Reino Unido pode ter iniciado "uma avalanche de expulsões"

01-04-2010
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Israelitas admitem que Camberra siga o exemplo de Londres

A Austrália poderá ser o próximo país a expulsar um diplomata israelita, depois de o Reino Unido ter ordenado a expulsão do chefe da Mossad em Londres, sob suspeita de falsificação de passaportes britânicos usados no assassínio de um chefe do Hamas no Dubai.

Fontes israelitas disseram ao jornal The Australian que, dos países cujos passaportes "foram roubados", a Austrália "deverá, provavelmente, seguir o exemplo" da Grã-Bretanha. Em Março, depois de Mahmoud al-Mabhouh ter aparecido morto, por asfixia, num quarto de hotel, o embaixador israelita Yuval Rotem foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Camberra. Pediram-lhe que justificasse o uso de passaportes de quatro cidadãos de dupla cidadania, israelita e australiana, que residem em Israel, mas as explicações que deu não terão convencido o primeiro-ministro Kevin Rudd.

Um outro jornal australiano, Brisbane Times, referiu ontem que "o Governo federal aguarda pelas conclusões da sua própria investigação" antes de decidir que acção vai tomar - "se tomar". O ministro dos Negócios Estrangeiros, Stephen Smith, admitiu que o seu homólogo britânico, David Miliband, partilhou com Camberra o relatório que conduziu à expulsão do chefe da Mossad em Londres.

O diplomata expulso, cuja identidade não foi revelada e que estaria envolvido na cópia de 12 passaportes britânicos, "será substituído em breve", segundo informou a rádio pública e outros media de Israel. Para Amir Oren, do jornal hebraico Ha"aretz, o anúncio de Miliband, na terça-feira à noite, "foi coordenado com outros países" - Alemanha, França, Irlanda, Austrália - e poderá indicar o início de uma avalanche."

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"Trata-se de um duro golpe à arrogância de Israel a todos os níveis", escreveu Oren, lembrando a promessa feita por Shimon Peres a Geoffrey Howe, em 1987, de que passaportes britânicos jamais seriam usados em operações israelitas. Aliás, quem recordou essa promessa foi William Hague, o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo-sombra dos conservadores que poderá substituir Miliband, dentro de dois meses, caso David Cameron ganhe as eleições. A promessa foi feita depois de um escândalo ter abalado as relações bilaterais, quando um agente israelita deixou numa cabina telefónica alemã uma mala com oito passaportes britânicos falsificados. A descoberta alertou para o facto de Israel ter agentes infiltrados numa célula palestiniana responsável pela morte de um cidadão britânico.

Furiosa, Margaret Thatcher ordenou o fecho da delegação da Mossad em Londres, ordenou a expulsão do chefe local da agência e deixou as relações bilaterais congeladas.

Embora considere o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "o principal responsável" pelo fiasco no Dubai, Oren pede apenas a cabeça do director-geral da Mossad, Meir Dagan. Cita o exemplo de John Kennedy, que demitiu o chefe da CIA Allen Dulles após a crise da baía dos Porcos em 1961. M.S.L.

Israelitas admitem que Camberra siga o exemplo de Londres

A Austrália poderá ser o próximo país a expulsar um diplomata israelita, depois de o Reino Unido ter ordenado a expulsão do chefe da Mossad em Londres, sob suspeita de falsificação de passaportes britânicos usados no assassínio de um chefe do Hamas no Dubai.

Fontes israelitas disseram ao jornal The Australian que, dos países cujos passaportes "foram roubados", a Austrália "deverá, provavelmente, seguir o exemplo" da Grã-Bretanha. Em Março, depois de Mahmoud al-Mabhouh ter aparecido morto, por asfixia, num quarto de hotel, o embaixador israelita Yuval Rotem foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros em Camberra. Pediram-lhe que justificasse o uso de passaportes de quatro cidadãos de dupla cidadania, israelita e australiana, que residem em Israel, mas as explicações que deu não terão convencido o primeiro-ministro Kevin Rudd.

Um outro jornal australiano, Brisbane Times, referiu ontem que "o Governo federal aguarda pelas conclusões da sua própria investigação" antes de decidir que acção vai tomar - "se tomar". O ministro dos Negócios Estrangeiros, Stephen Smith, admitiu que o seu homólogo britânico, David Miliband, partilhou com Camberra o relatório que conduziu à expulsão do chefe da Mossad em Londres.

O diplomata expulso, cuja identidade não foi revelada e que estaria envolvido na cópia de 12 passaportes britânicos, "será substituído em breve", segundo informou a rádio pública e outros media de Israel. Para Amir Oren, do jornal hebraico Ha"aretz, o anúncio de Miliband, na terça-feira à noite, "foi coordenado com outros países" - Alemanha, França, Irlanda, Austrália - e poderá indicar o início de uma avalanche."

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"Trata-se de um duro golpe à arrogância de Israel a todos os níveis", escreveu Oren, lembrando a promessa feita por Shimon Peres a Geoffrey Howe, em 1987, de que passaportes britânicos jamais seriam usados em operações israelitas. Aliás, quem recordou essa promessa foi William Hague, o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo-sombra dos conservadores que poderá substituir Miliband, dentro de dois meses, caso David Cameron ganhe as eleições. A promessa foi feita depois de um escândalo ter abalado as relações bilaterais, quando um agente israelita deixou numa cabina telefónica alemã uma mala com oito passaportes britânicos falsificados. A descoberta alertou para o facto de Israel ter agentes infiltrados numa célula palestiniana responsável pela morte de um cidadão britânico.

Furiosa, Margaret Thatcher ordenou o fecho da delegação da Mossad em Londres, ordenou a expulsão do chefe local da agência e deixou as relações bilaterais congeladas.

Embora considere o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "o principal responsável" pelo fiasco no Dubai, Oren pede apenas a cabeça do director-geral da Mossad, Meir Dagan. Cita o exemplo de John Kennedy, que demitiu o chefe da CIA Allen Dulles após a crise da baía dos Porcos em 1961. M.S.L.

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