Presidente da República promete tudo fazer para evitar crise política

29-09-2010
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A crise entra hoje Palácio de Belém adentro. Cavaco Silva começa a receber os partidos políticos (PEV, PCP e Bloco) com o Orçamento do Estado (OE) de 2011 na agenda. Habitualmente reservado nas declarações públicas sobre estas matérias, Cavaco jurou ontem que tudo fará para evitar a crise política. "O meu empenho neste momento é contribuir de forma mais explícita que noutras ocasiões (não tenho estado parado, só que há coisas que se fazem de forma discreta) para que Portugal não caia numa crise política porque isso teria um efeito muito negativo nos mercados", disse, em Ílhavo. E sugeriu um "espírito construtivo" em que sejam considerados os cinco partidos parlamentares nestas conversações.

A convocação de um Conselho de Estado, o órgão de consulta do Presidente, é, por enquanto, um cenário. Possível, mas só isso: um cenário.

Depois de uma semana em que o primeiro-ministro ameaçou demitir-se, se o OE não fosse aprovado e o líder do PSD prometeu jamais se reunir com José Sócrates sem testemunhas, Cavaco Silva tenta fazer a ponte. Após a tentiva falhada de negociação prévia entre o Governo e o PSD, o Parlamento pode ser a via para tentar essa ponte.

António Capucho, dirigente do PSD e membro do Conselho de Estado, apoia a ideia. E até lhe acrescenta uma sugestão: haver um mediador, ex-ministro, um economista de "grande prestígio e credibilidade" que tente aproximar posições do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e do PS das do PSD sobre as condições para viabilizar o Orçamento.

António Capucho aguarda pelos resultados das audiências, que se prolongam amanhã com o CDS, PSD e PS, e acredita que haverá resultados, ou seja, que Cavaco consiga "convencer os partidos, PS e PSD, daquilo que é necessário: um acordo".

O ex-ministro e conselheiro de Estado critica Sócrates pelas declarações "antipatrióticas e inqualificáveis" em Nova Iorque, quando ameaçou com a demissão do Governo. E quem "tem que ceder é o PS".

A verdade é que o nó do Orçamento está apertado. José Sócrates aperta o PSD com uma eventual subida de impostos em 2011, que Passos Coelho diz que já não pode apoiar depois de ter dado o seu acordo a uma subida do IVA e IRS para este ano e o próximo. E se o fim das deduções fiscais na saúde e na educação é, para Passos, um aumento indirecto dos impostos, para Sócrates isso não é assim. Considera-a "redução da despesa fiscal".

A quatro meses das presidenciais, em Belém a tese é a de que o Presidente tudo fará para resolver a crise anunciada. As audiências de hoje e quarta-feira, admitem dirigentes do PSD e do PS, podem ser uma nova oportunidade para os dois maiores partidos, ajudando-os a sair das posições muitos extremadas em que se encontram.

A convocação de um Conselho de Estado é um cenário mais longínquo e apenas admitido - em tese - se as audiências redundarem em redondo fracasso. Não seria a primeira vez que tal aconteceria. Este ano, em Fevereiro, no meio da tempestade política causada pela Lei das Finanças Regionais da Madeira, com ameaças de demissão de José Sócrates e Teixeira dos Santos, e com um Orçamento por aprovar, Cavaco reuniu o seu órgão de consulta pública.

Esquerda desvaloriza

Das bancadas mais à esquerda (PCP, Verdes e Bloco), o Presidente não irá ouvir argumentos complacentes com a alegada crise política provocada pelas crispações entre socialistas e sociais-democratas. Ao PÚBLICO Heloísa Apolónia, d"Os Verdes, e José Manuel Pureza, líder parlamentar bloquista, afirmaram não acreditar nas querelas públicas entre Sócrates e Passos.

"A discussão sobre o Orçamento, entre o PS e do PSD, é uma telenovela e isso é que cria instabilidade no país", nota Apolónia, acrescentando que os Verdes vão manifestar a Cavaco a sua preocupação com a situação económica do país. Também os bloquistas entendem que socialistas e sociais-democratas operaram uma "crise artificial" em torno do Orçamento do Estado. Quanto àquilo que vão transmitir ao Presidente, José Manuel Pureza diz que o Bloco irá apresentar "um conjunto de prioridades fundamentais para um Orçamento do Estado adequado à situação social do país". Os comunistas, contactados pelo PÚBLICO, preferiram fazer comentários após o encontro com Cavaco. O CDS e PSD preferem esperar pela audiência.Hoje, Passos Coelho reúne-se com um grupo de 20 economistas, entre eles Abel Mateus, João Salgueiro, Medina Carreira e o ex-ministro Mira Amaral. Ontem, reuniu-se com António de Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Bancos.

A crise entra hoje Palácio de Belém adentro. Cavaco Silva começa a receber os partidos políticos (PEV, PCP e Bloco) com o Orçamento do Estado (OE) de 2011 na agenda. Habitualmente reservado nas declarações públicas sobre estas matérias, Cavaco jurou ontem que tudo fará para evitar a crise política. "O meu empenho neste momento é contribuir de forma mais explícita que noutras ocasiões (não tenho estado parado, só que há coisas que se fazem de forma discreta) para que Portugal não caia numa crise política porque isso teria um efeito muito negativo nos mercados", disse, em Ílhavo. E sugeriu um "espírito construtivo" em que sejam considerados os cinco partidos parlamentares nestas conversações.

A convocação de um Conselho de Estado, o órgão de consulta do Presidente, é, por enquanto, um cenário. Possível, mas só isso: um cenário.

Depois de uma semana em que o primeiro-ministro ameaçou demitir-se, se o OE não fosse aprovado e o líder do PSD prometeu jamais se reunir com José Sócrates sem testemunhas, Cavaco Silva tenta fazer a ponte. Após a tentiva falhada de negociação prévia entre o Governo e o PSD, o Parlamento pode ser a via para tentar essa ponte.

António Capucho, dirigente do PSD e membro do Conselho de Estado, apoia a ideia. E até lhe acrescenta uma sugestão: haver um mediador, ex-ministro, um economista de "grande prestígio e credibilidade" que tente aproximar posições do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e do PS das do PSD sobre as condições para viabilizar o Orçamento.

António Capucho aguarda pelos resultados das audiências, que se prolongam amanhã com o CDS, PSD e PS, e acredita que haverá resultados, ou seja, que Cavaco consiga "convencer os partidos, PS e PSD, daquilo que é necessário: um acordo".

O ex-ministro e conselheiro de Estado critica Sócrates pelas declarações "antipatrióticas e inqualificáveis" em Nova Iorque, quando ameaçou com a demissão do Governo. E quem "tem que ceder é o PS".

A verdade é que o nó do Orçamento está apertado. José Sócrates aperta o PSD com uma eventual subida de impostos em 2011, que Passos Coelho diz que já não pode apoiar depois de ter dado o seu acordo a uma subida do IVA e IRS para este ano e o próximo. E se o fim das deduções fiscais na saúde e na educação é, para Passos, um aumento indirecto dos impostos, para Sócrates isso não é assim. Considera-a "redução da despesa fiscal".

A quatro meses das presidenciais, em Belém a tese é a de que o Presidente tudo fará para resolver a crise anunciada. As audiências de hoje e quarta-feira, admitem dirigentes do PSD e do PS, podem ser uma nova oportunidade para os dois maiores partidos, ajudando-os a sair das posições muitos extremadas em que se encontram.

A convocação de um Conselho de Estado é um cenário mais longínquo e apenas admitido - em tese - se as audiências redundarem em redondo fracasso. Não seria a primeira vez que tal aconteceria. Este ano, em Fevereiro, no meio da tempestade política causada pela Lei das Finanças Regionais da Madeira, com ameaças de demissão de José Sócrates e Teixeira dos Santos, e com um Orçamento por aprovar, Cavaco reuniu o seu órgão de consulta pública.

Esquerda desvaloriza

Das bancadas mais à esquerda (PCP, Verdes e Bloco), o Presidente não irá ouvir argumentos complacentes com a alegada crise política provocada pelas crispações entre socialistas e sociais-democratas. Ao PÚBLICO Heloísa Apolónia, d"Os Verdes, e José Manuel Pureza, líder parlamentar bloquista, afirmaram não acreditar nas querelas públicas entre Sócrates e Passos.

"A discussão sobre o Orçamento, entre o PS e do PSD, é uma telenovela e isso é que cria instabilidade no país", nota Apolónia, acrescentando que os Verdes vão manifestar a Cavaco a sua preocupação com a situação económica do país. Também os bloquistas entendem que socialistas e sociais-democratas operaram uma "crise artificial" em torno do Orçamento do Estado. Quanto àquilo que vão transmitir ao Presidente, José Manuel Pureza diz que o Bloco irá apresentar "um conjunto de prioridades fundamentais para um Orçamento do Estado adequado à situação social do país". Os comunistas, contactados pelo PÚBLICO, preferiram fazer comentários após o encontro com Cavaco. O CDS e PSD preferem esperar pela audiência.Hoje, Passos Coelho reúne-se com um grupo de 20 economistas, entre eles Abel Mateus, João Salgueiro, Medina Carreira e o ex-ministro Mira Amaral. Ontem, reuniu-se com António de Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Bancos.

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