A feira mais literária dos últimos anos

15-10-2010
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Terminou ontem mais uma Feira do Livro de Frankfurt onde editores e agentes de todo o mundo vão negociar direitos. A Argentina, que era o país convidado, convenceu com a sua literatura

María Kodama, a viúva do escritor Jorge Luis Borges (1899-1986), aproxima-se da mesa onde irá decorrer a conferência Borges y la Islândia de la Gran Memoria Cóncava, um dos inúmeros eventos que a Argentina, país convidado da Feira do Livro de Frankfurt, organizou no seu pavilhão. Está com uma cara enfiada. Senta-se, pede desculpa e começa a falar de fantasmas. Ela, que tem ascendência alemã e japonesa, não deveria estar sozinha em frente àquela plateia. "Imaginem a angústia que sinto", disse. Estava previsto que naquela manhã houvesse um diálogo entre ela e o escritor islandês Guðbergur Bergsson sobre a literatura islandesa, um diálogo entre o país convidado deste ano, a Argentina, e a Islândia, que será homenageada em 2011.

Era ele o fantasma. María Kodama pediu desculpa pelo ausente e assegurou que ele não tinha culpa nenhuma. Estava ainda num avião a dirigir-se à Alemanha, houve uma desorganização da organização argentina. "Acalmemo-nos!", e começou a contar que conheceu Borges aos 16 anos, que ele a entusiasmou a estudarem islandês, "o latim do Norte", juntos. A história das aulas de islandês culminou num livro que ela escreveu e que só foi publicado depois da morte de Borges: ele queria fazer o prefácio e ela não queria. "Nada na minha vida foi fácil. A minha vida é bem difícil e agradeço a Deus que seja bem difícil", afirmou a viúva do escritor e falou de sagas islandesas e da viagem-surpresa que ambos fizeram à Islândia. "Por favor, María, revele-nos coisitas!", pedia alguém na plateia a querer saber como era Borges no dia-a-dia. Ela respondia que era uma pessoa com hábitos muito normais (almoçava, passeava, recebia jornalistas e amigos).

O autor de O Aleph era um dos autores homenageados no pavilhão argentino na Feira do Livro de Frankfurt, que estava construído como se fosse um labirinto pelo arquitecto argentino Atílio Pentimalli, ao lado de Júlio Cortázar (1914-1984). Fotografias, manuscritos, primeiras edições iam surgindo à medida que se percorria o "labirinto" literário. Num vídeo podiam ver-se todos os golos famosos do ex-jogador e ex-técnico da selecção argentina Diego Maradona e ao lado, numa vitrina, estava exposto o fac-símile da famosa agenda de Ernesto "Che" Guevara. E ao lado, um saia-casaco que pertenceu a Evita Perón.

Magdalena Faillace, a presidente do comité que organizou o programa do país convidado, lamentou que a imprensa argentina tivesse dito que à Feira de Frankfurt a Argentina só levava políticos e desportistas. Juergen Boos, o director da Feira do Livro de Frankfurt, considerou na conferência de imprensa de balanço que a participação da Argentina foi "a apresentação mais literária dos últimos anos". "Isso é um reconhecimento dos escritores argentinos", acrescentou o director. Para esta "redescoberta" da literatura sul-americana contribuiu também a atribuição do Nobel da Literatura a Vargas Llosa durante os dias da feira que terminou ontem.

A Islândia já está a preparar a sua participação na Feira do Livro de Frankfurt do próximo ano. O Brasil é o país convidado para 2013. E em 2014 já se sabe que é a vez da Finlândia. O país de 2012 é ainda uma incógnita. Será "uma surpresa" a anunciar em breve.

Terminou ontem mais uma Feira do Livro de Frankfurt onde editores e agentes de todo o mundo vão negociar direitos. A Argentina, que era o país convidado, convenceu com a sua literatura

María Kodama, a viúva do escritor Jorge Luis Borges (1899-1986), aproxima-se da mesa onde irá decorrer a conferência Borges y la Islândia de la Gran Memoria Cóncava, um dos inúmeros eventos que a Argentina, país convidado da Feira do Livro de Frankfurt, organizou no seu pavilhão. Está com uma cara enfiada. Senta-se, pede desculpa e começa a falar de fantasmas. Ela, que tem ascendência alemã e japonesa, não deveria estar sozinha em frente àquela plateia. "Imaginem a angústia que sinto", disse. Estava previsto que naquela manhã houvesse um diálogo entre ela e o escritor islandês Guðbergur Bergsson sobre a literatura islandesa, um diálogo entre o país convidado deste ano, a Argentina, e a Islândia, que será homenageada em 2011.

Era ele o fantasma. María Kodama pediu desculpa pelo ausente e assegurou que ele não tinha culpa nenhuma. Estava ainda num avião a dirigir-se à Alemanha, houve uma desorganização da organização argentina. "Acalmemo-nos!", e começou a contar que conheceu Borges aos 16 anos, que ele a entusiasmou a estudarem islandês, "o latim do Norte", juntos. A história das aulas de islandês culminou num livro que ela escreveu e que só foi publicado depois da morte de Borges: ele queria fazer o prefácio e ela não queria. "Nada na minha vida foi fácil. A minha vida é bem difícil e agradeço a Deus que seja bem difícil", afirmou a viúva do escritor e falou de sagas islandesas e da viagem-surpresa que ambos fizeram à Islândia. "Por favor, María, revele-nos coisitas!", pedia alguém na plateia a querer saber como era Borges no dia-a-dia. Ela respondia que era uma pessoa com hábitos muito normais (almoçava, passeava, recebia jornalistas e amigos).

O autor de O Aleph era um dos autores homenageados no pavilhão argentino na Feira do Livro de Frankfurt, que estava construído como se fosse um labirinto pelo arquitecto argentino Atílio Pentimalli, ao lado de Júlio Cortázar (1914-1984). Fotografias, manuscritos, primeiras edições iam surgindo à medida que se percorria o "labirinto" literário. Num vídeo podiam ver-se todos os golos famosos do ex-jogador e ex-técnico da selecção argentina Diego Maradona e ao lado, numa vitrina, estava exposto o fac-símile da famosa agenda de Ernesto "Che" Guevara. E ao lado, um saia-casaco que pertenceu a Evita Perón.

Magdalena Faillace, a presidente do comité que organizou o programa do país convidado, lamentou que a imprensa argentina tivesse dito que à Feira de Frankfurt a Argentina só levava políticos e desportistas. Juergen Boos, o director da Feira do Livro de Frankfurt, considerou na conferência de imprensa de balanço que a participação da Argentina foi "a apresentação mais literária dos últimos anos". "Isso é um reconhecimento dos escritores argentinos", acrescentou o director. Para esta "redescoberta" da literatura sul-americana contribuiu também a atribuição do Nobel da Literatura a Vargas Llosa durante os dias da feira que terminou ontem.

A Islândia já está a preparar a sua participação na Feira do Livro de Frankfurt do próximo ano. O Brasil é o país convidado para 2013. E em 2014 já se sabe que é a vez da Finlândia. O país de 2012 é ainda uma incógnita. Será "uma surpresa" a anunciar em breve.

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