Os convites

28-12-2009
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Entrando em força na silly season, o país político delirou com os convites do PS para as suas listas de candidatos à Assembleia da República. A histeria era, diga-se de passagem, o objectivo da coisa. A rapaziada do marketing certamente explicou ao Primeiro-Ministro que escolher uma “novidade” como Miguel Vale de Almeida e “roubar” Joana Amaral Dias (pelos vistos não conseguiram) ao BE iria encantar os senhores jornalistas. Os senhores jornalistas, claro, caíram que nem uns patinhos, delirando com o “primeiro homossexual assumido no parlamento” e com “o blogger” João Galamba.

Mas se o objectivo inicial da manobra foi cumprido, seria bom que José Sócrates não se convencesse que ela o levará muito longe. Ela pode funcionar muito bem “entre a Arcada e São Bento”, mas dificilmente passa daí. Os “independentes” escolhidos pelo PS fazem parte daquilo a que os ingleses chamam as chatering classes: Vale de Almeida, João Galamba e Inês de Medeiros são “activistas”, “intelectuais” e “agentes da cultura”, gente que o pessoal dos jornais conhece, e cuja escolha valoriza, por entenderem, não sem alguma razão, que é gente “deles” a ser escolhida. Escolha essa que não só faz com que o PS ganhe atenção nos jornais, como receba elogios pelas escolhas “arrojadas”.

Mas o eleitor comum tem com Miguel Vale de Almeida e João Galamba a mesma relação que Ferro Rodrigues tinha com o segredo de justiça, ou Manuel Vilarinho com ordens de tribunais. O que o preocupa não são os nomes das listas dos candidatos a deputado, aliás uma espécie abundamentemente desprezada e considerada como irrelevante, mas o desemprego, o crescimento económico e as suas condições de vida. Para essas pessoas, a aparente tentativa de “piscar o olho à esquerda” de que a comunicação social fala é até ofensiva: mostra-lhes que o PS se preocupa mais com cálculos eleitorais e as “tricas” da “politiquice” (que é a única coisa que apreenderam do “caso Amaral Dias”) do que com os problemas dos portugueses. A lista de “independentes” do PS pode ter merecido alguns abraços na comunicação social, mas no eleitorado em geral, apenas cimentou o desprezo que as pessoas sentem pelos políticos. Por razões óbvias e facéis de perceber, mas que os senhores do marketing não aprenderam nos seus cursos, certamente tão bons como o que deu o grau de engenheiro ao Primeiro-Ministro.

Entrando em força na silly season, o país político delirou com os convites do PS para as suas listas de candidatos à Assembleia da República. A histeria era, diga-se de passagem, o objectivo da coisa. A rapaziada do marketing certamente explicou ao Primeiro-Ministro que escolher uma “novidade” como Miguel Vale de Almeida e “roubar” Joana Amaral Dias (pelos vistos não conseguiram) ao BE iria encantar os senhores jornalistas. Os senhores jornalistas, claro, caíram que nem uns patinhos, delirando com o “primeiro homossexual assumido no parlamento” e com “o blogger” João Galamba.

Mas se o objectivo inicial da manobra foi cumprido, seria bom que José Sócrates não se convencesse que ela o levará muito longe. Ela pode funcionar muito bem “entre a Arcada e São Bento”, mas dificilmente passa daí. Os “independentes” escolhidos pelo PS fazem parte daquilo a que os ingleses chamam as chatering classes: Vale de Almeida, João Galamba e Inês de Medeiros são “activistas”, “intelectuais” e “agentes da cultura”, gente que o pessoal dos jornais conhece, e cuja escolha valoriza, por entenderem, não sem alguma razão, que é gente “deles” a ser escolhida. Escolha essa que não só faz com que o PS ganhe atenção nos jornais, como receba elogios pelas escolhas “arrojadas”.

Mas o eleitor comum tem com Miguel Vale de Almeida e João Galamba a mesma relação que Ferro Rodrigues tinha com o segredo de justiça, ou Manuel Vilarinho com ordens de tribunais. O que o preocupa não são os nomes das listas dos candidatos a deputado, aliás uma espécie abundamentemente desprezada e considerada como irrelevante, mas o desemprego, o crescimento económico e as suas condições de vida. Para essas pessoas, a aparente tentativa de “piscar o olho à esquerda” de que a comunicação social fala é até ofensiva: mostra-lhes que o PS se preocupa mais com cálculos eleitorais e as “tricas” da “politiquice” (que é a única coisa que apreenderam do “caso Amaral Dias”) do que com os problemas dos portugueses. A lista de “independentes” do PS pode ter merecido alguns abraços na comunicação social, mas no eleitorado em geral, apenas cimentou o desprezo que as pessoas sentem pelos políticos. Por razões óbvias e facéis de perceber, mas que os senhores do marketing não aprenderam nos seus cursos, certamente tão bons como o que deu o grau de engenheiro ao Primeiro-Ministro.

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