A Cinco Tons: O estado da discussão e participação pública entre nós

20-05-2011
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Por um lado sabemos do alheamento da maioria das pessoas. Muitas vezes a roçar o desprezo.

Por outro lado, assistimos à multiplicação de espaços formais e informais, reais e virtuais, que se constituem em redes nas quais nos envolvemos, e que tocam muitos segmentos da população. Enquanto assistimos, muitas vezes fascinados, a esta irrupção proporcionada pelo avanço tecnológico, a qualidade da participação pública parece não ter condições para ser observada. ( Participação de qualidade é aqui entendida como genuína, responsável, construída.)

O que começa por ser pedido é que todos participem. (Os blogs são disso um exemplo). Mas a falta de hábito ou de cultura de produção de discurso dirigido ao outro, ponderado, incidente sobre uma matéria precisa, que frequentemente sai da esfera do nosso conhecimento quotidiano, conduz a extremismos que nos distanciam, em vez da aproximação e da confluência que a participação pública supõe e pretende promover.

Perante os novos espaços de participação na coisa pública, há quem opte pelo alheamento ou queira guardar distância; também há quem escolha formas de intervenção primárias - insultos, adjectivos infundados ou gratuitos, afirmações vagas e desresponsabilizadas, insinuações, etc.; e ainda há os que cultivam e se refugiam nos códigos de especialidade que só os próprios dominam e que por isso excluem quase todos.

É frequente a tendência para o uso de linguagem tão imprópria como inconsequentes; ou para o culto da linguagem cifrada, pouco acessível, hermética. (Do primeiro caso são bons exemplos as caixas de comentários de muitos blogs; do segundo são exemplos a informação constante em contratos de natureza jurídica, na generalidade das relações entre indivíduos e instituições concretas;)

Entre os dois extremos é titubeante a construção de comunicação individual e socialmente responsável. O recurso ao anonimato confirma-o, mas os discursos públicos de personalidades responsáveis e reconhecidas também. É como se a figura de Bordalo Pinheiro, o Zé Povinho, tendesse a ficar sem rosto, enquanto a dos representantes dos poderes se fossem constituindo como inimputáveis.

Assim, é uma comunicação muito constrangida ou ostensivamente demagógica, que ainda parece mediar grande parte do nosso espaço público, reflexo de um estado de coisas que legitimamente muitos aspiram a mudar.

A mim, parece-me claro que é condição para uma participação  mais frequente e responsável no espaço público, a abertura e expansão dos códigos comunicacionais em uso. Poderá dizer-se tudo desde que cada um se responsabilize e seja responsabilizado. Para isso é preciso erradicar a clandestinidade e saber acolher os rostos da diferença e do desconhecido.

Por um lado sabemos do alheamento da maioria das pessoas. Muitas vezes a roçar o desprezo.

Por outro lado, assistimos à multiplicação de espaços formais e informais, reais e virtuais, que se constituem em redes nas quais nos envolvemos, e que tocam muitos segmentos da população. Enquanto assistimos, muitas vezes fascinados, a esta irrupção proporcionada pelo avanço tecnológico, a qualidade da participação pública parece não ter condições para ser observada. ( Participação de qualidade é aqui entendida como genuína, responsável, construída.)

O que começa por ser pedido é que todos participem. (Os blogs são disso um exemplo). Mas a falta de hábito ou de cultura de produção de discurso dirigido ao outro, ponderado, incidente sobre uma matéria precisa, que frequentemente sai da esfera do nosso conhecimento quotidiano, conduz a extremismos que nos distanciam, em vez da aproximação e da confluência que a participação pública supõe e pretende promover.

Perante os novos espaços de participação na coisa pública, há quem opte pelo alheamento ou queira guardar distância; também há quem escolha formas de intervenção primárias - insultos, adjectivos infundados ou gratuitos, afirmações vagas e desresponsabilizadas, insinuações, etc.; e ainda há os que cultivam e se refugiam nos códigos de especialidade que só os próprios dominam e que por isso excluem quase todos.

É frequente a tendência para o uso de linguagem tão imprópria como inconsequentes; ou para o culto da linguagem cifrada, pouco acessível, hermética. (Do primeiro caso são bons exemplos as caixas de comentários de muitos blogs; do segundo são exemplos a informação constante em contratos de natureza jurídica, na generalidade das relações entre indivíduos e instituições concretas;)

Entre os dois extremos é titubeante a construção de comunicação individual e socialmente responsável. O recurso ao anonimato confirma-o, mas os discursos públicos de personalidades responsáveis e reconhecidas também. É como se a figura de Bordalo Pinheiro, o Zé Povinho, tendesse a ficar sem rosto, enquanto a dos representantes dos poderes se fossem constituindo como inimputáveis.

Assim, é uma comunicação muito constrangida ou ostensivamente demagógica, que ainda parece mediar grande parte do nosso espaço público, reflexo de um estado de coisas que legitimamente muitos aspiram a mudar.

A mim, parece-me claro que é condição para uma participação  mais frequente e responsável no espaço público, a abertura e expansão dos códigos comunicacionais em uso. Poderá dizer-se tudo desde que cada um se responsabilize e seja responsabilizado. Para isso é preciso erradicar a clandestinidade e saber acolher os rostos da diferença e do desconhecido.

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