Rossio, palco de protesto e discussão

23-05-2011
marcar artigo

Em Lisboa, tudo começou na quinta-feira com uma acção de solidariedade com Espanha, levado a cabo sobretudo por espanhóis, a que se foram juntando estrangeiros e portugueses, conta Isabel Megias, uma jovem espanhola que está sentada num sofá – sim, um sofá – ao lado da estátua D. Pedro VI. E logo passou para um protesto para o Rossio. E protestam contra o quê, todas estas pessoas? “... o sistema!”, diz Isabel, constatando a evidência.

Isabel está na “zona da logística”, onde há um tacho grande com comida, caixotes com lixo (tudo separado para reciclagem), etc. Os protestos estão – nota-se com alguma ironia – no meio de uma grande feira com roupa de marca em saldos. Turistas navegam a praça de mapa na mão tentando perceber o que é que se passa ali.

Na zona dos oradores há um placard em que se vai contando quem quer dormir no Rossio num protesto que recebeu o nome de “acampada”: são três-seis-dez pessoas. Ao lado, há turnos para quem garante a segurança do local. Qualquer semelhança com a Praça Tahrir não é uma mera coincidência. Um cartaz cor-de-rosa evoca locais de grandes protestos: Tunes, Cairo, Sanaa, Damasco, Madrid... Lisboa. Os espanhóis disseram que começaram por sair para a rua em Madrid “inspirados pelos protestos das gerações à rasca em Portugal”, nota Renato Teixeira ao PÚBLICO, depois de uma intervenção ao megafone.

"A dívida não é nossa"

Outros cartazes vão sendo pintados ali por quem quiser. Um deles dá o mote: “A dívida não é nossa”.

Várias pessoas vão, à vez, falar ao megafone. “Há quem pergunte o que estamos aqui a fazer. Se somos contra tudo? Contra a política? Eu não!”, diz uma das oradoras. “Eu sou contra o plano da troika para a destruição do país. E acho que é preciso dizer não a este plano.”

Renato Teixeira, que acaba por ser um dos porta-vozes do grupo, tenta traduzir o sentimento geral: “as pessoas não aceitam chamar democracia ao que não é democracia: serem organização não eleitas como o FMI a ditar o programa de Governo”.

O processo de decisão na assembleia é longo: há pessoas a contribuir com ideias, há um manifesto em preparação. Afinal estão ali várias centenas de pessoas. Debate-se o que vai sair no manifesto: “Incluímos ou não a Islândia? Como nos posicionamos em relação à auditoria da dívida?” Debate-se – “Acho que se deve incluir a Islândia quer se concorde quer não, como um exemplo de luta”; “uma auditoria para quê? Lembra-se da auditoria ao BPN?” – e vota-se.

Ao final de cada dia, as pessoas reunidas no Rossio decidem se vale a pena continuarem acampadas para o dia seguinte. Agora são centenas, mas à noite só uns poucos acamparão ali. “Avaliamos se há relação de forças para ficar”, explica Renato Teixeira. Ao final da tarde havia dez pessoas inscritas. Quantas pessoas será o mínimo? “Isso cada pessoa terá a sua opinião”, adverte – e decidirá a maioria através de votação. “Mas a ideia é que não sejam três ou quatro pessoas.”

Em Lisboa, tudo começou na quinta-feira com uma acção de solidariedade com Espanha, levado a cabo sobretudo por espanhóis, a que se foram juntando estrangeiros e portugueses, conta Isabel Megias, uma jovem espanhola que está sentada num sofá – sim, um sofá – ao lado da estátua D. Pedro VI. E logo passou para um protesto para o Rossio. E protestam contra o quê, todas estas pessoas? “... o sistema!”, diz Isabel, constatando a evidência.

Isabel está na “zona da logística”, onde há um tacho grande com comida, caixotes com lixo (tudo separado para reciclagem), etc. Os protestos estão – nota-se com alguma ironia – no meio de uma grande feira com roupa de marca em saldos. Turistas navegam a praça de mapa na mão tentando perceber o que é que se passa ali.

Na zona dos oradores há um placard em que se vai contando quem quer dormir no Rossio num protesto que recebeu o nome de “acampada”: são três-seis-dez pessoas. Ao lado, há turnos para quem garante a segurança do local. Qualquer semelhança com a Praça Tahrir não é uma mera coincidência. Um cartaz cor-de-rosa evoca locais de grandes protestos: Tunes, Cairo, Sanaa, Damasco, Madrid... Lisboa. Os espanhóis disseram que começaram por sair para a rua em Madrid “inspirados pelos protestos das gerações à rasca em Portugal”, nota Renato Teixeira ao PÚBLICO, depois de uma intervenção ao megafone.

"A dívida não é nossa"

Outros cartazes vão sendo pintados ali por quem quiser. Um deles dá o mote: “A dívida não é nossa”.

Várias pessoas vão, à vez, falar ao megafone. “Há quem pergunte o que estamos aqui a fazer. Se somos contra tudo? Contra a política? Eu não!”, diz uma das oradoras. “Eu sou contra o plano da troika para a destruição do país. E acho que é preciso dizer não a este plano.”

Renato Teixeira, que acaba por ser um dos porta-vozes do grupo, tenta traduzir o sentimento geral: “as pessoas não aceitam chamar democracia ao que não é democracia: serem organização não eleitas como o FMI a ditar o programa de Governo”.

O processo de decisão na assembleia é longo: há pessoas a contribuir com ideias, há um manifesto em preparação. Afinal estão ali várias centenas de pessoas. Debate-se o que vai sair no manifesto: “Incluímos ou não a Islândia? Como nos posicionamos em relação à auditoria da dívida?” Debate-se – “Acho que se deve incluir a Islândia quer se concorde quer não, como um exemplo de luta”; “uma auditoria para quê? Lembra-se da auditoria ao BPN?” – e vota-se.

Ao final de cada dia, as pessoas reunidas no Rossio decidem se vale a pena continuarem acampadas para o dia seguinte. Agora são centenas, mas à noite só uns poucos acamparão ali. “Avaliamos se há relação de forças para ficar”, explica Renato Teixeira. Ao final da tarde havia dez pessoas inscritas. Quantas pessoas será o mínimo? “Isso cada pessoa terá a sua opinião”, adverte – e decidirá a maioria através de votação. “Mas a ideia é que não sejam três ou quatro pessoas.”

marcar artigo