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17-05-2010
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Um dos prazeres da vida de um Embaixador é, de vez em quando, aprender mais sobre temas que não fazem parte do dia-a-dia das relações Luso-Britânicas, mas que são fundamentais para qualquer cidadão. Foi com este espírito que assisti a semana passada a uma conferência organizada pela Dra. Isabel Galriça Neto, deputada mas também médica que ajudou muito duas pessoas próximas nos últimos dias e semanas das suas vidas, sobre cuidados paliativos, morte assistida e suicídio.

Temas difíceis, que foram abordados não só por intervenientes portugueses, mas também por um compatriota meu que trabalhou numa comissão da Câmara dos Lordes num projecto-lei sobre morte assistida para doentes terminais . Há que ser muito cuidadoso com a terminologia - este é um mundo repleto de eufemismos e de minas linguísticas.

O tema da intervenção da Dra. Isabel Galriça Neto foi claro: durante muitos anos, alguns médicos abandonaram pacientes que estavam a morrer; e a aproximação da morte era vista como um fracasso. Mas, insistiu ela, todos nós vamos morrer, e esta é uma fase da nossa vida, nem mais nem menos. Pacientes que estão a morrer precisam de cuidados como qualquer outro paciente, e mais do que qualquer outra coisa, precisam de ser acompanhados, não abandonados.

Segundo, ela falou da necessidade de se ter cuidados proporcionais. Este é, por si só, um tema difícil. Quem pode dizer o que é proporcional ou não? Será que os médicos respeitam os mesmos critérios quando seguem o conceito de "proporcionalidade". Mas talvez não seja tão difícil na prática. A Dra. Isabel Galriça Neto citou vários casos no qual o conceito pareceu mais claro na prática do que na teoria; os médicos sabem quando um tratamento é exagerado ou inútil.

Também aprendi sobre as várias leis que existem na Europa nesta área. A nossa, no Reino Unido, não mudou desde o "Suicide Act" de 1961. A famosa lei Suiça que permite a morte assistida não foi feita com fins médicos mas, na velha tradição daquele país, como um acto de libertação, da vontade privada contra o controlo do Estado.

Este tema é um daqueles que despertam paixões, que envolve toda a gente, que toca profundamente a nossa fé e as nossas ideias. Não é por acaso que a Câmara dos Lordes recebeu mais correio sobre este relatório (134.728 cartas!) que qualquer outro. Não há soluções simples. Mas, das duas pessoas próximas que faleceram e das pessoas à volta delas, aprendi uma coisa; a maneira como entramos neste mundo e a maneira como partimos diz muita coisa sobre a nossa cultura.

Um dos prazeres da vida de um Embaixador é, de vez em quando, aprender mais sobre temas que não fazem parte do dia-a-dia das relações Luso-Britânicas, mas que são fundamentais para qualquer cidadão. Foi com este espírito que assisti a semana passada a uma conferência organizada pela Dra. Isabel Galriça Neto, deputada mas também médica que ajudou muito duas pessoas próximas nos últimos dias e semanas das suas vidas, sobre cuidados paliativos, morte assistida e suicídio.

Temas difíceis, que foram abordados não só por intervenientes portugueses, mas também por um compatriota meu que trabalhou numa comissão da Câmara dos Lordes num projecto-lei sobre morte assistida para doentes terminais . Há que ser muito cuidadoso com a terminologia - este é um mundo repleto de eufemismos e de minas linguísticas.

O tema da intervenção da Dra. Isabel Galriça Neto foi claro: durante muitos anos, alguns médicos abandonaram pacientes que estavam a morrer; e a aproximação da morte era vista como um fracasso. Mas, insistiu ela, todos nós vamos morrer, e esta é uma fase da nossa vida, nem mais nem menos. Pacientes que estão a morrer precisam de cuidados como qualquer outro paciente, e mais do que qualquer outra coisa, precisam de ser acompanhados, não abandonados.

Segundo, ela falou da necessidade de se ter cuidados proporcionais. Este é, por si só, um tema difícil. Quem pode dizer o que é proporcional ou não? Será que os médicos respeitam os mesmos critérios quando seguem o conceito de "proporcionalidade". Mas talvez não seja tão difícil na prática. A Dra. Isabel Galriça Neto citou vários casos no qual o conceito pareceu mais claro na prática do que na teoria; os médicos sabem quando um tratamento é exagerado ou inútil.

Também aprendi sobre as várias leis que existem na Europa nesta área. A nossa, no Reino Unido, não mudou desde o "Suicide Act" de 1961. A famosa lei Suiça que permite a morte assistida não foi feita com fins médicos mas, na velha tradição daquele país, como um acto de libertação, da vontade privada contra o controlo do Estado.

Este tema é um daqueles que despertam paixões, que envolve toda a gente, que toca profundamente a nossa fé e as nossas ideias. Não é por acaso que a Câmara dos Lordes recebeu mais correio sobre este relatório (134.728 cartas!) que qualquer outro. Não há soluções simples. Mas, das duas pessoas próximas que faleceram e das pessoas à volta delas, aprendi uma coisa; a maneira como entramos neste mundo e a maneira como partimos diz muita coisa sobre a nossa cultura.

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