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22-02-2011
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1. Passos Coelho avisou o partido de que não cederá a pressões imediatas para derrubar o Governo já - qualificando, mais uma vez, tal decisão como uma irresponsabilidade. Reafirmou, por outro lado, que o PSD, na altura certa, assumirá as suas responsabilidades e não tem medo de assumir o Governo de Portugal. Isto na sequência de declarações de Guilherme Silva, segundo as quais o PSD deve (e está) a acertar com o conteúdo da moção de censura com o PCP - desmentidas, aliás, pelo líder do partido.

1.1. Ora, em primeiro lugar, todos sabemos que o PSD, nomeadamente o seu líder parlamentar, reuniu com o líder parlamentar comunista para discutir a hipótese de apresentação de uma moção de censura, na sequência da entrevista de Jerónimo de Sousa, em que admitiu viabilizar a queda do Governo José Sócrates. Cremos, pois, ser despropositado e completamente insensato que Passos Coelho venha desmentir a evidência e um fato conhecido. Como futuro primeiro-ministro, não lhe fica bem desmentir e faltar à verdade numa matéria que nem lhe é desfavorável. Percebo a razão por que o fez: para mostrar a sua liderança, impedindo que o partido fala a várias vozes, sobretudo vozes desalinhadas (note-se que Guilherme Silva foi um apoiante de Paulo Rangel nas última diretas do partido) e passar a imagem de que o PSD é responsável, mas não cede ao taticismo político puro. Isto é: Passos Coelho pretende deixar claro que o PSD só não provoca a queda do Governo por razões de interesse nacional - e não por impreparação ou por não querer assumir o poder uma altura em que exige a tomada de decisões muito complicada e que exigem a imposição de muitos sacrifícios aos portugueses. Obviamente, que nesta história quem falou verdade foi Guilherme Silva - e quem faltou à verdade foi Passos Coelho. Perguntem a Miguel Macedo: se este tiver uma relação minimamente confortável com a verdade dos seus atos, então terá de confirmar a versão de Guilherme Silva. O mais grave é verificar que o PSD tem medo de tudo o que envolva derrubar José Sócrates: até aparece que quer apoiar um primeiro-ministro incompetente e, nos dias que correm, inexistente. Bem sei que Passos Coelho é exímio na arte (ou no engenho) de mudar de posição várias vezes sobre diversos assuntos. Contudo, a oscilação permanente de ideias e convicções fica mal ao líder da oposição: aparece agora em grande defensor da estabilidade (porquê? Para quê? Não foi ele, Passos Coelho, que equacionou não viabilizar o OE deste ano?), para daqui a dois meses precipitar o início de um novo ciclo político. Aí vai ter de arranjar uma desculpa muito boa para contradizer o Passos Coelho de Fevereiro (sim, Passos muda um bocadinho todos o meses).

2. Se repararmos com atenção, até parece que Passos Coelho quer que José Sócrates termine a legislatura, ficando a governar até 2013. É que uma moção de censura apresentada pelo PSD terá de contar com o voto favorável da extrema-esquerda! Para quê alimentar ilusões sobre esta matéria? É normalíssimo que o PSD, uma vez colocada a hipótese pelo líder comunista, negoceie com o PCP o conteúdo de uma moção de censura. Qual é o mal? A não ser que Passos já tenha na cabeça que a queda no governo dar-se-á com a não viabilização do Orçamento de Estado para 2012 (aí onde andará a tal responsabilidade?). Ou, então, que Passos Coelho conte com o Presidente Cavaco Silva para dissolver a Assembleia da República (cenário manifestamente inverosímil).

3. Daqui resulta que Passos Coelho faltou deliberadamente à verdade aos portugueses (nós não somos estúpidos, sabia?) - ou seja, mentiu. E mentir fica muito, muito, muito mal a um (hipotético) futuro primeiro-ministro de Portugal. Não havia necessidade.

Email:politicoesfera@gmail.com

1. Passos Coelho avisou o partido de que não cederá a pressões imediatas para derrubar o Governo já - qualificando, mais uma vez, tal decisão como uma irresponsabilidade. Reafirmou, por outro lado, que o PSD, na altura certa, assumirá as suas responsabilidades e não tem medo de assumir o Governo de Portugal. Isto na sequência de declarações de Guilherme Silva, segundo as quais o PSD deve (e está) a acertar com o conteúdo da moção de censura com o PCP - desmentidas, aliás, pelo líder do partido.

1.1. Ora, em primeiro lugar, todos sabemos que o PSD, nomeadamente o seu líder parlamentar, reuniu com o líder parlamentar comunista para discutir a hipótese de apresentação de uma moção de censura, na sequência da entrevista de Jerónimo de Sousa, em que admitiu viabilizar a queda do Governo José Sócrates. Cremos, pois, ser despropositado e completamente insensato que Passos Coelho venha desmentir a evidência e um fato conhecido. Como futuro primeiro-ministro, não lhe fica bem desmentir e faltar à verdade numa matéria que nem lhe é desfavorável. Percebo a razão por que o fez: para mostrar a sua liderança, impedindo que o partido fala a várias vozes, sobretudo vozes desalinhadas (note-se que Guilherme Silva foi um apoiante de Paulo Rangel nas última diretas do partido) e passar a imagem de que o PSD é responsável, mas não cede ao taticismo político puro. Isto é: Passos Coelho pretende deixar claro que o PSD só não provoca a queda do Governo por razões de interesse nacional - e não por impreparação ou por não querer assumir o poder uma altura em que exige a tomada de decisões muito complicada e que exigem a imposição de muitos sacrifícios aos portugueses. Obviamente, que nesta história quem falou verdade foi Guilherme Silva - e quem faltou à verdade foi Passos Coelho. Perguntem a Miguel Macedo: se este tiver uma relação minimamente confortável com a verdade dos seus atos, então terá de confirmar a versão de Guilherme Silva. O mais grave é verificar que o PSD tem medo de tudo o que envolva derrubar José Sócrates: até aparece que quer apoiar um primeiro-ministro incompetente e, nos dias que correm, inexistente. Bem sei que Passos Coelho é exímio na arte (ou no engenho) de mudar de posição várias vezes sobre diversos assuntos. Contudo, a oscilação permanente de ideias e convicções fica mal ao líder da oposição: aparece agora em grande defensor da estabilidade (porquê? Para quê? Não foi ele, Passos Coelho, que equacionou não viabilizar o OE deste ano?), para daqui a dois meses precipitar o início de um novo ciclo político. Aí vai ter de arranjar uma desculpa muito boa para contradizer o Passos Coelho de Fevereiro (sim, Passos muda um bocadinho todos o meses).

2. Se repararmos com atenção, até parece que Passos Coelho quer que José Sócrates termine a legislatura, ficando a governar até 2013. É que uma moção de censura apresentada pelo PSD terá de contar com o voto favorável da extrema-esquerda! Para quê alimentar ilusões sobre esta matéria? É normalíssimo que o PSD, uma vez colocada a hipótese pelo líder comunista, negoceie com o PCP o conteúdo de uma moção de censura. Qual é o mal? A não ser que Passos já tenha na cabeça que a queda no governo dar-se-á com a não viabilização do Orçamento de Estado para 2012 (aí onde andará a tal responsabilidade?). Ou, então, que Passos Coelho conte com o Presidente Cavaco Silva para dissolver a Assembleia da República (cenário manifestamente inverosímil).

3. Daqui resulta que Passos Coelho faltou deliberadamente à verdade aos portugueses (nós não somos estúpidos, sabia?) - ou seja, mentiu. E mentir fica muito, muito, muito mal a um (hipotético) futuro primeiro-ministro de Portugal. Não havia necessidade.

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