Ex-primeiro-ministro regressou à política para apoiar Brown e denunciar a indecisão dos conservadores
Tony Blair regressou ontem à política activa, quase três anos depois de ter saído do Governo, para um ataque cerrado à oposição conservadora, a quem acusou de "confusão" e falta de transparência.
Foi a primeira participação do ex-primeiro-ministro na campanha para as legislativas - uma estratégia arriscada que os trabalhistas decidiram seguir para apelar ao eleitorado centrista, decisivo nas três vitórias consecutivas do partido.
Para o regresso, Blair escolheu um palco que lhe diz muito: o círculo de Sedgefield (Nordeste), que representou durante 24 anos e onde, em 1994, lançou a candidatura à liderança trabalhista. Foi também ali que, 17 anos depois, anunciou a demissão. E tão familiar como o cenário foi o tom, que o Times descreveu como "electrizante" e o Guardian comparou a uma "aula sobre como derrubar os tories".
Perante uma pequena plateia, o ex-primeiro-ministro procurou sublinhar as diferenças entre o New Labour de 1997 e os conservadores de David Cameron que, acusou, se apresentam aos eleitores com o slogan ("Tempo de mudança") "mais vazio de sempre". "Parece que ainda não se decidiram sobre aquilo que defendem", seja sobre a economia, a saúde ou a política europeia. E das duas uma: "Ou continuam a ser o velho partido Tory e querem escondê-lo, ou não sabem para onde querem ir - mas nenhuma das hipóteses é boa".
Houve poucas referências a Gordon Brown - o sucessor com quem manteve uma surda guerrilha -, mas sublinhou que foi a sua "experiência, discernimento e arrojo" que permitiu ao país atravessar a crise. O momento "exigia liderança e Brown teve-a".
Não se sabe qual será o impacto da entrada de Blair na campanha, quando os trabalhistas estão a reduzir a desvantagem para os conservadores. À chegada ao clube trabalhista de Trimdon, o ex-primeiro-ministro tinha à sua espera manifestantes com cartazes onde se podia ler "Blair, criminoso de guerra", num aviso de que a polémica sobre o Iraque pode regressar.
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Para Andrew Hawkins, do instituto de sondagens ComRes, este é um risco que o Labour deve correr: "Blair tem um pouco de magia eleitoral que Brown pode aproveitar", em especial nos marginal seats, os círculos sem tendência de voto definida e onde se joga a vitória nas legislativas de Maio.
Outros avisam que o seu regresso acentua a imagem de desgaste do partido. "Ele simboliza tudo aquilo que as pessoas vêem de mal no New Labour", disse à BBC o deputado trabalhista Peter Kilfoyle.
David Cameron optou por não responder para já ao ataque, limitando-se a ironizar que esta foi a primeira vez, em vários anos, que Blair "fez um discurso que ninguém pagou".
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Ex-primeiro-ministro regressou à política para apoiar Brown e denunciar a indecisão dos conservadores
Tony Blair regressou ontem à política activa, quase três anos depois de ter saído do Governo, para um ataque cerrado à oposição conservadora, a quem acusou de "confusão" e falta de transparência.
Foi a primeira participação do ex-primeiro-ministro na campanha para as legislativas - uma estratégia arriscada que os trabalhistas decidiram seguir para apelar ao eleitorado centrista, decisivo nas três vitórias consecutivas do partido.
Para o regresso, Blair escolheu um palco que lhe diz muito: o círculo de Sedgefield (Nordeste), que representou durante 24 anos e onde, em 1994, lançou a candidatura à liderança trabalhista. Foi também ali que, 17 anos depois, anunciou a demissão. E tão familiar como o cenário foi o tom, que o Times descreveu como "electrizante" e o Guardian comparou a uma "aula sobre como derrubar os tories".
Perante uma pequena plateia, o ex-primeiro-ministro procurou sublinhar as diferenças entre o New Labour de 1997 e os conservadores de David Cameron que, acusou, se apresentam aos eleitores com o slogan ("Tempo de mudança") "mais vazio de sempre". "Parece que ainda não se decidiram sobre aquilo que defendem", seja sobre a economia, a saúde ou a política europeia. E das duas uma: "Ou continuam a ser o velho partido Tory e querem escondê-lo, ou não sabem para onde querem ir - mas nenhuma das hipóteses é boa".
Houve poucas referências a Gordon Brown - o sucessor com quem manteve uma surda guerrilha -, mas sublinhou que foi a sua "experiência, discernimento e arrojo" que permitiu ao país atravessar a crise. O momento "exigia liderança e Brown teve-a".
Não se sabe qual será o impacto da entrada de Blair na campanha, quando os trabalhistas estão a reduzir a desvantagem para os conservadores. À chegada ao clube trabalhista de Trimdon, o ex-primeiro-ministro tinha à sua espera manifestantes com cartazes onde se podia ler "Blair, criminoso de guerra", num aviso de que a polémica sobre o Iraque pode regressar.
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Para Andrew Hawkins, do instituto de sondagens ComRes, este é um risco que o Labour deve correr: "Blair tem um pouco de magia eleitoral que Brown pode aproveitar", em especial nos marginal seats, os círculos sem tendência de voto definida e onde se joga a vitória nas legislativas de Maio.
Outros avisam que o seu regresso acentua a imagem de desgaste do partido. "Ele simboliza tudo aquilo que as pessoas vêem de mal no New Labour", disse à BBC o deputado trabalhista Peter Kilfoyle.
David Cameron optou por não responder para já ao ataque, limitando-se a ironizar que esta foi a primeira vez, em vários anos, que Blair "fez um discurso que ninguém pagou".