Ferreira Leite impôs abstenção aos sociais-democratas

01-04-2010
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Manuela Ferreira Leite ainda fez "diligências" para adiar o debate no Parlamento sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e a votação da resolução do PS. Em vão. A líder do PSD foi muito pressionada nos últimos dias a votar contra a resolução, pelos candidatos à liderança Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel, e até pela maioria da sua comissão política. Em vão. Na hora de decidir decidiu sozinha, pela abstenção. Porque é líder do partido "até ao último dia" e não é a primeira vez que de- cidiu - "e bem" - contra a opinião da comissão política. Foi assim que Ferreira Leite terminou a sua derradeira reunião enquanto líder com os deputados do partido, na véspera das eleições directas. "Hoje é dia 25 e eu ainda sou presidente do PSD."

Já passava das 14h e até o líder parlamentar do PS terá respirado de alívio com a anunciada abstenção. Assis, Jorge Lacão, ministro dos Assuntos Parlamentares, Agostinho Branquinho e José Pedro Aguiar-Branco viveram horas de tensão e negociações. A primeira versão da resolução socialista para acompanhar o debate do PEC - que não é votado - não era pacífica. O PSD não queria comprometer-se com "as medidas" previstas no PEC. Apenas se solidariza com os objectivos. Com isso, na expressão de Ferreira Leite, não se condiciona o líder que hoje vier a ser eleito com "um presente envenenado".

No Governo e no PS, José Sócrates e Francisco Assis acreditavam que Manuela Ferreira Leite iria manter a abstenção. A dúvida era mesmo o que faria a bancada do PSD. Ainda assim, menos dividida do que a comissão política nacional de Ferreira Leite que, na sua derradeira reunião, esta semana, se pronunciou maioritariamente pelo voto "não". O dossier PEC foi analisado, sumariamente, na reunião de quarta-feira de Ferreira Leite com Sócrates, a propósito do Conselho Europeu. Faltava conhecer, ao pormenor, a resolução do PS. O que só aconteceu horas depois.

Ferreira Leite, e ainda mais os apoiantes de Rangel, não gostaram do que leram e exigiram mudanças. As negociações tiveram a Assembleia como epicentro. Sócrates e Ferreira Leite nunca falaram. Agostinho Branquinho, e depois Aguiar-Branco, desdobraram-se em contactos no Parlamento. O acordo de princípio foi gizado na noite de quarta e confirmado, por telefone, ontem de manhã, entre as bancadas do PS e do PSD.

Para se abster, o PSD conseguiu que o Governo reconhecesse "a prioridade da redução da despesa pública" e que assumisse que o esforço de investimento público tem que ter em conta a consolidação orçamental.

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Faltava agora que o assunto fosse à bancada do PSD, onde se previa contestação. Os deputados socialistas também se reuniram à mesma hora para Assis pôr a bancada a par das conversações. A agitação foi menor e os deputados tiveram luz verde para apresentar declarações de voto.

Segundo relatos feitos ao PÚBLICO, das 26 intervenções na reunião do PSD oito foram pelo voto contra. Entre eles, Paulo Mota Pinto, vice de Ferreira Leite, levantou a questão de a maioria da comissão política ser pelo "não". José Luís Arnaut questionou se não deveria haver liberdade de voto, que foi recusada ao deputado e líder da JSD Pedro Rodrigues. Apesar de ser pelo "não", Pacheco Pereira admitiu acatar a decisão para evitar a imagem de um PSD dividido. Pelo menos 15 deputados anunciaram, depois, uma declaração de voto - Pedro Rodrigues, Pacheco e Arnaut.

Pela abstenção falaram Mota Amaral, Guilherme Silva, Hugo Velosa, mas também Couto dos Santos e Almeida Henriques, dois apoiantes de Passos. O debate, com o frente-frente entre Ferreira Leite e o ministro das Finanças, seguiu-se no plenário. Nuno Simas e Maria Lopes

Manuela Ferreira Leite ainda fez "diligências" para adiar o debate no Parlamento sobre o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e a votação da resolução do PS. Em vão. A líder do PSD foi muito pressionada nos últimos dias a votar contra a resolução, pelos candidatos à liderança Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel, e até pela maioria da sua comissão política. Em vão. Na hora de decidir decidiu sozinha, pela abstenção. Porque é líder do partido "até ao último dia" e não é a primeira vez que de- cidiu - "e bem" - contra a opinião da comissão política. Foi assim que Ferreira Leite terminou a sua derradeira reunião enquanto líder com os deputados do partido, na véspera das eleições directas. "Hoje é dia 25 e eu ainda sou presidente do PSD."

Já passava das 14h e até o líder parlamentar do PS terá respirado de alívio com a anunciada abstenção. Assis, Jorge Lacão, ministro dos Assuntos Parlamentares, Agostinho Branquinho e José Pedro Aguiar-Branco viveram horas de tensão e negociações. A primeira versão da resolução socialista para acompanhar o debate do PEC - que não é votado - não era pacífica. O PSD não queria comprometer-se com "as medidas" previstas no PEC. Apenas se solidariza com os objectivos. Com isso, na expressão de Ferreira Leite, não se condiciona o líder que hoje vier a ser eleito com "um presente envenenado".

No Governo e no PS, José Sócrates e Francisco Assis acreditavam que Manuela Ferreira Leite iria manter a abstenção. A dúvida era mesmo o que faria a bancada do PSD. Ainda assim, menos dividida do que a comissão política nacional de Ferreira Leite que, na sua derradeira reunião, esta semana, se pronunciou maioritariamente pelo voto "não". O dossier PEC foi analisado, sumariamente, na reunião de quarta-feira de Ferreira Leite com Sócrates, a propósito do Conselho Europeu. Faltava conhecer, ao pormenor, a resolução do PS. O que só aconteceu horas depois.

Ferreira Leite, e ainda mais os apoiantes de Rangel, não gostaram do que leram e exigiram mudanças. As negociações tiveram a Assembleia como epicentro. Sócrates e Ferreira Leite nunca falaram. Agostinho Branquinho, e depois Aguiar-Branco, desdobraram-se em contactos no Parlamento. O acordo de princípio foi gizado na noite de quarta e confirmado, por telefone, ontem de manhã, entre as bancadas do PS e do PSD.

Para se abster, o PSD conseguiu que o Governo reconhecesse "a prioridade da redução da despesa pública" e que assumisse que o esforço de investimento público tem que ter em conta a consolidação orçamental.

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Faltava agora que o assunto fosse à bancada do PSD, onde se previa contestação. Os deputados socialistas também se reuniram à mesma hora para Assis pôr a bancada a par das conversações. A agitação foi menor e os deputados tiveram luz verde para apresentar declarações de voto.

Segundo relatos feitos ao PÚBLICO, das 26 intervenções na reunião do PSD oito foram pelo voto contra. Entre eles, Paulo Mota Pinto, vice de Ferreira Leite, levantou a questão de a maioria da comissão política ser pelo "não". José Luís Arnaut questionou se não deveria haver liberdade de voto, que foi recusada ao deputado e líder da JSD Pedro Rodrigues. Apesar de ser pelo "não", Pacheco Pereira admitiu acatar a decisão para evitar a imagem de um PSD dividido. Pelo menos 15 deputados anunciaram, depois, uma declaração de voto - Pedro Rodrigues, Pacheco e Arnaut.

Pela abstenção falaram Mota Amaral, Guilherme Silva, Hugo Velosa, mas também Couto dos Santos e Almeida Henriques, dois apoiantes de Passos. O debate, com o frente-frente entre Ferreira Leite e o ministro das Finanças, seguiu-se no plenário. Nuno Simas e Maria Lopes

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