PS de direita e PSD e CDS de esquerda

10-08-2010
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Os portugueses têm razões para estarem confusos. A política de conveniência está, infelizmente, vulgarizada em Portugal, mas é invulgar haver dois exemplos tão evidentes na mesma semana.

Na segunda-feira, o Governo de José Sócrates - o mesmo que mandou retirar os crucifixos das Escolas, se tem batido pelo Estado laico e legalizou o casamento homossexual - associou-se à Igreja Católica e decretou uma tolerância de ponto alargada para os dias da visita do Papa Bento XVI a Portugal. Não está em causa a concordância com esta ou com as medidas anteriores, mas defendê-las em simultâneo é, ainda por cima sem uma explicação prévia, incoerente. Os partidos de direita, PSD e o CDS, nem tiveram de fazer mais nada a não ser refugiarem-se num silêncio cómodo, deixando a onda de contestação de patrões e sindicatos abater-se exclusivamente sobre o Governo.

Ontem, no debate quinzenal no Parlamento, PSD e CDS imitaram os socialistas e, ao jeito de Francisco Louçã, Miguel Macedo e Paulo Portas, atiraram-se aos salários milionários dos gestores das empresas participadas pelo Estado. Posição estranha de dois partidos que contestam o intervencionismo estatal e defendem a liberalização dos mercados e nada fizeram - pelo contrário - contra esta prática enquanto estiveram no poder.

Mas, se o Governo aproveitou para apresentar uma proposta populista que sabia estar condenada ao fracasso nas assembleias gerais das empresas, os partidos da oposição expuseram-se ainda mais ao ridículo por exigirem ao primeiro-ministro uma medida que não depende dele e à qual os accionistas da EDP, PT, Galp e Cimpor deram uma resposta elucidativa: ignoraram-na e nem sequer a listaram na ordem de trabalhos.

O que a Madeira nos continua a ensinar

Alberto João Jardim deu uma lição de sentido de Estado quando se aliou ao Governo - seu inimigo de eleição - na reconstrução da Madeira, após a catástrofe ambiental que se abateu sobre a ilha. Os resultados estão à vista: como prometido por Jardim, a Festa da Flor lá está a engalanar as ruas e a deslumbrar os turistas, o principal ganha-pão madeirense. A sociedade civil respondeu à altura e, depois dos donativos já entregues oriundos de todo o mundo, o Movimento Fãs da Madeira, liderado pelo jornalista Filipe Santos Costa, demonstrou que nem só os políticos fazem o mundo avançar.

O manso Sócrates e a tia de Louçã

José Sócrates falhou ontem naquilo em que é exímio perante as câmaras - o autocontrolo - e cedeu às provocações de Francisco Louçã, que, quanto mais não fosse por serem recorrentes, não deveriam merecer mais do que a indiferença do primeiro-ministro. O líder do Bloco acusou Sócrates de ser manso e este respondeu: "Manso é a tua tia, pá". Mais um episódio triste, em que ninguém está inocente, a fazer lembrar os chifres que Manuel Pinho dirigiu a Bernardino Soares e lhe custaram o cargo de ministro da Economia.

Afinal, a culpa é dos árbitros e dos jornalistas

Afundado numa das piores épocas desportivas de sempre, o Sporting de José Eduardo Bettencourt vira-se contra os alvos do costume: árbitros e jornalistas. Se os primeiros ainda têm intervenção directa nos resultados do clube, os segundos, por mais que escrevam ou tenham audiência, não marcam penáltis nem foras-de-jogo. Alguns até ficarão vaidosos com a importância que o Sporting lhes deu em comunicado oficial, mas isso tem tanta importância como as "coscuvilhices" de que os responsáveis leoninos prometem afastar-se, como se isso ajudasse a ganhar jogos.

Os portugueses têm razões para estarem confusos. A política de conveniência está, infelizmente, vulgarizada em Portugal, mas é invulgar haver dois exemplos tão evidentes na mesma semana.

Na segunda-feira, o Governo de José Sócrates - o mesmo que mandou retirar os crucifixos das Escolas, se tem batido pelo Estado laico e legalizou o casamento homossexual - associou-se à Igreja Católica e decretou uma tolerância de ponto alargada para os dias da visita do Papa Bento XVI a Portugal. Não está em causa a concordância com esta ou com as medidas anteriores, mas defendê-las em simultâneo é, ainda por cima sem uma explicação prévia, incoerente. Os partidos de direita, PSD e o CDS, nem tiveram de fazer mais nada a não ser refugiarem-se num silêncio cómodo, deixando a onda de contestação de patrões e sindicatos abater-se exclusivamente sobre o Governo.

Ontem, no debate quinzenal no Parlamento, PSD e CDS imitaram os socialistas e, ao jeito de Francisco Louçã, Miguel Macedo e Paulo Portas, atiraram-se aos salários milionários dos gestores das empresas participadas pelo Estado. Posição estranha de dois partidos que contestam o intervencionismo estatal e defendem a liberalização dos mercados e nada fizeram - pelo contrário - contra esta prática enquanto estiveram no poder.

Mas, se o Governo aproveitou para apresentar uma proposta populista que sabia estar condenada ao fracasso nas assembleias gerais das empresas, os partidos da oposição expuseram-se ainda mais ao ridículo por exigirem ao primeiro-ministro uma medida que não depende dele e à qual os accionistas da EDP, PT, Galp e Cimpor deram uma resposta elucidativa: ignoraram-na e nem sequer a listaram na ordem de trabalhos.

O que a Madeira nos continua a ensinar

Alberto João Jardim deu uma lição de sentido de Estado quando se aliou ao Governo - seu inimigo de eleição - na reconstrução da Madeira, após a catástrofe ambiental que se abateu sobre a ilha. Os resultados estão à vista: como prometido por Jardim, a Festa da Flor lá está a engalanar as ruas e a deslumbrar os turistas, o principal ganha-pão madeirense. A sociedade civil respondeu à altura e, depois dos donativos já entregues oriundos de todo o mundo, o Movimento Fãs da Madeira, liderado pelo jornalista Filipe Santos Costa, demonstrou que nem só os políticos fazem o mundo avançar.

O manso Sócrates e a tia de Louçã

José Sócrates falhou ontem naquilo em que é exímio perante as câmaras - o autocontrolo - e cedeu às provocações de Francisco Louçã, que, quanto mais não fosse por serem recorrentes, não deveriam merecer mais do que a indiferença do primeiro-ministro. O líder do Bloco acusou Sócrates de ser manso e este respondeu: "Manso é a tua tia, pá". Mais um episódio triste, em que ninguém está inocente, a fazer lembrar os chifres que Manuel Pinho dirigiu a Bernardino Soares e lhe custaram o cargo de ministro da Economia.

Afinal, a culpa é dos árbitros e dos jornalistas

Afundado numa das piores épocas desportivas de sempre, o Sporting de José Eduardo Bettencourt vira-se contra os alvos do costume: árbitros e jornalistas. Se os primeiros ainda têm intervenção directa nos resultados do clube, os segundos, por mais que escrevam ou tenham audiência, não marcam penáltis nem foras-de-jogo. Alguns até ficarão vaidosos com a importância que o Sporting lhes deu em comunicado oficial, mas isso tem tanta importância como as "coscuvilhices" de que os responsáveis leoninos prometem afastar-se, como se isso ajudasse a ganhar jogos.

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