Deputados socialistas pendem para o sim a Manuel Alegre mas sem esquecer o passado

02-06-2010
marcar artigo

Na última reunião com as estruturas do PS, Sócrates ouviu mais vozes de apoio ao poeta do que de rejeição. Ontem, Mário Soares afirmou que não apoiar Alegre é uma questão de consciência

Foram mais os deputados que defenderam o apoio a Manuel Alegre do que os que se manifestaram contra. Numa reunião de duas horas com a bancada, que acabou já depois da meia-noite, José Sócrates ouviu quem lhe faltava ouvir para, no domingo, decidir se apoia ou não o poeta na sua corrida às presidenciais do próximo ano. E ouviu de tudo, até quem defendesse que a decisão fosse adiada, para forçar a desistência de Alegre e dar hipótese ao PS de arranjar outro candidato, como fez Miranda Calha, já no final do encontro.

O clima em que decorreu o encontro anteontem à noite dá conta das muitas resistências que ainda é preciso vencer no interior do partido para garantir o apoio a Alegre. Sobretudo nos sectores soaristas e gamistas. Muitos ainda guardam na memória os ataques constantes que Alegre fez no passado ao PS. "O partido ainda não está sarado", diz Sérgio Sousa Pinto. "Recordo o processo doloroso e traumático que foram as anteriores eleições presidenciais. O eleitorado do PS não vai compreender o apoio a um candidato do BE", disse este vice-presidente da bancada, sublinhando que "a candidatura de Alegre já foi lançada e não teve o entusiasmo dos portugueses".

Ainda ontem, no Algarve, o próprio Mário Soares prometeu fidelidade ao PS, mas na questão das presidências afirmou que decide pela sua "consciência" e não apoiará Alegre. "Eu também tenho uma coisa que é importante, que é a minha consciência."

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Também José Lello, do secretariado nacional do PS, aludiu aos momentos difíceis que o partido passou por causa de Alegre e disse: "Agora imaginem, se ele fosse Presidente!"

"Manuel Alegre fez-nos passar por momentos difíceis, mas eu apoio Manuel Alegre", disse por seu lado a deputada Maria Antónia Almeida Santos. Quem defendeu convictamente a candidatura de Alegre foi a deputada Maria de Belém Roseira, falando como se ele já fosse o candidato do PS.

Apesar das reservas, Osvaldo Castro fez uma intervenção onde apelou à mobilização à volta de Alegre. O deputado reconheceu que teve algumas discussões com ele, mas defendeu que a esquerda precisa de uma candidatura unificadora, porque, se assim não acontecer, afectará o Governo. Isabel Oneto também pensa deste modo. A deputada terá manifestado a sua disponibilidade para vestir a camisola, até para colar cartazes, mas antes quer saber o que é que o candidato Manuel Alegre está disposto a dar ao partido, ao Governo e ao país. O líder da bancada, Francisco Assis, evitou falar em "minorias ou maiorias" dentro do PS perante a candidatura de Alegre e assegurou que os deputados assumiram o compromisso de respeitar a decisão que for tomada, não havendo o risco de a proposta do secretário-geral ser rejeitada. Assis recusou em absoluto a possibilidade de o seu partido tentar negociar um acordo ou impor condições de apoio a um candidato a Presidente da República. Esta posição foi, segundo a Lusa, defendida por vários presidentes de federações do PS junto de Sócrates, numa tese de que os socialistas deveriam colocar como condição a garantia de que, em caso de eleição, não haveria interferência na esfera governativa. Um traço de demarcação face à candidatura de Cavaco Silva, mas também um aviso a Alegre. O PÚBLICO contactou Manuel Alegre, mas este revelou que só vai falar do PS e da sua candidatura depois de conhecida a posição do partido - o que deve acontecer domingo.

Na última reunião com as estruturas do PS, Sócrates ouviu mais vozes de apoio ao poeta do que de rejeição. Ontem, Mário Soares afirmou que não apoiar Alegre é uma questão de consciência

Foram mais os deputados que defenderam o apoio a Manuel Alegre do que os que se manifestaram contra. Numa reunião de duas horas com a bancada, que acabou já depois da meia-noite, José Sócrates ouviu quem lhe faltava ouvir para, no domingo, decidir se apoia ou não o poeta na sua corrida às presidenciais do próximo ano. E ouviu de tudo, até quem defendesse que a decisão fosse adiada, para forçar a desistência de Alegre e dar hipótese ao PS de arranjar outro candidato, como fez Miranda Calha, já no final do encontro.

O clima em que decorreu o encontro anteontem à noite dá conta das muitas resistências que ainda é preciso vencer no interior do partido para garantir o apoio a Alegre. Sobretudo nos sectores soaristas e gamistas. Muitos ainda guardam na memória os ataques constantes que Alegre fez no passado ao PS. "O partido ainda não está sarado", diz Sérgio Sousa Pinto. "Recordo o processo doloroso e traumático que foram as anteriores eleições presidenciais. O eleitorado do PS não vai compreender o apoio a um candidato do BE", disse este vice-presidente da bancada, sublinhando que "a candidatura de Alegre já foi lançada e não teve o entusiasmo dos portugueses".

Ainda ontem, no Algarve, o próprio Mário Soares prometeu fidelidade ao PS, mas na questão das presidências afirmou que decide pela sua "consciência" e não apoiará Alegre. "Eu também tenho uma coisa que é importante, que é a minha consciência."

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Também José Lello, do secretariado nacional do PS, aludiu aos momentos difíceis que o partido passou por causa de Alegre e disse: "Agora imaginem, se ele fosse Presidente!"

"Manuel Alegre fez-nos passar por momentos difíceis, mas eu apoio Manuel Alegre", disse por seu lado a deputada Maria Antónia Almeida Santos. Quem defendeu convictamente a candidatura de Alegre foi a deputada Maria de Belém Roseira, falando como se ele já fosse o candidato do PS.

Apesar das reservas, Osvaldo Castro fez uma intervenção onde apelou à mobilização à volta de Alegre. O deputado reconheceu que teve algumas discussões com ele, mas defendeu que a esquerda precisa de uma candidatura unificadora, porque, se assim não acontecer, afectará o Governo. Isabel Oneto também pensa deste modo. A deputada terá manifestado a sua disponibilidade para vestir a camisola, até para colar cartazes, mas antes quer saber o que é que o candidato Manuel Alegre está disposto a dar ao partido, ao Governo e ao país. O líder da bancada, Francisco Assis, evitou falar em "minorias ou maiorias" dentro do PS perante a candidatura de Alegre e assegurou que os deputados assumiram o compromisso de respeitar a decisão que for tomada, não havendo o risco de a proposta do secretário-geral ser rejeitada. Assis recusou em absoluto a possibilidade de o seu partido tentar negociar um acordo ou impor condições de apoio a um candidato a Presidente da República. Esta posição foi, segundo a Lusa, defendida por vários presidentes de federações do PS junto de Sócrates, numa tese de que os socialistas deveriam colocar como condição a garantia de que, em caso de eleição, não haveria interferência na esfera governativa. Um traço de demarcação face à candidatura de Cavaco Silva, mas também um aviso a Alegre. O PÚBLICO contactou Manuel Alegre, mas este revelou que só vai falar do PS e da sua candidatura depois de conhecida a posição do partido - o que deve acontecer domingo.

marcar artigo