Em Ovar, o mar ainda não recuou

03-05-2010
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No que já foi a Praia do Furadouro, teme-se uma das piores épocas balneares dos últimos anos

a Numa das praias de eleição dos estudos do investigador Veloso Gomes, o mar não tem dado tréguas. No litoral de Ovar, o Atlântico bate nas rochas, o areal emagreceu, há zonas florestais desprotegidas que estão a desaparecer. A câmara reclama um plano consistente, atenção permanente. Furadouro é a zona balnear mais afectada do litoral vareiro. Quem lá mora garante que nunca viu o mar tão furioso, tão violento. Os estragos estão à vista. Miradouros sem base de sustentação, pedra da calçada levantada, o mar que se passeia em toda a extensão do antigo areal. Em 2003, Furadouro era o local do país mais afectado pela erosão costeira. Nesse ano, o mar engoliu nove metros de areal. Nove metros que ninguém crê terem sido recuperados.

Albano Silva, concessionário das barracas na praia, está pessimista. Não acredita que consiga colocar uma única barraca no próximo Verão. "A praia está no rés-do-chão", aponta. Tempos houve em que montou 250 barracas, no ano passado ficou-se pelas 75. O mar não lhe deu espaço para mais. Há 45 anos no Furadouro, não se lembra de um Atlântico tão feroz. "O mar anda zangado". "Andaram a pôr pedra para proteger o aglomerado urbano e depois foram-se embora"

Em Fevereiro, chegou a ter o seu café e esplanada de madeira prendidos à grua dos bombeiros. No entanto, não foi necessário içar as estruturas porque o mar entretanto acalmou. Albano Silva não está confiante num bom Verão e recusa-se a falar nos euros que poderão não entrar na caixa registradora. "Não sei calcular porque não sei o que vai acontecer, não consigo prever os prejuízos".

Moisés Resende é o director do parque de campismo do Furadouro. Está confiante de que o espaço irá atingir a capacidade máxima, três mil pessoas neste Verão, mas, mesmo assim, confessa-se preocupado com o avanço do mar. "Há 32 anos que aqui estou e não me lembro de tal coisa. O problema é que o mar subiu para recuperar e levar aquilo que em tempos deu", sustenta. Em seu entender, a recuperação do areal será uma missão complicada. "Este ano, as marés funcionaram ao contrário, em vez de largarem areia, levaram-na".

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"Isto está uma calamidade"

Moisés Resende espera não fazer contas aos prejuízos. "Temos o parque cheio, a ocupação no máximo, mas a frequência semanal tem diminuído, não só pelo Inverno que tivemos, mas também pelas dificuldades económicas". E prevê tempos apertados para o comércio do Furadouro. "Este ano, os turistas podem ir embora mais cedo, quando virem que não há praia".

Ana Paula Tavares trabalha numa peixaria mesmo em frente ao mar do Furadouro. Sabe que o patrão tem tido prejuízos e sente menos gente a circular pelas ruas. "Não está fácil, há lojas a fechar, as pessoas não aguentam esta situação". Ana tem 29 anos e não se lembra de um mar tão feroz. "O mar não recua, não traz areia, não vai para baixo. Este ano, não vai haver praia. Isto está uma calamidade: não havendo areia, as pessoas não vêm para o Furadouro".

No que já foi a Praia do Furadouro, teme-se uma das piores épocas balneares dos últimos anos

a Numa das praias de eleição dos estudos do investigador Veloso Gomes, o mar não tem dado tréguas. No litoral de Ovar, o Atlântico bate nas rochas, o areal emagreceu, há zonas florestais desprotegidas que estão a desaparecer. A câmara reclama um plano consistente, atenção permanente. Furadouro é a zona balnear mais afectada do litoral vareiro. Quem lá mora garante que nunca viu o mar tão furioso, tão violento. Os estragos estão à vista. Miradouros sem base de sustentação, pedra da calçada levantada, o mar que se passeia em toda a extensão do antigo areal. Em 2003, Furadouro era o local do país mais afectado pela erosão costeira. Nesse ano, o mar engoliu nove metros de areal. Nove metros que ninguém crê terem sido recuperados.

Albano Silva, concessionário das barracas na praia, está pessimista. Não acredita que consiga colocar uma única barraca no próximo Verão. "A praia está no rés-do-chão", aponta. Tempos houve em que montou 250 barracas, no ano passado ficou-se pelas 75. O mar não lhe deu espaço para mais. Há 45 anos no Furadouro, não se lembra de um Atlântico tão feroz. "O mar anda zangado". "Andaram a pôr pedra para proteger o aglomerado urbano e depois foram-se embora"

Em Fevereiro, chegou a ter o seu café e esplanada de madeira prendidos à grua dos bombeiros. No entanto, não foi necessário içar as estruturas porque o mar entretanto acalmou. Albano Silva não está confiante num bom Verão e recusa-se a falar nos euros que poderão não entrar na caixa registradora. "Não sei calcular porque não sei o que vai acontecer, não consigo prever os prejuízos".

Moisés Resende é o director do parque de campismo do Furadouro. Está confiante de que o espaço irá atingir a capacidade máxima, três mil pessoas neste Verão, mas, mesmo assim, confessa-se preocupado com o avanço do mar. "Há 32 anos que aqui estou e não me lembro de tal coisa. O problema é que o mar subiu para recuperar e levar aquilo que em tempos deu", sustenta. Em seu entender, a recuperação do areal será uma missão complicada. "Este ano, as marés funcionaram ao contrário, em vez de largarem areia, levaram-na".

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"Isto está uma calamidade"

Moisés Resende espera não fazer contas aos prejuízos. "Temos o parque cheio, a ocupação no máximo, mas a frequência semanal tem diminuído, não só pelo Inverno que tivemos, mas também pelas dificuldades económicas". E prevê tempos apertados para o comércio do Furadouro. "Este ano, os turistas podem ir embora mais cedo, quando virem que não há praia".

Ana Paula Tavares trabalha numa peixaria mesmo em frente ao mar do Furadouro. Sabe que o patrão tem tido prejuízos e sente menos gente a circular pelas ruas. "Não está fácil, há lojas a fechar, as pessoas não aguentam esta situação". Ana tem 29 anos e não se lembra de um mar tão feroz. "O mar não recua, não traz areia, não vai para baixo. Este ano, não vai haver praia. Isto está uma calamidade: não havendo areia, as pessoas não vêm para o Furadouro".

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