Islandeses ameaçam dizer "não" aos credores pela segunda vez

09-04-2011
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Uma sondagem publicada quinta-feira pela Capacent Gallup dava o "não" com 52 por cento, e outra pelo jornal "Frettabladid" com 54,8, diz a agência Bloomberg. A 6 de Abril, o canal 2 da televisão islandesa apontava para um resultado de 56,8 para o "não". Nenhuma destas sondagens apresentava as margens de erro.

Muitos islandeses estão zangados por terem de ser os contribuintes a pagar pelo comportamento irresponsável dos bancos. "Na semana passada, tinha-me decidido a votar no "sim", mas agora vou votar "não"", disse à Reuters Bragi Baldvinsson, um engenheiro de aeronaves de 42 anos.

Do que se fala é do caso da conta de poupança online Icesave, comercializada agressivamente no Reino Unido e na Holanda pelo banco Landsbanki - que foi o segundo maior da Islândia -, prometendo juros acima de seis por cento. Cerca de 400 mil investidores depositaram lá o seu dinheiro e, em 2008, quando os três maiores bancos islandeses faliram, não conseguiram reavê-lo.

O sector financeiro islandês cresceu como uma bola de sabão, expandindo-se para o estrangeiro, durante o boom do crédito: chegou a ser 11 vezes maior do que a economia do país, adianta a Reuters. Estes bancos eram demasiado grandes para serem salvos pelo Estado - a Islândia distingue-se por ter sido o país que deixou os seus bancos falir. Apenas conseguiu garantir os depósitos nacionais, quando o país se transformou no primeiro da Europa Ocidental a ter de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional na actual crise.

Os depósitos de estrangeiros foram reembolsados pelos respectivos governos - 3,9 mil milhões de euros -, que agora os querem cobrar a Reiquejavique. O acordo que poderá ser rejeitado permite escalonar o pagamento da dívida até 2045, com uma taxa de juro de 3,3 por cento ao Reino Unido e de três por cento no caso da Holanda. Uma parte será paga com a venda dos activos do Landsbanki, mas não se sabe ainda quanto será - embora os partidários do "não" defendam que deveria chegar para o reembolso.

Governos e mercados

Os partidários do "não", que têm como principal porta-voz o siteadvice.is, citam editoriais e comentadores do "Wall Street Journal" e do "Financial Times" para justificar a sua posição. Um exemplo do jornal britânico, de Dezembro de 2010: "A Holanda e o Reino Unido vão manter reféns os contribuintes islandeses até recuperarem o seus custos. (...) Neste caso, a necessidade de garantias não tem grande sustentação legal e muito menos em termos de justiça: estes governos nunca honrariam a exigência de pagamentos equivalentes a um terço da sua produção económica anual se um dos seus bancos falisse".

Defende-se que os seguros de depósito seguidos pela banca islandesa seguiam a legislação da União Europeia antes do colapso do sistema financeiro - que não exige uma garantia soberana (assegurada pelo Governo). Portanto, a exigência da Holanda e do Reino Unido de compensação pela despesa que tiveram com os seus cidadãos que investiram na Icesave não tem "mérito legal na lei islandesa ou europeia".

O clima na Islândia tornou-se agreste para banqueiros. Há um ano, um outro acordo, ainda menos favorável, tinha sido rejeitado com uma esmagadora maioria (93 por cento): previa uma taxa de juro de 5,5 por cento e o pagamento em 15 anos. Em 2010, tal como em 2011, o acordo foi enviado para referendo pelo Presidente da República, Ólafujr Ragnar Grímsson.

Ólafujr (os islandeses tratam-se pelo primeiro nome) cumpriu o que diz a Constituição, porque houve uma petição que mobilizou mais de 20 mil pessoas em Fevereiro, quando a lei foi aprovada pelo Parlamento, para que houvesse um referendo (tal como aconteceu em 2010).

Uma sondagem publicada quinta-feira pela Capacent Gallup dava o "não" com 52 por cento, e outra pelo jornal "Frettabladid" com 54,8, diz a agência Bloomberg. A 6 de Abril, o canal 2 da televisão islandesa apontava para um resultado de 56,8 para o "não". Nenhuma destas sondagens apresentava as margens de erro.

Muitos islandeses estão zangados por terem de ser os contribuintes a pagar pelo comportamento irresponsável dos bancos. "Na semana passada, tinha-me decidido a votar no "sim", mas agora vou votar "não"", disse à Reuters Bragi Baldvinsson, um engenheiro de aeronaves de 42 anos.

Do que se fala é do caso da conta de poupança online Icesave, comercializada agressivamente no Reino Unido e na Holanda pelo banco Landsbanki - que foi o segundo maior da Islândia -, prometendo juros acima de seis por cento. Cerca de 400 mil investidores depositaram lá o seu dinheiro e, em 2008, quando os três maiores bancos islandeses faliram, não conseguiram reavê-lo.

O sector financeiro islandês cresceu como uma bola de sabão, expandindo-se para o estrangeiro, durante o boom do crédito: chegou a ser 11 vezes maior do que a economia do país, adianta a Reuters. Estes bancos eram demasiado grandes para serem salvos pelo Estado - a Islândia distingue-se por ter sido o país que deixou os seus bancos falir. Apenas conseguiu garantir os depósitos nacionais, quando o país se transformou no primeiro da Europa Ocidental a ter de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional na actual crise.

Os depósitos de estrangeiros foram reembolsados pelos respectivos governos - 3,9 mil milhões de euros -, que agora os querem cobrar a Reiquejavique. O acordo que poderá ser rejeitado permite escalonar o pagamento da dívida até 2045, com uma taxa de juro de 3,3 por cento ao Reino Unido e de três por cento no caso da Holanda. Uma parte será paga com a venda dos activos do Landsbanki, mas não se sabe ainda quanto será - embora os partidários do "não" defendam que deveria chegar para o reembolso.

Governos e mercados

Os partidários do "não", que têm como principal porta-voz o siteadvice.is, citam editoriais e comentadores do "Wall Street Journal" e do "Financial Times" para justificar a sua posição. Um exemplo do jornal britânico, de Dezembro de 2010: "A Holanda e o Reino Unido vão manter reféns os contribuintes islandeses até recuperarem o seus custos. (...) Neste caso, a necessidade de garantias não tem grande sustentação legal e muito menos em termos de justiça: estes governos nunca honrariam a exigência de pagamentos equivalentes a um terço da sua produção económica anual se um dos seus bancos falisse".

Defende-se que os seguros de depósito seguidos pela banca islandesa seguiam a legislação da União Europeia antes do colapso do sistema financeiro - que não exige uma garantia soberana (assegurada pelo Governo). Portanto, a exigência da Holanda e do Reino Unido de compensação pela despesa que tiveram com os seus cidadãos que investiram na Icesave não tem "mérito legal na lei islandesa ou europeia".

O clima na Islândia tornou-se agreste para banqueiros. Há um ano, um outro acordo, ainda menos favorável, tinha sido rejeitado com uma esmagadora maioria (93 por cento): previa uma taxa de juro de 5,5 por cento e o pagamento em 15 anos. Em 2010, tal como em 2011, o acordo foi enviado para referendo pelo Presidente da República, Ólafujr Ragnar Grímsson.

Ólafujr (os islandeses tratam-se pelo primeiro nome) cumpriu o que diz a Constituição, porque houve uma petição que mobilizou mais de 20 mil pessoas em Fevereiro, quando a lei foi aprovada pelo Parlamento, para que houvesse um referendo (tal como aconteceu em 2010).

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