LOURES / ODIVELAS: OPINIÃO: Deitar fora o bebé com a água do banho

20-05-2011
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Os acontecimentos da Quinta da Fonte têm demonstrado alguns dos piores vícios do debate público em Portugal. Muita informação mas pouco conhecimento, de facto, sobre o que realmente se passou, originando algumas extrapolações completamente inadmissíveis.Descobrindo que alguns moradores de bairros sociais não cumprem a lei, um sem-número de colunistas na imprensa, e agora também Paulo Portas, vem lançar o estigma da delinquência sobre todos os seus moradores ou membros de determinada etnia.Desde quando é que o apoio social aos grupos socialmente mais vulneráveis pode ser colocado em questão em função do que uma imensa minoria dos seus elementos faz? Era o mesmo que dizer que, havendo empresários que compraram carros de luxo com dinheiros europeus, se devia colocar em causa os subsídios de Bruxelas.Se querem um debate sério e a sério sobre o que tem falhado nas Quintas da Fonte dos nossos grandes centros urbanos, temos então de discutir o urbanismo dos “bairros sociais” e as políticas de integração. É um debate que faz falta. Como faz falta atribuir responsabilidades a quemconstruiu bairros sociais que são guetos na periferia das grandes cidades, para onde se atiram todos os problemas da sociedade e muito poucas das suas soluções, como os transportes, escolas ou cuidados médicos. Ter uma casa é uma parte da solução, mas pode não ser toda a solução.A solução é disseminar por toda a cidade a prestação desses apoios, instaurando uma quota de 25% para habitação a rendas controladas em todos os empreendimentos habitacionais, como há muito se faz em grande parte da Europa ou dos EUA.Não há nenhum fatalismo que nos garanta que só temos de copiar as más soluções de fora...Helena Pinto


Os acontecimentos da Quinta da Fonte têm demonstrado alguns dos piores vícios do debate público em Portugal. Muita informação mas pouco conhecimento, de facto, sobre o que realmente se passou, originando algumas extrapolações completamente inadmissíveis.Descobrindo que alguns moradores de bairros sociais não cumprem a lei, um sem-número de colunistas na imprensa, e agora também Paulo Portas, vem lançar o estigma da delinquência sobre todos os seus moradores ou membros de determinada etnia.Desde quando é que o apoio social aos grupos socialmente mais vulneráveis pode ser colocado em questão em função do que uma imensa minoria dos seus elementos faz? Era o mesmo que dizer que, havendo empresários que compraram carros de luxo com dinheiros europeus, se devia colocar em causa os subsídios de Bruxelas.Se querem um debate sério e a sério sobre o que tem falhado nas Quintas da Fonte dos nossos grandes centros urbanos, temos então de discutir o urbanismo dos “bairros sociais” e as políticas de integração. É um debate que faz falta. Como faz falta atribuir responsabilidades a quemconstruiu bairros sociais que são guetos na periferia das grandes cidades, para onde se atiram todos os problemas da sociedade e muito poucas das suas soluções, como os transportes, escolas ou cuidados médicos. Ter uma casa é uma parte da solução, mas pode não ser toda a solução.A solução é disseminar por toda a cidade a prestação desses apoios, instaurando uma quota de 25% para habitação a rendas controladas em todos os empreendimentos habitacionais, como há muito se faz em grande parte da Europa ou dos EUA.Não há nenhum fatalismo que nos garanta que só temos de copiar as más soluções de fora...Helena Pinto

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