o «homem do teleponto» – mas não é, certamente, estúpido. Nem parvo. Sócrates já percebeu claramente uma coisa: o PS “só lá vai” no dia em que se aliviar, laxativamente, da tralha anacrónica que certas correntes internas insistem em revisitar intermitentemente. Falo, obviamente, dos “punhos erguidos”, das eternas “jornadas de luta”, dos "amanhãs que cantam", dos “passados anti-salazaristas”, do pendor anti-liberal e reaccionário, ou seja, do socialismo puro e duro – deslocado, estafado, inconsequente - que já toda a gente, por essa querida e desejada Europa fora, meteu na gaveta, deitando fora a chave. Sócrates faz muito bem em demarcar-se do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. O PS e a esquerda só lá irão no dia em que perceberem, em consciência e com actos, que o ridículo e a insanidade das suas mais «nobres» e radicais convicções (cf. aqui, aqui ou aqui) nunca tiveram aplicação prática no passado, não têm no presente e muito menos no futuro. Resta saber, como bem observou o André, se tudo não passa de cosmética, para esconder a fácies sulcada de uma idosa e decrépita senhora. Ou se tudo não passa de uma estratégia de poder, vazia de ideias e de coragem política (género: guterrismo). E resta saber, também, se a esquerda sem «tralha» ainda é esquerda ou, pelo menos, se consegue ser identificada como tal…

Hoje, no seu artigo de opinião, perdão, no "editorial" do Público, Eduardo Dâmaso escreve: ”O PS entronizou este fim de semana a liderança de José Sócrates tendo como pano de fundo uma paupérrima discussão política em torno de uma política de alianças que visou meramente uma diabolização da ala esquerda do partido” e ”Depois de ter ouvido os discursos de José Sócrates, Jaime Gama e Sérgio Sousa Pinto percebe-se que o congresso não serviu para nada mais do que empurrar o grupo de Alegre para o estatuto de uma minoria intelectual e arcaica” Concluindo: ”Não é com discursatas arrogantes de diabolização de tudo quanto está à sua esquerda, nem com figuras gastas e comprometidas com interesses empresariais que Sócrates lá vai”. Pelo contrário, amigo Eduardo: só assim é que o PS “lá vai”. Sócrates pode ser muita coisa – o «Santana Lopes da Esquerda», o «tosco das citações», o «vaidoso do Rato», o «homem do teleponto» – mas não é, certamente, estúpido. Nem parvo. Sócrates já percebeu claramente uma coisa: o PS “só lá vai” no dia em que se aliviar, laxativamente, da tralha anacrónica que certas correntes internas insistem em revisitar intermitentemente. Falo, obviamente, dos “punhos erguidos”, das eternas “jornadas de luta”, dos "amanhãs que cantam", dos “passados anti-salazaristas”, do pendor anti-liberal e reaccionário, ou seja, do socialismo puro e duro – deslocado, estafado, inconsequente - que já toda a gente, por essa querida e desejada Europa fora, meteu na gaveta, deitando fora a chave. Sócrates faz muito bem em demarcar-se do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. O PS e a esquerda só lá irão no dia em que perceberem, em consciência e com actos, que o ridículo e a insanidade das suas mais «nobres» e radicais convicções (cf. aqui, aqui ou aqui) nunca tiveram aplicação prática no passado, não têm no presente e muito menos no futuro. Resta saber, como bem observou o André, se tudo não passa de cosmética, para esconder a fácies sulcada de uma idosa e decrépita senhora. Ou se tudo não passa de uma estratégia de poder, vazia de ideias e de coragem política (género: guterrismo). E resta saber, também, se a esquerda sem «tralha» ainda é esquerda ou, pelo menos, se consegue ser identificada como tal…

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