Vivaz

21-05-2011
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Pequenas historias do quotidiano. mariosimoes@mail.pt

Quarta-feira, Agosto 06, 2003

O país está a arder...e nós a ver!

O país está a arder. Uma desgraça abateu-se sobre milhares e milhares de famílias que de repente vêem o perigo rondar as suas casas, vêm o trabalho de uma vida ir por fogo abaixo, vêem a sua terra ficar negra, vêem o futuro terminar ali.

O país esta a arder. Milhares de homens e mulheres esforçam-se por acabar com o inferno, trabalham horas e horas para suster as chamas, dão seu melhor esforço para impedir ainda mais prejuízos ao nosso país.

É um país que chora, um país que regrediu em poucos dias muitos e muitos anos. Mas, é tempo de limpar as lágrimas, levantar a cabeça, olhar o horizonte e ao vislumbrar os primeiros pedaços de céu azul, arregaçar as mangas e tentar recompor o que se perdeu, para que num futuro agora mais longínquos, os jovens de amanhã continuem a ter tenham serras, aldeias, continuem a ter vida e tenham principalmente futuro.

Não me agrada a actual classe de governantes. Não estou a referir-me a este ou aquela partido político, mas sim à actual classe de políticos de idades diversas, mas com conceitos de fazer política muito idênticos.. E não me agrada, porque as sinto fracos, sem ideias, sem capacidade de trabalho e principalmente com uma enorme falta de humanismo.

Como pode um responsável político ter afirmações como a seguinte «Felizmente que apesar da extensão das coisas o número de vítimas foi relativamente restrito e portanto não há dúvida nenhuma que houve uma acção muito eficaz na protecção de vítimas e de bens». Isto disse, Guilherme Silva deputado à TSF.

Catorze mortos, até à altura em que escrevo, são um número restrito e a acções foi muito eficaz. Não senhores da política, bastava um morto, para que a acção fosse tudo menos eficaz, as pessoas não são números, temos de ter respeito pelo sofrimento humano, e não refugirmo-nos com desculpa que poderia ser muito pior. Morreram pessoas bolas.

É curioso que para todos os problemas mais complexos, se arranjam rapidamente culpados, que arcam com todas as culpas. O país vem ardendo lentamente há anos, e bastou uma desgraça, bastou que morressem pessoas, para rápidamente se prenderem uma dúzia de pessoas. Já estão encontrados os culpados, já podemos dormir descansados.

O problema é que todos nós ficamos como que anestesiados com esta forma de gerir os acontecimentos.

O Estado gasta demais, e logo a culpa recai sobre os funcionários públicos que são mostrados ao país como sendo uns malandros, uns parasitas que não fazem nada e que ganham muito dinheiro, que é tirado aos contribuintes.

O Estado erra nas contas e vá de encontrar os culpados, são os empresários que são uns corruptos que fogem às suas obrigações, e à conta disso todos os outros empresários em nome individual ou outros têm de financiar o erro de outros.

Os acidentes são muitos nas estradas e logo se encontram na brigada de transito culpados, são os gnr's que são corruptos que não fazem cumprir a lei.

Perante tudo isto, por vezes parece-me viver num país cheios de malfeitores, de más pessoas de incendiários, corruptos, ladrões, pedófilos, enfim um país de culpados.

Não acredito que Portugal seja isto, não acredito que os portugueses sejam isto. O problema é mais complexo. Encontrar meia aduzia de culpados é fácil, resolver os problemas de fundo isso é que é mais difícil.

Mas, voltando aos incêndios, creio que é chegada a hora de todos nós percebermos que a protecção começa em nós, que viver é um risco e que temos todos nós de os tentar minimizar. Temos de ser cada um de nós a tratar da protecção da vida, da nossa e da dos outros. Não existe um protector divino, não existe um Estado que nos salva de tudo e de todos.

Dizem agora que a calamidade dos fogos é por causa do calor. Até pode ser. Que quando o fogo ataca desta forma não há no mundo nada que o faça deter. Mas, será que tem sido feito tudo o que é possível para minorar o sofrimento? Será que não teremos descurado muito a prevenção?

Sinceramente penso que sim. As condições climatéricas são bastante adversas, os meios são sempre escassos. Mas, qual a diferença entre estas condições extraordinárias e outras igualmente extraordinárias no passado.

É aqui que bate como se costuma dizer o “ponto”. Por razões económicas fomos abandonando o interior, por razões económicas fomos abandonado a prevenção, por razões económicas fomos poluindo cada vez mais a atmosfera.

Em teoria tudo está previsto, em teoria tudo corre com normalidade, e até com um certo êxito. Mas, será mesmo? Será que pode correr com normalidade quando se perdem vidas e bens?, Será que tudo foi feito, quer no combate quer na prevenção? Será que o que está escrito nos diversos planos de emergência, municipais e distritais é cumprido ou mesmo é conhecido pelos responsáveis.

Mais, conhecem os munícipes quem é o responsável pela protecção e segurança, por exemplo municipal? O responsável máximo será o presidente da câmara, mas haverá alguém com responsabilidades especificas? Os munícipes sabem quem é?

E já agora, quem o responsável pela protecção civil e bombeiros em Portugal? Alguém ouviu um palavra sua nesta crise? Eu não ouvi, quem ouvi foi o vice presidente, o responsável máximo... não apareceu, e se calhar seria a ele que se teria de pedir responsabilidades.

Voltando aos municípios. Todos sabem o programa cultural, desportivo e económico das autarquias. E o programa de prevenção e segurança? Quantos simulacros, quantas acções de sensibilização das populações são feitas anualmente, quanto e onde se gasta o dinheiro para esta área.

Pois é. Estes são alguns pontos que merecem reflexão e que possivelmente deveriam ser prioritários para que as calamidades tivessem efeitos menos devastadores. Há que apostar na prevenção, há que apostar no conhecimento dos cidadãos dos perigos que correm e de como devem agir perante as adversidades.

Nas empresas onde trabalhamos há plano de evacuação em caso de um acidente qualquer?, nós temos conhecimento disso?, na nossa Rua, no nosso bairro, alguém nos disse, ou nós tivemos curiosidade de saber que perigos podem existir, para as nossas vidas e os nossos bens?.

Há que inverter tudo, há que apostar na protecção, há que voltar possivelmente a ter pessoas que se dedicam à limpeza das matas, dos rios, das estradas, há que olhar menos para os custos a curto prazo e pensar nos lucros a longo prazo.

Há que apostar no voluntariado, não só nos Bombeiros, que devem continuar a ser voluntários, pois os actuais quartéis do bombeiros são autênticas escolas de vida. Mas há profissionalizar alguns, e profissionalizar é ter operacionais a sério, não condutores de ambulância. Meia dúzia de profissionais em cada quartel serão um excelente complemento aos voluntários.

E já agora, uma reserva de homens e mulheres com conhecimentos para serem chamados em casos de emergência, homens e mulheres não enquadrados em organizações mas que estão ao dispor dos bombeiros, para as emergência. Já houve em tempos Cursos de Defesa Civil do Território. Sim, foi no tempo da outra senhora, mas em democracia a defesa da vida e dos bens deve ser tarefa de todos.

O País está a arder. Não o vamos deixar arder mais. Não vamos ficar descansados só porque se prendem meia dúzia de criminosos que ateavam fogos, porque o problema das catástrofes é muito mais complexo. Temos de exigir responsabilidades e começar a assumirmo-nos com um elemento de protecção das vidas e dos bens. Aos organismos cabe dar os meios, os ensinamento e definir as políticas para que no futuro possamos minimizar os efeitos das calamidades, ao cidadão comum cabe exigir fiscalizar, e ser actuante. na defesa da vida, ninguém se pode colocar de fora

Até BLOG

Vivaz

Pequenas historias do quotidiano. mariosimoes@mail.pt

Quarta-feira, Agosto 06, 2003

O país está a arder...e nós a ver!

O país está a arder. Uma desgraça abateu-se sobre milhares e milhares de famílias que de repente vêem o perigo rondar as suas casas, vêm o trabalho de uma vida ir por fogo abaixo, vêem a sua terra ficar negra, vêem o futuro terminar ali.

O país esta a arder. Milhares de homens e mulheres esforçam-se por acabar com o inferno, trabalham horas e horas para suster as chamas, dão seu melhor esforço para impedir ainda mais prejuízos ao nosso país.

É um país que chora, um país que regrediu em poucos dias muitos e muitos anos. Mas, é tempo de limpar as lágrimas, levantar a cabeça, olhar o horizonte e ao vislumbrar os primeiros pedaços de céu azul, arregaçar as mangas e tentar recompor o que se perdeu, para que num futuro agora mais longínquos, os jovens de amanhã continuem a ter tenham serras, aldeias, continuem a ter vida e tenham principalmente futuro.

Não me agrada a actual classe de governantes. Não estou a referir-me a este ou aquela partido político, mas sim à actual classe de políticos de idades diversas, mas com conceitos de fazer política muito idênticos.. E não me agrada, porque as sinto fracos, sem ideias, sem capacidade de trabalho e principalmente com uma enorme falta de humanismo.

Como pode um responsável político ter afirmações como a seguinte «Felizmente que apesar da extensão das coisas o número de vítimas foi relativamente restrito e portanto não há dúvida nenhuma que houve uma acção muito eficaz na protecção de vítimas e de bens». Isto disse, Guilherme Silva deputado à TSF.

Catorze mortos, até à altura em que escrevo, são um número restrito e a acções foi muito eficaz. Não senhores da política, bastava um morto, para que a acção fosse tudo menos eficaz, as pessoas não são números, temos de ter respeito pelo sofrimento humano, e não refugirmo-nos com desculpa que poderia ser muito pior. Morreram pessoas bolas.

É curioso que para todos os problemas mais complexos, se arranjam rapidamente culpados, que arcam com todas as culpas. O país vem ardendo lentamente há anos, e bastou uma desgraça, bastou que morressem pessoas, para rápidamente se prenderem uma dúzia de pessoas. Já estão encontrados os culpados, já podemos dormir descansados.

O problema é que todos nós ficamos como que anestesiados com esta forma de gerir os acontecimentos.

O Estado gasta demais, e logo a culpa recai sobre os funcionários públicos que são mostrados ao país como sendo uns malandros, uns parasitas que não fazem nada e que ganham muito dinheiro, que é tirado aos contribuintes.

O Estado erra nas contas e vá de encontrar os culpados, são os empresários que são uns corruptos que fogem às suas obrigações, e à conta disso todos os outros empresários em nome individual ou outros têm de financiar o erro de outros.

Os acidentes são muitos nas estradas e logo se encontram na brigada de transito culpados, são os gnr's que são corruptos que não fazem cumprir a lei.

Perante tudo isto, por vezes parece-me viver num país cheios de malfeitores, de más pessoas de incendiários, corruptos, ladrões, pedófilos, enfim um país de culpados.

Não acredito que Portugal seja isto, não acredito que os portugueses sejam isto. O problema é mais complexo. Encontrar meia aduzia de culpados é fácil, resolver os problemas de fundo isso é que é mais difícil.

Mas, voltando aos incêndios, creio que é chegada a hora de todos nós percebermos que a protecção começa em nós, que viver é um risco e que temos todos nós de os tentar minimizar. Temos de ser cada um de nós a tratar da protecção da vida, da nossa e da dos outros. Não existe um protector divino, não existe um Estado que nos salva de tudo e de todos.

Dizem agora que a calamidade dos fogos é por causa do calor. Até pode ser. Que quando o fogo ataca desta forma não há no mundo nada que o faça deter. Mas, será que tem sido feito tudo o que é possível para minorar o sofrimento? Será que não teremos descurado muito a prevenção?

Sinceramente penso que sim. As condições climatéricas são bastante adversas, os meios são sempre escassos. Mas, qual a diferença entre estas condições extraordinárias e outras igualmente extraordinárias no passado.

É aqui que bate como se costuma dizer o “ponto”. Por razões económicas fomos abandonando o interior, por razões económicas fomos abandonado a prevenção, por razões económicas fomos poluindo cada vez mais a atmosfera.

Em teoria tudo está previsto, em teoria tudo corre com normalidade, e até com um certo êxito. Mas, será mesmo? Será que pode correr com normalidade quando se perdem vidas e bens?, Será que tudo foi feito, quer no combate quer na prevenção? Será que o que está escrito nos diversos planos de emergência, municipais e distritais é cumprido ou mesmo é conhecido pelos responsáveis.

Mais, conhecem os munícipes quem é o responsável pela protecção e segurança, por exemplo municipal? O responsável máximo será o presidente da câmara, mas haverá alguém com responsabilidades especificas? Os munícipes sabem quem é?

E já agora, quem o responsável pela protecção civil e bombeiros em Portugal? Alguém ouviu um palavra sua nesta crise? Eu não ouvi, quem ouvi foi o vice presidente, o responsável máximo... não apareceu, e se calhar seria a ele que se teria de pedir responsabilidades.

Voltando aos municípios. Todos sabem o programa cultural, desportivo e económico das autarquias. E o programa de prevenção e segurança? Quantos simulacros, quantas acções de sensibilização das populações são feitas anualmente, quanto e onde se gasta o dinheiro para esta área.

Pois é. Estes são alguns pontos que merecem reflexão e que possivelmente deveriam ser prioritários para que as calamidades tivessem efeitos menos devastadores. Há que apostar na prevenção, há que apostar no conhecimento dos cidadãos dos perigos que correm e de como devem agir perante as adversidades.

Nas empresas onde trabalhamos há plano de evacuação em caso de um acidente qualquer?, nós temos conhecimento disso?, na nossa Rua, no nosso bairro, alguém nos disse, ou nós tivemos curiosidade de saber que perigos podem existir, para as nossas vidas e os nossos bens?.

Há que inverter tudo, há que apostar na protecção, há que voltar possivelmente a ter pessoas que se dedicam à limpeza das matas, dos rios, das estradas, há que olhar menos para os custos a curto prazo e pensar nos lucros a longo prazo.

Há que apostar no voluntariado, não só nos Bombeiros, que devem continuar a ser voluntários, pois os actuais quartéis do bombeiros são autênticas escolas de vida. Mas há profissionalizar alguns, e profissionalizar é ter operacionais a sério, não condutores de ambulância. Meia dúzia de profissionais em cada quartel serão um excelente complemento aos voluntários.

E já agora, uma reserva de homens e mulheres com conhecimentos para serem chamados em casos de emergência, homens e mulheres não enquadrados em organizações mas que estão ao dispor dos bombeiros, para as emergência. Já houve em tempos Cursos de Defesa Civil do Território. Sim, foi no tempo da outra senhora, mas em democracia a defesa da vida e dos bens deve ser tarefa de todos.

O País está a arder. Não o vamos deixar arder mais. Não vamos ficar descansados só porque se prendem meia dúzia de criminosos que ateavam fogos, porque o problema das catástrofes é muito mais complexo. Temos de exigir responsabilidades e começar a assumirmo-nos com um elemento de protecção das vidas e dos bens. Aos organismos cabe dar os meios, os ensinamento e definir as políticas para que no futuro possamos minimizar os efeitos das calamidades, ao cidadão comum cabe exigir fiscalizar, e ser actuante. na defesa da vida, ninguém se pode colocar de fora

Até BLOG

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