Debaixo dos Arcos: A Semana em Resumo

18-12-2009
marcar artigo


Publicado na edição de hoje, dia 1.11.2009, do Diário de Aveiro.
Esta rubrica abre um conjunto de análises aos acontecimentos semanais da política nacional. Novo Governo Na passada segunda-feira, o novo governo apresentado por José Sócrates tomou posse: 16 ministros, entre os quais se puderam contar oito “caras” novas. Esperadas eram as renovações nas pastas da Agricultura, Educação, Administração Interna, Ensino Superior, Justiça, Cultura, Ambiente e Obras Públicas (já se tinha verificado a alteração na Economia). Saíram defraudadas as melhores expectativas: a Administração Interna e o Ensino Superior mantiveram os seus titulares governativos (não expectáveis), enquanto que o Ministro do Emprego transitou para a Economia e o Ministro Augusto Santos Silva passará a “malhar” nas hostes militares. Face ao quadro parlamentar (e ao seu desenho partidário) será mais fácil do que possa parecer a vigência deste governo durante toda a legislatura, com a capacidade de gerar políticas de agrado à esquerda ou, noutras situações, à direita. Até porque, face aos últimos acontecimentos que fragilizaram a imagem política de Cavaco Silva, não é previsível que este vá tomar a iniciativa de marcar novas eleições. No entanto, face a antecedentes e anteriores tomadas de posição públicas de alguns dos novos ministros (Educação, Cultura, Obras Públicas, Emprego) e à perspectiva em relação à continuidade do desempenho das Finanças, Saúde e Administração Interna, o único “inimigo” deste governo é ele próprio e a sua prestação: no combate à crise e ao desemprego; na educação e na revitalização do ensino e da escola; na aplicação dos fundos comunitários para renascer a agricultura; na qualidade e nos serviços eficazes na saúde e na justiça. Desigualdades Na semana em que o novo Governo tomou posse e onde o Primeiro-Ministro referia como prioridade a justiça social, o Foro Económico Mundial (ranking onde são medidas as desigualdades entre homens e mulheres) apresentou o "Relatório Global sobre Desigualdades de Género", que inclui 134 países, e onde Portugal se situa em 46º lugar (ao lado do Cazaquistão e da Jamaica) e atrás do Perú e de Israel. Na primeira edição do ranking, realizada em 2006, Portugal surgia em 33º lugar. Gripe A – vírus H1N1 Se com a chegada da vacina Pandemrix, escolhida para o combate e prevenção da Gripe A, se poderia pensar numa “pacificação” e serenidade no tratamento da doença, a realidade mostrou-se contraditória. Entre figuras públicas a darem o exemplo, entre outras que se abstiveram de a tomar, surgiu também a hipótese de a mesma não ser segura e haver profissionais de saúde que recusaram serem vacinados. Em nada, tal discussão e posições beneficiaram a necessidade de esclarecimento eficaz da população e acalmar o nervosismo que se vai instalando na sociedade. Ao ponto de, com a infelicidade de uma morte de uma criança, se transformar a racionalidade em histerismo colectivo. Justiça e Corrupção Surgiu, esta semana, mais um caso de corrupção a ser investigado, envolvendo figuras públicas e quadros de várias empresas de referência como, por exemplo, a Galp, a Ren, a Refer, mas que algumas vozes já prevêem como mais um caso mediático na Justiça portuguesa. Ao “Apito Dourado”, “Casa Pia”, “BPP” e “BPN”, “Freeport”, …, junta-se agora o “Face Oculta”. Terá um fim?! PSD - Liderança Ferreira Leite, no último Conselho Nacional, deixou claro que se manteria em funções (pelo menos), até ao final do seu mandato. Marcelo Rebelo de Sousa aplaudiu a posição tomada e afastou-se de uma possível candidatura à liderança social-democrata. Afastou-se ele, mas não se afastaram dessa hipótese várias figuras relevantes do partido que, apesar da distância até ao final do mandato da actual líder, não se coibiram de defender a alternativa. Pedro Rangel, Miguel Relvas, José Luís Arnaut, António Capucho, Macário Correia, Guilherme Silva, entendem que Marcelo Rebelo de Sousa tem o perfil ideal para regressar ao leme social-democrata e ser alternativa a Manuela Ferreira Leite. Pedro Passos Coelho tem, a partir de agora, um rosto de oposição à sua candidatura. Embora não seja de eliminar a hipótese de Marcelo Rebelo de Sousa se afigurar como um legítimo e válido candidato às próximas eleições presidenciais, face à queda política de Cavaco Silva. Boa Semana…


Publicado na edição de hoje, dia 1.11.2009, do Diário de Aveiro.
Esta rubrica abre um conjunto de análises aos acontecimentos semanais da política nacional. Novo Governo Na passada segunda-feira, o novo governo apresentado por José Sócrates tomou posse: 16 ministros, entre os quais se puderam contar oito “caras” novas. Esperadas eram as renovações nas pastas da Agricultura, Educação, Administração Interna, Ensino Superior, Justiça, Cultura, Ambiente e Obras Públicas (já se tinha verificado a alteração na Economia). Saíram defraudadas as melhores expectativas: a Administração Interna e o Ensino Superior mantiveram os seus titulares governativos (não expectáveis), enquanto que o Ministro do Emprego transitou para a Economia e o Ministro Augusto Santos Silva passará a “malhar” nas hostes militares. Face ao quadro parlamentar (e ao seu desenho partidário) será mais fácil do que possa parecer a vigência deste governo durante toda a legislatura, com a capacidade de gerar políticas de agrado à esquerda ou, noutras situações, à direita. Até porque, face aos últimos acontecimentos que fragilizaram a imagem política de Cavaco Silva, não é previsível que este vá tomar a iniciativa de marcar novas eleições. No entanto, face a antecedentes e anteriores tomadas de posição públicas de alguns dos novos ministros (Educação, Cultura, Obras Públicas, Emprego) e à perspectiva em relação à continuidade do desempenho das Finanças, Saúde e Administração Interna, o único “inimigo” deste governo é ele próprio e a sua prestação: no combate à crise e ao desemprego; na educação e na revitalização do ensino e da escola; na aplicação dos fundos comunitários para renascer a agricultura; na qualidade e nos serviços eficazes na saúde e na justiça. Desigualdades Na semana em que o novo Governo tomou posse e onde o Primeiro-Ministro referia como prioridade a justiça social, o Foro Económico Mundial (ranking onde são medidas as desigualdades entre homens e mulheres) apresentou o "Relatório Global sobre Desigualdades de Género", que inclui 134 países, e onde Portugal se situa em 46º lugar (ao lado do Cazaquistão e da Jamaica) e atrás do Perú e de Israel. Na primeira edição do ranking, realizada em 2006, Portugal surgia em 33º lugar. Gripe A – vírus H1N1 Se com a chegada da vacina Pandemrix, escolhida para o combate e prevenção da Gripe A, se poderia pensar numa “pacificação” e serenidade no tratamento da doença, a realidade mostrou-se contraditória. Entre figuras públicas a darem o exemplo, entre outras que se abstiveram de a tomar, surgiu também a hipótese de a mesma não ser segura e haver profissionais de saúde que recusaram serem vacinados. Em nada, tal discussão e posições beneficiaram a necessidade de esclarecimento eficaz da população e acalmar o nervosismo que se vai instalando na sociedade. Ao ponto de, com a infelicidade de uma morte de uma criança, se transformar a racionalidade em histerismo colectivo. Justiça e Corrupção Surgiu, esta semana, mais um caso de corrupção a ser investigado, envolvendo figuras públicas e quadros de várias empresas de referência como, por exemplo, a Galp, a Ren, a Refer, mas que algumas vozes já prevêem como mais um caso mediático na Justiça portuguesa. Ao “Apito Dourado”, “Casa Pia”, “BPP” e “BPN”, “Freeport”, …, junta-se agora o “Face Oculta”. Terá um fim?! PSD - Liderança Ferreira Leite, no último Conselho Nacional, deixou claro que se manteria em funções (pelo menos), até ao final do seu mandato. Marcelo Rebelo de Sousa aplaudiu a posição tomada e afastou-se de uma possível candidatura à liderança social-democrata. Afastou-se ele, mas não se afastaram dessa hipótese várias figuras relevantes do partido que, apesar da distância até ao final do mandato da actual líder, não se coibiram de defender a alternativa. Pedro Rangel, Miguel Relvas, José Luís Arnaut, António Capucho, Macário Correia, Guilherme Silva, entendem que Marcelo Rebelo de Sousa tem o perfil ideal para regressar ao leme social-democrata e ser alternativa a Manuela Ferreira Leite. Pedro Passos Coelho tem, a partir de agora, um rosto de oposição à sua candidatura. Embora não seja de eliminar a hipótese de Marcelo Rebelo de Sousa se afigurar como um legítimo e válido candidato às próximas eleições presidenciais, face à queda política de Cavaco Silva. Boa Semana…

marcar artigo