Nunca Mais: As Novidades

03-08-2010
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Segundo Isabel Coutinho, regressada da Feira do Livro de Frankfurt, a Editorial Teorema comprou os direitos para publicação para Portugal do romance inédito de Vladimir Nabokov (1899-1977), The Original of Laura, que havia despoletado um aceso debate no mundo das letras, dadas as instruções específicas do autor russo em leito de morte na Suíça para que Véra (1902-1991), a sua mulher, destruísse o manuscrito. Véra morreu em 1991 e deixou a “batata quente” nas mãos do insuportavelmente agreste e evasivo filho de ambos, Dmitri (n. 1934), que andou a brincar durante os últimos anos ao “queimo/não queimo” com os pacientes editores, críticos e jornalistas literários, gerando um chorrilho de especulações quanto ao conteúdo do misterioso manuscrito, composto por 125 ficheiros de indexação – para quem leu Na Outra Margem da Memória (Speak, Memory; 1951, rev. 1967) e Opiniões Fortes (Strong Opinions, 1973), sabe que este era o método de composição utilizado por Nabokov nas suas obras. A conspiração dos letrados envolveu Petrarca, Ticiano, Giorgione, putativas traições passionais reveladas, e por aí fora. Se a especulação tem durado, certamente que o pobre Vladimir Vladimirovich não teria escapado aos ovnilogistas, à Cientologia e a Tom Cruise, e até às conversas privadas com o Altíssimo da emissária Alexandra Solnado.Também de forma misteriosa, surgiu mais um manuscrito do autor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), intitulado de El Tercer Reich, eventualmente escrito antes de Os Detectives Selvagens (Los Detectives Salvajes, 1998), e que entra pelo mundo dos fanáticos alienados dos jogos de computador que se deslocam à Costa Brava espanhola para participar num torneio mundial de um jogo de realidade virtual denominado por “O Terceiro Reich”. Não consegui descortinar pelo texto de Isabel Coutinho se os direitos desta publicação haviam ou não sido adquiridos pelo editor Carlos Veiga Ferreira da Teorema – editora que já havia publicado de Bolaño Os Detectives Selvagens e Estrela Distante (Estrella distante, 1996). No entanto, num país que ainda tem por publicar o magistral 2666 (2004) – obra póstuma, composta por cinco livros, que Bolaño pretendia ver publicados separadamente, com uma periodicidade anual, para garantir uma fonte de sustento à sua família –, e que ainda não publicou a esmagadora maioria da sua obra, acho, no mínimo, extravagante (a tal singularidade lusa que não me canso de repisar) que se opte pela publicação do manuscrito emergido das trevas, e isto apesar da datação posterior de 2666. A ver vamos.


Segundo Isabel Coutinho, regressada da Feira do Livro de Frankfurt, a Editorial Teorema comprou os direitos para publicação para Portugal do romance inédito de Vladimir Nabokov (1899-1977), The Original of Laura, que havia despoletado um aceso debate no mundo das letras, dadas as instruções específicas do autor russo em leito de morte na Suíça para que Véra (1902-1991), a sua mulher, destruísse o manuscrito. Véra morreu em 1991 e deixou a “batata quente” nas mãos do insuportavelmente agreste e evasivo filho de ambos, Dmitri (n. 1934), que andou a brincar durante os últimos anos ao “queimo/não queimo” com os pacientes editores, críticos e jornalistas literários, gerando um chorrilho de especulações quanto ao conteúdo do misterioso manuscrito, composto por 125 ficheiros de indexação – para quem leu Na Outra Margem da Memória (Speak, Memory; 1951, rev. 1967) e Opiniões Fortes (Strong Opinions, 1973), sabe que este era o método de composição utilizado por Nabokov nas suas obras. A conspiração dos letrados envolveu Petrarca, Ticiano, Giorgione, putativas traições passionais reveladas, e por aí fora. Se a especulação tem durado, certamente que o pobre Vladimir Vladimirovich não teria escapado aos ovnilogistas, à Cientologia e a Tom Cruise, e até às conversas privadas com o Altíssimo da emissária Alexandra Solnado.Também de forma misteriosa, surgiu mais um manuscrito do autor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), intitulado de El Tercer Reich, eventualmente escrito antes de Os Detectives Selvagens (Los Detectives Salvajes, 1998), e que entra pelo mundo dos fanáticos alienados dos jogos de computador que se deslocam à Costa Brava espanhola para participar num torneio mundial de um jogo de realidade virtual denominado por “O Terceiro Reich”. Não consegui descortinar pelo texto de Isabel Coutinho se os direitos desta publicação haviam ou não sido adquiridos pelo editor Carlos Veiga Ferreira da Teorema – editora que já havia publicado de Bolaño Os Detectives Selvagens e Estrela Distante (Estrella distante, 1996). No entanto, num país que ainda tem por publicar o magistral 2666 (2004) – obra póstuma, composta por cinco livros, que Bolaño pretendia ver publicados separadamente, com uma periodicidade anual, para garantir uma fonte de sustento à sua família –, e que ainda não publicou a esmagadora maioria da sua obra, acho, no mínimo, extravagante (a tal singularidade lusa que não me canso de repisar) que se opte pela publicação do manuscrito emergido das trevas, e isto apesar da datação posterior de 2666. A ver vamos.

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