DOTeCOMe...o Blog: Para quando o spaghetti à portuguesa ?

18-12-2009
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O Senado italiano adiou para hoje à noite ou amanhã de manhã a votação final do Orçamento do Estado, de que depende a sobrevivência do Governo de Romano Prodi. A coligação de centro-esquerda tem uma maioria tangencial e está dependente da incerta coesão dos seus senadores. Se a Lei Financeira passar, será uma derrota para Silvio Berlusconi. Se for chumbada, a demissão de Prodi é inevitável. Deverá suceder-lhe um governo "técnico" e um período dominado pelo debate da reforma da lei eleitoral. A fragilidade da maioria governamental foi ilustrada na terça-feira, quando os três liberais-democratas, do antigo primeiro-ministro Lamberto Dini, fizeram aprovar uma emenda da oposição sobre o financiamento da investigação universitária. Dini ameaça agora chumbar outra disposição, a limitação do salários dos gestores das empresas públicas, por a considerar antiliberal. Mantém em segredo o voto final sobre o orçamento.Também entre os aliados comunista há ameaças veladas. Todos têm presente a queda do anterior executivo de Prodi, numa votação sobre a política externa, em Fevereiro passado, graças à "deserção" de três senadores da maioria."Uma lei não escrita da política italiana diz que os governos nunca caem no dia do juízo. (...) A emboscada, para ser eficaz, deve ser inesperada e fulminante: se foi anunciada, perde subitamente grande parte da sua força". Por isso, os bookmakers apostam na vitória de Prodi sobre BerlusconiA campanha de Berlusconi para fazer cair Prodi nesta votação pode transformar-se num bumerangue contra ele. O seu partido, Força Itália, convocou manifestações em várias cidades para obter cinco milhões de assinaturas a exigir eleições antecipadas. Mas os seus aliados, Gianfranco Fini, da Aliança Nacional, e Pierferdinando Casini, da União dos Democratas Cristãos e do Centro, não estão interessados em eleições antes da aprovação de uma nova lei eleitoral, que reduza a dispersão do leque partidário e o poder de chantagem dos micropartidos sobre o primeiro--ministro, de direita ou de esquerda. Mas permanecem em desacordo sobre o sistema a adoptar.A revisão da lei eleitoral interessa também ao novo Partido Democrático (centro-esquerda), que tem estado refém do impasse, pois o seu líder, Walter Veltroni, só se poderá afirmar depois do desfecho da questão orçamental.O debate decorre num certo tom de farsa, pois o que está em causa não é propriamente o orçamento, ou as reformas, mas subtis jogadas para ganhar vantagens políticas. "Uma maioria deficiente, uma oposição estéril. O Parlamento é o reflexo de uma política inerte".A opinião pública está obcecada por outros temas. Um é a questão dos imigrantes ilegais romenos, acusados de fazerem subir a criminalidade. Outro é a violência e a crescente politização das claques desportivas: foi ontem o funeral do jovem Gabriele Sandri, morto pela polícia durante um confronto entre adeptos da Lazio e da Juventus. Esta trapalhada respigada da imprensa dá-me vontade de parafrasear o dixote que os ingleses aplicam aos franceses: "ao menos não somos italianos". Abre-se no entanto outro campo de dúvidas, estudos e previsões: quanto tempo demoraremos em Portugal a atingir um caos semelhante ?


O Senado italiano adiou para hoje à noite ou amanhã de manhã a votação final do Orçamento do Estado, de que depende a sobrevivência do Governo de Romano Prodi. A coligação de centro-esquerda tem uma maioria tangencial e está dependente da incerta coesão dos seus senadores. Se a Lei Financeira passar, será uma derrota para Silvio Berlusconi. Se for chumbada, a demissão de Prodi é inevitável. Deverá suceder-lhe um governo "técnico" e um período dominado pelo debate da reforma da lei eleitoral. A fragilidade da maioria governamental foi ilustrada na terça-feira, quando os três liberais-democratas, do antigo primeiro-ministro Lamberto Dini, fizeram aprovar uma emenda da oposição sobre o financiamento da investigação universitária. Dini ameaça agora chumbar outra disposição, a limitação do salários dos gestores das empresas públicas, por a considerar antiliberal. Mantém em segredo o voto final sobre o orçamento.Também entre os aliados comunista há ameaças veladas. Todos têm presente a queda do anterior executivo de Prodi, numa votação sobre a política externa, em Fevereiro passado, graças à "deserção" de três senadores da maioria."Uma lei não escrita da política italiana diz que os governos nunca caem no dia do juízo. (...) A emboscada, para ser eficaz, deve ser inesperada e fulminante: se foi anunciada, perde subitamente grande parte da sua força". Por isso, os bookmakers apostam na vitória de Prodi sobre BerlusconiA campanha de Berlusconi para fazer cair Prodi nesta votação pode transformar-se num bumerangue contra ele. O seu partido, Força Itália, convocou manifestações em várias cidades para obter cinco milhões de assinaturas a exigir eleições antecipadas. Mas os seus aliados, Gianfranco Fini, da Aliança Nacional, e Pierferdinando Casini, da União dos Democratas Cristãos e do Centro, não estão interessados em eleições antes da aprovação de uma nova lei eleitoral, que reduza a dispersão do leque partidário e o poder de chantagem dos micropartidos sobre o primeiro--ministro, de direita ou de esquerda. Mas permanecem em desacordo sobre o sistema a adoptar.A revisão da lei eleitoral interessa também ao novo Partido Democrático (centro-esquerda), que tem estado refém do impasse, pois o seu líder, Walter Veltroni, só se poderá afirmar depois do desfecho da questão orçamental.O debate decorre num certo tom de farsa, pois o que está em causa não é propriamente o orçamento, ou as reformas, mas subtis jogadas para ganhar vantagens políticas. "Uma maioria deficiente, uma oposição estéril. O Parlamento é o reflexo de uma política inerte".A opinião pública está obcecada por outros temas. Um é a questão dos imigrantes ilegais romenos, acusados de fazerem subir a criminalidade. Outro é a violência e a crescente politização das claques desportivas: foi ontem o funeral do jovem Gabriele Sandri, morto pela polícia durante um confronto entre adeptos da Lazio e da Juventus. Esta trapalhada respigada da imprensa dá-me vontade de parafrasear o dixote que os ingleses aplicam aos franceses: "ao menos não somos italianos". Abre-se no entanto outro campo de dúvidas, estudos e previsões: quanto tempo demoraremos em Portugal a atingir um caos semelhante ?

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