Forum dos TOC (não oficial): Comprar (fidalguia) ou não comprar (dignidade)...

19-12-2009
marcar artigo


«A dignidade não se compra"Só o homem tem dignidade; por isso, somente o homem pode ser ridículo", John KnoxSob os títulos “O lápis” e “Compre-se também a fidalguia”, um assíduo articulista deste prestigiado semanário abordou, nas últimas semanas, algumas questões relacionadas com os Técnicos Oficiais de Contas e com a sua entidade reguladora - a Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas -, de que tenho a honra de ser vice-presidente.Não é que seja vedado a qualquer colunista abordar aquele ou outros temas, mas a forma acintosa e até, em algumas passagens, insultuosa para os TOC, não me aconselha a manter prudente e sábio silêncio, porque as declarações atingem toda uma classe profissional, com prestígio reconhecido pela sociedade civil e granjeado pelo esforço do seu trabalho. Ao ler o primeiro artigo e na procura de motivos para a sua justificação, dei por mim a concluir que o sentimento de “asa ferida” não é propriamente o melhor estado de espírito para comunicar e explanar uma visão aturada sobre certas questões.Ao ler o segundo escrito, veio-me à memória um provérbio popular que nele assenta como uma luva: “Quem te manda sapateiro tocar tão mal rabecão?...”E assim é. Quando se fala de assuntos que não se dominam, corre-se o risco de cair aos trambolhões da altaneira cátedra ao lugar do famigerado sapateiro, que manifestamente não está fadado para tocar rabecão.Questiona-se no primeiro artigo quem é que define o interesse manifesto para a profissão de Técnico Oficial de Contas? Esta questão, não tanto ao nível doutoral, mas mais do alternativo, revela um manifesto desconhecimento do enquadramento da estrutura, funções e objectivos definidos pela Assembleia da República, quanto às instituições de regulação profissional, na qual, obviamente, se integra a Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.O “lápis”, que tanto diz gostar (aquele de borracha na ponta) de duas uma: ou não o usa ou então a borracha está muito gasta, pois perdeu uma excelente oportunidade de corrigir o que erradamente escreveu.Embora no primeiro artigo se vislumbre um desconhecimento da matéria abordada, no segundo, ultrapassa-se os limites da boa convivência, ficando-se com a sensação de discurso encomendado.Nada que nos surpreenda, já que segundo o articulista “tudo se compra”.O que não se compra é a dignidade e a honra de 76 mil profissionais que não merecem ser rotulados de irem para as acções de formação “bater uma boa soneca” ou “ler “A Bola””, pior ainda quando criticados por uma pessoa que, cremos, nunca lá pôs os pés.Os Técnicos Oficiais de Contas são os responsáveis pela determinação dos quantitativos fiscais que gerem o país, bem como de toda a informação financeira das empresas que correspondem aos dividendos de todos os empresários.E, ainda por cima, para pagar a mentes tão iluminadas, como se intitula o articulista, não pode ser mais insultuosa a afirmação que estes profissionais “não perceberam nada do que se disse” na formação.O articulista demonstra uma preocupação excessiva quanto às questões monetárias, o que está de acordo com o texto do seu artigo, uma vez que ele se intitula, “Compre-se também a fidalguia”.Mas isso, embora estando na base da sua própria formação, intrigou-me profundamente, pois já que para aquele tudo é alvo de negociação tendo em vista atingir objectivos, fiquei com uma dúvida enorme: será que também, sendo o articulista docente de muitos dos nossos futuros profissionais, os seus diplomas terão sido obtidos por mérito? Essa é uma dúvida que nos assalta, pela forma meramente mercantilista como aborda assuntos de grande responsabilidade.»in Jornal "Semanário Económico", Armando Marques, 2007-09-07.


«A dignidade não se compra"Só o homem tem dignidade; por isso, somente o homem pode ser ridículo", John KnoxSob os títulos “O lápis” e “Compre-se também a fidalguia”, um assíduo articulista deste prestigiado semanário abordou, nas últimas semanas, algumas questões relacionadas com os Técnicos Oficiais de Contas e com a sua entidade reguladora - a Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas -, de que tenho a honra de ser vice-presidente.Não é que seja vedado a qualquer colunista abordar aquele ou outros temas, mas a forma acintosa e até, em algumas passagens, insultuosa para os TOC, não me aconselha a manter prudente e sábio silêncio, porque as declarações atingem toda uma classe profissional, com prestígio reconhecido pela sociedade civil e granjeado pelo esforço do seu trabalho. Ao ler o primeiro artigo e na procura de motivos para a sua justificação, dei por mim a concluir que o sentimento de “asa ferida” não é propriamente o melhor estado de espírito para comunicar e explanar uma visão aturada sobre certas questões.Ao ler o segundo escrito, veio-me à memória um provérbio popular que nele assenta como uma luva: “Quem te manda sapateiro tocar tão mal rabecão?...”E assim é. Quando se fala de assuntos que não se dominam, corre-se o risco de cair aos trambolhões da altaneira cátedra ao lugar do famigerado sapateiro, que manifestamente não está fadado para tocar rabecão.Questiona-se no primeiro artigo quem é que define o interesse manifesto para a profissão de Técnico Oficial de Contas? Esta questão, não tanto ao nível doutoral, mas mais do alternativo, revela um manifesto desconhecimento do enquadramento da estrutura, funções e objectivos definidos pela Assembleia da República, quanto às instituições de regulação profissional, na qual, obviamente, se integra a Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas.O “lápis”, que tanto diz gostar (aquele de borracha na ponta) de duas uma: ou não o usa ou então a borracha está muito gasta, pois perdeu uma excelente oportunidade de corrigir o que erradamente escreveu.Embora no primeiro artigo se vislumbre um desconhecimento da matéria abordada, no segundo, ultrapassa-se os limites da boa convivência, ficando-se com a sensação de discurso encomendado.Nada que nos surpreenda, já que segundo o articulista “tudo se compra”.O que não se compra é a dignidade e a honra de 76 mil profissionais que não merecem ser rotulados de irem para as acções de formação “bater uma boa soneca” ou “ler “A Bola””, pior ainda quando criticados por uma pessoa que, cremos, nunca lá pôs os pés.Os Técnicos Oficiais de Contas são os responsáveis pela determinação dos quantitativos fiscais que gerem o país, bem como de toda a informação financeira das empresas que correspondem aos dividendos de todos os empresários.E, ainda por cima, para pagar a mentes tão iluminadas, como se intitula o articulista, não pode ser mais insultuosa a afirmação que estes profissionais “não perceberam nada do que se disse” na formação.O articulista demonstra uma preocupação excessiva quanto às questões monetárias, o que está de acordo com o texto do seu artigo, uma vez que ele se intitula, “Compre-se também a fidalguia”.Mas isso, embora estando na base da sua própria formação, intrigou-me profundamente, pois já que para aquele tudo é alvo de negociação tendo em vista atingir objectivos, fiquei com uma dúvida enorme: será que também, sendo o articulista docente de muitos dos nossos futuros profissionais, os seus diplomas terão sido obtidos por mérito? Essa é uma dúvida que nos assalta, pela forma meramente mercantilista como aborda assuntos de grande responsabilidade.»in Jornal "Semanário Económico", Armando Marques, 2007-09-07.

marcar artigo