O trunfo da frescura na canícula alentejana

15-06-2011
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O Monte da Ravasqueira, do Grupo Mello, ainda é novo no mundo dos vinhos, mas quer andar depressa. A novidade recente foi o lançamento da linha "Flavours", criada para acolher uma gama de vinhos de casta.

A herdade, situada junto a Arraiolos, tem cerca de 600 hectares, dos quais 44 hectares são de vinha, e fez a primeira vindima em 2001. O primeiro vinho a sério só surgiu em 2007, com o lançamento do Monte da Ravasqueira Vinha das Romãs 2005. O ano passado, a empresa lançou o ainda melhor MR Premium 2007, um magnífico tinto de homenagem a José de Mello, falecido há dois anos, e passou definitivamente a fazer parte da elite Alentejana.

Com a gama "Flavours", a família de José de Mello pretende seguir uma linha de experimentalismo e de exploração do potencial de algumas castas estrangeiras plantadas na herdade. Um dos novos vinhos, o MR Flavours Rosé, de 2010, é, no entanto, feito com a portuguesíssima Touriga Nacional. A produção foi diminuta e a opção por um vinho muito maduro, cheio de fruta e encorpado pode não ter sido a melhor. O vinho cativa aromaticamente, mas é demasiado pesado: tem fruta madura de mais e acidez a menos. É bem melhor o rosé da linha normal.

Os outros vinhos "flavours" são um branco de Viognier, que ainda está nas barricas, e um tinto Petit Verdot, de 2008, já no mercado. Não sabemos se é uma moda, mas há cada vez mais produtores do Alentejo e da região de Lisboa a apostar em vinhos estremes de Petit Verdot, uma casta que em Bordéus só é usada praticamente em lote. O enólogo Luís Duarte, que tem feito toda a carreira no Alentejo, explicava recentemente que a crescente aposta em castas com características mais verdes e mais ácidas, como a Syrah, o Petit Verdot e até a Baga, nos tintos, e o Arinto e o Alvarinho, nos brancos, é uma inevitabilidade, por causa do aumento das temperaturas médias. "Até o Cabernet Sauvignon, que dava vinhos mais frescos, está a ficar madurão no Alentejo", dizia.

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Ora, o que torna o Petit Verdot uma casta cada vez mais apetecível para os produtores alentejanos é exactamente a sua "verdura". É uma variedade que amadurece tarde e que origina vinhos frescos e picantes. Não é muito complexa de aroma e na prova de boca chega ser demasiado austera e rígida. Mas, quando amadurece bem, ganha outra estrutura e fica menos verdasca, sem perder o seu lado fresco e vegetal.

É o que acontece com este MR Flavours Petit Verdot 2008. O estágio de 16 meses em barricas de carvalho francês também ajudou. Com 14% de álcool, é um vinho sem grandes espaventos aromáticos, mas com um bom volume de boca e uma textura suave e delicada. Os taninos, bem presentes, estão muito redondos, o que sugere uma boa maturação das uvas e também uma boa integração da madeira. Não sendo um vinho muito voluptuoso, revela um bom equilíbrio, tem frescura e deixa uma memória sensorial muito agradável.

O Monte da Ravasqueira, do Grupo Mello, ainda é novo no mundo dos vinhos, mas quer andar depressa. A novidade recente foi o lançamento da linha "Flavours", criada para acolher uma gama de vinhos de casta.

A herdade, situada junto a Arraiolos, tem cerca de 600 hectares, dos quais 44 hectares são de vinha, e fez a primeira vindima em 2001. O primeiro vinho a sério só surgiu em 2007, com o lançamento do Monte da Ravasqueira Vinha das Romãs 2005. O ano passado, a empresa lançou o ainda melhor MR Premium 2007, um magnífico tinto de homenagem a José de Mello, falecido há dois anos, e passou definitivamente a fazer parte da elite Alentejana.

Com a gama "Flavours", a família de José de Mello pretende seguir uma linha de experimentalismo e de exploração do potencial de algumas castas estrangeiras plantadas na herdade. Um dos novos vinhos, o MR Flavours Rosé, de 2010, é, no entanto, feito com a portuguesíssima Touriga Nacional. A produção foi diminuta e a opção por um vinho muito maduro, cheio de fruta e encorpado pode não ter sido a melhor. O vinho cativa aromaticamente, mas é demasiado pesado: tem fruta madura de mais e acidez a menos. É bem melhor o rosé da linha normal.

Os outros vinhos "flavours" são um branco de Viognier, que ainda está nas barricas, e um tinto Petit Verdot, de 2008, já no mercado. Não sabemos se é uma moda, mas há cada vez mais produtores do Alentejo e da região de Lisboa a apostar em vinhos estremes de Petit Verdot, uma casta que em Bordéus só é usada praticamente em lote. O enólogo Luís Duarte, que tem feito toda a carreira no Alentejo, explicava recentemente que a crescente aposta em castas com características mais verdes e mais ácidas, como a Syrah, o Petit Verdot e até a Baga, nos tintos, e o Arinto e o Alvarinho, nos brancos, é uma inevitabilidade, por causa do aumento das temperaturas médias. "Até o Cabernet Sauvignon, que dava vinhos mais frescos, está a ficar madurão no Alentejo", dizia.

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É o que acontece com este MR Flavours Petit Verdot 2008. O estágio de 16 meses em barricas de carvalho francês também ajudou. Com 14% de álcool, é um vinho sem grandes espaventos aromáticos, mas com um bom volume de boca e uma textura suave e delicada. Os taninos, bem presentes, estão muito redondos, o que sugere uma boa maturação das uvas e também uma boa integração da madeira. Não sendo um vinho muito voluptuoso, revela um bom equilíbrio, tem frescura e deixa uma memória sensorial muito agradável.

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