DRAGOSCÓPIO: f, a Rata fedorenta (ou anti-borralheira)

22-12-2009
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A inefável Câncio, sempre na brecha -ou na fenda, ou na greta, conforme preferirdes-, insurge-se, mais uma vez, contra o protocolo de Estado. E insurge-se com toda a razão. Faço minhas as palavras dela: «Um documento recheado de salamaleques bolorentos, de "Senhoras de" : "a Senhora de Jaime Gama", "a Senhora de Cavaco Silva", "a Senhora do Doutor Jorge Sampaio", "a Senhora do Doutor Mário Soares", mais "as senhoras dos anteriores primeiros-ministros".» Se faz algum sentido levarem para um local e cerimonial daqueles as senhoras. É lá sítio para senhoras! Fosse eu um dos eleitos da nação, digo nacinha, e levava mas era as putas. E o Caguinchas, até parece que estou a vê-lo, a mesmíssima coisa. Se não ficava um documento muito mais catita: "a puta ucraniana do Dragão", "As putas brasileiras do Engenheiro Caguinchas", a "brochista a dias de César Augusto", e etc e tal. Aos actuais dignitários, uns pusilânimes timoratos sem emenda, já não peço tanto. Mas ao menos que levassem as amázias. No mínimo, as vaginas de ocasião, ou descartáveis afins. Se não ficava mais bonito, escutem só: "a vagina do Engenheiro Sócrates". Ou então, caso uma tal creditação anatómica soasse a tradicionalismo bolorento, a "goela". A "goela de Fulano de Tal". A "mãozinha marota" ou o "divino nalguedo de Sicrano da Silva"; quiçá a "buraquinho mais apertado de Beltrano de Azevedo". Já para não falar na "dominadora de Coiso da Cunha", ou na "regadora dourada do Doutor Fifi Qualquer da Fonseca". Enfim, todo um mundo de variantes protocolares mais modernas e viçosas que, quanto a mim, era da maior urgência implementar. Quanto ao Cardeal, esse malandro, o protocolo podia eventualmente consignar "a luva preferida do Cardeal". Talvez assim a fernanda já não se escandalizasse tanto com a sua sacramental presença.E já que estou com a mão na fernanda, aproveito para declarar, pública e peremptoriamente, que não me escandaliza que a pobre coitada chore a morte do seu velho e infausto aspirador. Nestes tempos modernos, de retorno ululante ao animismo, acho até perfeitamente compreensível, lógico, meritório e, ciente de tão devastadora tragédia, envio daqui as minhas sentidas condolências.Mas, se não me escandaliza, deixa-me seriamente preocupado. Por uma questão de solidariedade humanitária, está claro. Sou muito dado a piedades destas. É que se a sensível criatura se debulha em lágrimas pelo malogro do electrodoméstico amigo, pergunto-me o que fará então - a que paroxismo descabelado não se verá ela transportada - caso lhe faleça subitamente, por exemplo, o vibrador - esse electrodoméstico querido, moderno e emancipador... Entra em depressão profunda? Corre aos barbitúricos? Suicida-se?...Temendo sinceramente pela sua preciosa existência, aqui lhe deixo uma linha de apoio, em caso de emergência:SOS Voz Amiga - Angústia, solidão e prevenção do suicídio - 800202669 (linha apoiada pela PT comunicações). Ou 213544545, para situações mais desesperadas.Queiram, todavia, notar que este gesto, além de humanitário, é sobremaneira interesseiro. Os Gatos Fedorentos podem fazer rir a marabunta pacóvia da nacinha, mas a mim, como esta f, a rata fedorenta, não há quem me faça rir. Deus ma guarde, por muitos e bons anos. Há pois que tudo fazer em prol da sua conservação. Uma rata assim é uma mina. Vale quatro mil gatos. Contando por baixo. Muito baixo mesmo. Até porque, por mais que rebuscássemos, não encontraríamos altos para contar.PS: estou mesmo a pensar fundar a Liga de Amigos da Rata Fedorenta. Ai deles se me correm com ela do DN!...PS2: O Blogue ideal, o Uber-blogue: O Dragoscópio, com a f a escrever os postais e eu a tecer comentários aos seus maravilhosos fornicoquezinhos de sopeira avançada. Minto: não era blogue, era o paraíso.


A inefável Câncio, sempre na brecha -ou na fenda, ou na greta, conforme preferirdes-, insurge-se, mais uma vez, contra o protocolo de Estado. E insurge-se com toda a razão. Faço minhas as palavras dela: «Um documento recheado de salamaleques bolorentos, de "Senhoras de" : "a Senhora de Jaime Gama", "a Senhora de Cavaco Silva", "a Senhora do Doutor Jorge Sampaio", "a Senhora do Doutor Mário Soares", mais "as senhoras dos anteriores primeiros-ministros".» Se faz algum sentido levarem para um local e cerimonial daqueles as senhoras. É lá sítio para senhoras! Fosse eu um dos eleitos da nação, digo nacinha, e levava mas era as putas. E o Caguinchas, até parece que estou a vê-lo, a mesmíssima coisa. Se não ficava um documento muito mais catita: "a puta ucraniana do Dragão", "As putas brasileiras do Engenheiro Caguinchas", a "brochista a dias de César Augusto", e etc e tal. Aos actuais dignitários, uns pusilânimes timoratos sem emenda, já não peço tanto. Mas ao menos que levassem as amázias. No mínimo, as vaginas de ocasião, ou descartáveis afins. Se não ficava mais bonito, escutem só: "a vagina do Engenheiro Sócrates". Ou então, caso uma tal creditação anatómica soasse a tradicionalismo bolorento, a "goela". A "goela de Fulano de Tal". A "mãozinha marota" ou o "divino nalguedo de Sicrano da Silva"; quiçá a "buraquinho mais apertado de Beltrano de Azevedo". Já para não falar na "dominadora de Coiso da Cunha", ou na "regadora dourada do Doutor Fifi Qualquer da Fonseca". Enfim, todo um mundo de variantes protocolares mais modernas e viçosas que, quanto a mim, era da maior urgência implementar. Quanto ao Cardeal, esse malandro, o protocolo podia eventualmente consignar "a luva preferida do Cardeal". Talvez assim a fernanda já não se escandalizasse tanto com a sua sacramental presença.E já que estou com a mão na fernanda, aproveito para declarar, pública e peremptoriamente, que não me escandaliza que a pobre coitada chore a morte do seu velho e infausto aspirador. Nestes tempos modernos, de retorno ululante ao animismo, acho até perfeitamente compreensível, lógico, meritório e, ciente de tão devastadora tragédia, envio daqui as minhas sentidas condolências.Mas, se não me escandaliza, deixa-me seriamente preocupado. Por uma questão de solidariedade humanitária, está claro. Sou muito dado a piedades destas. É que se a sensível criatura se debulha em lágrimas pelo malogro do electrodoméstico amigo, pergunto-me o que fará então - a que paroxismo descabelado não se verá ela transportada - caso lhe faleça subitamente, por exemplo, o vibrador - esse electrodoméstico querido, moderno e emancipador... Entra em depressão profunda? Corre aos barbitúricos? Suicida-se?...Temendo sinceramente pela sua preciosa existência, aqui lhe deixo uma linha de apoio, em caso de emergência:SOS Voz Amiga - Angústia, solidão e prevenção do suicídio - 800202669 (linha apoiada pela PT comunicações). Ou 213544545, para situações mais desesperadas.Queiram, todavia, notar que este gesto, além de humanitário, é sobremaneira interesseiro. Os Gatos Fedorentos podem fazer rir a marabunta pacóvia da nacinha, mas a mim, como esta f, a rata fedorenta, não há quem me faça rir. Deus ma guarde, por muitos e bons anos. Há pois que tudo fazer em prol da sua conservação. Uma rata assim é uma mina. Vale quatro mil gatos. Contando por baixo. Muito baixo mesmo. Até porque, por mais que rebuscássemos, não encontraríamos altos para contar.PS: estou mesmo a pensar fundar a Liga de Amigos da Rata Fedorenta. Ai deles se me correm com ela do DN!...PS2: O Blogue ideal, o Uber-blogue: O Dragoscópio, com a f a escrever os postais e eu a tecer comentários aos seus maravilhosos fornicoquezinhos de sopeira avançada. Minto: não era blogue, era o paraíso.

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