O filme inacabado de Nicholas Ray

18-06-2010
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Uma nova versão de We Can"t Go Home Again, irá ser apresentada no Festival de Cinema de Veneza 2011

O filme inacabado We Can"t Go Home Again, a que Nicholas Ray dedicou os últimos anos de vida, vai ser apresentado pela viúva do realizador norte-americano no Festival Internacional de Cinema de Veneza em 2011. Esta estreia servirá para homenagear o realizador no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.

"É um filme experimental, um filme difícil e, de certa maneira, um filme visionário que tem uma importância particular hoje em dia", disse Susan Ray, a viúva do realizador, ao jornal The New York Times, a partir da sua casa em Saugerties, Nova Iorque. Ray trabalhou neste filme de 1972 a 1976 com os seus estudantes do Harpur College. Uma primeira versão foi exibida no Festival de Cannes, em 1973, e chegou a passar na Cinemateca Portuguesa num ciclo sobre o realizador. No entanto, Ray continuou a trabalhar nele, voltou a filmar e remontou-o até morrer. O filme mostra múltiplos planos em simultâneo no ecrã e estudantes e realizador aparecem no filme a interpretarem-se a si próprios. O artigo do The New York Times refere que a tecnologia digital hoje em dia permite fazer facilmente os efeitos que Ray tentou produzir na altura com um baixo orçamento. Para conseguirem criar aquilo que imaginaram, os estudantes e o realizador filmaram em super 8 e em 16 milímetros e utilizaram a tecnologia vídeo da altura. Projectaram as imagens num ecrã e filmaram depois estas imagens múltiplas com uma câmara de 35 milímetros. Marco Müller, o director do Festival de Cinema de Veneza, disse ao jornal norte-americano que, apesar de vários realizadores (Abel Gance, Jean-Luc Godard, Stephen Frears e Mike Figgis) terem usado imagens múltiplas no ecrã, não conseguiram atingir "a sofisticação e poder emocional" que Ray conseguiu, mesmo com toda a tecnologia que esta geração de cineastas tem agora à disposição.

Susan Ray possui os negativos originais e disse ao jornal norte-americano que pensa incluir alguma das imagens inéditas captadas em película nesta nova versão. Como trabalhou com o marido neste projecto desde o início considera que não irá atraiçoar o seu trabalho. "Não posso dizer com honestidade qual seria a sua última visão do filme. Nem sei se ele sabia. Ele era como Penélope no seu tear: decidia de uma maneira durante o dia e à noite punha essa ideia de lado", acrescentou Susan.

Quando Nicholas Ray morreu, em 1979, com um cancro no pulmão, deixou uma substancial colecção de artefactos que nunca ou raramente foram vistos. Susan está a organizar o espólio do marido - onde se encontram argumentos originais, notas e story boards dos filmes - para os colocar à venda.

Além deste filme experimental, o realizador deixou também o original dactilografado de um dos story boards que fez do filme Fúria de Viver (1955) em que se dá uma reviravolta, e Plato (interpretado por Sal Mineo, em 1955) mata Jim (interpretado por James Dean) e comete suicídio caindo em cima de uma granada. O realizador ia anotando com uma caneta de tinta vermelha as cenas, os diálogos e a posição das câmaras. E Michael Chaiken, arquivista de cinema que está a tratar da venda do espólio de Ray com o negociante de livros antigos Glenn Horowitz, explicou ao jornal que este final de Fúria de Viver não foi avante porque era mais caro e difícil de filmar.

Uma nova versão de We Can"t Go Home Again, irá ser apresentada no Festival de Cinema de Veneza 2011

O filme inacabado We Can"t Go Home Again, a que Nicholas Ray dedicou os últimos anos de vida, vai ser apresentado pela viúva do realizador norte-americano no Festival Internacional de Cinema de Veneza em 2011. Esta estreia servirá para homenagear o realizador no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.

"É um filme experimental, um filme difícil e, de certa maneira, um filme visionário que tem uma importância particular hoje em dia", disse Susan Ray, a viúva do realizador, ao jornal The New York Times, a partir da sua casa em Saugerties, Nova Iorque. Ray trabalhou neste filme de 1972 a 1976 com os seus estudantes do Harpur College. Uma primeira versão foi exibida no Festival de Cannes, em 1973, e chegou a passar na Cinemateca Portuguesa num ciclo sobre o realizador. No entanto, Ray continuou a trabalhar nele, voltou a filmar e remontou-o até morrer. O filme mostra múltiplos planos em simultâneo no ecrã e estudantes e realizador aparecem no filme a interpretarem-se a si próprios. O artigo do The New York Times refere que a tecnologia digital hoje em dia permite fazer facilmente os efeitos que Ray tentou produzir na altura com um baixo orçamento. Para conseguirem criar aquilo que imaginaram, os estudantes e o realizador filmaram em super 8 e em 16 milímetros e utilizaram a tecnologia vídeo da altura. Projectaram as imagens num ecrã e filmaram depois estas imagens múltiplas com uma câmara de 35 milímetros. Marco Müller, o director do Festival de Cinema de Veneza, disse ao jornal norte-americano que, apesar de vários realizadores (Abel Gance, Jean-Luc Godard, Stephen Frears e Mike Figgis) terem usado imagens múltiplas no ecrã, não conseguiram atingir "a sofisticação e poder emocional" que Ray conseguiu, mesmo com toda a tecnologia que esta geração de cineastas tem agora à disposição.

Susan Ray possui os negativos originais e disse ao jornal norte-americano que pensa incluir alguma das imagens inéditas captadas em película nesta nova versão. Como trabalhou com o marido neste projecto desde o início considera que não irá atraiçoar o seu trabalho. "Não posso dizer com honestidade qual seria a sua última visão do filme. Nem sei se ele sabia. Ele era como Penélope no seu tear: decidia de uma maneira durante o dia e à noite punha essa ideia de lado", acrescentou Susan.

Quando Nicholas Ray morreu, em 1979, com um cancro no pulmão, deixou uma substancial colecção de artefactos que nunca ou raramente foram vistos. Susan está a organizar o espólio do marido - onde se encontram argumentos originais, notas e story boards dos filmes - para os colocar à venda.

Além deste filme experimental, o realizador deixou também o original dactilografado de um dos story boards que fez do filme Fúria de Viver (1955) em que se dá uma reviravolta, e Plato (interpretado por Sal Mineo, em 1955) mata Jim (interpretado por James Dean) e comete suicídio caindo em cima de uma granada. O realizador ia anotando com uma caneta de tinta vermelha as cenas, os diálogos e a posição das câmaras. E Michael Chaiken, arquivista de cinema que está a tratar da venda do espólio de Ray com o negociante de livros antigos Glenn Horowitz, explicou ao jornal que este final de Fúria de Viver não foi avante porque era mais caro e difícil de filmar.

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