Eduardo Vítor Rodrigues: Entrevista

18-12-2009
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P: Estou a entrevistar o futuro candidato à Assembleia Municipal? R: Isso é que chamo “entrar a matar”! Está a entrevistar um Professor Universitário, que gosta muito da política, mas que nunca fez dela profissão. E está a entrevistar o actual Presidente da Junta de Oliveira do Douro e Presidente do PS Gaia. Nisso estão as minhas atenções. P: Mas consta… R: E está a entrevistar uma pessoa que já deu 16 anos à freguesia de Oliveira do Douro, 8 como vogal da Junta e 8 anos como Presidente. Para quem tem 38 anos, é quase metade de uma vida dedicada à minha freguesia e a todos os oliveirenses. P: Mas consta que será o candidato à Assembleia Municipal e que se manterá na Junta… Talvez para não se colar a uma eventual derrota… R: Mas o que consta nem sempre é verdade. O candidato à Assembleia Municipal está por mim convidado, é o Dr. Jorge Queiroz, caso ele aceite, como espero. É uma grande figura, um economista reputado, o homem que mudou o rosto da habitação social em Gaia e que estava a organizar as finanças municipais quando foi traído pelo Presidente da Câmara. Como vê, a sua fonte já está a falhar… P: Então qual será o papel do Presidente do PS Gaia. Deputado? R: Honestamente, não é um cargo que esteja nos meus horizontes. Assumi um combate local, é no nível local que me vejo e em que acredito. Só o seria por uma missão em prol de Gaia. Mas o papel do Presidente do PS Gaia, nestes últimos 3 anos, tem sido bem activo, a reorganizar o PS Gaia e a mobilizar o Partido Socialista no combate à gestão catastrófica destes últimos 4 anos. P: Está muito radical. Luís Filipe Menezes tem obra em Gaia, não concorda? R: Os mandatos avaliam-se cada um por si. E neste mandato o balanço é negro. Pouca obra, muita dívida e muita confusão em domínios estratégicos, como o planeamento urbanístico, a relação com as instituições do concelho, com as Juntas e com a oposição, o alheamento de um Presidente que passou mais de metade do mandato fora de Gaia e a lutar no PSD nacional. Como vê, as pessoas ainda estão a pensar no primeiro mandato. Aí sim, admito o trabalho feito. Agora o cansaço e a rotina tomaram conta da maioria de Direita. P: Bateu-se contra algumas decisões… R: Antes do mais, bati-me por decisões, em domínios em que a Câmara tarda em decidir. Por exemplo, é inexplicável que ao fim de 12 anos não haja solução para o Aterro Sanitário, que o Dr. Menezes prometeu resolver em meio ano. O PS propôs a adesão à LIPOR e, dessa forma, a inibição da CVO. Essa será a nossa solução. P: A Câmara tem um plano, em articulação com Santa Maria da Feira. Não concorda? R: Não. É um erro crasso, para as futuras gerações. Ficará nos limites de Gaia, durará cerca de 10 anos, daqui a 10 anos temos de novo a discussão em Gaia, pelo princípio da alternância. É uma solução tecnicamente errada e obsoleta. Gaia deve aderir à Lipor, para bem do município e da dinâmica intermunicipal. P: Houve outros assuntos sem decisão? R: Você tem 200 páginas nesta edição? (risos) Claro que sim. Veja o caso do Cemitério Municipal. Como é possível fazer o anúncio, avançar com o concurso, anulá-lo de seguida, voltar a avançar… ao mesmo tempo, a Servilusa avança para tribunal e pede mais de 6 milhões de euros de indemnização. Uma irresponsabilidade. E que dizer do PDM? Há 12 anos que o Dr. Menezes diz que é já a seguir. Agora avança às pressas, depois de tantas promessas e hesitações. Veremos o que vai dar, mas não auguro nada de bom. O planeamento urbanístico transformou-se num calcanhar de Aquiles desta Câmara. P: Está a referir-se à luta da Escarpa? Na altura falou muito em interesses imobiliários. R: A questão da Escarpa é uma questão da Justiça. Enquanto foi uma questão política, o PS Gaia defendeu a manutenção das populações e a reabilitação da Escarpa. A Câmara recusou-se, e o poder central, através do excelente papel da Dra. Isabel Oneto, Governadora Civil do Porto, a quem manifesto grande estima, substituiu-se ao Município. Neste momento é uma questão da Justiça. Não só pelos processos judiciais a que deu lugar, mas também por tudo aquilo que esperamos ver esclarecido pelo Ministério Público. Vamos aguardar. P: O PS gosta da Escarpa como está? R: Não! Mas nem todos os sítios desqualificados justificam desalojamentos compulsivos, ainda por cima com alternativas muito contraditórias, como o Projecto Pontes ou o Estudo da Parque Expo. O que o PS faria era uma coisa diferente: criar uma régie cooperativa, reabilitar a Escarpa e criar uma zona residencial segura e bonita, salvaguardando os interesses das populações que lá moram há décadas. P: Faria o mesmo em Vila d’Este? R: Não percebo a comparação. Vila d’Este é uma urbanização coesa, com alguns problemas que urge resolver. Mas não estão em causa demolições. O PS defende um projecto sério de reabilitação da urbanização. O inadmissível é que a Câmara faça um concerto a anunciar a candidatura e depois se perceba que a candidatura não tem cobertura nos regulamentos. P: E agora? Fica uma batata quente para todos? R: Sobretudo vai ficar um problema para o PS resolver logo que ganhe a Câmara. É o que faremos. Sem espalhafatos e com mais resultados. Mas a questão não se fica por aqui. É urgente o Metro no Hospital de Gaia e na Vila d’Este, é urgente um plano de apoio social integrado. Veja que o Contrato local de desenvolvimento social ainda não saiu do papel e já há dinheiro… P: A Câmara diz o mesmo quanto ao Metro… R: Pois diz. Mas o que conta é o que não fez. E diz agora, porque o PS fez propostas e denunciou a omissão imperdoável. A Câmara devia explicar porque se esqueceu de incluir Vila d’Este no Memorando de Entendimento com o Governo. Isso está por esclarecer. P: O seu balanço não é positivo, percebe-se. Mas isso é suficiente para acreditar numa penalização dos eleitores ao Dr. Menezes? R: Espero que sim. Depende dos cidadãos. Mas os problemas são bem mais extensos: as elevadas taxas municipais, o endividamento brutal, a pulverização de emprego político, as assessorias de gente de fora de Gaia, apenas com o fito de manter uma rede de contactos partidários, o abandono de Gaia por parte do Presidente, o panfletarismo, o estacionamento pago na Serra do Pilar, adiado para depois das eleições, a perseguição política, o desnorte na gestão, as divisões internas, tanta coisa… P: Fala de abandono. Mas o Vice-Presidente esteve ao serviço. R: Essa é que foi a tragédia para o município. Olhe, vou confessar uma coisa: no início deste mandato, olhava para o Presidente e para o Vice como dois homens fortes da Câmara e cheguei a dizer que Gaia teria dois Presidentes, se soubessem articular-se. Enganei-me. O tempo mostrou que Gaia tem dois Vices. E que o Presidente não consegue corrigir as diatribes do Vice. P: Isso parece uma afirmação panfletária! R: É a realidade. Veja que o Dr. Menezes já prometeu resolver em dias o inadmissível corte de verbas às Juntas do PS, só por razões partidárias e de mesquinha discriminação política. Até hoje nada. Em muitas decisões, o Dr. Menezes parece sequestrado pelo Vice. O PS nunca fará essas coisas a nenhuma instituição do concelho. P: O problema das Juntas arrasta-se… R: É um escândalo. Desde Fevereiro de 2007 que 5 Juntas não recebem as verbas da Câmara por discriminação e chantagem partidária. E quem sofre são os funcionários e as populações. A Câmara esqueceu-se que eu não tenho ordenado da Junta, logo a vingança não é contra mim. E se o propósito era cansar-me, enganaram-se. Nunca estive tão motivado. P: Mas as Juntas retiveram as senhas escolares. R: Verdade. Estamos disponíveis para um acerto de contas. O problema é que, no caso de Oliveira do Douro, por exemplo, a Câmara deve-nos mais de 600 mil euros e nós temos a pagar pouco mais de 100 mil. Façam o acerto de contas. Mas isso a Câmara não quer. E repare, a questão das senhas não é explicação. A freguesia da Madalena não deve nada de senhas e também não recebe. O problema da Câmara é que argumenta à sorte, só para se justificar e depois é apanhada em mentira e contradição. P: Há solução? R: Gostava que houvesse. Sempre pensei que o retorno do Dr. Menezes pusesse as coisas em ordem. Foi uma das minhas grandes desilusões, confesso. Mas se não houver solução imediata, vamos avançar para tribunal, na defesa dos funcionários. No fim de Julho não teremos dinheiro para salários, pode escrever isso. Não podemos deixar chegar as coisas a essa situação. A Câmara tem protocolos assinados e tem de cumprir. P: Como antevê as eleições autárquicas em Gaia? R: Antevejo-as com optimismo. O PS está a fazer um grande trabalho, o projecto que apresentamos aos gaienses é de grande qualidade e os candidatos também. O Dr. Joaquim Couto é uma grande figura, com experiência e grande capacidade de trabalho, que assumiu dedicar-se a Gaia a tempo inteiro. Estou muito confiante na mudança que Gaia precisa. E sinto isso dos gaienses, embora não esconda que a máquina de propaganda da Câmara é eficaz. Só espero que não seja também negra. P: Mas o PSD estará coligado com o CDS. Isso afectará? R: É evidente que a coligação de Direita favorece-os, mas é a vida. Vamos trabalhar para inverter esta situação em que Gaia caiu. E de toda a forma, a Esquerda em Gaia tenderá a entender-se, a seguir às eleições, em prol do concelho. Isso será um imperativo para o concelho. E já começamos por ganhar as Europeias, quando a nível nacional foi a razia. P: Não teme a máquina de campanha de Menezes? R: Não. Uma máquina de campanha não apaga os erros e as omissões da Câmara. A Câmara está em desintegração, o Dr. Guilherme Aguiar, que era o único Vereador que trabalhava, já vai para Matosinhos, outros se seguem, o Dr. Menezes despreza a Assembleia Municipal e os gaienses. E isso as pessoas sabem, mesmo se ele vier agora com falinhas mansas e nova enxurrada de promessas. P: Voltemos à Freguesia. Não respondeu há pouco quanto à sua continuidade… R: A resposta é simples. Se eu sentisse que era insubstituível, ficaria em nome de um projecto. Neste momento, acho que há quem me possa substituir com igual ou melhor desempenho. Ao fim de 16 anos, é normal que queira evitar a rotina. Por isso, não serei candidato à Junta em Outubro. Como vê, mais uma informação errada que você trazia… P: Vai afastar-se da Freguesia? Então o caminho será rumo à Câmara? R: Vamos por partes. Em primeiro lugar, não me afasto da Freguesia. Manifestei o meu empenho e disponibilidade em continuar na lista, como membro da Assembleia de Freguesia. A minha participação é um sinal de apoio a quem continua o projecto, mas também um sinal de partilha de tudo o que foi feito e de tudo o que está projectado. Não me envergonho de nada nem tenho nada a esconder. Estarei bem exposto e envolvido na candidatura. P: Qual é a alternativa? Isso é dado adquirido? R: Sim, é decisão final. O PS tem alternativas e um candidato excelente, e eu farei tudo para ajudar, mantendo-me sempre envolvido. O meu actual colega de Executivo, Dr. Dário Silva, será a pessoa que apoiarei. É uma pessoa experiente, responsável, que se dedica a causas e que tem feito um grande trabalho em sectores como a Educação, a Cultura, a acção social na freguesia, entre outras. É um professor, com muito envolvimento cívico e associativo e gosta de Oliveira do Douro. Acima de tudo, traz futuro à freguesia. É a pessoa certa. P: Será uma luta difícil contra Américo de Sousa? R: (Pausa) É Américo de Sousa o candidato do PSD? Muito me conta. Tinha ouvido dizer que ele não teve sequer o apoio dos militantes de Oliveira do Douro na concelhia do PSD. Pensei que era a brincar. Eu sabia que o PSD em Oliveira do Douro estava mal, mas nunca pensei que fosse tanto… P: Não é um candidato forte? R: Isso são as pessoas que julgam. O que lhe digo é que é uma figura do passado, foi candidato há 16 anos e sofreu uma derrota estrondosa contra José Candoso. Depois disso desapareceu, até hoje. Não me lembro de nada que ele tenha feito nestes 16 anos em prol de Oliveira do Douro. A freguesia precisa de um candidato que traga presente e futuro às pessoas, não uma figura do passado, que virá com recalcamentos e com desejo de ajustar contas com o passado. O problema é que a gestão partidária do Dr. Menezes tem secado o PSD em detrimento da prole de empregados políticos que ele tem importado. Oliveira do Douro precisa de futuro e de gente que assuma um projecto e lute por ele. Não precisamos de um regedor, subserviente e aninhado ao Presidente da Câmara, só por razões de fidelidade ou de contrapartida. Isso não serve. P: Gostava de fazer essa luta contra Américo de Sousa? R: Eu não faço lutas contra ninguém, sempre as fiz por Oliveira do Douro e pelos oliveirenses. Mas não, não gostava, não é uma figura que me motive. Gostava muito mais do Dr. Marco António. Nessas condições desistia de tudo e avançava eu! (risos) P: Isso é pessoal… R: Não, não é. É uma forma de lhe dizer que Oliveira do Douro não se pode contentar com um candidato que seja um mero e passivo delegado da Câmara, que nem no PSD é consensual e que apenas ressuscita o pior passado. Só de me lembrar do que ele fez a José Candoso na campanha eleitoral... Mal por mal, eu preferia Marco António. Estou farto de o ver a número dois. Está na hora de ser candidato a alguma coisa e testar a sua pose junto das pessoas. P: E você? R: Eu já fui candidato cabeça de lista duas vezes na terceira maior freguesia de Gaia, maior do que muitos concelhos do país. E nunca perdi. As pessoas acreditam em quem lhes fala verdade e em projectos consistentes. Gostam de exemplos, não gostam de abstracções nem de aparições de última hora. E gostam de gente que trabalhe e mostre resultados. P: Mas recusou ser candidato à Câmara. R: Verdade. Achei que não tinha experiência para ser candidato à terceira Câmara do país. Acho que fui honesto. Uma coisa é nunca ser candidato a nada, outra coisa é querer ser candidato a tudo, sem noção das reais condições. P: Mas vai participar na lista à Câmara ou à Assembleia? R: Nunca seria cabeça de lista à Assembleia Municipal. Seria um acto de oportunismo e poderia ser entendido como uma fuga. Como sabe, historicamente, os resultados da Assembleia tendem a ser melhores do que os resultados da Câmara. Nunca teria esse acto calculista e oportunista. Conhece-me mal. Quero estar no sítio onde mais próximo e mais solidário esteja com o Dr. Joaquim Couto. E pondero aceitar o convite para ser Presidente da Assembleia de Freguesia de Oliveira do Doutro, embora gostasse mais do debate… P: Estará assim no Executivo Municipal… R: Sim. Coloquei apenas um pedido ao Dr. Joaquim Couto: Gostava de ficar com dois pelouros específicos, o da educação, para mostrar que a educação não é só fazer obras, e o das relações com as Juntas de Freguesia, acho que tenho experiência para isso. Acho que o actual combate está centrado na Câmara, e, por isso, é lá que entendo fazê-lo, também em nome de Oliveira do Douro e do concelho, lutando por novos desafios e uma nova ética. P: Está a atravessar-se demais, para quem podia ser mais defensivo e pensar no futuro, não acha? Pelo menos, até há pouco tempo acusavam-no de estar a resguardar-se para 2013… R: Isso foi mais uma injustiça que me fizeram. O Dr. Joaquim Couto é uma grande aposta minha e será Presidente da Câmara. Farei tudo para isso. Uma derrota dele seria também minha. Estou totalmente empenhado no seu projecto, que eu partilho humildemente. Mas acredito na vitória. 2013 já seria tarde para Gaia e para os gaienses. P: E se perderem? R: Todas as hipóteses valem, porque é o povo que decide. Mas acredito na vitória, em prol de Gaia e dos Gaienses. A minha expectativa é contribuir para o projecto de um município de Gaia mais justo e coeso, e, ao mesmo tempo, continuar o trabalho de organização do PS Gaia, numa base de modelo ético e participativo de fazer política. Os partidos têm de mudar e eu acredito que o PS Gaia pode dar bons exemplos. P: Tenciona manter-se na liderança do PS Gaia? R: Sim. E recandidatar-me em 2010. Sem dúvidas. P: E porque não a candidatura à Junta e à Vereação municipal? Podia ir a ambos e escolher depois? R: E acho isso ético? P: Não estou cá para responder a perguntas… R: Pois. Respondo eu: não era ético. As pessoas gostam de honestidade e de verdade. Ser candidato às duas coisas era enganá-las. Isso, eu não faço. Quando pedir um voto a uma pessoa, essa pessoa saberá para que o peço. Nunca será uma atitude ambígua. A lei permite, mas a minha ética desaconselha. Um voto é um manifesto de confiança, não o podemos defraudar. E o PS em Oliveira do Douro tem uma grande candidatura, o Dr. Dário Silva. P: Mas isso já aconteceu em Gaia. R: Pois já, em Arcozelo. É legal, não faço juízos sobre os outros. Mas isso seria eticamente reprovável para mim. As pessoas devem confiar nos seus representantes, mas, para isso, quem se candidata deve dar-se ao respeito e assumir compromissos. Faltam à política pessoas que assumam compromissos com os cidadãos e os cumpram. Só assim se cria a credibilidade na política. P: É definitivo? R: É, obviamente. Nunca estaria bem numa situação como o Dr. Menezes, que se percebe que só está em Gaia por ter falhado o seu projecto de liderança do PSD nacional. E se é da Câmara que vêm os ataques, á lá que tenho que ir ao combate. P: Sente que foi prejudicado pela Câmara? R: Eu não fui prejudicado. Os oliveirenses é que foram prejudicados, pela lógica de ostracização e de discriminação da Câmara contra a freguesia. As instituições da terra, as associações e as escolas poderiam ter tido muito mais apoio da Junta, se a Câmara nos pagasse o que nos deve. Os oliveirenses acreditaram em mim e na minha equipa para a Junta, mas, no mesmo dia, votaram Menezes para a Câmara. E o que recebem em troca? Um total desprezo e desrespeito por parte da Câmara, que deveria tratar todos de forma idêntica e imparcial, mas que afinal apenas valoriza as cores partidárias. E isso é inaceitável. P: Sairá da Junta contente com o seu trabalho? R: Muito. Com o meu trabalho e com o trabalho da equipa que liderei. Mas não deixo de estar cá, essa é a grande diferença com Menezes: eu estou cá e ficarei cá, por opção. Ele está cá porque não tem outro palco. Mas foi possível concretizar projectos que pareciam impossíveis. Nestes últimos anos, a Freguesia mudou muito, graças ao trabalho da equipa que liderei. Assumi vários projectos como desígnios estratégicos, como a conclusão do Auditório, a construção do Lar de Idosos e Creche “Quinta dos Avós”, o alargamento do Cemitério, os serviços de ATL nos jardins-de-infância e escolas do 1º ciclo da freguesia, o Centro de Dia, o Serviço de Apoio Domiciliário, a requalificação das escolas da freguesia, com ATL e cantinas, a requalificação de vários arruamentos (Rua de São Tiago, Rua Rocha Silvestre, Rua D. Maria C. Basto, Rua Gaspar C. Leite, Rua Santos Pousada, Ruas várias no Freixieiro, Rua do Bolhão, Rua Alfredo F. Magalhães, Rua Azevedo Magalhães, Rua da Formigosa, Rua Caetano de Melo, entre muitas outras), a implementação de um eficaz esquema de circulação, com sentidos únicos e estacionamento, a Certificação dos serviços administrativos e o Prémio Nacional de Boas Práticas Administrativas, a requalificação de partes do Areínho, a requalificação da Alameda de Santa Eulália, o arranjo do Largo Vieira Pinto, da Alameda do Areínho, do Alto do Freixieiro, entre muitos outros. Foi o tempo de importantes conquistas, como o parque de lazer da Lavandeira, o Estádio municipal, a nova Escola EB 2/3 Escultor António F. de Sá (Gervide), a requalificação da Urbanização Social da Quinta do Guarda-Livros, o policiamento de proximidade, a VL9 e muitas outras infra-estruturas e serviços. P: Isso é exaustivo. É um balanço positivo? R: Foi igualmente possível colaborar com as instituições associativas, escolares, religiosas, cívicas e de solidariedade social da freguesia, em prol da melhoria da qualidade de vida dos moradores. E repare que muito disto teve o empenho e a participação de muita gente, dos oliveirenses empenhados, das instituições da freguesia, dos membros do Executivo, em particular do Vice-Presidente, o Dr. Dário Silva. Muito disto deve-se a ele. P: Sente-se magoado com alguma coisa? R: Nada. Estou de consciência tranquila. Sei que quem tem convicções e projectos, ganha sempre uns opositores. Mas vivo bem com isso, sigo o meu caminho. O importante é o afecto que sinto de muita gente, isso vale por tudo. Se tivesse magoado ou tivesse receio de algo, não assumia continuar a participar e avançar para um lugar de idêntica ou mesmo maior exposição. Mas fica uma promessa: um destes dias escreverei um livro sobre esta fase da minha vida. Vai ter histórias muito interessantes. P: Pode adiantar alguma? R: Nem pense! São boas demais. Nestes 16 anos, a freguesia e o concelho viveram coisas incríveis, muitas delas de bastidores. Vou contá-las para a memória futura. Será interessante, pode acreditar. P: Ainda gostava de ver algo concretizado até às eleições? R: Olhe, o pagamento das verbas que a Câmara deve às 5 Juntas discriminadas era uma grande alegria. E gostava de ver o nome do João Pinto a denominar o Estádio do Parque da Lavandeira. Seria mais do que justo. P: O que faria se chegasse hoje à Câmara? R: Atribuía uma medalha de mérito aos colegas Presidentes de Junta de Olival, Avintes, Canelas e Madalena, que têm sofrido na pele a discriminação que a Câmara tem feito, ao cortar as verbas a essas Juntas. E pedia uma auditoria às contas municipais. P: Despedia alguém? R: Os verdadeiros incompetentes serão despedidos pelo povo. P: O que é que o move na vida? R: A busca da competência, da ética e da responsabilidade em todos os momentos. A paz e o trabalho para todos. Os olhos brilhantes de pessoas. Os exemplos do meu pai e o sorriso da Mariana, a minha filha. In Audiência, 2/7/2009.


P: Estou a entrevistar o futuro candidato à Assembleia Municipal? R: Isso é que chamo “entrar a matar”! Está a entrevistar um Professor Universitário, que gosta muito da política, mas que nunca fez dela profissão. E está a entrevistar o actual Presidente da Junta de Oliveira do Douro e Presidente do PS Gaia. Nisso estão as minhas atenções. P: Mas consta… R: E está a entrevistar uma pessoa que já deu 16 anos à freguesia de Oliveira do Douro, 8 como vogal da Junta e 8 anos como Presidente. Para quem tem 38 anos, é quase metade de uma vida dedicada à minha freguesia e a todos os oliveirenses. P: Mas consta que será o candidato à Assembleia Municipal e que se manterá na Junta… Talvez para não se colar a uma eventual derrota… R: Mas o que consta nem sempre é verdade. O candidato à Assembleia Municipal está por mim convidado, é o Dr. Jorge Queiroz, caso ele aceite, como espero. É uma grande figura, um economista reputado, o homem que mudou o rosto da habitação social em Gaia e que estava a organizar as finanças municipais quando foi traído pelo Presidente da Câmara. Como vê, a sua fonte já está a falhar… P: Então qual será o papel do Presidente do PS Gaia. Deputado? R: Honestamente, não é um cargo que esteja nos meus horizontes. Assumi um combate local, é no nível local que me vejo e em que acredito. Só o seria por uma missão em prol de Gaia. Mas o papel do Presidente do PS Gaia, nestes últimos 3 anos, tem sido bem activo, a reorganizar o PS Gaia e a mobilizar o Partido Socialista no combate à gestão catastrófica destes últimos 4 anos. P: Está muito radical. Luís Filipe Menezes tem obra em Gaia, não concorda? R: Os mandatos avaliam-se cada um por si. E neste mandato o balanço é negro. Pouca obra, muita dívida e muita confusão em domínios estratégicos, como o planeamento urbanístico, a relação com as instituições do concelho, com as Juntas e com a oposição, o alheamento de um Presidente que passou mais de metade do mandato fora de Gaia e a lutar no PSD nacional. Como vê, as pessoas ainda estão a pensar no primeiro mandato. Aí sim, admito o trabalho feito. Agora o cansaço e a rotina tomaram conta da maioria de Direita. P: Bateu-se contra algumas decisões… R: Antes do mais, bati-me por decisões, em domínios em que a Câmara tarda em decidir. Por exemplo, é inexplicável que ao fim de 12 anos não haja solução para o Aterro Sanitário, que o Dr. Menezes prometeu resolver em meio ano. O PS propôs a adesão à LIPOR e, dessa forma, a inibição da CVO. Essa será a nossa solução. P: A Câmara tem um plano, em articulação com Santa Maria da Feira. Não concorda? R: Não. É um erro crasso, para as futuras gerações. Ficará nos limites de Gaia, durará cerca de 10 anos, daqui a 10 anos temos de novo a discussão em Gaia, pelo princípio da alternância. É uma solução tecnicamente errada e obsoleta. Gaia deve aderir à Lipor, para bem do município e da dinâmica intermunicipal. P: Houve outros assuntos sem decisão? R: Você tem 200 páginas nesta edição? (risos) Claro que sim. Veja o caso do Cemitério Municipal. Como é possível fazer o anúncio, avançar com o concurso, anulá-lo de seguida, voltar a avançar… ao mesmo tempo, a Servilusa avança para tribunal e pede mais de 6 milhões de euros de indemnização. Uma irresponsabilidade. E que dizer do PDM? Há 12 anos que o Dr. Menezes diz que é já a seguir. Agora avança às pressas, depois de tantas promessas e hesitações. Veremos o que vai dar, mas não auguro nada de bom. O planeamento urbanístico transformou-se num calcanhar de Aquiles desta Câmara. P: Está a referir-se à luta da Escarpa? Na altura falou muito em interesses imobiliários. R: A questão da Escarpa é uma questão da Justiça. Enquanto foi uma questão política, o PS Gaia defendeu a manutenção das populações e a reabilitação da Escarpa. A Câmara recusou-se, e o poder central, através do excelente papel da Dra. Isabel Oneto, Governadora Civil do Porto, a quem manifesto grande estima, substituiu-se ao Município. Neste momento é uma questão da Justiça. Não só pelos processos judiciais a que deu lugar, mas também por tudo aquilo que esperamos ver esclarecido pelo Ministério Público. Vamos aguardar. P: O PS gosta da Escarpa como está? R: Não! Mas nem todos os sítios desqualificados justificam desalojamentos compulsivos, ainda por cima com alternativas muito contraditórias, como o Projecto Pontes ou o Estudo da Parque Expo. O que o PS faria era uma coisa diferente: criar uma régie cooperativa, reabilitar a Escarpa e criar uma zona residencial segura e bonita, salvaguardando os interesses das populações que lá moram há décadas. P: Faria o mesmo em Vila d’Este? R: Não percebo a comparação. Vila d’Este é uma urbanização coesa, com alguns problemas que urge resolver. Mas não estão em causa demolições. O PS defende um projecto sério de reabilitação da urbanização. O inadmissível é que a Câmara faça um concerto a anunciar a candidatura e depois se perceba que a candidatura não tem cobertura nos regulamentos. P: E agora? Fica uma batata quente para todos? R: Sobretudo vai ficar um problema para o PS resolver logo que ganhe a Câmara. É o que faremos. Sem espalhafatos e com mais resultados. Mas a questão não se fica por aqui. É urgente o Metro no Hospital de Gaia e na Vila d’Este, é urgente um plano de apoio social integrado. Veja que o Contrato local de desenvolvimento social ainda não saiu do papel e já há dinheiro… P: A Câmara diz o mesmo quanto ao Metro… R: Pois diz. Mas o que conta é o que não fez. E diz agora, porque o PS fez propostas e denunciou a omissão imperdoável. A Câmara devia explicar porque se esqueceu de incluir Vila d’Este no Memorando de Entendimento com o Governo. Isso está por esclarecer. P: O seu balanço não é positivo, percebe-se. Mas isso é suficiente para acreditar numa penalização dos eleitores ao Dr. Menezes? R: Espero que sim. Depende dos cidadãos. Mas os problemas são bem mais extensos: as elevadas taxas municipais, o endividamento brutal, a pulverização de emprego político, as assessorias de gente de fora de Gaia, apenas com o fito de manter uma rede de contactos partidários, o abandono de Gaia por parte do Presidente, o panfletarismo, o estacionamento pago na Serra do Pilar, adiado para depois das eleições, a perseguição política, o desnorte na gestão, as divisões internas, tanta coisa… P: Fala de abandono. Mas o Vice-Presidente esteve ao serviço. R: Essa é que foi a tragédia para o município. Olhe, vou confessar uma coisa: no início deste mandato, olhava para o Presidente e para o Vice como dois homens fortes da Câmara e cheguei a dizer que Gaia teria dois Presidentes, se soubessem articular-se. Enganei-me. O tempo mostrou que Gaia tem dois Vices. E que o Presidente não consegue corrigir as diatribes do Vice. P: Isso parece uma afirmação panfletária! R: É a realidade. Veja que o Dr. Menezes já prometeu resolver em dias o inadmissível corte de verbas às Juntas do PS, só por razões partidárias e de mesquinha discriminação política. Até hoje nada. Em muitas decisões, o Dr. Menezes parece sequestrado pelo Vice. O PS nunca fará essas coisas a nenhuma instituição do concelho. P: O problema das Juntas arrasta-se… R: É um escândalo. Desde Fevereiro de 2007 que 5 Juntas não recebem as verbas da Câmara por discriminação e chantagem partidária. E quem sofre são os funcionários e as populações. A Câmara esqueceu-se que eu não tenho ordenado da Junta, logo a vingança não é contra mim. E se o propósito era cansar-me, enganaram-se. Nunca estive tão motivado. P: Mas as Juntas retiveram as senhas escolares. R: Verdade. Estamos disponíveis para um acerto de contas. O problema é que, no caso de Oliveira do Douro, por exemplo, a Câmara deve-nos mais de 600 mil euros e nós temos a pagar pouco mais de 100 mil. Façam o acerto de contas. Mas isso a Câmara não quer. E repare, a questão das senhas não é explicação. A freguesia da Madalena não deve nada de senhas e também não recebe. O problema da Câmara é que argumenta à sorte, só para se justificar e depois é apanhada em mentira e contradição. P: Há solução? R: Gostava que houvesse. Sempre pensei que o retorno do Dr. Menezes pusesse as coisas em ordem. Foi uma das minhas grandes desilusões, confesso. Mas se não houver solução imediata, vamos avançar para tribunal, na defesa dos funcionários. No fim de Julho não teremos dinheiro para salários, pode escrever isso. Não podemos deixar chegar as coisas a essa situação. A Câmara tem protocolos assinados e tem de cumprir. P: Como antevê as eleições autárquicas em Gaia? R: Antevejo-as com optimismo. O PS está a fazer um grande trabalho, o projecto que apresentamos aos gaienses é de grande qualidade e os candidatos também. O Dr. Joaquim Couto é uma grande figura, com experiência e grande capacidade de trabalho, que assumiu dedicar-se a Gaia a tempo inteiro. Estou muito confiante na mudança que Gaia precisa. E sinto isso dos gaienses, embora não esconda que a máquina de propaganda da Câmara é eficaz. Só espero que não seja também negra. P: Mas o PSD estará coligado com o CDS. Isso afectará? R: É evidente que a coligação de Direita favorece-os, mas é a vida. Vamos trabalhar para inverter esta situação em que Gaia caiu. E de toda a forma, a Esquerda em Gaia tenderá a entender-se, a seguir às eleições, em prol do concelho. Isso será um imperativo para o concelho. E já começamos por ganhar as Europeias, quando a nível nacional foi a razia. P: Não teme a máquina de campanha de Menezes? R: Não. Uma máquina de campanha não apaga os erros e as omissões da Câmara. A Câmara está em desintegração, o Dr. Guilherme Aguiar, que era o único Vereador que trabalhava, já vai para Matosinhos, outros se seguem, o Dr. Menezes despreza a Assembleia Municipal e os gaienses. E isso as pessoas sabem, mesmo se ele vier agora com falinhas mansas e nova enxurrada de promessas. P: Voltemos à Freguesia. Não respondeu há pouco quanto à sua continuidade… R: A resposta é simples. Se eu sentisse que era insubstituível, ficaria em nome de um projecto. Neste momento, acho que há quem me possa substituir com igual ou melhor desempenho. Ao fim de 16 anos, é normal que queira evitar a rotina. Por isso, não serei candidato à Junta em Outubro. Como vê, mais uma informação errada que você trazia… P: Vai afastar-se da Freguesia? Então o caminho será rumo à Câmara? R: Vamos por partes. Em primeiro lugar, não me afasto da Freguesia. Manifestei o meu empenho e disponibilidade em continuar na lista, como membro da Assembleia de Freguesia. A minha participação é um sinal de apoio a quem continua o projecto, mas também um sinal de partilha de tudo o que foi feito e de tudo o que está projectado. Não me envergonho de nada nem tenho nada a esconder. Estarei bem exposto e envolvido na candidatura. P: Qual é a alternativa? Isso é dado adquirido? R: Sim, é decisão final. O PS tem alternativas e um candidato excelente, e eu farei tudo para ajudar, mantendo-me sempre envolvido. O meu actual colega de Executivo, Dr. Dário Silva, será a pessoa que apoiarei. É uma pessoa experiente, responsável, que se dedica a causas e que tem feito um grande trabalho em sectores como a Educação, a Cultura, a acção social na freguesia, entre outras. É um professor, com muito envolvimento cívico e associativo e gosta de Oliveira do Douro. Acima de tudo, traz futuro à freguesia. É a pessoa certa. P: Será uma luta difícil contra Américo de Sousa? R: (Pausa) É Américo de Sousa o candidato do PSD? Muito me conta. Tinha ouvido dizer que ele não teve sequer o apoio dos militantes de Oliveira do Douro na concelhia do PSD. Pensei que era a brincar. Eu sabia que o PSD em Oliveira do Douro estava mal, mas nunca pensei que fosse tanto… P: Não é um candidato forte? R: Isso são as pessoas que julgam. O que lhe digo é que é uma figura do passado, foi candidato há 16 anos e sofreu uma derrota estrondosa contra José Candoso. Depois disso desapareceu, até hoje. Não me lembro de nada que ele tenha feito nestes 16 anos em prol de Oliveira do Douro. A freguesia precisa de um candidato que traga presente e futuro às pessoas, não uma figura do passado, que virá com recalcamentos e com desejo de ajustar contas com o passado. O problema é que a gestão partidária do Dr. Menezes tem secado o PSD em detrimento da prole de empregados políticos que ele tem importado. Oliveira do Douro precisa de futuro e de gente que assuma um projecto e lute por ele. Não precisamos de um regedor, subserviente e aninhado ao Presidente da Câmara, só por razões de fidelidade ou de contrapartida. Isso não serve. P: Gostava de fazer essa luta contra Américo de Sousa? R: Eu não faço lutas contra ninguém, sempre as fiz por Oliveira do Douro e pelos oliveirenses. Mas não, não gostava, não é uma figura que me motive. Gostava muito mais do Dr. Marco António. Nessas condições desistia de tudo e avançava eu! (risos) P: Isso é pessoal… R: Não, não é. É uma forma de lhe dizer que Oliveira do Douro não se pode contentar com um candidato que seja um mero e passivo delegado da Câmara, que nem no PSD é consensual e que apenas ressuscita o pior passado. Só de me lembrar do que ele fez a José Candoso na campanha eleitoral... Mal por mal, eu preferia Marco António. Estou farto de o ver a número dois. Está na hora de ser candidato a alguma coisa e testar a sua pose junto das pessoas. P: E você? R: Eu já fui candidato cabeça de lista duas vezes na terceira maior freguesia de Gaia, maior do que muitos concelhos do país. E nunca perdi. As pessoas acreditam em quem lhes fala verdade e em projectos consistentes. Gostam de exemplos, não gostam de abstracções nem de aparições de última hora. E gostam de gente que trabalhe e mostre resultados. P: Mas recusou ser candidato à Câmara. R: Verdade. Achei que não tinha experiência para ser candidato à terceira Câmara do país. Acho que fui honesto. Uma coisa é nunca ser candidato a nada, outra coisa é querer ser candidato a tudo, sem noção das reais condições. P: Mas vai participar na lista à Câmara ou à Assembleia? R: Nunca seria cabeça de lista à Assembleia Municipal. Seria um acto de oportunismo e poderia ser entendido como uma fuga. Como sabe, historicamente, os resultados da Assembleia tendem a ser melhores do que os resultados da Câmara. Nunca teria esse acto calculista e oportunista. Conhece-me mal. Quero estar no sítio onde mais próximo e mais solidário esteja com o Dr. Joaquim Couto. E pondero aceitar o convite para ser Presidente da Assembleia de Freguesia de Oliveira do Doutro, embora gostasse mais do debate… P: Estará assim no Executivo Municipal… R: Sim. Coloquei apenas um pedido ao Dr. Joaquim Couto: Gostava de ficar com dois pelouros específicos, o da educação, para mostrar que a educação não é só fazer obras, e o das relações com as Juntas de Freguesia, acho que tenho experiência para isso. Acho que o actual combate está centrado na Câmara, e, por isso, é lá que entendo fazê-lo, também em nome de Oliveira do Douro e do concelho, lutando por novos desafios e uma nova ética. P: Está a atravessar-se demais, para quem podia ser mais defensivo e pensar no futuro, não acha? Pelo menos, até há pouco tempo acusavam-no de estar a resguardar-se para 2013… R: Isso foi mais uma injustiça que me fizeram. O Dr. Joaquim Couto é uma grande aposta minha e será Presidente da Câmara. Farei tudo para isso. Uma derrota dele seria também minha. Estou totalmente empenhado no seu projecto, que eu partilho humildemente. Mas acredito na vitória. 2013 já seria tarde para Gaia e para os gaienses. P: E se perderem? R: Todas as hipóteses valem, porque é o povo que decide. Mas acredito na vitória, em prol de Gaia e dos Gaienses. A minha expectativa é contribuir para o projecto de um município de Gaia mais justo e coeso, e, ao mesmo tempo, continuar o trabalho de organização do PS Gaia, numa base de modelo ético e participativo de fazer política. Os partidos têm de mudar e eu acredito que o PS Gaia pode dar bons exemplos. P: Tenciona manter-se na liderança do PS Gaia? R: Sim. E recandidatar-me em 2010. Sem dúvidas. P: E porque não a candidatura à Junta e à Vereação municipal? Podia ir a ambos e escolher depois? R: E acho isso ético? P: Não estou cá para responder a perguntas… R: Pois. Respondo eu: não era ético. As pessoas gostam de honestidade e de verdade. Ser candidato às duas coisas era enganá-las. Isso, eu não faço. Quando pedir um voto a uma pessoa, essa pessoa saberá para que o peço. Nunca será uma atitude ambígua. A lei permite, mas a minha ética desaconselha. Um voto é um manifesto de confiança, não o podemos defraudar. E o PS em Oliveira do Douro tem uma grande candidatura, o Dr. Dário Silva. P: Mas isso já aconteceu em Gaia. R: Pois já, em Arcozelo. É legal, não faço juízos sobre os outros. Mas isso seria eticamente reprovável para mim. As pessoas devem confiar nos seus representantes, mas, para isso, quem se candidata deve dar-se ao respeito e assumir compromissos. Faltam à política pessoas que assumam compromissos com os cidadãos e os cumpram. Só assim se cria a credibilidade na política. P: É definitivo? R: É, obviamente. Nunca estaria bem numa situação como o Dr. Menezes, que se percebe que só está em Gaia por ter falhado o seu projecto de liderança do PSD nacional. E se é da Câmara que vêm os ataques, á lá que tenho que ir ao combate. P: Sente que foi prejudicado pela Câmara? R: Eu não fui prejudicado. Os oliveirenses é que foram prejudicados, pela lógica de ostracização e de discriminação da Câmara contra a freguesia. As instituições da terra, as associações e as escolas poderiam ter tido muito mais apoio da Junta, se a Câmara nos pagasse o que nos deve. Os oliveirenses acreditaram em mim e na minha equipa para a Junta, mas, no mesmo dia, votaram Menezes para a Câmara. E o que recebem em troca? Um total desprezo e desrespeito por parte da Câmara, que deveria tratar todos de forma idêntica e imparcial, mas que afinal apenas valoriza as cores partidárias. E isso é inaceitável. P: Sairá da Junta contente com o seu trabalho? R: Muito. Com o meu trabalho e com o trabalho da equipa que liderei. Mas não deixo de estar cá, essa é a grande diferença com Menezes: eu estou cá e ficarei cá, por opção. Ele está cá porque não tem outro palco. Mas foi possível concretizar projectos que pareciam impossíveis. Nestes últimos anos, a Freguesia mudou muito, graças ao trabalho da equipa que liderei. Assumi vários projectos como desígnios estratégicos, como a conclusão do Auditório, a construção do Lar de Idosos e Creche “Quinta dos Avós”, o alargamento do Cemitério, os serviços de ATL nos jardins-de-infância e escolas do 1º ciclo da freguesia, o Centro de Dia, o Serviço de Apoio Domiciliário, a requalificação das escolas da freguesia, com ATL e cantinas, a requalificação de vários arruamentos (Rua de São Tiago, Rua Rocha Silvestre, Rua D. Maria C. Basto, Rua Gaspar C. Leite, Rua Santos Pousada, Ruas várias no Freixieiro, Rua do Bolhão, Rua Alfredo F. Magalhães, Rua Azevedo Magalhães, Rua da Formigosa, Rua Caetano de Melo, entre muitas outras), a implementação de um eficaz esquema de circulação, com sentidos únicos e estacionamento, a Certificação dos serviços administrativos e o Prémio Nacional de Boas Práticas Administrativas, a requalificação de partes do Areínho, a requalificação da Alameda de Santa Eulália, o arranjo do Largo Vieira Pinto, da Alameda do Areínho, do Alto do Freixieiro, entre muitos outros. Foi o tempo de importantes conquistas, como o parque de lazer da Lavandeira, o Estádio municipal, a nova Escola EB 2/3 Escultor António F. de Sá (Gervide), a requalificação da Urbanização Social da Quinta do Guarda-Livros, o policiamento de proximidade, a VL9 e muitas outras infra-estruturas e serviços. P: Isso é exaustivo. É um balanço positivo? R: Foi igualmente possível colaborar com as instituições associativas, escolares, religiosas, cívicas e de solidariedade social da freguesia, em prol da melhoria da qualidade de vida dos moradores. E repare que muito disto teve o empenho e a participação de muita gente, dos oliveirenses empenhados, das instituições da freguesia, dos membros do Executivo, em particular do Vice-Presidente, o Dr. Dário Silva. Muito disto deve-se a ele. P: Sente-se magoado com alguma coisa? R: Nada. Estou de consciência tranquila. Sei que quem tem convicções e projectos, ganha sempre uns opositores. Mas vivo bem com isso, sigo o meu caminho. O importante é o afecto que sinto de muita gente, isso vale por tudo. Se tivesse magoado ou tivesse receio de algo, não assumia continuar a participar e avançar para um lugar de idêntica ou mesmo maior exposição. Mas fica uma promessa: um destes dias escreverei um livro sobre esta fase da minha vida. Vai ter histórias muito interessantes. P: Pode adiantar alguma? R: Nem pense! São boas demais. Nestes 16 anos, a freguesia e o concelho viveram coisas incríveis, muitas delas de bastidores. Vou contá-las para a memória futura. Será interessante, pode acreditar. P: Ainda gostava de ver algo concretizado até às eleições? R: Olhe, o pagamento das verbas que a Câmara deve às 5 Juntas discriminadas era uma grande alegria. E gostava de ver o nome do João Pinto a denominar o Estádio do Parque da Lavandeira. Seria mais do que justo. P: O que faria se chegasse hoje à Câmara? R: Atribuía uma medalha de mérito aos colegas Presidentes de Junta de Olival, Avintes, Canelas e Madalena, que têm sofrido na pele a discriminação que a Câmara tem feito, ao cortar as verbas a essas Juntas. E pedia uma auditoria às contas municipais. P: Despedia alguém? R: Os verdadeiros incompetentes serão despedidos pelo povo. P: O que é que o move na vida? R: A busca da competência, da ética e da responsabilidade em todos os momentos. A paz e o trabalho para todos. Os olhos brilhantes de pessoas. Os exemplos do meu pai e o sorriso da Mariana, a minha filha. In Audiência, 2/7/2009.

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