Da Literatura: AS TRÊS PONTAS

19-12-2009
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Quando foi ministra de Estado e das Finanças do XV Governo Constitucional, a drª Manuela Ferreira Leite subscreveu sem pestanejar a tese de Durão Barroso, então primeiro-ministro, de que a construção do TGV representaria um valor acrescentado bruto de 14,5 mil milhões de euros (sendo 90% da responsabilidade da indústria nacional), e a criação de 90 mil novos postos de trabalho directos e indirectos. Como estão lembrados, o governo de Barroso praticamente triplicou o número de linhas de alta velocidade (a construir) previstas no plano inicial de Guterres. Passaram cinco anos e a actual líder do PSD mudou de opinião. Não foi capaz de o explicar de forma razoável, mas vamos admitir que acredita no que diz. O busílis é que, no mesmo dia em que anunciou o propósito de “riscar” o TGV de um hipotético futuro programa de governo do PSD, nesse dia entre todos azarado — em que, de punhos cerrados, alertou o país para viagens de jornalistas da Lusa a Espanha, “pagos por todos nós”, quando, na realidade, nenhum jornalista da Lusa pôs um pé fora de Benfica... —, ninguém no PSD foi capaz de lhe dizer (a prelecção da senhora foi à noite) que, na manhã desse dia, dois influentes deputados do seu partido — Guilherme Silva, vice-presidente da Assembleia da República, e Miguel Frasquilho, presidente da comissão parlamentar de Obras Públicas — foram a Zamora participar no 1.º Forum Parlamentar Luso-Espanhol, de preparação da cimeira luso-espanhola da próxima semana. Foram lá fazer o quê? Assinar um documento relativo à necessidade de fazer avançar rapidamente a rede de alta velocidade entre Portugal e Espanha. Dito de outro modo, a drª Manuela puxa por uma ponta, o PSD por outra, e o grupo parlamentar por outra ainda. Depois admiram-se que o resultado seja este.Etiquetas: Nonsense, Política nacional

Quando foi ministra de Estado e das Finanças do XV Governo Constitucional, a drª Manuela Ferreira Leite subscreveu sem pestanejar a tese de Durão Barroso, então primeiro-ministro, de que a construção do TGV representaria um valor acrescentado bruto de 14,5 mil milhões de euros (sendo 90% da responsabilidade da indústria nacional), e a criação de 90 mil novos postos de trabalho directos e indirectos. Como estão lembrados, o governo de Barroso praticamente triplicou o número de linhas de alta velocidade (a construir) previstas no plano inicial de Guterres. Passaram cinco anos e a actual líder do PSD mudou de opinião. Não foi capaz de o explicar de forma razoável, mas vamos admitir que acredita no que diz. O busílis é que, no mesmo dia em que anunciou o propósito de “riscar” o TGV de um hipotético futuro programa de governo do PSD, nesse dia entre todos azarado — em que, de punhos cerrados, alertou o país para viagens de jornalistas da Lusa a Espanha, “pagos por todos nós”, quando, na realidade, nenhum jornalista da Lusa pôs um pé fora de Benfica... —, ninguém no PSD foi capaz de lhe dizer (a prelecção da senhora foi à noite) que, na manhã desse dia, dois influentes deputados do seu partido — Guilherme Silva, vice-presidente da Assembleia da República, e Miguel Frasquilho, presidente da comissão parlamentar de Obras Públicas — foram a Zamora participar no 1.º Forum Parlamentar Luso-Espanhol, de preparação da cimeira luso-espanhola da próxima semana. Foram lá fazer o quê? Assinar um documento relativo à necessidade de fazer avançar rapidamente a rede de alta velocidade entre Portugal e Espanha. Dito de outro modo, a drª Manuela puxa por uma ponta, o PSD por outra, e o grupo parlamentar por outra ainda. Depois admiram-se que o resultado seja este.Etiquetas: Nonsense, Política nacional

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