a peida é um regalo ... do nariz a gente trata: MANUEL CATARINO

21-05-2011
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Ao fim e ao caboArtista precáriaInês de Medeiros, a deputada portuguesa com residência em Paris, pertence ao regimento de artistas precários – no sentido em que teimam viver à custa de subsídios preferencialmente pagos pelo Estado que, como se calcula, não tem a menor obrigação de sustentar manias e extravagâncias. Como é precária, Inês fez-se à vida: ainda tentou do Partido Socialista um lugar elegível na lista para o Parlamento Europeu – mas o melhor que José Sócrates conseguiu arranjar, apesar de a senhora viver em Paris, foi assegurar--lhe a eleição para a Assembleia da República como candidata pelo Círculo de Lisboa. Estrasburgo tem outra classe – e seria mais de acordo com a condição de criatura de relativa cultura que fala francês e, muito provavelmente, toca piano. Gorada a hipótese de Estrasburgo, restou-lhe a solução de Lisboa. Inês franziu-se com a maçada de voltar à provinciana capital. Ainda assim, aceitou. O esforço, de resto, será recompensador: ao fim de pelo menos dois mandados tem direito a reforma vitalícia – que a vida de uma artista precária, mesmo na Cidade Luz, está cada vez mais difícil.A senhora deputada, ao fim de porfiados esforços, obrigou a Assembleia da República a suportar-lhe uma viagem semanal de ida e volta a Paris – no valor de 2500 euros. Não duvido da legalidade do pagamento – despachado por Jaime Gama com base num parecer jurídico que, obviamente, será de irrepreensível doutrina e tecnicamente impugnável.O que importa, neste caso, é o código dos princípios. Inês de Medeiros acha que o Estado tudo deve fazer, tudo deve iniciar, tudo deve pagar. Habituou-se a viver dos subsídios: é, como tantos outros artistas, uns mais parcos de ideias e de talento do que outros, uma subsídio-dependente – essa chaga política e social que lhe dá uma estranha concepção do que deve ser a vida em liberdade. Prometo que hei-de encontrar espaço, em post scriptum, para dar conta todas as segundas-feiras do árduo trabalho parlamentar da mais cara deputada eleita pelo Círculo de Lisboa – as intervenções em plenário, a actividade nas comissões, as iniciativas legislativas. Desconfio de que escassas duas linhas de rodapé chegam e sobram para assinalar o esforço de Inês de Medeiros. Espero que esteja enganado.JORNALISTA"CORREIO DA MANHÃ"24//04/10


Ao fim e ao caboArtista precáriaInês de Medeiros, a deputada portuguesa com residência em Paris, pertence ao regimento de artistas precários – no sentido em que teimam viver à custa de subsídios preferencialmente pagos pelo Estado que, como se calcula, não tem a menor obrigação de sustentar manias e extravagâncias. Como é precária, Inês fez-se à vida: ainda tentou do Partido Socialista um lugar elegível na lista para o Parlamento Europeu – mas o melhor que José Sócrates conseguiu arranjar, apesar de a senhora viver em Paris, foi assegurar--lhe a eleição para a Assembleia da República como candidata pelo Círculo de Lisboa. Estrasburgo tem outra classe – e seria mais de acordo com a condição de criatura de relativa cultura que fala francês e, muito provavelmente, toca piano. Gorada a hipótese de Estrasburgo, restou-lhe a solução de Lisboa. Inês franziu-se com a maçada de voltar à provinciana capital. Ainda assim, aceitou. O esforço, de resto, será recompensador: ao fim de pelo menos dois mandados tem direito a reforma vitalícia – que a vida de uma artista precária, mesmo na Cidade Luz, está cada vez mais difícil.A senhora deputada, ao fim de porfiados esforços, obrigou a Assembleia da República a suportar-lhe uma viagem semanal de ida e volta a Paris – no valor de 2500 euros. Não duvido da legalidade do pagamento – despachado por Jaime Gama com base num parecer jurídico que, obviamente, será de irrepreensível doutrina e tecnicamente impugnável.O que importa, neste caso, é o código dos princípios. Inês de Medeiros acha que o Estado tudo deve fazer, tudo deve iniciar, tudo deve pagar. Habituou-se a viver dos subsídios: é, como tantos outros artistas, uns mais parcos de ideias e de talento do que outros, uma subsídio-dependente – essa chaga política e social que lhe dá uma estranha concepção do que deve ser a vida em liberdade. Prometo que hei-de encontrar espaço, em post scriptum, para dar conta todas as segundas-feiras do árduo trabalho parlamentar da mais cara deputada eleita pelo Círculo de Lisboa – as intervenções em plenário, a actividade nas comissões, as iniciativas legislativas. Desconfio de que escassas duas linhas de rodapé chegam e sobram para assinalar o esforço de Inês de Medeiros. Espero que esteja enganado.JORNALISTA"CORREIO DA MANHÃ"24//04/10

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