Semanário O Diabo: QUINTA COLUNA: por Fra Diavolo

01-03-2011
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TouradaO 'show' patético de meia-dúzia de bloquistas de esquerda protestando, há dias, à porta da praça de touros das Caldas da Rainha, contra uma corrida promovida pelo CDS/PP, sugere algumas reflexões. Registe-se, antes de mais, o "libelo acusatório" dos manifestantes do Bloco: a tourada era "vergonhosa", o CDS tinha "as mãos manchadas de sangue" e era cúmplice de "tortura". Dir-se-ia que tanto empenho na defesa dos "direitos dos animais" corresponderia a uma posição global, nacional, dos bloquistas contra as corridas de touros – e que os jovens protestantes das Caldas se limitavam a reflectir uma linha partidária "de princípio". Mas não: aparentemente, o Bloco de Esquerda tem uma opinião nas Caldas da Rainha e outra (ou outras) no resto do País. Pois só uma extraordinária pluralidade criativa de pontos de vista pode explicar que a única presidente de Câmara eleita pelo Bloco (Ana Cristina Ribeiro, autarca de Salvaterra de Magos) tenha confessado, numa entrevista, em Outubro de 2009, este horrível 'crime': "Sou uma aficionada, sou uma defensora dos touros de morte". Interrogada sobre a óbvia incongruência de posições, respondeu candidamente: "Isto só revela o enorme respeito que existe entre nós, dirigentes do Bloco de Esquerda". Também confrontado, há dias, com a contradição, o deputado bloquista Heitor Sousa disse: "Tal como nos outros partidos, há pessoas com opiniões diferentes sobre um mesmo assunto". O que o episódio da praça de touros das Caldas revela, porém, é algo mais sério do que simples "diferenças de opinião": revela o oportunismo intrínseco do Bloco, que se faz "amigo dos animais" para aparecer nos noticiários – e ao mesmo tempo engole em seco uma autarca que, pela sua popularidade pessoal, lhe ofereceu numa bandeja a Câmara de Salvaterra. Grande coerência!


TouradaO 'show' patético de meia-dúzia de bloquistas de esquerda protestando, há dias, à porta da praça de touros das Caldas da Rainha, contra uma corrida promovida pelo CDS/PP, sugere algumas reflexões. Registe-se, antes de mais, o "libelo acusatório" dos manifestantes do Bloco: a tourada era "vergonhosa", o CDS tinha "as mãos manchadas de sangue" e era cúmplice de "tortura". Dir-se-ia que tanto empenho na defesa dos "direitos dos animais" corresponderia a uma posição global, nacional, dos bloquistas contra as corridas de touros – e que os jovens protestantes das Caldas se limitavam a reflectir uma linha partidária "de princípio". Mas não: aparentemente, o Bloco de Esquerda tem uma opinião nas Caldas da Rainha e outra (ou outras) no resto do País. Pois só uma extraordinária pluralidade criativa de pontos de vista pode explicar que a única presidente de Câmara eleita pelo Bloco (Ana Cristina Ribeiro, autarca de Salvaterra de Magos) tenha confessado, numa entrevista, em Outubro de 2009, este horrível 'crime': "Sou uma aficionada, sou uma defensora dos touros de morte". Interrogada sobre a óbvia incongruência de posições, respondeu candidamente: "Isto só revela o enorme respeito que existe entre nós, dirigentes do Bloco de Esquerda". Também confrontado, há dias, com a contradição, o deputado bloquista Heitor Sousa disse: "Tal como nos outros partidos, há pessoas com opiniões diferentes sobre um mesmo assunto". O que o episódio da praça de touros das Caldas revela, porém, é algo mais sério do que simples "diferenças de opinião": revela o oportunismo intrínseco do Bloco, que se faz "amigo dos animais" para aparecer nos noticiários – e ao mesmo tempo engole em seco uma autarca que, pela sua popularidade pessoal, lhe ofereceu numa bandeja a Câmara de Salvaterra. Grande coerência!

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