A Cinco Tons: António Chora: sindicalista modelo ou traidor (como diz o PCP)?

24-05-2011
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António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa é um dos trabalhadores mais visados pelas críticas do PCP. António Chora, que já foi militante do PCP, mas que agora milita no Bloco de Esquerda refere-se numa entrevista ao jornal SEMMAIS, de Setúbal, a este mal estar e revela que o PCP "tem um funcionário destacado para fazer propaganda à porta da fábrica e fazer propaganda contra a comissão de trabalhadores, contra todos os acordos que se façam". Este é um confronto geralmente mal conhecido, por isso, trago aqui esse excerto da entrevista de António Chora. Pode ser que ajude também neste debate que tem acontecido aqui e noutros blogs sobre a esquerda pós-eleições legislativas e autárquicas.«O PCP limita-se a somar capital de descontentamentoe não tem soluções»Recentemente afirmou, ao Semmais Jornal, que é socialista e como tal revê-se no Bloco de Esquerda, o único partido que actualmente defende o socialismo com liberdade e sem vanguardismos. Considera que o PCP já não é o partido dos trabalhadores?Não. O Partido Comunista é, e será sempre, o partido dos trabalhadores, o problema é ser um partido de vanguardas em que “o partido vai à frente e vocês venham connosco”. O PCP entende que está sempre certo e que os trabalhadores estão sempre errados. O PCP tem uma célula que funciona sete dias por semana para a Autoeuropa. Tem um funcionário destacado para fazer propaganda à porta da fábrica e fazer propaganda contra a comissão de trabalhadores, contra todos os acordos que se façam. O PCP limita-se a somar capital de descontentamento e não tem soluções.Contudo era militante do PCP e foi eleito para a primeira Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa na lista do partido.Em 1993 fui eleito para a CT numa lista do PCP, mas todas as sextas-feiras tinha de ir à reunião de célula onde, pessoas que não trabalham na empresa, me diziam o que tinha de fazer dentro da empresa. Discordei e fui acusado de ser social-democrata. A rotura foi quando em 1999 uma lista do PCP ganhou a CT com promessas contra a flexibilidade – na altura faziam-se 96 horas por ano, mas o primeiro acordo que fez com a empresa trouxe aos trabalhadores 120 horas de flexibilidade, à borla. Esta CT durou apenas seis meses porque cerca de 2 mil trabalhadores exigiram a sua demissão. Em Outubro desse ano fui eleito para a CT, numa lista de independentes pelo Sindicato dos Metalúrgicos, contra a lista ‘oficial’ do PCP.Neste momento é militante do Bloco de Esquerda.Mas não há lista do Bloco dentro da Autoeuropa. Uma das coisas que me levou ao Bloco foi o compromisso do partido de não criar células dentro da empresa, ou seja, ninguém de fora da Autoeuropa tenta comandar a organização de trabalhadores da empresa. Os elementos da CT têm a responsabilidade de agir conforme os trabalhadores entendem.Vai voltar a candidatar-se para a CT da Autoeuropa?Sim, a mais um mandato.(in jornal semmais)


António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa é um dos trabalhadores mais visados pelas críticas do PCP. António Chora, que já foi militante do PCP, mas que agora milita no Bloco de Esquerda refere-se numa entrevista ao jornal SEMMAIS, de Setúbal, a este mal estar e revela que o PCP "tem um funcionário destacado para fazer propaganda à porta da fábrica e fazer propaganda contra a comissão de trabalhadores, contra todos os acordos que se façam". Este é um confronto geralmente mal conhecido, por isso, trago aqui esse excerto da entrevista de António Chora. Pode ser que ajude também neste debate que tem acontecido aqui e noutros blogs sobre a esquerda pós-eleições legislativas e autárquicas.«O PCP limita-se a somar capital de descontentamentoe não tem soluções»Recentemente afirmou, ao Semmais Jornal, que é socialista e como tal revê-se no Bloco de Esquerda, o único partido que actualmente defende o socialismo com liberdade e sem vanguardismos. Considera que o PCP já não é o partido dos trabalhadores?Não. O Partido Comunista é, e será sempre, o partido dos trabalhadores, o problema é ser um partido de vanguardas em que “o partido vai à frente e vocês venham connosco”. O PCP entende que está sempre certo e que os trabalhadores estão sempre errados. O PCP tem uma célula que funciona sete dias por semana para a Autoeuropa. Tem um funcionário destacado para fazer propaganda à porta da fábrica e fazer propaganda contra a comissão de trabalhadores, contra todos os acordos que se façam. O PCP limita-se a somar capital de descontentamento e não tem soluções.Contudo era militante do PCP e foi eleito para a primeira Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa na lista do partido.Em 1993 fui eleito para a CT numa lista do PCP, mas todas as sextas-feiras tinha de ir à reunião de célula onde, pessoas que não trabalham na empresa, me diziam o que tinha de fazer dentro da empresa. Discordei e fui acusado de ser social-democrata. A rotura foi quando em 1999 uma lista do PCP ganhou a CT com promessas contra a flexibilidade – na altura faziam-se 96 horas por ano, mas o primeiro acordo que fez com a empresa trouxe aos trabalhadores 120 horas de flexibilidade, à borla. Esta CT durou apenas seis meses porque cerca de 2 mil trabalhadores exigiram a sua demissão. Em Outubro desse ano fui eleito para a CT, numa lista de independentes pelo Sindicato dos Metalúrgicos, contra a lista ‘oficial’ do PCP.Neste momento é militante do Bloco de Esquerda.Mas não há lista do Bloco dentro da Autoeuropa. Uma das coisas que me levou ao Bloco foi o compromisso do partido de não criar células dentro da empresa, ou seja, ninguém de fora da Autoeuropa tenta comandar a organização de trabalhadores da empresa. Os elementos da CT têm a responsabilidade de agir conforme os trabalhadores entendem.Vai voltar a candidatar-se para a CT da Autoeuropa?Sim, a mais um mandato.(in jornal semmais)

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