Mais Évora: Parabéns ao primeiro-ministro

28-12-2009
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As últimas previsões da Comissão Europeia (CE) sobre a evolução da situação económica e social em Portugal - que se juntam a todas as outras conhecidas - confirmam um quadro bem mais pessimista que aquele que o Governo tem usado para emoldurar a proposta orçamental actualmente em debate.Os números de Bruxelas são mesmo preocupantes. A inflação esperada para 2008 é de 2,4, quase 15% acima do que prevê o Governo (2,1). A taxa de desemprego atingirá 8,0% contra os 7,6 governamentais. A criação de emprego ficará pelos 0,6, bem abaixo dos 0,9 do Governo. O investimento global no País poderá atingir 2,3% contra os 4% inscritos pelo Governo, pouco mais de metade do que Sócrates prevê. E mesmo as exportações - a explicação mais usada para o pífio crescimento dos dois últimos anos - sofrem um golpe assinalável nas previsões da CE (5,6) relativamente às expectativas governamentais (6,7).Perante esta generalizada revisão em baixa dos principais indicadores que sustentam a proposta de Orçamento para 2008, seria legítimo esperar que o Governo utilizasse o debate em curso para ponderar, e eventualmente rever, pelo menos alguns desses indicadores. Por exemplo, o valor da inflação que, como se sabe, determina de forma decisiva os salários, a forma de actualizar os escalões de IRS e o valor das deduções e abatimentos neste imposto, podendo assim reflectir-se num menor agravamento fiscal para centenas de milhares de portugueses.Pelo ar da carruagem da reacção de Teixeira dos Santos não parece que o Governo esteja disponível para aceitar esta hipótese, mostrando mais uma vez uma evidente ausência de flexibilidade política e uma inexplicável indisponibilidade para concertar ou ponderar algumas propostas construtivas e lógicas que tem sido feitas, em especial a da descida do IVA para 20% já em 2008.Teremos então que nos ficar pelos comentários de José Sócrates sobre as últimas previsões da CE. Directamente do Chile, onde foi fazer figura de corpo presente na Cimeira Ibero Americana, o Primeiro-Ministro considerou os dados de Bruxelas "uma boa notícia" para Portugal. Teremos assim que nos limitar a dar os parabéns ao Governo do PS. Parabéns porque Portugal vai chegar ao final deste ano com o mais baixo crescimento económico dos vinte e sete países que agora integram a União Europeia, parabéns ao Governo porque - sejam quais forem os números usados - vamos em 2008 continuar a afastar-nos, pelo oitavo ano consecutivo, da riqueza média produzida nesses países.Parabéns! É mesmo obra, Eng. José Sócrates!Honório Novo, Deputado do PCPin Jornal de Notícias, 12.11.2007

As últimas previsões da Comissão Europeia (CE) sobre a evolução da situação económica e social em Portugal - que se juntam a todas as outras conhecidas - confirmam um quadro bem mais pessimista que aquele que o Governo tem usado para emoldurar a proposta orçamental actualmente em debate.Os números de Bruxelas são mesmo preocupantes. A inflação esperada para 2008 é de 2,4, quase 15% acima do que prevê o Governo (2,1). A taxa de desemprego atingirá 8,0% contra os 7,6 governamentais. A criação de emprego ficará pelos 0,6, bem abaixo dos 0,9 do Governo. O investimento global no País poderá atingir 2,3% contra os 4% inscritos pelo Governo, pouco mais de metade do que Sócrates prevê. E mesmo as exportações - a explicação mais usada para o pífio crescimento dos dois últimos anos - sofrem um golpe assinalável nas previsões da CE (5,6) relativamente às expectativas governamentais (6,7).Perante esta generalizada revisão em baixa dos principais indicadores que sustentam a proposta de Orçamento para 2008, seria legítimo esperar que o Governo utilizasse o debate em curso para ponderar, e eventualmente rever, pelo menos alguns desses indicadores. Por exemplo, o valor da inflação que, como se sabe, determina de forma decisiva os salários, a forma de actualizar os escalões de IRS e o valor das deduções e abatimentos neste imposto, podendo assim reflectir-se num menor agravamento fiscal para centenas de milhares de portugueses.Pelo ar da carruagem da reacção de Teixeira dos Santos não parece que o Governo esteja disponível para aceitar esta hipótese, mostrando mais uma vez uma evidente ausência de flexibilidade política e uma inexplicável indisponibilidade para concertar ou ponderar algumas propostas construtivas e lógicas que tem sido feitas, em especial a da descida do IVA para 20% já em 2008.Teremos então que nos ficar pelos comentários de José Sócrates sobre as últimas previsões da CE. Directamente do Chile, onde foi fazer figura de corpo presente na Cimeira Ibero Americana, o Primeiro-Ministro considerou os dados de Bruxelas "uma boa notícia" para Portugal. Teremos assim que nos limitar a dar os parabéns ao Governo do PS. Parabéns porque Portugal vai chegar ao final deste ano com o mais baixo crescimento económico dos vinte e sete países que agora integram a União Europeia, parabéns ao Governo porque - sejam quais forem os números usados - vamos em 2008 continuar a afastar-nos, pelo oitavo ano consecutivo, da riqueza média produzida nesses países.Parabéns! É mesmo obra, Eng. José Sócrates!Honório Novo, Deputado do PCPin Jornal de Notícias, 12.11.2007

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